Estarei com Você escrita por Leticiaps


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

É o mesmo tema do 10° Desafio Sherlolly, mas como não segue uma regrinha, não incluirei né hehe



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Para ser sincera, Molly ainda não entendia como aquilo havia acontecido. Alguém havia explicado, mas ela estava chocada demais para ouvir alguma coisa. Só sabia que Sherlock estava no hospital e ainda desacordado. Os médicos ficaram de avisá-la quando ele acordasse.

Por mais que tentasse negar, de uma coisa ela sabia: Sherlock perdeu a memória e estava apavorada de ele não lembrar quem era ela. Foi tão difícil eles finalmente ficarem juntos e um acidente estúpido poderia acabar com isso. Limpando as lágrimas que insistiam em cair o tempo todo, voltou pra cama e agarrada ao travesseiro dele, sonhou com o que já foi.

Um mês e um Tamisa de lágrimas depois, Sherlock finalmente acordou. Quando chegou no hospital, o médico – ironicamente chamado Watson – pediu pra falar com ela antes de entrar.

- Sra. Holmes, isso vai ser doloroso. Nunca vi perda de memória nesse grau. Só há um caso parecido na história. E do que podemos constatar, ele não se lembra de absolutamente nada do passado, exceto o próprio nome. - Aquilo era muito pior do que ela pensava e as lágrimas já estavam de volta. – Sra. Holmes?

- Sim, desculpa. O que dizia?

- Então, temos razões para acreditar que a memória implícita dele está preservada. Ele pratica algum esporte ou toca algum instrumento?

- Boxe e violino.

- Ótimo, se ele conseguir tocá-lo, então a memória implícita está realmente preservada.

- Posso entrar agora? – ele acenou e ela, reunindo toda sua coragem, entrou.

Sherlock estava deitado, olhando para o teto.

- Sherlock? – ele olhou pra mim e sorriu.

- Molly! – esticou os braços, para que ela o abraçasse. O alivio que ela sentiu naquele momento não pode ser colocado em palavras. Ele lembrava dela!

- Você se lembra de mim! – falou, esmagando-o em um abraço.

- Claro que lembro, por que não lembraria? – estava com uma cara tão confusa que Molly começou a rir.

- Você consegue se lembrar do que aconteceu?

- O que aconteceu?

- O acidente, Sherlock.

- Que acidente? – por um momento ela pensou que ele estava brincando, mas nada na voz dele indicava isso.

- Sherlock, você sabe onde está?

- Aparentemente em um hospital, mas não sei o porquê. Molly, por que eu estou aqui?

Ela estava assustada. O quanto da memória estava perdida?

- Você sofreu um acidente e bateu a cabeça. O médico não falou nada com você?

- Que médico?

Agora quem estava confusa era ela.

- Já volto. – saiu correndo em busca do médico. – Dr. Watson, ele não sabe que sofreu o acidente. Ele não se lembra nem quem você é e o Senhor acabou de sair de lá.

- Ele lembrou da Senhora?

- Sim, lembrou. – Ficou em silêncio um tempo.

- Sra. Holmes, não sabíamos o quão grave é a perda dessa memória, mas de acordo com o que a Senhora acabou de informar, sou levado a crer em um prejuízo da memória de curto prazo.

Saiu correndo de volta para quarto e então...

- Molly! - e novamente havia o brilho nos olhos dele, como se não a visse a muito tempo. Foi e abraçou-o novamente.

- Mas, Sherlock – ela falava entre risos, ele a abraçava tão forte, que foi a única reação que conseguiu ter -, não faz nem cinco minutos que eu estava aqui. – e lá estava a confusão estampada em sua face.

- Eu não me lembro.

Aquilo era desesperador. Então teve uma ideia. Pegou o livro e perguntou, com a maior tranquilidade que conseguiu transmitir:

- Gostaria que lesse algo pra você?

- Claro, por que não? – a indiferença na voz dele não devia doer, mas doeu. Ele lembrava dela, que ela era sua esposa, mas as lembranças paravam ai. Ajeitou-se ao lado dele na cama, e foi abraçada.

Explicou mais ou menos do que se tratava a história e começou a ler “Cai o Pano” da Agatha Christie. Antes do final da primeira página, ele a interrompeu.

- O que você está lendo? – Não fazia nem um minuto que ela havia explicado. Era bem pior do que ela pensava.

Antes que pudesse falar alguma coisa, a enfermeira entrou, trazendo a comida. Colocou a bandeja na frente dele e como resposta, ele ficou encarando o prato.

- O que é isso? - apontando para o arroz.

- Arroz, Sherlock.

- E é bom?

- Você costumava gostar.

Ele não se lembrava nem mesmo das comidas. Era cada vez mais difícil de acreditar que se lembrava dela.

A cada garfada perguntava o que estava comendo. Molly teve que explicar umas cinco vezes que ele estava comendo frango.

Duas semanas depois, Sherlock teve alta. Mas nem sinal das memórias voltarem. Ou qualquer indicação de que um dia voltariam. Durante as duas semanas, ele fazia uma festa toda vez que a via. Não importava se ela só havia saído para ir ao banheiro, ou se tinha acabado de chegar de casa. A reação dele era tão alegre, tão não Sherlock que ela estava acostumada, que era impossível se irritar com isso.

Quando chegaram a Baker Street, foi um teste de paciência para Molly. Ela teve que explicar porque cada coisa estava onde estava e explicar porque havia um olho na geladeira.

- Você não acha isso no mínimo nojento? – ela disse se referindo ao olho.

- Isso o que? – perguntou, ainda segurando o copo com o olho dentro.

- Isso que você está segurando. – Ele olha para as mãos.

- Por que tem um olho aqui? – para não dar uma resposta atravessada, ela simplesmente sorri e tira o copo das mãos dele.

A noite, na hora de dormir – logo depois de abraça-la e beija-la ao vê-la saindo do banheiro depois de “tanto tempo” e ela explicar pela milésima vez o que havia acontecido – ele fala:

- Isso deve ser bem difícil pra você, tento que aturar essa minha reação e me explicar o que aconteceu todas as vezes em que uma parede nos separa – parou por uns segundos – mas obrigado pela paciência e...

- Sherlock, o que você ia dizer?

- Dizer o que? O que eu estava dizendo?

Ele não precisou completar o raciocínio. Ela sabia o que ele queria dizer e sabia que por mais que as vezes aquilo fosse irritante, o amor que ela sentia por ele era maior do que tudo aquilo, e agora mais do que nunca, ele precisava dela. E ela estaria lá. Sempre.

- Não se preocupe – disse sorrindo, e beijando sua boca – eu estarei aqui. E eu te amo.

E quando já estava quase dormindo, escutou:

- Eu também te amo.


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Notas finais do capítulo

E ai?