Xeque-Mate escrita por Mariii


Capítulo 6
Capítulo 6




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– Sherlock

Nós nos vestimos em silêncio quando vemos o sol raiar. Sabemos que falta pouco agora, muito pouco para que a gente se separe. Não há o que ser dito. Observo, sentado na cama, enquanto ela termina de arrumar os poucos pertences que tem ali. Sinto escorrer entre meus dedos o pouco que me resta, e não posso fazer nada para isso pare. Ainda não posso acabar com tudo isso.

Ela termina o que precisa fazer e vem até mim, sentando sobre minhas pernas e passando os braços pelos meus ombros. Eu a seguro pela cintura, subindo e descendo a mão por suas costas.

– Nós nos reencontraremos em breve. - A incerteza em sua voz não condiz com a certeza de suas palavras.

– Sim, nós vamos. - É uma afirmação na qual eu não acredito tampouco. Não tenho a mínima ideia de quanto tempo tudo isso vai demorar.

Coloco uma mecha de seus cabelos atrás de sua orelha. Eles ainda estão úmidos do banho que tomamos mais cedo. Sinto o leve perfume que emana dela, percebendo que não quero soltá-la. Não quero deixá-la ir. Não agora. Não depois de tudo.

Molly se levanta quando seus olhos ameaçam encher de lágrimas. Levanto-me também e a puxo para mim, abraçando-a apertado. Tento parecer forte para ela, mas por dentro sinto meus pedaços caindo.

– Vamos? - Sussurro após o que parece ser um longo tempo e vejo-a assentir.

Pego a pequena mala que ela arrumou e nós vamos juntos para a sala. Mycroft está ali nos esperando e me encara rapidamente. Sem dizer nada ele se dirige para fora e nós o seguimos para onde há um carro esperando nos esperando. Um carro que levará a maior parte de mim. Colocamos a mala no porta-malas e Mycroft abre a porta, esperando que ela entre.

– Siga o que nós combinamos, Molly, e tudo dará certo.

Vejo-a concordar, parecendo incapaz de dizer alguma coisa. Aproximo-me e ela desvia os olhos, fazendo esforço para não chorar. Seguro seu rosto em minhas mãos e beijo suavemente seus cabelos.

– Até logo, Molly. - Ela assente, com suas mãos segundando firmemente meu casaco. Com dificuldades Molly me solta e entra no carro. Ela não me olha mais e eu sei que está chorando. O carro parte. Nunca quis mais que as coisas fossem diferentes quanto quero agora. Mycroft me olha de soslaio, mas não diz nada e eu o agradeço por isso. Não há nada que eu preciso ou queira ouvir no momento.

–-- --- ---

Os dias passaram de forma rápida e eu trabalhei furiosamente em busca de qualquer coisa que me levasse até Moran. Voltei até a casa de John, mas nada do que encontrei acrescentou ao que já sei. As pistas são poucas e meu tempo está correndo. Cada segundo que passa é como se eu perdesse um dia de minha vida. Um dia sem Molly.

Mycroft coloca a todos sob uma proteção especial. Há regras para serem seguidas e, com isso, transformamos a vida de todos em uma verdadeira confusão. Mas, antes assim que mortos. Acho que é preferível.

É por isso que, dois meses depois, sou pego de surpresa quando outra carta chega à minhas mãos. Não pode ser. Rasgo o envelope com rapidez e encontro outro bilhete. Sei o que vou encontrar antes mesmo de ler.

Meu corpo cai em minha poltrona. Minhas mãos começam a tremer. Aconteceu de novo. Uma pequena parte de mim sente alívio ao ver que o recado não se refere a rainha e sim a um cavalo. Mais um sacrificado em nome do rei. Levo as mãos ao rosto, pensando no que fazer, no mesmo instante em que meu celular toca. É Mycroft.

– Lestrade está morto. - A frase é curta e diz tudo que eu preciso saber. Tudo que eu já começava a imaginar.

Levanto-me em um pulo, enquanto peço mais detalhes à Mycroft. O corpo foi encontrado em seu próprio apartamento e é para lá que eu vou.

Novamente tudo foi feito com perfeição. Lestrade está caído no meio da sala do apartamento, morto com um único tiro. Uma regra foi quebrada, ele não deveria receber estranhos àquela hora da noite. Então, olhando detalhadamente a maçaneta, vejo que foi forçada. Lestrade havia feito tudo certo, mas isso não resolveu. Não foi suficiente. A raiva cresce dentro de mim ainda mais.

Reflito sobre o bilhete ter sido enviado antes mesmo que a morte acontecesse, caso contrário não chegaria a tempo. Planejamento. Tudo estava sendo terrivelmente planejado.

Mais uma vez não encontro nada que posso elucidar algo para mim. Tudo que acontece é a perda de mais alguém por minha culpa. E eu não posso suportar mais isso. Em algum momento chegariam em minha família, em Mycroft... Em Molly. Saio dali decidido a acabar com tudo, mas mais uma vez os dias se passam e eu nada consigo.

– Você precisa ir para longe, Mycroft. - Ele está em Baker Street e nós nos encaramos. Os sinais de desespero já são visíveis em meu rosto e em meu corpo. Há dias não durmo ou não como. Deixá-lo me ajudar era como assinar uma sentença de morte. Sei que ele também sabia disso.

– Não vou deixar você sozinho com isso, Sherlock.

Pela primeira vez em anos eu ficava realmente grato por alguma ação de meu irmão, talvez até um pouco emocionado. Nós nos olhamos e não falamos nada. Não é necessário dizer.

–-- --- ---

Quando, meses depois, mais uma carta chega para mim. É um convite para um baile na França. Na França! Como se eu já não estivesse com problemas demais. Assusto-me quando vejo Mycroft pálido olhando para o papel em minhas mãos.

– O que... O que foi, Mycroft? - Eu não entendo sua reação. É apenas um convite, o que tem de mais?

– Esse lugar - ele aponta para o endereço – fica na cidade para onde mandei Molly. - Não escuto mais o que ele diz. Com medo do que irei encontrar eu viro o cartão para olhar o verso e descubro o que empalideceu Mycroft. Lá está o símbolo da rainha.

Tudo em que penso é que tenho que correr. Imediatamente.


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Notas finais do capítulo

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