Negociando com o Inimigo escrita por Dani R


Capítulo 11
XI - Carmen


Notas iniciais do capítulo

Oi oi oi! Demorou um pouco, eu sei. Vocês nem sabem, eu ando saindo bastante mas também estou escrevendo três estórias ao mesmo tempo (essa e mais duas) e vejo minhas 89174918 séries também. Tá bem corrido, pelo menos agora... EU TO DE FÉRIAS WOOHOO. Agora se preparem pra ler porque eu morri só de escrever, são quase 4000 palavras! A música de hoje é Carmen da Lana Del Rey.



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Carmen, Carmen, staying up til morning
Only seventeen, but she walks the streets so mean
It's alarming truly how disarming you can be
Eating soft ice cream, Coney Island queen

Dormitório feminino nº 2 da Sonserina; 15 de Janeiro de 2023; 6h31min AM

Dominique olhava-se no espelho; seis da manhã, e ela estava perfeita. Ela sempre foi perfeita. Foi criada para isso. As pernas longas e bonitas, botas de salto alto, a típica saia cinza e curta de Hogwarts. O blusão da escola cujo ela customizou — agora, a manga do lado direito caía de seu ombro — e seu rosto... Seu lindo rosto. Os olhos azuis-céu, a boca que parecia ser desenhada, o nariz perfeitinho porém um pouco arrebitado e sobrancelhas feitas, a maquiagem que deixava a garota ainda mais irresistível... E seu cabelo. Loiro natural, cachos uniformes que ficavam mais enrolados à medida que caíam. Dominique Weasley, provavelmente a garota mais bonita da escola. Além da contribuição do seu sangue de veela, é claro.

Então, por que toda a vez que ela olhava seu próprio rosto no espelho, ela via apenas erros? Imperfeições? Não, não no quesito da aparência, mas "por dentro", com suas atitudes e personalidade. Quantos relacionamentos ela deve ter destruído ao ficar com aqueles garotos? Quantas pessoas fizeram coisas a seu favor por causa de ameaças por parte da garota? Por que, até agora que ela tinha pessoas que ela amava de verdade e vice-versa, ela sentia a necessidade de ignorar seus erros e ser como sempre foi, má e perfeita?

Seu olhar descia para uma mancha em sua virilha, que na verdade era uma cicatriz. Daquele dia. O pior dia de sua vida. Algumas pessoas viam a mancha e perguntavam o que era. Dominique simplesmente respondia que era uma marca de nascença e abria um sorrisinho falso, mas sempre com aquele friozinho por dentro, a mistura de raiva, tristeza e medo ao lembrar do dia em que foi estuprada.

Agora, quinze de Janeiro de 2023 era seu aniversário de dezoito anos. E nem nesse dia ela se sentia especial, ela se sentia como nos dias normais. Vazia.

Antes de se dirigir para o Salão Principal, ela olhou para uma garota perto dela. Jade Brusqué, sua colega de quarto e ex-melhor amiga. A garota olhou de volta, abriu seu típico sorriso cínico e falou apenas uma palavra antes de rir e ir para o Salão Principal:

— Feliz aniversário, Weasley.

Dominique revirou os olhos e foi logo depois para o Salão. Seus primos abraçaram-na e deram presentes. Ela agradeceu a todos e foi para a mesa da Sonserina, sentando ao lado de Albus e Scorpius.

— Sabe, vocês são tão grudados que nem parecem gostar de garotas. Quer dizer, não parece que você gosta da minha prima Scorpius, e nem parece que você gosta da Alice, Albus. Aliás, você já contou para o tio Neville sobre isso? — Foi o primeiro comentário da loira. Potter arregalou os olhos, completamente surpreso com as palavras da prima.

— Como você sabe que eu já fiquei com ela, Dominique? — Perguntou, com a voz trêmula.

Dominique riu da reação do primo e pegou um pedaço de pão e cortando-o. Ela virou para ele, ainda sorrindo.

— Você se esqueceu de quem eu sou, priminho? — Ela disse.

— Ok, você pode namorar o meu irmão e ser toda fofinha agora, mas ainda é aterrorizante. — Ele respondeu, ainda com a expressão apavorada. Dominique sorriu de canto e começou a comer o pão.

— E-E só pra constar, eu não gosto da Rose. — Disse Scorpius, e Dominique riu ao quase se engasgar com o pão, fazendo um sinal positivo com os dedos para Scorpius e com a expressão irônica, fazendo de conta que acreditava nele.

Mas enquanto ela comia o café da manhã, ela olhava para todos os lados do Salão e não encontrava James em lugar nenhum. Até quando havia terminado de comer ele não aparecera. Dominique limpou-se com o guardanapo e disse para os garotos que voltaria logo, saindo da mesa para procurar o namorado.

Ela caminhou pelos vastos corredores de Hogwarts, mas não encontrava James em lugar nenhum. Porém, em algum momento, alguém puxou-a pelo pulso fazendo ela se virar e beijou-a. Era James. Dominique riu ao ver o garoto.

— Bom dia, loirinha. — Ele disse, com um sorriso de canto. Ela sorriu, mas depois deu um tapa muito forte no braço do garoto. — Ouch! Dominique!

— Eu estava preocupada James. Onde você estava? — Dominique dizia em voz alta, quase gritando. James riu e colocou as mãos nos ombros da garota.

— Só dormi demais, desculpa. — James respondeu, dando um beijo na testa dela. Dominique suspirou e assentiu.

Eles ficaram parados olhando um para o outro e Dominique estava esperando um "feliz aniversário" ou pelo menos um buquê de flores. Mas nada aconteceu. Então ela pigarreou, cruzou os braços e olhou para ele com uma expressão de insatisfação.

— Você não esta esquecendo nada, Potter? — Ela disse, e James deu de ombros, balançando a cabeça negativamente e rindo.

— Do que se refere? — Perguntou, com aquela cara de bobo. Dominique não conseguia acreditar. Ele esquecera o seu aniversário, seu próprio aniversário. Ela ficou tão brava, mas tão brava, que não falou do que se tratava.

— Nada, James. Não é nada. — Dominique disse e saiu com passos furiosos dali, sem tirar satisfação alguma com o primo e namorado.

Sala de DCAT; 15 de Janeiro de 2023; 10h28min AM

A tentativa frustrada de James e Fred de conjurarem patronos deixava ambos irritados. Apenas faíscas saíam da varinha do Potter e Wesley acabou derretendo os sapatos de uma garota da Corvinal sem querer. Houve um momento em que James Sirius explodiu.

— Teddy! Quer dizer... Professor Lupin. — Ele chamou seu praticamente irmão postiço que também era o professor de Defesa Contra a Arte das Trevas. — Eu não consigo conjurar esse feitiço. Eu tento de tudo... E aliás, por que precisamos disso? O ministério não usa mais dementadores para serem os guardas de Azkaban.

— Bem... Nunca se sabe, algum dia eles podem aparecer, e também eu estou ensinando isso porque é minha obrigação. Agora é só você lembrar do momento que te fez mais feliz. Pense, James. Pense em todas as suas memórias felizes, mas escolha uma que até hoje te faça rir, sorrir ou se arrepiar. É muito simples.

James suspirou e fechou os olhos, fazendo força pra lembrar de momentos realmente felizes que, deveria admitir, fazia tempo que não aconteciam. Pensou em tudo: memórias com Dominique, com sua mãe, com seus irmãos, com seu pai e seus primos. Ele não conseguia escolher. Mas então, ele lembrou de uma memória em particular que chamava sua atenção a cada milagrosa vez que lembrava dela.

Ele tinha entre quatorze ou quinze anos. Naquela época, já tinha se afastado de Dominique e Fred e começara a ficar mais amigo de Jason e de um pessoal da Sonserina. Fora após uma partida de quadribol em que o garoto se machucara muito feio. Ele estava na ala hospitalar, e mal se lembrava do que acontecera, mas tinha uma vaga lembrança meio borrada.

Seu estado de saúde era grave, lembrava das palavras da irmã assim que se recuperou. Todos tiveram um susto enorme. Ele fora atingido por um balaço na nuca e caiu de uma altura de mais ou menos 150 metros. Teve um dia que ele abriu um pouco os olhos, mas ninguém notara. James estava rodeado de familiares preocupados, alguns cansados por talvez terem passado a noite inteira na ala. Ele ficou feliz porque apesar de esnobá-los, eles ainda se importavam com o garoto. E embora ele agisse como um bad boy, lá no fundo ele amava a família e sempre estaria lá para eles, como naquele momento eles estavam ali para ele.

Mas então, uma cabeleira loira chegou. Dominique usava uma tiara branca e o uniforme da Sonserina, James achava, porque afinal estava tudo meio borrado, e segurava sua gata de estimação Carly — que já morrera. Dominique nunca soltava aquela gata estúpida.

— Ele... Ele está bem? — Ela perguntava, com a voz meio trêmula enquanto todos olhavam assustadoramente para ela. Naquele ponto, ela já havia se afastado de todo mundo também, e principalmente de James, a quem ela dizia odiar e procurava evitar.

Dominique engolira em seco e foi até a cama em que ele estava deitado. Ela se agachou e soltou a gata. Ela suspirou e começou a sussurrar:

— Por favor, viva. Eu sei que você vai, afinal não foi nada muito grave a ponto de morrer, mas... Eu não sei como vou ficar sem olhar para você, brigar com você, e fingir evitar você. Nós temos algo indefinido, com altos e baixos, e você sempre me ajuda, mesmo sabendo que dois minutos depois nós começaremos a gritar um com o outro. Se eu não ver aquele sorriso de canto idiota de novo, não sei o que farei. Embora nós sejamos ora inimigos, ora amigos, e às vezes agimos como não fôssemos nem conhecidos, não será meu mundo sem você nele, Potter. Eu odeio você, mas amo você ao mesmo tempo. E fico feliz que você não esteja ouvindo isso, e os outros também. Sou muito orgulhosa para deixar as pessoas saberem que eu ainda tenho sentimentos.

Naquele momento, Carly lambia os dedos de James. Porém, Dominique pigarreou e pegou a gata, saindo com a cabeça erguida e nariz empinado, como se fosse melhor que os outros. Ele sentia vontade de rir, mas não conseguia por causa da dor. Ele ouvira tudo o que a prima dissera, mas guardaria segredo.

Ao lembrar daquilo, ao lembrar que mesmo quando era um garoto irresponsável e realmente idiota sua família e principalmente Dominique ainda se importavam com ele, ele se arrepiou. Embora seja uma memória vaga e que ele mal se lembrava, era importante e o fazia sorrir. Então, ele apontou a varinha para o nada e gritou:

— Expecto Patronum!

Uma luz azul muito forte saíra da varinha de James, e logo um gato feito daquela luz se formara, correndo pela sala. Era um gato igual a Carly. James deu uma risada e Teddy comemorou.

— Muito bem, Potter, muito bem! Eu sabia que conseguiria! — Teddy gritou e aplaudiu, se aproximando de James. Logo, ele sussurrara. — Está tudo pronto pra hoje à noite?

— Sim, ela nem suspeita. — James sorriu. — O único problema é que ela está realmente brava comigo.

— Está tudo bem, depois do que acontecer ela vai estar caidinha de novo. Victoire já mandou o vestido e eu levarei para Dominique no intervalo entre as aulas.

James assentiu. O assunto era sobre a festa surpresa que James faria para Dominique naquela noite. Já estava tudo pronto, quase todos de Hogwarts foram convidados e toda a família apareceria, mesmo aqueles tios que trabalhavam. Todos tirariam umas horinhas para cumprimentar Dominique. E ela nem suspeitava.

Sala Precisa; 15 de Janeiro de 2023; 1h50min PM

Jade entrara na Sala Precisa após conseguir abrir a porta extremamente pesada, e caminhara no escuro enquanto esperava a mãe. Teria que admitir que aquilo estava lhe dando arrepios. Estava tudo vazio e com a pouca luminosidade do lugar dava para ver algumas teias de aranha. Ela suspirava, até que ouviu uma voz estridente porém muito familiar.

— Estou aqui, anjo. — Era sua mãe, Ursula Lestrange, agora Brusqué. Jade foi até ela e deu um forte abraço. — Eu senti tanta sua falta.

— Eu também, mãe. Está tudo um inferno nessa droga de escola.

— A garota Weasley? — Perguntara Ursula. Jade assentiu. — Não se preocupe meu amor, daqui algumas semanas ela e toda sua família não existirão mais. E logo, os trouxas. Eu garanto a você.

— É, mas primeiro, vai ter vingança mãe. Hoje é o aniversário dela. Aquele namorado dela, que deveria ser meu, vai fazer uma festa surpresa. Eu, claro, não fui convidada. Mas ninguém disse que não é permitido penetras... — O sorriso irônico e a maldade percorriam o corpo de Jade. Ursula ficou tão orgulhosa.

— Mas não se esqueça do plano querida. Depois dessa sua vingança, nós vamos acabar com os Potter, e consequentemente com os Weasley. Será um tempo de glória.

Corredor; 15 de Janeiro de 2023; 2h40min PM

Dominique tinha cinco minutos para ir da Sala de Poções que era nas masmorras até a Sala de Adivinhação, que era no outro lado de Hogwarts. E Hogwarts era enorme. Mesmo em seu aniversário, ela não tinha sossego. Estava tão agitada que nem pensava na conversa que tivera com James mais cedo.

De repente, esbarrara em alguém que parecia querer aquilo de propósito. Quando olhou para cima, era Teddy, seu professor e cunhado. Ela sorriu.

— Ei, Teddy Bear. Desculpa por ter esbarrado em você. — Ela disse. Teddy Bear era o apelido que ela dera a Teddy quando era pequena. Podia ter passado uns bons tempos odiando a irmã, mas sempre gostara de Teddy.

— Que nada, na verdade eu fiz isso de propósito porque estava procurando por você. — Ele respondeu, assim como Dominique suspeitava. Teddy revelou o pacote que segurava em sua mão que estava atrás de suas costas. Ele entregou para Dominique e sorriu. — Feliz aniversário, loirinha. Considere esse um presente meu e da Vic. Ah, e tem uma carta dela no pacote também.

Dominique pegou o pacote que era razoavelmente grande, completamente maravilhada. Não se importava em se atrasar, Adivinhação era a matéria mais fácil daquela escola. Ela sentou-se no chão e abriu o pacote como uma criança de cinco anos.

Dentro do pacote havia um vestido muito lindo. Ele era azul bebê com uma faixa preta na cintura, e a saia era cheia de babados. Seus olhos brilhavam, afinal a garota continuava sendo uma Delacour. Ela viu o envelope da carta da irmã no fundo do pacote e o pegou, abrindo-o.

"Querida irmã,

Primeiro: Feliz aniversário! Eu não posso acreditar que você está fazendo dezoito anos. Além de já ser maior de idade no mundo bruxo, agora você é maior de idade no mundo trouxa também!

Segundo: Eu te amo. Eu sei que nós ficamos um bom tempo evitando uma a outra por um erro meu, mas já estamos de bem, então... Eu sinto a sua falta e espero que goste desse vestido que eu e Teddy estamos te dando.

Terceiro: Use-o hoje à noite. Não me pergunte o porquê. Mas sendo esperta como é, já deve até saber do que se trata.

Mil beijos,

Vic"

Ela ria enquanto lia a carta da irmã. Victoire sempre havia tido um jeito excêntrico de ser com pessoas que gostava. E agora ela era assim com Dominique, que ficou feliz com o presente, mas não entendeu o porquê de usá-lo de noite. Teddy despediu-se da cunhada, que ficou pensando sobre aquilo pelo resto do dia.

Dormitório feminino nº 2 da Sonserina; 15 de Janeiro de 2023; 8h30min PM

O vestido além de ser lindo, servira direitinho em Dominique. A loira usava ele, um salto 15 com o mesmo tom de rosa do vestido, brincos de argolas e uma corrente com pingente de estrela. Também fizera chapinha no cabelo e colocara uma maquiagem leve, afinal nem sabia do que se tratava.

Fred chegara de terno, invadindo o dormitório da prima. Dominique quase torceu o tornozelo ao pular de susto quando o garoto chegou.

— Fred! Da próxima vez, bata na porta, por Merlin! — Dominique gritara, atirando um travesseiro no primo. Fred levantou as mãos em rendimento e disse:

— Ok, ok, desculpa! — Ele disse, mas logo depois de arrumar seu cabelo que foi bagunçado pelo travesseiro atirado ele voltou a falar. — Está pronta?

— Estou... Pra seja lá o que for. — Ela deu de ombros, e entrelaçou o seu braço no de Fred, indo até sabe-se-lá-onde.

Sala Precisa; 15 de Janeiro de 2023; 8h42min PM

Claro, a Sala Precisa. Deveria ser uma festa que Dominique fora convidada mas não se lembrava. A porta de acesso fora revelada, e Dominique e Fred entraram. Mas estava tudo muito estranho: estava tudo escuro. Ninguém lá. Nenhuma música ou iluminação. Porém, todas as luzes se acenderam e pessoas apareceram ao darem um pulo e gritarem:

— Surpresa!

James aparecera atrás de Dominique, e agarrou-a pela cintura, beijando o pescoço da garota.

— Feliz aniversário, Nique.

Dominique ria. Deveria ter adivinhado, afinal. James esquecendo seu aniversário, Victoire dando um vestido e pedindo para ela usar de noite sem falar o porquê.

— Eu te odeio, Potter. Mas eu te amo muito também. Difícil escolha. — A loira se virou, se abraçando no pescoço do namorado e começando um beijo calmo.

— Bem, eu nem preciso dizer que eu também te amo, certo? Tudo isso é a prova. — Ele disse, sorrindo, e Domi assentiu, mordendo o lábio e colando sua testa na dele. — Você merece tudo isso, de verdade.

Dominique não havia mais palavras. Ela tinha um namorado e amigos maravilhosos. Meses atrás, ela achava que os amigos de verdade eram aqueles daquela época, que com certeza a deixariam na primeira oportunidade, como Jade. Mas agora, com seus primos, agregados, tios, pais e namorado ela sabia que estava no lugar certo. Na vida certa. Mesmo após tantos erros, tropeços e brigas de todos os lados.

Por falar nos parentes, todos vieram. Todos cumprimentaram Dominique, beijaram-na e abraçaram-na. Seus pais e irmãos, é claro, fizeram uma baderna. Aquela coisa de "meu bebezinho está crescendo" e tal. E pensar que ela não se dava bem com eles semanas atrás.

A noite foi maravilhosa; todos de Hogwarts estavam presentes, e eles dançaram, conversaram, comeram, cantaram parabéns e com-quem-será — o alvo fora James, claro — e dançaram mais ainda.

Houve uma hora em que James subira no palco. Claro, ele tinha que fazer aquilo em todas as festas que organizava pra puxar o saco de todos os presentes. Dominique ria a cada vez que via ele fazer aquilo, que era sempre. Mas daquela vez foi diferente.

— Primeiramente, parabéns a Dominique Weasley, a minha linda namorada. Segundamente, obrigado a todos que vieram, vocês são demais, principalmente a minha família. Terceiramente, queria agradecer a também os idiotas dos meus amigos, Teddy Lupin e Fred Weasley II, que me ajudaram com essa festa. E agora, queria fazer uma homenagem a Dominique. — James falava muito rápido enquanto segurava um copo de firewhisky, ele já estava um pouco "alto". — Dominique, eu lembro claramente de quando éramos pequenos. Você era muito baixinha, com os cabelos que pareciam molas e dentes da frente separados. Você era muito mandona e travessa e era minha parceira de crimes junto com o Fred. Mas aí você cresceu, sofreu uns altos e baixos e virou esse mulherão. É sério. Você é muito gostosa. — Nessa hora, todos riram, e Dominique fez um movimento com os lábios querendo dizer "eu vou te matar", mas James continuou. — Mas o importante é que eu sou tão agradecido por ter crescido com você, sério. Todas as brigas e dramas nos levaram até aqui, e eu quero que isso continue até nós ficarmos velhos e caquéticos feito os nossos avôs. Eu te amo.

Ele descera do palco e Dominique ria. Aquele era o James que ela conhecia, afinal. E ela amava ele com todas as suas forças. Ela foi em direção a ele, e tascou um beijo de cinema.

— Eu já disse que você é um idiota, mas é incrível ao mesmo tempo? — Ela falou, e ele ergueu as sobrancelhas.

— Sabia que você nem precisa dizer? — Ele disse com um bafo horroroso de bebida, mas Dominique mal se importou. Ela beijou-o novamente e eles ficaram assim por um bom tempo.

— Ei, eu quero fazer uma homenagem também! — Dominique ouvira algo vindo do palco, e se virou. Era Jade. Seus olhos saltavam para fora de tão arregalados. Seu coração acelerou. Aquilo não podia ser bom. — Afinal, eu era sua melhor amiga, certo?

— Vocês convidaram ela?! — Dominique sussurrou para James, e ele balançou a cabeça negativamente enquanto seus olhos também estavam arregalados de surpresa.

— Ela deve ter entrado de penetra, eu juro.

— ... Todos estamos aqui para prestigiar Dominique, certo? — Jade continuara, enquanto todos estavam surpresos demais para tirá-la do palco. — Sendo que todos pelo menos uns dois meses atrás tinham medo e odiavam ela. Não finjam que eu não sei o que vocês falavam de nós, porque eu sei muito bem. Pois é, mas saibam que a preciosa Dominique não é o que vocês pensam. Sabiam que ela pegou James sendo que eu estava ficando com ele? Vocês sabiam, principalmente, que ela perdeu a virgindade aos treze anos? — Todos ficaram chocados naquele momento, menos a família.— Pois é, meus colegas. E ainda pior: ela foi estuprada. Dominique Weasley, uma bruxa, foi estuprada por um mero trouxa. Não tinha nem força para se defender... Vadia. Eu aposto que você gostou, não foi assim, Weasley?

Naquele momento, alguns garotos arrastaram-na para fora do palco, enquanto Dominique só podia olhar para os lados, onde todos a olhavam com um certo desgosto. Ela estava chocada demais para responder algo, então ela apenas saiu dali sem falar nada, com quase todos seus familiares indo atrás.

Ela sentou na sua cama assim que chegou ao dormitório, e não pôde evitar de chorar. Que se dane o orgulho que tinha, o tal "Dominique Weasley não chora". Ela chora. Como todo mundo. Mas é claro, se sentia muito fraca por isso. O que acontecera cinco anos atrás continuava sendo um assunto muito delicado para Dominique, e ela sempre chorava quando falava daquilo.

— Posso entrar? — Ela ouvira James encostado na porta e enxugara as lágrimas, assentindo. O garoto entrou no quarto, sentando ao lado de Dominique. — Não escute uma palavra do que ela disse, Dominique. Não deixe que te atinja. Ela é maluca, e uma vadia. Só sabe se importar com os próprios sentimentos. Você é muito forte por ter passado por aquilo de cabeça erguida, está me entendendo?

— Eu entendo, Jay. — Ela disse com a voz chorosa. — Mas não deixa de doer. Você sabe o quanto isso me traumatiza, e ela fala isso quando todos da escola estão presentes... Eu deveria ter me afastado dela enquanto podia.

— Venha aqui. — James puxou-a até a penteadeira presente no quarto, e ajudou Dominique a sentar na cadeira. Ele estava com um pacote de presente nas mãos, que ele mesmo abriu. Era uma caixinha com um colar cheio de diamantes dentro. Ele tirou o colar da caixa, e colocou no pescoço de Dominique, acariciando o colar. — Esse é o meu presente para você. Agora olhe para si mesma no espelho. Está vendo? Você é linda. Com ou sem esse colar. Com ou sem a maquiagem borrada por causa de lágrimas. Com ou sem as palavras de Jade. Você é tão forte, Dominique. Só quero que saiba disso. — Ele beijou o topo da cabeça da garota, que agora ao invés de chorar de tristeza, chorava de felicidade enquanto ouvia as palavras do namorado. Ele desceu seus lábios para a orelha de Dominique e sussurrara: — Quando você estiver se sentindo pra baixo, lembre-se disso. Lembre do que eu acabei de dizer, e principalmente, lembre-se que eu sou James Sirius Potter e que eu te amo.

Ele deu um último beijo de boa noite em Dominique e saiu dali, deixando-a sozinha com seus pensamentos.

James estava certo. Dominique era forte. Dominique era linda. E ela não ia deixar meras palavras atingirem-na. Mas havia um porém: ela não se importava com o que os outros pensavam, mas e com o que ela pensava de si mesma?

Baby's all dressed up, with nowhere to go
That's the little story of the girl you know
Relying on the kindness of strangers
Tying cherry knots while doing party favours
Put your red dress on, put your lipstick on
Sing your song, song, now, the camera's on
And you're alive again


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Odiaram? Deixem suas opiniões, pliiiiiiiiiiiiis. Ah, e tem uma cena bem importante nesse capítulo que vai ser anexada a uma outra de outro capítulo he boa sorte com as teorias.
Amo vocês, e até o próximo capítulo!