11º Desafio Sherlolly - O Piquenique escrita por sayuri1468


Capítulo 1
Capítulo 1




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11° Desafio Sherlolly

Nosso Primeiro Encontro

Querido Diário, o dia de hoje não poderia ter sido tão estranhamente maravilhoso. Eu gostaria de resumir o que se passou, mas seria injusto, já que tenho sido totalmente honesta e detalhista com você nos últimos anos. Vou começar do começo: esta manhã, eu recebi um sms dele...

Eu não poderia dizer o que realmente me motivava até a Baker Street. Mentira, eu poderia sim, claro que poderia, e você sabe. Eu só preferia não dizer em voz alta aquilo que todos já sabem. Sherlock precisava de mim e pedia minha ajuda, e mesmo que ele não pedisse, eu estaria lá para ele.

Ele também tinha consciência disso, então não foi surpresa nenhuma quando adentrei a 221B, apesar de ainda ser madrugada.

- Molly, até que enfim! – ele falou pulando de sua poltrona quando me viu passar pela porta.

- Foi difícil achar um táxi a essa hora! – me expliquei enquanto retirava meu casaco e o colocava no cabideiro. – O que aconteceu de tão urgente para você me chamar às cinco da manhã?

Sherlock caminhou lentamente até mim, os braços cruzados por trás das costas. Eu sabia o que isso significava: ele procurava as palavras certas pra dizer.

- Molly, você quer ir a um encontro comigo? – ele falou seriamente.

- Desculpe, o que?!

Algo em mim custava acreditar o que tinha ouvido. Sherlock estava me convidando para um encontro?

- Um encontro, Molly! Você e eu, irmos a um encontro!

Ele repetiu, mesmo sabendo que eu realmente tinha ouvido o que ele falou. Talvez ele tivesse notado minha incredulidade perante o pedido.

- Um encontro? Sherlock, isso é mais uma de suas experiências? – perguntei sem me alterar, embora por dentro uma empolgação crescesse em mim.

Sherlock andou até a janela.

- Bem, não posso dizer que não seja! – falou quase para si mesmo, mas imediatamente virou-se novamente em minha direção e falou com a voz confiante de sempre – Então Molly Hopper, quer ir a um encontro comigo?

Bem, o que se pode fazer? O que qualquer mulher apaixonada faria em uma hora dessas? Afinal, quantos pedidos de encontros podem-se obter de Sherlock Holmes?

- Seria adorável! Mas você poderia ter pelo menos esperado o sol nascer antes, não?! – apaixonada sim, mas claro que não deixaria tão fácil assim pra ele.

- Já vai nascer? – ele foi até o relógio confuso. Não pude deixar de rir. Só Sherlock mesmo para não dar atenção a coisas tão “frívolas” quanto à hora.

- Bem, era só isso? – perguntei disfarçando a risada e meu coração acelerado pela proposta.

- Como assim, já vai?

- Sherlock, são cinco da manhã! Sei que não esta habituado com encontros, mas só para registro: eles não começam às cinco da manhã! – expliquei.

- O nosso começa! – ele pegou meu casaco e o entregou pra mim. Depois vestiu o dele, colocou o cachecol e me puxou pela porta.

- Mas Sherlock..- tentei argumentar com o casaco ainda em minha mão, enquanto ele me puxava pelas escadarias.

- Vamos Molly, vamos procurar algo de útil para fazer nessa cidade! – ele dizia com certo brilho no olhar. Seja lá qual era o motivo dessa experiência, Sherlock estava visivelmente determinado a ter um encontro.

Chegamos na rua, onde ele começou a procurar um táxi. Aproveitei que ele havia soltado a minha mão para isso, e vesti o casaco. O que dera em Sherlock? – me perguntava - Sei que ele possui uma empolgação quase infantil às vezes, mas isso estava bem estranho, mais do que normalmente se esperaria dele.

Quando terminei de vestir meu casaco, o vi discutindo na rua sozinho, xingando os táxis que não passavam.

- Eu disse que estava difícil conseguir um táxi! – utilizei um tom suave para acalma-lo - Já que isso é um encontro, podemos andar!

Sherlock olhou pra mim com cara de indagação.

- Andar? – perguntou confuso – As pessoas andam em encontros?

Mais uma vez, lá estava eu rindo da ingenuidade dele.

- Sherlock, você não tem a mínima noção do que as pessoas fazem em um encontro, tem?!

Ele se postou ao meu lado, eu comecei a andar e ele me acompanhou.

- Na verdade não! Aprendi alguma coisa ou outra com John! Mas basicamente não deve ser tão difícil! – pronto, a criança saiu e o detetive entrou – Duas pessoas saem, conversam, dão risada e se divertem! Não me parece muito complicado!

- Bem, se você pensar assim, tenho encontros todas as vezes que saio com um amigo ou uma amiga!

Ele olhou pra mim sem entender.

- Sherlock, um encontro não é só sair para se divertir! Você sai para ficar do lado de uma pessoa que você gosta e aproveitar seu tempo com ela! Vocês fazem coisas que os dois gostam, só para ter uma desculpa pra ficar do lado dessa pessoa!

Seus olhos assumiram a expressão de infinito. A expressão que sempre vinha quando ele começava a pensar em algo.

- E mais uma coisa – decidi informa-lo sobre o que eu sabia que ele acharia ser a pior parte de um encontro – Existe contato físico!

Ele olhou pra mim surpreso novamente.

- Muito contato físico, em alguns casos! – complementei, me divertindo com a expressão que seu rosto adquiriu.

Sherlock ficou por um tempo em silêncio. Eu me arrependi por um momento, talvez o tivesse provocado demais e agora ele desistiria de ter um encontro comigo.

- Bem, nesse caso...- Sherlock então tomou uma atitude que não esperava. De repente sinto sua mão pegar na minha e ele entrelaça seus dedos nos meus. Como assim? Ele aceitou isso de contato físico numa boa? Deus, quão importante deveria ser esse caso, diário!

Bem, fomos tomar café da manhã – por insistência minha, já que ele não possui muito o hábito de comer – e confesso que me senti orgulhosa por fazê-lo experimentar um enrolado de canela. O que não foi uma tarefa fácil, diga-se de passagem.

- Vamos Sherlock, você vai gostar! – insistia enquanto oferecia o doce.

- Farinha, ovos, leite e canela! – ele disse enquanto olhava e cheirava o enrolado de canela na minha mão – E uma pitada de essência de baunilha! Não preciso provar, obrigado!

- Só coma! – ordenei entregando o doce pra ele, fingindo estar brava. Na verdade diário, eu estava rindo.

Você sabe o quanto eu amo esse lado dele. Apesar de ser extremamente inteligente e corajoso, Sherlock não passava de uma criança.

E olha diário, apesar dele não ter dito nada, tenho certeza de que gostou do enrolado, pois pediu mais cinco pra viagem.

- O que fazemos agora? – ele me perguntou enquanto ainda comia um enrolado e segurando a sacola de papel pardo com os outros doces.

- Bem, no geral quem convida para o encontro que monta a programação – expliquei. Ele me olhou com uma expressão de pânico no rosto – Está tudo bem, Sherlock! – tranquilizei – Eu sei que você não tem muita experiência nisso! Que acha de irmos ao zoológico?

- Boring! – ele disse enquanto mordia outro pedaço do doce – Tenho uma idéia melhor!

- Tem? – perguntei desconfiada.

- Posso não ter experiências com encontros, Molly, mas certamente conheço essa cidade como ninguém!

E dizendo isso, acenou para um táxi que parou imediatamente.

Confesso que fiquei curiosa. Realmente, ninguém conhecia a cidade como Sherlock Holmes, então, para onde ele estava me levando?

Por um breve momento, pensei que ele me levaria para conhecer a pior parte de Londres. A parte em que ele passava a maior parte do seu tempo, desvendando seus casos.

- Antes de chegarmos, preciso parar em um local – ele informou ao taxista – Pode parar daqui há três quadras!

Olhei-o desconfiada. Ele apenas sorriu e disse.

- Não se preocupe Molly, sei o que estou fazendo!

O que fazer nessa situação, não diário?! Qualquer outro rapaz que tomasse essa atitude me deixaria bastante preocupada, mas era Sherlock! Então, assenti com a cabeça e esperei que ele me surpreendesse. Eu sabia que ele iria me surpreender!

O local aonde ele havia pedido para o taxista parar era um mercado. Ele pediu para que eu o esperasse no taxi, então eu fiquei lá aguardando. Não demorou nem vinte minutos para ele surgir com algumas compras na mão.

- O que é isso? – perguntei quando ele entrou.

- Você já vai saber! – ele me disse com entusiasmo. Você vai cair para trás quando descobrir o que ele estava tramando, diário! Eu cai!

O taxi parou em uma rua, aparentemente residencial. Ela estava completamente vazia. Inúmeras casas, ruas tranquilas e jardins bem cuidados podiam ser admirados. Era um local realmente agradável.

- Vamos passear por aqui? – perguntei admirando o bairro, enquanto ele pagava o taxi.

- Claro que não! – Ele colocou todas as sacolas em uma só mão, e com a outra que estava livre, segurou novamente a minha mão, entrelaçando nossos dedos - Mas vamos andar por aqui até um local que quero que você conheça!

Diário, ele segurou a minha mão de novo! Em um movimento instantâneo! Eu fingi que estava tudo bem, é claro, mas ele sabia que tinha uma fanfarra no meu peito nesse momento! Culpei o vento pelo rubor em minha face, mas tenho certeza de que ele não acreditou!

Andamos por aquelas ruas agradáveis, admirando as casas e traçando comentários sobre elas. Fomos surpreendidos pela imagem de um casal brincando com seu filho pequeno no jardim. Uma imagem linda de se ver. Eles pareciam se divertir tanto.

- Eu sinto inveja às vezes! – comentei enquanto olhava essa cena.

- Eu também! – ele confessou. Virei surpresa pra ele, sempre achei que ele gostava de uma vida cheia de adrenalina. – Não é uma coisa para qual eu leve jeito, mas sempre gostei de assistir!

Eu sorri, e meio que automaticamente, usei o polegar da minha mão que estava entrelaçada na dele para acaricia-lo. Ele sorriu pra mim, tão gentil e tão ternamente, que eu quase virei água e me derreti ali mesmo.

Andamos mais um pouco e chegamos a um beco sem saída. Olhava confusa para os lados, tentando entender o que iríamos fazer lá. Sherlock então foi em direção a um pequeno portão de metal branco – que eu realmente não havia notado, já que ele estava escondido em meio às plantas - e o abriu. Ele fez sinal para que eu o seguisse e eu o segui. Diário, sem sombras de dúvida aquele era o local mais lindo em quem eu já pisara! Era jardim, bem escondido, com o tamanho de um parque. Havia flores colorindo a paisagem por onde quer que eu olhasse. Uma fonte bem no centro do jardim, cercado por um caminho que eu ainda não sabia para onde dava. Um pequeno balanço de madeira preso a uma das muitas árvores que enfeitavam o local. Difícil imaginar que um lugar como aquele se encontrava em Londres, e não no interior da Inglaterra.

- Sherlock! – suspirei admirada pela paisagem.

Ele sorriu, com um leve ar de orgulho em seu rosto.

- Calma, não chegamos ainda!

Então, ele me puxou gentilmente pelo caminho que cercava a fonte e levava sabe-se lá pra onde.

Após uma caminhada por aquele parque lindo, eu pude ver uma pequena clareira, com apenas uma árvore no meio. Eu não saberia dizer de que espécie era, mas era realmente uma árvore de conto de fadas. Seus galhos, recheados com folhas, caiam, fazendo da copa uma enorme cabeleira. Estávamos na primavera, então havia bastante flores também. Foi a visão mais linda e mágica que já havia visto.

- Espere para ver por dentro! – ele falou, como se pudesse ler meus pensamentos.

Fomos para debaixo daquele lindo manto colorido, e eu tive que dar razão para Sherlock. Parecia ainda mais mágico. Era como se estivéssemos em um mundo totalmente nosso e só nosso. Será que ele já tinha isso em mente quando me chamou para um encontro? Até agora estava achando que era apenas mais um de suas experiências, mas agora, será que não? Será que Sherlock realmente queria sair comigo e já tinha pensado em tudo isso?

No meio dos meus devaneios, Sherlock arrumava o que havia comprado no mercado. Eram duas toalhas, algumas frutas, pães, queijos e um vinho.

- Uau! – exclamei – Retiro o que disse, Sherlock, você é um especialista em encontros!

Ele riu.

- Por favor Molly, fiz uma árdua pesquisa antes de te chamar! Sabe como detesto ser medíocre nas coisas que faço!

E apesar dele ter dito isso com o “ar de detetive” usual, juro que ele realmente não parecia estar se gabando. Parecia mais que estava brincando.

Sentei na toalha que não estava destinada a comida e ele me serviu uma taça de vinho.

- Como achou esse lugar? – perguntei ainda admirando a visão que tinha de dentro daquela árvore mágica – Não vai dizer que aconteceu algum assassinato aqui, vai?!

- Nope! – respondeu enquanto me entregava um pedaço de pão com um dos queijos que ele trouxera por cima – Um dia, estava em um caso muito complicado, e precisava andar! Você sabe que gosto de andar quando preciso pensar mais profundamente. – assenti com a cabeça, ele continuou – Sem querer, vim parar nessa rua, perdi muito o rumo!

- Perdeu mesmo! – exclamei – Estamos a quilômetros da Baker Street!

Ele fez uma expressão engraçada, como se concordasse comigo, e continuou sua história.

- Bem, a primeira coisa que notei, quando me dei conta de onde estava, foi o pequeno portão na entrada desse lugar! Achei que era um bom lugar para me isolar, então entrei e me aventurei por aqui!

- Só você mesmo pra notar aquele portão! Eu acho que poderia passar uma vida aqui e nunca me dar conta da existência desse jardim!

- Bom, muitos vivem aqui e não se dão conta – ele disse – Nenhuma das pessoas que moram nessas casas sabem desse jardim, só uma!

- Quem?

- Uma senhora, já bem idosa, que vem aqui cuidar de algumas plantas! A maioria, inclusive, foi ela quem plantou!

Não pude deixar de dar o meu maior sorriso ao ouvir isso. Mesmo sem conhecer aquela senhora, já sentia um enorme carinho por ela.

- Ah sim! – ele levantou, como se lembrasse de algo. Estendeu sua mão para me ajudar a levantar – Venha ver isso!

Eu segurei em sua mão e ele me puxou gentilmente. Me levou até o outro lado do tronco da árvore e me mostrou uma inscrição dentro de um coração: “M & D”.

Olhei sem entender.

- Essa senhora e seu marido plantaram essa árvore onde estamos agora quando ainda eram crianças! – ele me contou – e todo dia, eles tinham uma data especial para vir visita-la!

- Não vinham cuidar dela? – perguntei.

- Não! Apenas plantaram e deixaram a natureza seguir seu curso! Era assim que queriam que fosse o relacionamento deles! Eles só vinham todo o ano visita-la, como uma desculpa, uma forma de se virem enquanto não podiam se casar!

- Como sabe de tudo isso?! – perguntei, mesmo sabendo que não era o tipo de pergunta que se fazia a Sherlock Holmes.

- Eu a conheci, no dia em que estive aqui, era o dia do ano em que eles vinham visita-la! – explicou enquanto passava a mão pelo tronco.

- O marido não estava junto? – sentia um aperto no peito.

- Havia falecido há alguns anos já! – por incrível que pareça, notei certa tristeza na voz de Sherlock quando ele me disse isso.

- Por que me trouxe aqui? – perguntei sem saber o motivo da minha pergunta.

Ele apenas sorriu e me puxou pela mão de volta a tolha onde estávamos sentados.

Diário, a cena que vou narrar agora é uma das razões por eu não conseguir parar de sorrir: Ficamos algum tempo sentados e conversando coisas normais, quando de repente, Sherlock vira pra mim e fala:

- Esse cenário lembra uma música! Conhece “Primavera” de Bethoveen, Molly?

- Sim, é linda! Aliais é um dueto de violino com piano, não?! – ele como um violinista com certeza já havia tocado essa música.

- Sim, é sim! Era algo como tammmm tamramramram..

Ele começou a cantarolar a melodia principal. Eu ria, estava achando totalmente adorável. De repente ele me puxou pela mão e começamos a dançar enquanto ele cantava. Sua mão me guiava com gentileza, mas a mão que apertava minha cintura era firme. Em meio a um dos giros, sem querer eu tropecei em uma pedra e Sherlock e eu caímos. Eu ri da situação, ele apenas sorria. Ele estava me abraçando muito forte, e eu não fui capaz de perceber isso na hora.

- Você se machucou? – ele perguntou enquanto estávamos abraçados no chão.

- Estou bem! – respondi ainda rindo. Levantamos e ajeitamos noosas roupas que estavam cheias de poeira.

- Você é uma péssima dançarina, Molly Hopper! – falou zombando.

O resto da tarde passou voando, diário. Conversamos, rimos, ele contou sobre alguns casos dele, eu falei sobre alguns meus. E quando percebemos, o vinho, as frutas, os pães e os queijos haviam acabados e a o dia também. Começamos a ajeitar tudo para sairmos. Foi quando Sherlock foi para o outro lado do tronco da arvore.

- O que está fazendo ai? – perguntei.

Ele saiu apressado, como uma criança que acabara de ser descoberta. Pegou o restante das coisas e me puxou pela mão.

- Vamos, vamos!

- Hey, calma! Aonde é o incêndio? – brinquei, ao mesmo tempo que tentava ver o que ele havia feito ali.

Infelizmente Sherlock foi mais rápido, e logo estávamos do lado de fora daquele incrível jardim.

Pegamos um táxi e Sherlock deu o endereço do meu apartamento. Não falamos muita coisa durante o caminho, mas em nenhum momento ele soltou a minha mão.

Quando chegamos, Sherlock saiu do carro primeiro e me ajudou a descer logo em seguida. Ele fez sinal para o táxi esperar, pegou minha mão e me acompanhou até a porta de entrada do prédio.

- Sherlock, ainda não entendi o motivo de tudo o que aconteceu hoje! – perguntei enquanto caminhávamos.

- Você se divertiu?

- Muito! – respondi feliz.

- Esse é o motivo! – ele falou sorrindo logo em seguida. Minha face ruborizou violentamente e dessa vez não havia vento pra culpar.

Ao chegarmos à soleira da porta, nós dois paramos. Era a hora da despedida. Eu saberia fazer isso em um encontro normal, mas era um encontro com Sherlock Holmes, o que se poderia fazer então?

- Bem – comecei meio insegura – Foi um dia adorável! Obrigada por tudo!

Sherlock sorriu, encarei aquilo como uma despedida, mas quando tentei desentrelaçar nossos dedos, ele impediu.

- Molly, e acordo com as minhas pesquisas, o contato físico exigido em um encontro, e ao qual você se referiu, não é só dar as mãos, não é?!

Eu gelei! Ele falou aquilo com aquele “ar de mistério”. O que ele queria dizer com isso? Meu coração acelerou tão de repente que não sabia mais o que fazer! Apenas vi ele se aproximando de mim e puxando delicadamente meu rosto para um beijo. Isso mesmo diário, você leu certo, ELE ME BEIJOU! Sim, eu também desmaiei, mas só internamente, por que você sabe, né....tava rolando um beijo!

E que beijo! Profundo, terno, apaixonado! Tudo o que jamais esperaria de Sherlock. Estava tão boba, que nem notei quando nos separamos. Ele acariciou meu rosto e voltou pro táxi.

Eu fiquei um tempo parada em frente a porta, tentando entender tudo o que havia acontecido naquele dia. Foi um dia maravilhoso em todos os sentidos, mas por que Sherlock Holmes havia feito tudo isso? De repente algo voltou a minha mente. Corri em casa, peguei uma lanterna, desci, chamei um táxi e voltei no jardim de onde havia acabado de sair com Sherlock. Atravessei a porta de metal branco, andei pelo caminho e voltei até aquela árvore onde passei o dia mais maravilhoso da minha vida. Eu precisava ver o que Sherlock havia feito naquela árvore. Sabe diário, eu não sei o que Sherlock está tramando, mas seja lá o que for, eu entendi o recado. Assim como aquela senhora e seu marido plantaram a semente e deixaram a natureza seguir seu curso, eu sabia que Sherlock provavelmente desejava o mesmo para nós dois. Como eu sabia disso? Por que lá, naquela árvore, embaixo da inscrição “M&D” que eu vira mais cedo, tinha um coração com a inscrição “M.H & S.H”.

Não pude deixar de enviar um sms pra ele nessa hora.

“Voltamos ano que vem? MH”.

Ri com a expressão que imaginei ele fazendo ao ler minha mensagem, queria que ele soubesse que eu havia visto a inscrição. Mal sai do parque e já recebo sua resposta.

“Com certeza voltaremos ano que vem!? Quer jantar amanhã? SH”.

Diário, eu ainda não sei o que houve com ele pra essa mudança acontecer. Talvez tenha sido aquele lugar, a arvore, a história da senhora e seu marido – que eu desejo muito conhece- la, por sinal – a verdade é que o motivo não é importante. Nossa semente havia sido plantada então eu vou deixar nossa natureza seguir seu curso!

E amanhã, conto todas as novidades sobre o jantar com Sherlock Holmes!

Boa noite, diário!

Molly H.


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