O Segredo dos Bennech escrita por bianinha


Capítulo 25
Discussões


Notas iniciais do capítulo

Aah, perto do fim!



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Fiquei confusa no momento e não sabia bem o que dizer, acenei de uma forma esquisita para Rajesh, mas minha cara ainda demonstrava um ponto de interrogação, o que não passou desapercebido pelo Mestiço.

- Deixe - me explicar Michelle. - ele começou - Você não esperava que eu deixasse você criar e governar meu poderoso exército, não é?

Senti que ele não havia terminado, mas ainda assim, interrompi.

- Achei que você daria as ordens e eu só cumpriria.

Ele riu.

- Eu já sou velho, menina. E não posso deixar algo tão valioso como herança para uma única jovem. É nessa hora que Rajesh entra. - ele parou e sorriu para o garoto na porta - Como você deve saber, Mitchie, aqui na Índia é comum casamentos arranjados pelos pais, e eu não conseguiria achar ninguém melhor do que ele para te acompanhar.

- Como assim? - perguntei incrédula – Primeiro, você não é meu pai e eu não faço parte dessa cultura. Nunca concordei em me casar com um estranho. - me toquei que o menino estava bem ali. - Sem ofensas. Segundo, estamos no século XXI, sou uma mulher independente e posso tocar isso sozinha, sim.  

- Deixe de ser mal educada, garota. - ele disse bravo.

O meu provável marido nos interrompeu.

- Mestiço, com lincença, mas já consegui nossas cobaias. - anunciou sorridente.

- Veja como ele é útil e obediente. - o homem disse para mim. - Muito bem, pode trazê-los. - ele se dirigiu ao menino.

Rajesh deu espaço para que as “cobaias” pudessem passar e quando vi quem eram, meu queixo caiu.

- Connor? Mat? O que estão fazendo aqui, idiotas? Eu mandei vocês irem embora.

- Veja que mulher de atitude eu te arranjei. - o Mestiço se virou para Raj.

- Não conseguimos ir. - Connor disse sem levantar a cabeça para olhar para mim. - Mas nossas famílias estão em algum lugar em...

- Cala a boca. - Mat o interrompeu.

- Ah-ah. - começou o homem - Vocês tinham um prazo, duas horas, se lembram? Acabou, portanto... - ele não terminou a frase.

- Nada disso. - eu já fui interrompendo - Eles são meus amigos. Nada de sangue de amigos na poção.

- Michelle, você está me irritando. - vi seu olhar se enfurecendo. - Deixe de ser mimada. Foi o combinado,Você foi bem clara.

- Não interessa. - eu praticamente gritava a essa altura - Eu não vou matar meus amigos, muito menos bebê-los. Também não vou me casar com alguém que acabei de conhecer, caramba. Não foi isso o combinado.

- Como assim, casar? - Mat perguntou lá no fundo.

- Nada foi combinado, garota. - o Mestiço chegou perto de mim e me pegou pela gola. - Minha paciência está esgotando. Mais uma palavra de protesto e você morre junto.

Abaixei meu olhar.

- Desculpa, mas não posso fazer isso com eles. – revelei vencida.

-Então é isso. – pude ver a decepção em seus olhos. – Raj, leve esses garotos para o fundo.

Droga. Pensei.

O garoto pareceu confuso, mas o olhar bravo do mestre o convenceu e ele começou a empurrar com os braços na direção que deveríamos ir. Eu estava tão cansada que nem pensei em fugir ou reagir, a morte era a coisa mais próxima de um descanso até agora. Logo eu estava perto dos garotos outra vez andando pelos corredores apertados, até que chegamos ao lado de fora.

Havia um jardim, mas era feio. A grama estava seca e precisava ser cortada, o único sinal de vida ali era um pássaro que andava procurando por alimento, provavelmente.  Um pequeno caminho levava até uma casinha do outro lado do jardim, e assim como imaginei, era ali que passaríamos nossos últimos momentos.

A casa era grande o suficiente para que ficássemos todos sentados, mas não em pé. A janela não representava uma chance de escape e o cheiro ali dentro era horrível.

 Os garotos mal haviam falado desde que chegaram, mas podia ler a mente deles o quanto eu quisesse e seus pensamentos não eram muito diferentes dos meus. Rajesh nos deixou lá dentro e saiu sem abrir a boca também. Pude ouvir o Mestiço dando suas ordens ao garoto e dizendo que ia buscar as últimas coisas lá na sua loja. Suspirei triste e criei coragem para quebrar o silêncio.

- Por que não foram embora? – perguntei.

- Mitchie, como você pode ficar do lado dele naquela hora? – Mat ignorou minha pergunta.

- Para começar, vocês me disseram que eu tinha essa opção, lembra? – respondi.

- Acho que nunca pensei que fosse aceitar.

- Nunca pensei em matar ninguém, eu só queria um pouco mais de tempo. – desabafei.

- E depois disso? O que você faria na hora em que ele te mandasse beber aquilo? Você ia sair correndo? – ele não olhava para mim enquanto falava.

- Eu não sei. – Uma lágrima começou a sair e me segurei antes que viessem mais. – Mas, por que vocês não foram embora? – insisti na pergunta.

Houve um silêncio durante alguns instantes. Ele suspirou.

- Não consegui te deixar para trás. – ele disse levantando seus olhos na altura dos meus.

Eu o fitava, tentando entender o que ele acabara de dizer.

- E eu não pude deixar o crédito todo para ele. – Connor disse lá no fundo, quase que insignificante.

Sorri de volta.

Apoiei minha cabeça no ombro de Mat que estava sentado ao meu lado, suspirei e comecei a me lembrar de tudo que acontecera desde que isso tudo começou e pela primeira vez nesses dias, não me senti tão arrependida.


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Notas finais do capítulo

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