O Segredo dos Bennech escrita por bianinha
Acordei animada, finalmente vou descobrir o meu segredo, pensei. Coloquei uma roupa bonita, arrumei meu cabelo, e peguei meu colar da sorte. Não que eu seja supersticiosa, mas só para garantir. Era o meu único colar que chegava perto de ser uma jóia, era banhado a ouro e tinha uma delicada pedra de topázio amarelo na ponta, que é a pedra do meu mês.
E lá fomos nós, em pleno domingo atrás do 'Grande Mestiço'. Cheguei na casa de Anne Marie e ela e seus primos me esperavam na sala.
- Bom dia. - cumprimentei
- Oi, Mitchie. - disseram em coro.
- Vamos? - perguntei
- Claro. - respondeu Paul, o mais velho.
- Aqui está o nome da rua. - entreguei o papel com o nome em indiano para Mat ele olhou, respirou fundo e me estendeu a mão. - Pronto? - perguntei, ele afirmou com a cabeça e sumimos.
De repente eu estava na Índia, no que me parecia uma cidade grande, eu estava parada bem em frente a placa da rua. O trânsito, mesmo de domingo estava terrível, eu já havia visto que o trânsito deles era meio bagunçado, mas de perto chegava a ser pertubador, uma bagunça completa. Logo apareceu Anne Marie e em pouco tempo o time estava completo.
- Todos aqui, né? - conferiu Paul
- Sim - respondeu Rob
- Então vamos prosseguir.
E começamos a andar, éramos estranhos a todos que passavam na rua, mas já deviam estar acostumado com turistas, por isso não ficavam olhando para nós o tempo todo, o que me deixou mais confortável.
- Você sabe pra onde estamos indo, Paul? - perguntou Anne Marie impaciente.
- Não enche, Ann. - disse ele bravo. - As ruas aqui são complicadas.
- Você sabe onde ele fica? - insistiu ela
- Deve ser um lugar bem discreto, quase secreto. É preciso inteligência. - explicou ele.
- Olha lá! - gritou Rob - Encontrei.
Todos olharam para Paul, que disfarçou que não viu.
- Vamos em frente.
Se uma coisa era certa, era que aquele lugar não era nada discreto nem secreto. As paredes de fora eram pintadas de um azul forte e várias estrelas amarelas sobre ele, imitando o céu. Por dentro era como um grande atêlie, várias pessoas moldavam vasos de argila e uma música indiana tocava bem alto. Toda vez que entrava alguém, um sininho atrás da porta anunciava a chegada. Estávamos nós cinco olhando pelo vidro.
- É, parece que ele não está aí. - Falou Mat
- Será que ele não saiu para dar uma volta? - perguntou Anne
- E quem garante que ele fala inglês? - pensou Paul
Vi que Rob estava quieto agora, então queria saber o que ele pensava.
Ai, que fome... Mas se eu falar eles vão me chamar de criança.
Decidi ser solidária, e chamar todos para comer.
- Gente, faz umas três horas que estamos procurando ele, vamos comer um lanche.
- É! - gritou Rob, que recebeu um olhar mal de todos e se encolheu.
- Tudo bem, parece justo. - apoiou Mat
- Ei, espera aí. - interrompeu Paul. - Primeiro: Nós não podemos sair da cola do cara. Se não vai tudo por água abaixo. Segundo: Nós por acaso temos dinheiro?
- Eu trouxe. - disse Mat
- Como conseguiu esse dinheiro? - perguntou Paul desconfiado
- Da forma mais honesta possível. - rebateu Mat. - Você não acha que trapacearia ou acha?
Logo estavam brigando, mas a fome de Rob falou mais alto e ele interrompeu a briga.
- Vamos comer ou não? - perguntou ele
- Rob, ainda não resolvemos o primeiro problema. - Paul, como sempre estragando o prazer dos outros.
- Resolvemos sim. - discordou Anne Marie. - Temos um restaurante japonês aqui em frente. - disse apontando para um restaurante japonês do outro lado da rua.
- Comida japonesa na Índia? - Continuou Paul. - Rídiculo.
- Então fique aí. - disse Rob
- É, nós vamos comer. - completou Anne Marie e fomos os quatro em direção ao restaurante, deixando Paul para trás.
Lá pegamos uma mesa perto da janela para poder observar o ateliê e quem entrava e saia de lá, eu sentei de frente para Ann e do lado de Mat que estava de frente para Rob.
- Você está muito bonita hoje. - cochichou ele no meu ouvido me fazendo corar.
- Como se eu já não tivesse ouvido você pensar isso. - retruquei sorrindo, e podia jurar que ele corou um pouquinho e depois riu.
- Touché! - respondeu por fim.
Pedimos um porção de rolinho primavera e sushi, e logo Paul se juntou a nós. Ficamos satisfeitos, mas nada do grande mestiço. Foi quando vimos uma mulher entrar toda cautelosa numa portinha ao lado do ateliê que não havíamos reparado.
- Olhem, acho que lá está o 'Grande Mestiço'. - falou Anne Marie baixinho.
- Vamos lá. - disse Rob saindo em disparada e com todos atrás, Mat ficou por último pois tinha que pagar a conta.
Entramos pela porta e era quase impossível absorver tudo, era um corredor enorme, cheio de prateleiras, e prateleiras cheias de livros e livros cheios de pó.
- Acredito, que aqui esteja o livro que aquele tal de Gary precisa. - falei enquanto andávamos entre as prateleiras.
- Acredito que aqui estejam todos os livros que a humanidade precisa. - completou Ann
- Meu deus! - exclamou Rob - Mal posso ver o fim do corredor!
Foram comentários desse tipo que ouvimos do Rob o caminho inteiro, até chegarmos numa salinha. O Grande Mestiço conversava com a mulher que entrara há um tempo atrás. Ela fez uma reverência e saiu por uma outra porta.
- Aposto que pela aquela porta seria muito mais rápido. - reclamou Rob
- Shiiiiiiiiiiiiu! - avisei, estávamos escondidos atrás de umas prateleiras e ficamos lá até que o homem saiu também.
- E agora? Vamos lá ver? - perguntou Rob
- Não. - respondeu Paul. - Vamos esperar ele voltar, e pegá-lo de surpresa! E arrancar dele todas as respostas! - dizia Paul ambicioso.
- O Grande Mestiço pode ajudar vocês? - interrompeu uma voz grossa com um sotaque estranho.
- AH! - gritaram todos de susto.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Obrigada a todos que acompanharam até agora
Mandem reviews.