Jovens e Heróis II escrita por Gistar


Capítulo 15
Injustiça




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“Se eu cair e tudo estiver perdido

Nenhuma luz para iluminar o caminho

Lembre-se de toda aquela solidão

É onde eu estarei.”

– Você está bem? – Alice perguntou ao ver minhas lágrimas quando entrei no carro.

– Sim, vamos embora.

Eu achei que elas iriam insistir pra eu contar tudo, mas algo fez com que elas se calassem e não perguntassem nada durante as duas horas de viagem.

Eu tampouco tinha coragem de repetir tudo o que eu dissera a Charlie e o que ele me dissera. Parecia que elas adivinharam o quanto aquilo havia sido difícil pra mim.

Nós paramos diante do prédio e descemos.

– Vai ao jogo? – Rose perguntou.

Eu havia esquecido completamente do jogo que seria em menos de duas horas.

– Eu não sei.

– Vamos Bella, - insistiu Jess - vai ser bom pra você se distrair um pouco, se ficar em casa, vai ficar pensando besteiras...

– Jess tem razão, Bella – Ângela concordou – nós nos encontramos em uma hora aqui embaixo pra irmos juntos.

– Ok. – respondi.

Enquanto Alice ia guardar o carro, nós subimos para os quartos. Eu e Jane fomos tomar banho e nos preparar para o jogo.

– Bella, o que você acha do Eric? – Jane me pegou de surpresa com a pergunta, enquanto eu secava o cabelo e ela passava a chapinha.

– Você está interessada nele? – perguntei.

– É. Eu acho ele tão fofo, mas eu não sei o que ele acha de mim. Ele parece ser muito tímido pra demonstrar qualquer tipo de interesse, então não sei se ele está interessado em outra pessoa. No início até achei que ele gostasse da Jess, mas agora ela está com o meu irmão.

O relacionamento de Jess com Alec tinha sido uma surpresa e ao mesmo tempo um alívio para todos nós. Surpresa por que parecia impossível Jess se interessar por algum garoto depois do que acontecera com Mike e alívio por saber que ela finalmente havia decidido seguir em frente.

Depois disso Jane e Eric haviam ficado desconfortáveis ao andar com a gente, pois éramos cinco casais apaixonados e eles acabavam constrangidos quando a conversa ia para o lado romântico.

– Eu acho que você devia falar com ele sobre isso Jane. Ele realmente estava interessado na Jess no início, mas ele era amigo demais do Mike e acho que ele sentia como se tivesse traindo a amizade deles se ele ficasse com a Jess. E ela também o via praticamente como um amigo, quase um irmão. Acho que nunca poderia ter dado certo entre eles.

– Eu já tinha pensado em falar com ele sobre isso, mas depois dos últimos acontecimentos, eu não sei se tem clima pra esse tipo de coisa...

Eu não pude deixar de rir.

– Jane, você se esqueceu de como Edward e eu começamos a namorar? Acredite em mim, eu tenho certeza de que esse clima tenso não vai atrapalhar em nada, ainda mais agora que Alec está cuidando da Jess, nada mais justo que você e Eric cuidem um do outro.

Jess estava feliz ao lado de Alec, mas depois que soubemos do verdadeiro motivo de termos entrado para a Skull & Bones, Jess voltou a ficar depressiva e eu podia adivinhar o motivo. Além do óbvio que eram as lembranças da morte de Mike e dos dias do sequestro, havia um novo tormento para ela: Alec. Eu podia ver em seus olhos, apesar de ela querer disfarçar, que ela temia perdê-lo como havia perdido Mike e aquilo estava matando-a por dentro. Ela estava com muito medo da história se repetir, Alec nos contara que ela tentara convencê-lo a desistir de nos ajudar, mas ele insistira que nada aconteceria com ele.

– Jess tem razão Alec, ela não vai suportar outra perda se acontecer o mesmo com você. Ela levou muito tempo pra se recuperar da morte de Mike, se ela sofrer outro golpe desses, ela não vai suportar... – Falei depois de ouvir o que ele dissera.

Ele concordara com o que eu dissera, mas continuava com a determinação de participar do plano, dizendo que agora a situação era outra.

– Tem razão Bella, - respondeu Jane, me arrancando das minhas lembranças - eu vou falar com ele hoje, na festa depois do jogo.

Eu gemi ao lembrar que tinha a tal festa. Eu poderia dizer que não ia, mas provavelmente os outros me arrastariam e eu iria de qualquer maneira.

Nos encontramos para irmos juntos, menos Edward, Emmett e Jasper que já estavam lá, se preparando para jogar. Pegamos um bom lugar na arquibancada.

O jogo foi bom e ganhamos com uma vantagem grande sobre o time adversário. Edward fez a maioria dos pontos e a torcida enlouquecia toda vez que ele marcava.

Quando o jogo acabou, nós fomos esperá-los na saída do vestiário.

– Detonaram, hein! – Alec falou quando os meninos começaram a sair do vestiário.

Edward veio diretamente até mim e me abraçou.

– Como foi lá?

– Deu tudo certo! Ele vai nos ajudar.

Edward suspirou aliviado.

– Ótimo. Foi muito ruim?

– Não sabe o quanto.

– Eu sinto muito, Bella.

– Tudo bem, Edward, era o que eu tinha que fazer.

– Vamos gente, estão nos esperando pra comemorar a nossa vitória. – Jasper gritou pra nós e nós saímos arás deles.

A festa era no mesmo clube onde tinha sido a do início do semestre e como aquela esta também estava lotada com o pessoal todo da Universidade dentro.

Quando entramos, o pessoal começou a gritar e as pessoas chegavam até nós para cumprimentar os meninos.

Depois que conseguimos atravessar a multidão que parabenizava o time, sentamos em uma das mesas e fomos pedir as bebidas.

Ficamos algum tempo sentados e depois que os outros jogadores do time começaram a questionar por que não estávamos dançando, tivemos que levantar e ficar um pouco na pista com o pessoal. Eu tentava entrar no clima da animação, mas mesmo com todo aquele ar de felicidade à nossa volta era difícil. Toda aquela empolgação ao invés de ajudar, parecia que era pior, era sufocante.

Justo quando tudo estava dando certo na minha vida, o meu mundo desmoronou novamente.

Porque eu não podia simplesmente ser como aquelas pessoas à nossa volta, com suas vidas perfeitas, seus pais amorosos e seus namorados apaixonados, todos felizes e sem estar correndo o risco de perder tudo a qualquer instante?

Por que eu tinha que estar com a espada sobre a minha cabeça e sobre a daqueles que eu amo?

Cheguei ao meu limite e decidi ir ao banheiro, só parei no caminho para avisar Alice onde estava indo e saí.

Por sorte o banheiro parecia estar vazio.

Fui até o espelho e olhei meu rosto. Definitivamente não combinava com a festa.

Abri a torneira e fechei os olhos enquanto a água fria corria entre meus pulsos e as lágrimas começavam a cair ardentes na minha pele.

Por que a vida era tão injusta?

– Algum problema queridinha?

Ao ouvir aquela voz conhecida e detestável abri os olhos. Por que ela não me deixava em paz? Como ela ousava rir da minha desgraça?

– Não enche Tânia! Você sabe muito bem qual é o meu problema.

– Você é fraca, Bella! Devia ter matado o James quando teve chance. – Disse tranquilamente enquanto retocava o batom.

– Eu não sou uma assassina Tânia!

Ela se virou pra mim e grudou os olhos azuis como gelo no meus.

– Deixe de ser boba, Bella! Você sabe que se tivesse matado ele, metade dos seus problemas estariam resolvidos. Você precisa ser mais forte e mais fria nas suas ações. Chega de bancar a coitadinha Bella! Não sei se você percebeu, mas isso nunca te ajudou em nada.

E depois disso, saiu e me deixou plantada lá e de boca aberta.

Quem Tânia pensa que era pra me chamar de fraca?

A raiva que eu senti foi como estimulante e me fez ter forças para voltar para a festa.

Depois de lavar o rosto, saí do banheiro e como se não faltasse nada pra piorar a noite, acabei esbarrando na pessoa que eu menos queria ver naquele momento. Tentei fingir que não o tinha visto, mas ele ficou na minha frente, bloqueando minha passagem.

– Estava te procurando! – Luke disse.

– Pra quê? – perguntei impaciente e incomodada com a proximidade dele, ele estava quase encima de mim para que eu pudesse ouvi-lo no meio da música alta.

– Queria saber se deu tudo certo.

Ele não podia esperar até a reunião da sociedade no dia seguinte?

– Sim, não se preocupe.

– Ótimo, avisou ele do prazo?

– Sim, eu já disse que está tudo certo! – respondi enquanto olhava para os lados à procura de alguém pra me livrar do interrogatório.

– Que bom Bella, seria uma pena se James a matasse.

O quê?

Eu olhei incrédula pra ele que sorria da minha reação. Como ele ousava dizer aquilo na frente de um monte de testemunhas, embora ninguém parecesse prestar atenção em nós ele estava quebrando as regras.

– Ah é? – perguntei sarcasticamente – Não sabia que dava valor a minha vida, nem à vida de ninguém, aliás, é difícil acreditar que você se importa com algo além de si mesmo e da sociedade.

Ele ficou sério e abriu a boca para dizer algo, mas alguém gritou meu nome e ele se virou também pra ver quem era.

Edward tentava passar pelas pessoas pra chegar até onde nós estávamos junto à parede dos banheiros.

– Algum problema? – a pergunta parecia que era pra mim, mas Edward olhava para Luke.

Luke voltou a relaxar o rosto e respondeu descontraído.

– Apenas verificando se Bella tinha ido bem.

– Você estava demorando! – disse Edward e me puxou, fazendo com que eu me afastasse do Luke.

– Fila grande. – respondi.

– Parabéns Edward, foi um ótimo jogo! – Luke elogiou.

– Obrigado. Se não se importa, vamos voltar agora.

– Claro. Aproveitem a festa enquanto estão... na Universidade. Depois vão sentir falta dessa época.

Edward e eu voltamos para onde os outros estavam e ele não disse nada, mas como eu, ele também parecia ter percebido que Luke queria dizer uma coisa e disse outra.

Mas o que ele queria dizer?

– Achou a fujona? - Emmett perguntou.

– Tinha muita gente no banheiro. – Expliquei.

– Luke não parecia estar esperando o banheiro. – disse Edward.

– Ele só queria saber como eu tinha ido com o Charlie.

– Bella estava com o Luke? – Alice perguntou e me deu um olhar desconfiado.

– Estava e ele parecia prestes a atacá-la. Nunca gostei do modo como ele a olha. – Edward disse.

– Eu já tinha comentado isso com a Bella, mas ela disse que eu estava vendo coisas.

– Não tem nada a ver. – teimei.

– De qualquer forma é melhor ele ficar longe de você Bella, eu não vou me importar com quem ele é ou quem ele conhece se ele fizer alguma coisa com você.

– Ele não vai fazer nada Edward, fica frio, ele sabe que eu amo você! – disse lhe dando um beijo.

Ele pareceu relaxar um pouco e depois sorriu.

– Não mais do que eu.

– Parece que o novo casalzinho se entendeu. – disse Ângela enquanto se sentava com Ben.

Eu ia perguntar de quem eles estavam falando quando percebi que não estavam todos à mesa. Onde estavam Jane e Eric?

– Onde eles estão? – perguntei.

– Vimos os dois saindo de mãos dadas do clube. – Ben respondeu.

Eu olhei para Alec esperando que ele fosse dar uma de irmão ciumento, mas ele não parecia fazer esse tipo.

– Acho que eles não são os únicos que resolveram fazer demonstrações públicas de afeto hoje. - Rose disse enquanto lançava um olhar de nojo para o bar.

Nós seguimos o olhar dela e vimos Tânia praticamente se atirando pra cima de Luke que parecia estar gostando da atenção.

– Eles se merecem. – disse Jess.

– Não gosto deles juntos. – falou Alice, desviando o olhar.

– Ninguém merece aquele cara, ele pode ser bonito, mas é frio, manipulador e perigoso. – Rose falou, discordando do comentário de Jess.

– Eu também não gostei – falou Edward – Apesar de não gostar muito da Tânia, ela merece coisa melhor.

Eu olhei novamente para o bar, Tânia estava sentada no colo de Luke, os dois aos beijos. Pode ter sido impressão minha, mas pareceu por um momento que ele estava com os olhos abertos e olhou em minha direção. Impressão ou não eu desviei o olhar.

– Que coisa doentia! – concordou Ângela. – Não sei o que ela viu nele...

– Vamos embora? – convidei, a festa parecia estar se esvaziando.

Nós saímos do clube e eu estremeci ao sentir que a temperatura havia caído. Edward percebeu e me apertou mais junto a ele.

– Quer falar sobre a sua conversa com Charlie?

Eu contei a Edward todos os motivos que Charlie alegou para não ter nos avisado sobre a sociedade e não ter impedido o sequestro.

– Essa gente é mesmo terrível. – Edward comentou depois que eu terminei de contar tudo. – Vai perdoar Charlie?

– Talvez. Eu preciso de um tempo pra pensar sobre isso e pra ver como as coisas vão ser de agora em diante.

– Eu estava conversado com os meninos sobre isso e eles surgiram uma coisa.

– O quê? – perguntei curiosa e ao mesmo tempo esperançosa que houvesse uma saída.

– Nós poderíamos pegar algum dinheiro e fugir!

Eu parei de andar e o encarei.

– Fugir? Mas se fizermos isso, vamos ter que nos afastar pra sempre da nossa família e as nossas vidas vai ser fugir e fugir, nunca teremos paz. Eles vão nos caçar até o fim do mundo, Edward!

– Eu sei e foi isso que eu disse ao Emmett. Eu jamais te pediria para largar a sua família e vir comigo, Bella, mas não podemos negar que ela estaria mais segura se nós estivéssemos longe daqui. A única coisa que me prende aqui é você.

Edward tinha razão, mas eu não sei se teria coragem de largar tudo, mesmo se fosse pra proteger aqueles que eu amo.

– Não se preocupe, – Edward disse quando viu a aflição que aquela idéia me provocava. – vamos arrumar outro jeito.


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