O Mistério de St. Reeve's escrita por sora aye, Charlie Mills


Capítulo 14
Hello Madness, My Old Friend


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que gostem.

A música do cap é Holland Road do Mumford & Sons
https://www.youtube.com/watch?v=LYu0cYLrfec



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We could have been perfect if only we'd met

when we were both too young to know better

– A Softer World - With Awsome Bodies We Had

No Idea How To Use

~~~~~~~~~~


O barulho da multidão enchia meus ouvidos, os tambores batiam e as pessoas gritavam como se não houvesse amanhã. Toda aquela energia e sensação de união me fazia querer gritar. As pessoas pulavam na arquibancada e eu pensei que o mundo fosse explodir quando o nosso time entrou em campo.

Eles carregavam o taco na mão e alguns estavam sem o capacete de proteção, vieram na minha direção, pois estava sentada atrás do banco deles. Duas formas se destacaram no meio daquela confusão em vermelho, Adam e Danny se aproximaram da grade.

–Nos deseje sorte - Adam piscou para mim - é o primeiro jogo da temporada

–Boa sorte, tentem não morrer

Eles voltaram para o meio do campo e foram para a roda, receber as últimas instruções do treinador. Logo, a bola estava posicionada no centro do campo e os dois garotos estavam em posição de ataque.

Ao apito do juiz, a bola foi lançada para o alto e o jogo começou. Não entendia nada do jogo, mas vibrava quando alguém marcava um ponto e gritava quando uma pessoa fazia algo de errado.

O jogo estava bom, estávamos ganhando de 5x2 e Danny tinha impedido um gol. Adam era zagueiro então a função dele era " Bater nos adversários da forma mais legal possível", Danny as vezes ajudava na defesa, mas normalmente ficava no meio do campo, passando a bola e ocasionalmente marcando um gol.

O número sete do time adversário estava com a bola e rumava para o gol. Adam estava correndo na direção dele e Danny seguia-o de perto. Já tinha visto os dois treinarem aquela jogada e pessoalmente era minha favorita, o garoto não fazia ideia que corria para uma armadilha. Danny virou a cabeça e levantou o taco, Adam deu de ombros e mexeu no stick como se fosse varrer o chão.

Eles estavam se aproximando do rapaz e Adam se preparava para o impacto, ele se jogou na frente do garoto, enquanto Danny vinha por trás e se jogava nas costas dele. Era uma jogada maravilhosa e como sempre acontecia, o menino voou de cara no chão, soltando a bola que foi rapidamente recuperada pelo nosso time.

Danny foi até Adam cumprimenta-lo, mas o moreno não se levantava, por um momento temi que algo horrível tivesse acontecido, porém Adam girou e ficou olhando para o céu. O juiz demorou um tempo para parar o jogo, mas quando ele fez, pessoas vieram correndo e rapidamente levaram Adam para fora do campo. Olhei para Danny e ele fez um sinal para que eu fosse ver como nosso amigo estava.

Segui as pessoas até a enfermaria, eles colocaram Adam em uma maca e rapidamente a enfermeira veio e começou á examiná-lo.

Esperei um tempo sentada, mas me levantei quando a mulher vestida de branco se aproximou.

–Ele quebrou uma costela, provavelmente foi acertado pelo bastão quando o menino caiu - ela me deu um olhar simpático - vou deixa-lo em observação, para termos certeza que não aconteceu mais nada.

–Posso vê-lo?

–Eu dei um remédio para dor, mas acho que ele ainda esta consciente - ela apontou para uma porta atrás dela - por aqui.

Adam estava deitado na cama, com a coberta até o peito e o rosto molhado de suor.

–Eu vou deixar vocês sozinhos - a moça saiu e fechou a porta.

–Hey, como você tá? - me sentei na beirada da cama e coloquei a mão no rosto dele.

–Melhor agora que eu te vi - ele piscou para mim e deu um sorriso fraco - parece que vou passar a noite aqui.

–Seu cabelo está uma desgraça - a única coisa que Adam se importava mais que nós, era o cabelo dele - deixe-me arrumar.

Passo a mão pelos fios macios e castanhos, eles estão grudados na testa de Adam, possivelmente pelo suor, levantei eles até que ficassem do jeito que ele costuma usar.

–Obrigado - ele sorri novamente, posso sentir o cansaço dele - acho que vou tirar um cochilo.

–Certo, vou deixar você dormir - vou até a janela e fecho as cortinas - eu e Danny voltaremos mais tarde, eu trago o seu pijama.

Saio lentamente da sala e fecho a porta com cuidado. O jogo de lacrosse ainda não acabou, de modo que volto para o campo e assisto até o fim da partida. O nosso time ganhou de 7x4 e espero Danny sair do vestiário para irmos juntos até o quarto pegar as coisas de Adam.

–Entre, não repare na bagunça, quatro meninos dormindo juntos não deixa as coisas muito organizadas - Danny segura a porta para mim e faz um gesto para que eu entre - o beliche de Adam é o da janela.

Fui até a cama de Adam, era a única que estava decentemente arrumada. Peguei a calça xadrez e uma camiseta preta e olhei para Danny, ele estava mexendo em alguma coisa no beliche de cima.

–Acho melhor nós irmos, não queremos que ninguém nos pegue aqui - havíamos passado evitando qualquer inspetor

–Sim, vamos - Danny colocou a cabeça pra fora do quarto - tudo limpo, pode vir.

Seguimos até a escada e só então pude respirar tranquilamente.

–Espere um pouco - parei na frente de uma maquina e peguei uma barra de chocolate - Adam vai gostar disso

Danny riu e fez que sim com a cabeça, seguimos nosso caminho sem encontrar ninguém. Entramos na enfermaria e a enfermeira não estava á vista, dei de ombros e entramos no quarto.

–Bom dia, flor do dia - Danny exclamou assim que passou pela porta - como você esta? E não me venha com essas cantadas baratas.

–Droga, assim você tira metade da graça - Adam estava sentado na cama, com um livro nas mãos e o abajour aceso - estou bem, parece que terei que ficar em observação por um tempo.

–Imaginamos que sim - me aproximei da cama - trouxe seu pijama e uma surpresa.

–Oba, espero que seja meu vibrador - senti minhas bochechas corando quando Adam disse isso - estou brincando Charlie, não fique tão vermelha.

Ele se levantou com dificuldades e pegou a roupa, de dentro da camiseta, a barra de chocolate escorregou e caiu no colo de Adam.

–Cookies n' Cream, meu favorito - ele olhou para mim, parecia uma criança ganhando um presente inesperado - Charlie, eu poderia te beijar.

–Não faça isso - Danny cruzou os braço e fez uma cara triste - vou ficar com ciúmes.

Eu dei uma risada e Adam também, ele fez uma careta de dor e voltou a deitar no travesseiro.

–Rir dói, nunca pensei que fosse dizer isso - ele olhou para nós - obrigada por cuidarem de mim, provavelmente morreria de fome com a comida de hospital.

–Imaginei que sim - me sentei na poltrona e Danny sentou junto com Adam - acho que podemos ficar um tempo aqui

Ficamos conversando sobre minorias até que a enfermeira apareceu, ela entrou carregando uma bandeja com comida e uma garrafa de água. Adam fez uma cara feia ao ver que teria que se contentar com salada e nos deu tchau quando a moça falou que não poderíamos ficar mais tempo.

–Nós voltaremos Ad, se cuide - fui até Adam e dei-lhe um beijo na testa - boa noite.

Danny estava me esperando na porta e passou o braço pelos meus ombros enquanto andávamos de volta para o castelo.

–Te vejo amanhã - Dan me deu um beijo na testa e foi andando até o quarto dele.

Subi mais um lance de escadas e entrei no quarto, não tinha jantado pois passei o dia com Adam e agora era tarde demais para ir até a cantina. Entrei no quarto sem fazer barulho e fui para o banheiro, Ren e Katherina já estavam dormindo. Tomei um banho rápido e fui pegar alguma coisa para comer no frigobar.

Tentava andar até a geladeira sem fazer barulho e não queria acender a luz para não acordar elas, de modo que não vi o sapato que estava no chão. Bati o dedo do pé e senti vontade de amputá-lo apenas para a dor passar, quase gritei um palavrão, mas não queria acorda-las. Ouvi o barulho de um copo sendo arrastado e se quebrar em mil pedaços, me assustei e soltei um grito provavelmente muito agudo. Katherina acordou assustada e acendeu a luz do quarto. Os cacos de vidro estava espalhados longe demais, não era possível que eu tivesse derrubado ele.

–Desculpe - sorri para Kat - minha culpa

Ela deu de ombros e voltou a dormir, não queria contar para ela o que estava acontecendo, pois estava com medo de estar ficando louca.

Aproveitei que a luz estava acessa e peguei um pacote de bolacha, comi rapidamente e fui para a cama. Demorei muito tempo para dormir, não era a primeira coisa que eu derrubava sem tocar, toda vez que sentia alguma emoção muito forte, as coisas perto de mim começavam a se mexer. Além de tudo isso que estava acontecendo comigo, Adam estava machucado, o que me deixava ainda mais preocupada.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

–Charlie, Charlie - Danny me cutucava, tentando me tirar dos devaneios - o que é isso?

–Isso, não é nada - virei a página do caderno, tentando esconder os rabiscos - não se preocupe.

Arranquei aquela folha e coloquei dentro do meu penal, esperava que os garotos não tivessem percebido que aquilo era uma coisa que estava se tornando recorrente. Fazia alguns dias que eu estava fazendo linhas sem sentido em meu caderno. Algumas ocupavam a folha inteira e outras eram menores que uma moeda, apesar de passar horas encarando os desenhos, ainda não tinha conseguido encontrar nenhum significado ou padrão naqueles riscos.

A pior coisa é que eu não sabia de onde eles estavam vindo e não me lembrava de faze-los, quando eu percebia, a página do caderno estava totalmente pintada. E eu não era a única, aparentemente havia alguma coisa muito errada com Ren e Katherina, quando eu acordava a noite podia ouvir Kat respirando pesadamente ou falando coisas sem sentido, isso sem mencionar aquelas tatuagens que haviam simplesmente aparecido em nós.

–Charlie, você esta fazendo de novo - me assustei, o lápis estava na minha mão e a folha do caderno estava riscada, de novo - o que é isso? Esta me assustando.

–Eu também não sei - olhei para Danny, podia ver a preocupação nos olhos verdes - e isso me assusta mais do que você imagina.

–Quer falar sobre isso?

–Não até eu ter certeza - sorri para ele, não poderia pedir amigos melhores - mas obrigada

A aula passou sem problemas, tentei prestar atenção em Sirén, mas estava distraída por uma coisa preta em seu dente. O sinal bateu indicando o final da aula.

–Vamos? - Danny pegou o material e me esperava em pé.

–Me espere do lado de fora tenho que falar com Sirén - Dan me deu um sorriso malicioso e assentiu.

–Com licença professor - ele me olhou intrigado, a maioria das pessoas saia da aula dele assim que pudessem - creio que o senhor tem algo no dente.

Dito isso, eu girei nos calcanhares e sai da sala o mais rápido que pude, Danny me esperava do lado de fora e explicava a história a Adam, que ria como um louco.

–Adam, bom te ver por essas bandas - ele já estava com o material de geografia e fez um gesto para que continuássemos andando - o que faremos hoje a tarde?

–Bem, estava pensando em dar uns pegas no jardim - Adam deu de ombros - com vocês dois.

Ia dar um tapa nele, mas lembrei que ele ainda estava machucado então me contentei com uma cara feia e um palavrão.

–Geografia, Adam, foque em geografia - ele sorriu para mim

–Difícil pensar em qualquer coisa que não seja você - ele deu uma piscada junto com um sorriso de canto

–Ai - Danny deu um grito de dor e segurou a mão machucada - foi mal galera, me queimei com a vela.

Eu comecei a rir, Danny também e Adam ficou com uma cara de paisagem.

–Eu não entendi - Ad inclinou um pouco a cabeça, fazendo cara de cachorro

–Ele tá segurando vela, tipo pra nós dois - eu expliquei.

–Amiga, se alguém aqui está segurando vela, é você - ele foi até Danny e passou o braço pela cintura dele - sinto muito se te desapontei.

–Na verdade não, eu imaginava algo do tipo - dei de ombros - vocês dois são perfeitos demais para serem héteros.

–Nós somos perfeitos? - os dois perguntaram juntos

–Claro que sim, olhem isso, Danny, você é loiro, de olhos verdes e alto, Adam, você tem o cabelo mais fantástico que eu já vi, seus olhos azuis são quase tão bonitos quanto os meus e seu estilo é simplesmente impecável - eu apontei para cada um enquanto falava.

Os dois sorriram como duas crianças recebendo um doce surpresa. Adam era, de fato uma das pessoas mais estilosas que eu já tinha conhecido, e graças aos contatos da minha mãe, eu conhecia muita gente.

Fui com Adam para a aula de geografia, ele sorria e se gabava tanto que eu estava começando a me arrepender de ter falado aquilo.

Minha relação com Adam era totalmente diferente da minha relação com Danny. Com o primeiro sentia que, caso fosse em um universo de HQ's, Adam seria aquele herói que muitas pessoas não gostam, talvez pelo seu jeito sarcásticos, ou pelo humor ácido. Mas mesmo aqueles de não gostassem dele não poderiam deixar de ler suas histórias, talvez porque elas apenas não compreendessem o que o deixou daquele jeito. Por outro lado, Danny seria o melhor amigo, aquele que se pode contar sempre, seu confidente e que muitas pessoas acham que ele não é real, até porque parece impossível que alguém tenha tantas qualidades, mas com o tempo, aprenderiam que ele também tem seus defeitos e seria impossível deixar de amá-lo.

Nos sentamos juntos nas últimas fileiras, com Adam, eu não trocava bilhetes. Possivelmente era por isso que minhas notas em geografia estavam tão altas, mas isso não o impedia de me cutucar para apontas algum fato totalmente aleatório.

–Com licença Henry - um homem entrou na sala, com cabelos compridos e barba por fazer.

–Varyan, olá - Henry aproximou-se e abraçou o homem, eles pareciam ser amigos - já volto, não fujam.

Olhei para Adam com uma cara de "quem é esse cara?", ele deu de ombros, portanto imaginei que fosse professor de alguma série mais para frente.

–Certo, certo, encontro você e os três mosqueteiros na vila - Henry fechou a porta e voltou para a mesa - desculpe pela intromissão, onde nós estávamos?

A aula de geografia passou rápido, assim como matemática, que apesar do nome ainda não estava tão chata. Encontrei Danny para a aula de química e nos despedimos que Adam, que ia para a aula de história.

Sentamos nos nossos lugares habituais e começamos a conversar. O professor entrou na sala pedindo a atenção de todos e avisando que teríamos uma prova na próxima semana.

–Ótimo, era realmente tudo que eu precisava - Danny olhou para mim - Charlie, tá tudo bem?

–Hum? - eu olhei ao redor confusa, a aula estava quase acabando, não me lembrava de ter prestado atenção nela - sim, por que você pergunta?

–Não sei, você já olhou a sua mesa? - olhei para baixo, metade da folha do meu caderno de química estava riscada e onde ela acabava, a mesa estava com mais daqueles riscos estranhos - Charlie, temos que falar com alguém sobre isso.

–Eu to bem Danny, não se preocupe - olhei ao redor, mais ninguém tinha visto os desenhos - vamos encontrar Adam, ele deve estar esperando a gente.

Ainda tínhamos mais uma aula, felizmente a minha era História então ela passou muito rápido. Encontrei os meninos na escada que dava para o refeitório, os dois me esperavam e fizeram um gesto para subirmos até o restaurante.

Abrimos as pesadas portas e fui com Danny pegar uma mesa, enquanto Adam ia pegar a comida. Nos sentamos na mesa de sempre, a do canto e do fundo. Adam veio, carregando a bandeja vermelha e com uma garrafa de suco de laranja.

–As pessoas dessa escola definitivamente não tem senso de humor - ele colocou o prato na mesa e pude ver o que havia nele.

–Costelas ao molho - se eu estivesse com uma bebida, teria acontecido aquelas cenas dignas de filme, em que a personagem cospe o que esta na boca - sorte sua que não estou com nada na boca.

Danny me ajudou a levantar e fomos juntos nos servir. Desde que havíamos tocado naquele Obelisco, minha fome tinha aumentado, eu estava me sentindo mais forte, como se pudesse correr mais ou levantar coisas mais pesadas e aparentemente também conseguia mover as coisas só com o pensamento.

Estávamos os três rindo e comendo, quando Danny olhou o relógio e se desculpou, dizendo que tinha coisas para fazer antes de ir para o treino.

–Isso vá se encontrar com o Peter - Adam piscou para ele e Danny mostrou o dedo do meio

–Você conhece o Peter? - perguntei espantada, nunca pensei que os dois pudessem ser amigos.

–É claro, costumávamos ser os três mosqueteiros no ano passado - os olhos de Adam ficaram nostálgicos - tivemos bons momentos juntos.

Passei mais um tempo conversando com o Adam, quando dei por mim, tinha cinco minutos antes de me trocar e ir para o treino de vôlei.

–Foi mal Ad, tenho que ir para o treino - dei um beijo na bochecha dele.

–Certo, eu vou - Adam não podia fazer nenhum esporte, devido ao colete que usava - esperar aqui.

Encontrei Danny, enquanto ele ia para o campo e eu para o ginásio.

–Aquela não é a sua colega de quarto? - Danny apontou para um ponto um pouco distante, eu podia ver três formas. Um homem alto, uma menina ruiva e Katherina.

–Aquele não é o professor de música? - estalei os dedos tentando lembrar o nome dele - Estevam ou Edgar.

–O nome dele é Stefan, sua monga - Danny me deu um tapa na cabeça - acha ele bonito?

–Olha, ele não é feio - olhei para Danny - mas você é muito mais bonito.

Ele deu risada e me empurrou na direção do ginásio.

–Fenton deve estar te esperando - ele me deu um beijo - nos vemos mais tarde.

Entrei no ginásio certa de que teria que dar voltas na quadra, por culpa do meu atraso.

–Charlie, posso falar com você um minuto? - Fenton estava na sala dele, ao longe podia ver as meninas se aquecendo - entre e feche a porta.

Fiz como ele disse, sentei-me na cadeira e esperei que ele começasse a falar.

–O que esta achando do colégio?

–Bem legal, fiz boas amizades e espero que elas durem.

–Todos nós esperamos isso, não é mesmo? - Fenton tirou os óculos e começou a limpá-los.

–A maioria de nós não consegue - olhei para ele.

–Como vão as notas?

–Olha treinador, se isso é por causa da minha nota na prova de física, fique sabendo que Sirén é um idiota - estava com um pouco de raiva, um copo de plástico caiu da mesa de Fenton e ele se abaixou para juntar.

–Ele é meu colega de trabalho - estava a ponto de começar a pedir desculpas quando ele completou - mas concordo que quando ele não está com o Fleróvio, ele é um completo imbecil.

Eu ri da tentativa de Fenton de aliviar a tensão, mas pude perceber que o motivo da conversa não era o caso Siróvio.

–Então, o que eu estou fazendo aqui?

–Bem direta, não? - Fenton tirou os óculos, como fazia quando estava preocupado ou concentrado - antes de mais nada, sabia que Daniel Neverost foi meu aluno? Ele costumava jogar vôlei.

Senti um arrepio, sabia o rumo que essa conversa iria levar.

–O que ele falou?

–Bem, primeiro saiba que qualquer coisa que você precisar, pode vir falar comigo - ele olhou nos meus olhos, mudando para o tom sério - Charlie, o que está acontecendo?

–Eu gostaria de saber treinador, eu realmente gostaria, mas não faço ideia.

–Daniel me falou que você tem feito esses - ele fez um gesto, tentando lembrar da palavra.

–Rabiscos estranhos? - ele aceitou minha sugestão

–Sim e ele está bem preocupado com você, ele me falou que ás vezes você tem apagões e não lembra do que aconteceu, é verdade?

–Acho que sim, como o senhor disse, eu não me lembro.

Ele riu da minha tentativa de piada, mas logo voltou ao olhar sério.

–Charlie, você devia procurar ajuda, ajuda profissional.

–Treinador, eu não estou ficando louca, disso eu tenho certeza - sorri para ele.

Perto de mim, as coisas começaram a tremer e ser arremessadas para longe de mim, sentia uma sensação engraçada no meu peito, como se eu pudesse fazer com que aquilo aumentasse ou subitamente diminuísse. Fenton olhou espantado quando a cadeira ao meu lado se virou e caiu, causando um estrondo.

Sorri, senti o poder passando por minhas veias, como se tudo que estivesse acontecendo de repente fizesse sentido, todas as coisas que caíram no chão ou tremeram quando eu sentia alguma coisa muito forte, todas as noites mal dormidas ou pesadelos que eu não conseguia me lembrar. Meu sorriso aumentou, eu estava fazendo aquilo, dei uma risada totalmente insana e minha boca foi inundada pelo gosto da loucura.


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Notas finais do capítulo

~Nymeria

Espero que tenham gostado



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