Scarlett não conseguiu dormir direito naquela noite, ficava revivendo o que aconteceu no ano passado... Umbridge não poderia voltar! Além das memórias o braço de Scarlett ardia muito, como se seu corpo soubesse que o perigo estava por perto. Não queria acreditar, mas algo no seu intimo dizia que o pior estava por vir.

– Scarlett acorda – Hermione a sacudia pelos ombros.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa? – Perguntou uma Scarlett assustada

– Eu é que devia lhe perguntar isso você estava gritando “não, não, pare com isso, por favor...” com que estava sonhando? ­– Hermione a olhava curiosa e um pouco assustada.

– Não foi nada, eu só estou meio nervosa por causa da volta de Umbridge, e também não tenho dormido muito bem...

– Fiquei preocupada com você, aquele dia na casa dos gritos foi muito estranho quando você entrou naquele transe. – Hermione continuou olhando fixamente para Scarlett como se estivesse esperando uma resposta.

– Bem que eu me lembre você disse para eu nunca mais contar com você para nada – Disse Scarlett timidamente – Mas tudo bem, tenho tido sonhos estranhos, como se não fossem sonhos e sim lembranças...

– Eu sei que te disse isso, mas é difícil fingir que nada está acontecendo com uma de minhas melhores amigas, por mais que eu tente não ligar é difícil Scarlett porque eu me importo com você. –Hermione sorriu para Scarlett que retribuiu o sorriso e deu uma grande e sufocante abraço em Hermione.

– Você não sabe o quanto eu senti sua falta Mione, agora eu entendo que você e todos os outros gostam realmente de mim.

– Me promete que nunca mais vamos brigar? – Pediu Hermione, Scarlett acenou positivamente a cabeça. Hermione sorriu. – Pois bem – continuou Hermione limpando os vestígios de lagrimas. – Me conte mais sobre esses sonhos.

– Eles começaram faz algumas semanas e não preciso estar realmente dormindo para tê-los, como foi o caso na casa dos gritos. Eu fico me lembrando do dia que minha mãe morreu... E tem outras memorias que não são minhas... Essas são bem confusas. – Scarlett parou pensativa – Acha que devo falar com alguém?

– Pode parecer estranho Scarlett, mas acho que você deve falar com o professor Snape.

_ Não! Pode ser qualquer um, mas o Snape não, ele é... – Scarlett não terminou a frase. Quase revelou que Snape é um comensal, um seguidor de Lorde Voldemort.

– Ele é o que Scarlett?

– Um monstro – improvisou Scarlett – Ele nunca me entenderia, diria logo que estou maluca. Não falarei com ele!

– Tudo bem depois pensamos nisso agora se arrume e dessa para tomar café!- Ordenou Hermione saindo do quarto, ela parou por um segundo na porta e disse – Obrigada por me defender do Malfoy – saiu sem esperar o “de nada” de Scarlett.

Scarlett se arrumou rapidamente e desceu para o café, sentou-se ao lado de Hermione que pareceu lhe que já havia lhes contado que haviam feito as pazes.

– Pois bem olhem na mesa dos professores – disse Jorge acenando com a cabeça para o local.

E lá estava com seu horrível laço rosa em cima da cabeça, casaquinho combinando e aquele falso sorriso estampado naquela cara de sapo. Umbridge estava ao lado de McGonagal e Hagrid. O braço de Scarlett começou a arder muito mais do que as outras vezes, ela reparou que Harry também estava inquieto.

– Harry, sua mão está ardendo? – Perguntou Scarlett.

– Como você sabe? – Disse Harry surpreso.

Scarlett levantou a manga da camisa e mostrou a todos as palavras gravadas em sua pele, que antes estavam cicatrizadas, mas agora parecia que acabaram de serem feitas. Harry olhou do braço para o rosto de Scarlett varias vezes e também lhe mostrou a mão que assim como o de Scarlett quase sagravam de tão recente que pareciam.

– Com quantas mais ela fez isso? O que ela está fazendo aqui? – Gina estava horrorizada. – Precisamos dar um jeito de tirá-la de Hogwarts.

– Mas não é tão fácil assim. – Disse Hermione. Todos concordaram acenando com a cabeça.

Terminaram o café e foram para as aulas. O dia todo o braço de Scarlett ardendo, teve até que pedir licença da aula do Hagrid para ir á enfermaria.

No caminho passou pela sala dos professores e se lembrou do conselho de Hermione, resolveu falar com Snape.

– Professor – Scarlett batia na porta – Professor Snape preciso falar com o senhor. É a Scarlett Miller.

Nada de porta abrir. Scarlett puxou o trinco da porta que para sua surpresa abriu.

– Professor – Chamou Scarlett mais uma vez apesar de saber que não havia ninguém no escritório de Snape.

Scarlett vasculhou o lugar, apesar de ser bem pequeno tinha uma grande mesa de madeira, varias prateleiras com vidrinhos que Scarlett supôs serem poções e em um canto meio escondido em meio a vários livros estava a Penseira de Dumbledore. O que isso está fazendo aqui? Pensou Scarlett que já havia visto a Penseira na sala do diretor. Resolveu dar uma olhada.

Scarlett mergulhou nas lembranças de Snape. O viu observando duas jovens em especial uma que se chama Lílian... Lilian era uma bruxa, mas não sabia disso, foi Snape que lhe contou... Eles foram para Hogwarts... Eles brigaram... Ela começou a sair com outro garoto... Tiago, Tiago Potter... Ela o amava... Snape o odiava... Snape ficou só... Ele a amava...

– O que pensa que está fazendo senhorita? – Disse Snape furioso puxando Scarlett de dentro da Penseira e a jogando em uma cadeira próxima.

Então era isso? Por baixo da mascara Snape era um homem carinhoso, amoroso não tinha ódio de ninguém, somente uma dor dentro de si o corroendo por toda parte, cada humilhação que passou o deixou magoado o amor que poderia sentir se desativou de seu coração completamente, esses sentimentos de amor, magoa, revolta deixaram Scarlett desamparada, ela queria chorar o máximo que podia, sentiu mão em seus ombros a puxando.

– O que pensa que está fazendo senhorita? – Repetiu Snape furioso, ela não podia ver ele como mostro, não mais, as lagrimas caiam com velocidade deu coração dispara a vontade de abraça-lo era enorme, não poderia aguentar mais um segundo o encarando sem reações, então em um pulo se levantou da cadeira e o abraçou forte, ele não retribuiu ficou estático.

–Você não é o mostro que todos dizem você apenas não conseguiu superar seu grande amor, apenas não teve o carinho, afeto, compaixão que merecia, mas por que porque você não lutou? Aposto que conseguiria – Falou olhando em seus olhos com um sorriso no rosto, logo após ele retribuiu o abraço e ela colocou a cabeça em seu ombro, ficaram assim por um tempo até ouvirem um pigarreio e perceberem a presença de Umbridge, Snape soltou a garota rapidamente e se colocou de volta em sua pose.

– Quero que saibam, que é proibido relacionamentos muito íntimos entre professores e alunos – Disse arrogante com sua fina voz irritante, Scarlett limpou as lagrimas e se aproximou da mulher ficou bem perto de seu rosto e provocou.

– Não diga o que não sabe Umbridge, e o vai fazer, me torturar? Que eu me lembre torturas são proibidas não é mesmo, e você não ligou para regras.– Sorriu vitoriosa e saiu da sala deixando Umbridge explodindo de raiva e Snape confuso.

O resto do dia passou rápido, a garota assistiu as ultimas aulas normalmente até que chegou a hora do jantar que seria hilário só por ver a cara de Umbridge. Chegou ao salão e deu de cara com a mulher no corredor de sua casa, bufou e continuou seu caminho como se nada tive se acontecido. Esse foi um dia de descobertas e muitas feridas abertas.