P O V NARRADOR

Sam pegou uma das seringas e como os registros escritos e visuais, ele disse as palavras em latim enquanto tirava seu próprio sangue e sentia algo estranho dentro de si, como uma queimação em seus ossos e um pequeno sufocamento tampando o topo de sua garganta.
Seu irmão Dean, assistia agoniado enquanto disfarçava que estava terminando de checar se o lugar estava devidamente seguro. Meg, a demônia capturada, ao ouvir tais palavras soube o que era o tão falado terceiro e último teste da placa da palavra do Criador, e estava temendo o que estava por vir.
–Tem certeza que querem fazer isso? -pergunta Meg mirando a agulha com o sangue bento se aproximando cada vez mais de seu pescoço.
–Quer dizer que Meg a demônia destemida está com medo? -debocha Dean dando um leve risada.
–Eu acho que quem está com medo aqui é você Dean. -ela provoca, o fazendo arquear suas sobrancelhas. -Ah para de ser cínico, até um jumento percebe o quanto está com medo de perder o seu tão adorável irmão, -ela abre um sorriso ao perceber as expressões de angústia de ambos os rapazes, Sam até hesitou em colocar a agulha nela e Dean abriu a boca para retrucar mas rapidamente ela continua. -mas também ninguém pode te culpar, olha o estado do nosso pequeno Sammy.
–CALA A BOCA VAGABUNDA!–berra Dean furioso com os olhos transbordando d'água. Sam o mira e sem mais espera, injeta o sangue na demônia e recua para esperar a reação.
Meg fecha seus olhos por completo e levemente se encolhe entre as amarras de suas mãos contra a cadeira em seguida abre os olhos completamente negros.
–É garotões, -diz ela. -não deu certo.
Eles se entreolham e se afastam um pouco, uma distância razoável para que ela não ouvisse.
–Não aconteceu nada Sammy. -murmura o Winchester mais velho.
–Lembra que na primeira dose não faz efeito? -pergunta Sam e Dean assente. -Precisamos continuar quase sem intervalos.
–Mas como que você está?
–Eu to legal. -responde Sam já se virando e evitando que seu irmão flagrasse sua mentira. Dean continua o observando desconfiado enquanto Sam já repetia o processo, e mais uma dose foi dada a demônia e dessa vez ela apenas abaixa a cabeça a não fala uma palavra e espera mais um momento para fazer de novo, para ver a reação dela. E nada. Dean se senta a uma bancada a um canto da velha igreja enquanto observava toda a cena. Sam dá a Meg mais um dose, e dessa vez em em seu rosto começa a escorrer silenciosamente e lentamente algumas lágrimas.
–Ta chorando por quê Meg? -questiona Dean.
–E-eu sou um monstro... -ela diz engolindo o choro.
–Ta funcionando Dean. -diz Sam com a voz um pouco mais fraca do que antes.
–Mas eu adoro ser isso. -e ela gargalha.
–Sammy, vem aqui. -diz Dean e seu irmão o obedece. -E se esse lance não funcionar? E se você ainda piorar?
–Eu não sei. -tenta responder firmemente, mas a insegurança era tanta que dava para ver em seus olhos dentre as profundas olheiras. Dean e ele se entreolham, e Sam o dá as costas e rapidamente prepara mais uma dose e dá a demônia, que ainda não esboçou reação. Sam respira fundo e pensa em desistir, pois já não sabia se ia aguentar mais a dor física e psicológica que continuava o atormentando. Quando se vira e solta a seringa a velha mesa Dean, que observava cada movimento de Meg diz rapidamente:
–Ela desmaiou!
–Espero que seja um bom sinal. -diz Sam enxugando o suor frio de sua testa. E ele continua com mais algumas doses e as tais palavras mesmo com a demônia desmaiada.
–Onde estou? -pergunta Meg com uma voz assustada. Dean e Sam se aproximam rapidamente e ficam a mirando curiosos e agoniados. -Minha cabeça dói e...e eu me sinto...estranha.
–Continua Sammy. -diz Dean esperançoso e seu irmão o obedece.
Depois de mais algumas seringas a situação de Sam havia piorado. Em apenas algumas horas tinha emagrecido quase pela metade de seu peso normal, seus olhos se afundaram mais em suas escuras olheiras, e as vezes que seu nariz escorria sangue limpava com a manga de sua camisa xadrez, que já estava bem suja, e sem contar as dores horríveis e indescrevíveis que latejavam pelo corpo inteiro, e pelo tremor de suas mãos ao aplicar as seringas.
–Dean. -diz Castiel aparecendo bem atrás do Winchester mais velho, que estava suando e massageando a cabeça de tanta preocupação.
–Merda Cas. -ele se vira instantaneamente pelo susto e o vê segurando o corpo de Jennifer, que estava inconsciente. Leziel estava com a mão na testa da garota.
–Façam outra cilada. -diz Leziel autoritariamente.
–O-o que está acontecendo? -pergunta Sam se aproximando com passos lentos.
–Por favor, só façam. -diz Castiel com o olhar marejado. Rapidamente Dean começa a desenhar ao chão, enquanto Sam colocava a cadeira e com ajuda dos anjos amarrava o corpo de Jennifer. Ele tira os cabelos suados do rosto dela e a mira por alguns segundos e começa a sentir um aperto em seu peito em seguida seus olhos se enchem d'água.
–Por que ela está assim? -pergunta Dean.
–Depois do resgate dos Tran, -explica Leziel. -Lúcifer a torturou e a fez de casca para 10 demônios.
–10 demônios?! -questiona Sam.
–Infelizmente tivemos que trazê-la até aqui para expulsar esses demônios, já que não achamos um lugar mais seguro. -diz Cas arregaçando as mangas. -Como está o terceiro teste?
–Por que não tira suas conclusões? -pergunta Dean dando espaço para que ele mirasse Meg.
–Parece que ela tem uma alma agora. -diz inclinando a cabeça de leve.
–Vamos Castiel. -diz Leziel que estava ao lado da cilada com os braços cruzados. -Por acaso vocês trouxeram cervejas ou Whyski? -eles o encaram com reprovação. -Não? Mas que bosta!
–Sam continua o teste e Dean fica atento. -diz Castiel, que mira seu amigo anjo e assentem, entram na cilada e quando estavam prestes a colocar a mão na cabeça de Jennifer, ela abre os olhos, que estavam completamente negros e começam a escorrer sangue.
–Nossa como são espertos. -diz ela sarcasticamente com muitas vozes ao mesmo tempo, as vozes dos demônios. -Caíram certinho na armadilha. -e as vozes gargalham e em seguida engasgam com sangue e começam a cuspi-los. Eles estavam a destruindo por dentro.
–O que quer dizer? -pergunta Castiel.
–Que Lúcifer está a caminho. -diz Leziel desesperado. -Rápido Castiel! Vamos exorciza-la.
–Todos vocês vão morrer! -continua as vozes do corpo de Jennifer. -Vamos comemorar bebendo seus sangues e comendo seus fígados!
Apressadamente, sem hesitar e ignorando as provocações e os danos ao corpo da garota, tocam sua testa e quando uma luz começar a cintilar as portas da velha igreja se abrem violentamente e as janelas com os vitrais de anjos quebram, fazendo que Castiel e Leziel se levantasse e avançasse para fora da cilada, deixando ainda os demônios no corpo de Jennifer.
–Sammy, -diz Dean assustado. -seja lá o que acontecer não pare o teste! -Sam o mira e percebe sua séria expressão e temendo assente e continua com as doses bem mais rápido do que antes.
–Adivinhem quem chegou? -a voz de Lúcifer ecoa pelo lugar por inteiro, e em seguida entra pela entrada na qual a porta foi derrubada. Seus cabelos estavam penteados e arrumados com gel e vestia um smookin branco com uma flor vermelha ao bolso, como daquela vez que usou Sam como casca. -Isso mesmo, o colega favorito de caça de vocês. -Lúcifer estala os dedos e muitos demônios aparecem ao seu lado. -Divertam-se escravinhos.
Os demônios avançam rapidamente e começam a atacar os dois anjos e outros se aproximam de Sam que estava no alto de sua concentração para o teste, então seu irmão o protege, defendendo dos golpes dos demônios e os matando.
Aproveitando a distração de todos, Lúcifer caminha calmamente para perto da cilada onde estava Jennifer possuída, com um leve sorriso passa o sapato por cima da linha, a borrando.
–Ops. -diz fingindo ter feito sem propósito. Jennifer sai da cilada gargalhando com as vozes. Se aproxima de Sam e estende uma de suas mãos e o faz voar para longe, batendo suas costas contra uma velha mesa, a quebrando e fazendo o rapaz cuspir sangue.
Dean esfaqueia três demônios de sua frente com a faca da Ruby e corre até seu irmão e o ajuda a se levantar e voltar a realizar o teste. Castiel vendo que Jennifer estava parada observando os Winchester e esperando o momento certo para com apenas um movimento acabar com ambos, mata um demônio e se aproxima dela, que se vira rapidamente e o joga contra Leziel, que havia terminado de matar o último demônio do lugar.
Dean preocupado se aproxima de Jennifer e tenta golpeá-la com a faca, mas ela desviava de todos os ataques e por fim lhe deu um forte soco que o fez voar para fora da igreja, fazendo um buraco na parede. Lúcifer se aproxima de Sam, que estava prestes a dar, o que acreditava ser a ultima seringa, e o arcanjo caído toca seu ombro o fazendo se contorcer de dor e agonia e cair lentamente ao chão. Lúcifer gargalha e os demônios no corpo de Jennifer continuavam a ser divertir surrando os anjos que insistiam em tentar acabar ou impedir.
Se engasgando em seu próprio sangue, escutando as batidas do coração diminuindo cada vez mais e sentindo que seus músculos não obedeciam aos seus comandos, que era de se levantar e aplicar o sangue em Meg, Sam suga com muito esforço o ar para sua respiração e aproveitando que Lúcifer estava se vangloriando, rindo e até mesmo fazendo uma estranha dança, como uma de vitória, se levanta se apoiando fracamente em seus joelhos e pegando a seringa ao seu lado e começa a reaproximar-se de novo de Meg.
Lúcifer se vira e vê o que o Winchester estava prestes a fazer e se prepara para estalar seus dedos e o explodir, mas Dean aparece ofegante a entrada da igreja e grita desesperado:
–SAMMY! -e tira a atenção de Lúcifer, o fazendo se virar em direção ao loiro com um sorriso debochado na face.
–Adoro sacrifícios. -diz ele sorrindo.
Sam mira seu irmão e com lágrimas aos olhos força um leve sorriso, mira em direção a Jennifer que golpeava os anjos sem parar, que já estavam completamente machucados e quase sem força, e respira fundo e aplica a seringa.
Todos param exatamente o que estavam fazendo e focam seus olhares a Sam e Meg.Sam estava parado estático e lentamente cai de joelhos gemendo de dor. Meg acabou de acordar de mais um desmaio e começou a chorar.
Um sorriso inicio nos lábios de Lúcifer logo se transformando em uma terrível gargalhada.
–Mas que peninha, -ele diz lamentando sarcasticamente. -não funcionou... -e gargalha de novo.
Os anjos se entreolham tristemente enquanto Dean não conseguia mais conter suas lágrimas. Sam estava morrendo e ele sabia disso e não tinha nada que podia fazer para protege-lo mais uma vez, mais uma única vez. Sam estava deitado ao chão com os olhos fechados e seu tórax parou de se mexer pela falta da respiração.
–Bem, -diz os demônios dentro de Jennifer, com um sorriso debochado. -achamos que isso significa a nossa vitória.
Lúcifer estava prestes a estalar seus dedos e explodir todo dali, mas uma imensa luz surge do chão e quando atinge ele e Jennifer gritam pela queimação.
Dean, Meg e até mesmo Castiel e Leziel são obrigados a fechar os olhos pela intensidade.
Em segundos os demônios no corpo de Jennifer são puxados para o chão da onde vinha a luz, e o mesmo acontece com Lúcifer e com todos os demônios, entidades malignas e qualquer monstro seja do inferno ou do purgatório que estavam a face da terra.
Quando a luz diminuiu um pouco os dois anjos aproveitaram e se aproximaram do corpo fraco e magro de Jennifer que estava jogado ao chão, ela se remexia lentamente e as vezes cuspia sangue, suas unhas arranhavam a madeira velha do chão em sinal da dor. Ela abre os olhos e vê não muito longe da onde estava o corpo pálido de Sam e começa a chorar silenciosamente se culpando por tudo isso. Agora se odiava ainda mais. "Como pude deixar que isso acontecesse? Cono pude fazer isso? Se eu tivesse acabado comigo quando podia, ele estaria aqui agora"–ela pensa angustiada e sem tirar os olhos do corpo de Sam. Jennifer começa a gritar com toda a força que lhe restava fazendo as paredes da velha igreja tremerem.
Dean a mira confuso, não estava entendendo o motivo por ela continuar aqui, desejava que tivesse sido puxada para o inferno. Ele não queria culpa-la mas era inevitável, seu irmão estava morto e foi por causa dela. Ele corre e cambaleando se aproxima de Sam e o toma em seus braços continuando a chorar desesperadamente e berrando para que ele voltasse e alguns pedidos de desculpas, Dean também se culpava por isso, se ele tivesse feito isso em seu lugar, estaria vivo agora e poderia ter a vida que merece, a vida que sempre quis, uma vida normal, da qual Dean não conseguiria desfrutar sabendo do que tinha acontecido, até passou em sua cabeça o suicídio. Pega a arma da cintura de sua calça e logo aponta para sua cabeça e deixando acontecer mais choro e soluços desesperados.
–O-o que você está fazendo? -pergunta Meg quase chorando.
–Eu não posso viver, -responde Dean entre suspiros. -eu não mereço, ele merecia viver, mas eu não.