P O V DEAN

Sam e Castiel vão para a direita, que pelo que vi parece uma sala grande ou sei lá. Vou para a esquerda e avisto uma grande escadaria e dou um passo para subi-la. Até que escuto Cas me chamar.
Vou até eles e vejo um salão, aqueles de baile. Ao fundo tem uma mesa com alguns livros e um copo de Whyski com gelo. Cas está parado ao meu lado, olho ao redor a procura do Sammy.
Caralho! Corro até o canto oposto a mesa, onde está Sammy ajoelhado segurando a Jen, que parece fraca. A boca dela está suja com alguma coisa preta. Me ajoelho também, e vejo sua camisa ensanguentada e com um buraco de um lado de sua barriga devido a um ferimento, do que parece ter sido de uma facada, na verdade várias facadas.
–Como chegaram até aqui? -murmura Jen se esforçando. -Eu disse que não era pra virem atrás de mim. Vocês são burros ou o que?
–Shh...Ta tudo bem agora.- diz Sammy tirando a sujeira preta da boca dela com sua manga. -Cas vem curar ela.
Quando Cas se aproxima escuto a voz inconfundível de um certo desgraçado que eu to querendo chutar o traseiro há muito tempo. Crowley.
–Olá rapazes.
Me levanto imediatamente. Sam coloca Jen sentada encostada na parede e se levanta rapidamente.
–O que você fez com ela seu maldito? -berra Sammy.
–Calma alce...já chego nessa parte. -diz ele se sentando na cadeira atrás da mesa e dando um gole em seu drink. -Eu sabia que os heroizinhos iam vir atrás da vadia. -Sam fica exaltado e avança para ataca-lo, e eu o impeço colocando meu braço em sua frente. Crowley dá uma gargalhada. -Então eu preparei uma coisinha pra vocês, já que eu tenho que esperar o eclipse e eu estou meio entediado. -ele estrala os dedos e dezenas de demônios enchem a sala.
–Crowley seu desgraçado você disse que não ia fazer nada com eles se eu fizesse o que você queria! -berra Jen com sua voz fraca.
–Os planos mudam minha querida! Continuando...daqui a meia hora tudo vai ficar escuro. -ele estala os dedos de novo. Isso ta me irritando! Um dos demônios em outro canto do salão puxa uma das iluminações da parede e uma parte do telhado (para ser mais exato no meio do salão) se abre mostrando o sol. -E finalmente, depois de tanta espera eu vou ter uma das mais potentes armas do mundo e vou poder colocar meus outros planos em prática.
–Diga o que você fez com ela! -diz Cas.
–Vamos seu filho de uma puta! Desembucha logo. -berro.
–Nossa quanta pressa! E não seja grosseiro esquilo, eu sou filho de uma bruxa. - ele diz se levantando. Em seguida se vira e abre uma porta na parede e tira uma jarra com um líquido preto.-Já que estão tão curiosos, vejam. -ele estende a mão e somos pressionados na parede. Ele se aproxima de Jen e a pressiona na parede também e tenta faze-la beber o liquido. Ela olha para Sam, que faz que não com a cabeça. Jen cospe na cara do Crowley. Gostei! Em seguida ele enfia uma faca naquele ferimento dela, a fazendo cair da parede se ajoelhando no chão e berrando de dor. Ele aproveita e despeja o liquido garganta a dentro. Jen tosse se afogando e cospe um pouco do liquido. -Eu estou cumprindo um importante ritual com uma poção feita com o sangue dela e com umas coisinhas deliciosas a mais.
–SEU DESGRAÇADO!–grita Sammy. -QUANDO EU SAIR DAQUI EU JURO QUE EU TE MATO!
–Ah é? - Crowley encara Sam, que dá um grito de dor. Em seguida aparece mancha de sangue na camisa dele na altura do peito. Droga!
–SAMMY!!!–berro.
–Me desça daqui Crowley -diz Castiel. -Vamos resolver isso de anjo para demônio.
–O anjinho tá bravinho. Aw que meigo. Paciência meus caros, nós já vamos nos divertir!
Miro preocupado o Sam a fim de checar se ele está bem e, se seja lá o que Crowley fez, se o feriu gravemente. Mas parece que não foi nada demais, ele não para de encarar a Jen, que está sentada suspirando de dor e segurando o ferimento.
–Bem...já está quase na hora. -diz Crowley olhando para o relógio em seu pulso. Em seguida nós caímos da parede e rapidamente levantamos.
A maioria dos demônios vem pra cima de nós e começamos a nos defender e ataca-los. Tento chegar até Crowley mas esses desgraçados não deixam. Vejo que Sam e Cas estão tentando fazer o mesmo, mas também sem sucesso.
Crowley se levanta da cadeira e estende a mão outra vez e Jen é arrastada para o meio do salão, onde o telhado está aberto. Reparo que o sol começa vagarosamente a ser coberto pela lua. Ele começa a falar umas coisas em latim. Nada acontece com Jen, ela continua ajoelhada no chão, do mesmo jeito de antes, quieta, fraca e aparentemente sentindo dor (claro que ela está com dor, Dean seu gênio!).
Sam consegue se livrar de alguns demônios e parte para atacar Crowley. O desgraçado continua falando o suposto feitiço e tira uma faca do bolso de dentro de seu terno. Uma faca tão brilhante, que parece de prata e com uma lâmina um pouco grandinha. Prevendo que esse covarde iria machucar meu maninho eu empurro os demônios que estão me atacando e rapidamente esfaqueio alguns deles, e corro até Sam e Crowley. Cas também, ele vai matando os demônios que estão pela frente e consegue se aproximar deles junto comigo.
Nós três começamos a lutar contra o maldito reizinho do inferno. Não conseguimos atingir sequer um golpe nele. Ou estamos muito enferrujados ou Crowley está mais forte. Claro que ele está mais forte! Dean o grande nunca fica e nunca ficará enferrujado.
Olho rapidinho para trás, para checar onde estão os demônios restantes e o que eles estariam fazendo, que ainda não nos vieram impedir. Eles estão todos parados, somente observando a nossa luta com sorrisos imbecis em suas faces. Isso é muito suspeito! Odeio quando eles ficam alegrinhos.
Entre ataques e defesas dos golpes de Crowley, Cas leva uma forte facada na barriga e logo cai para um lado do salão. Bosta! Ainda bem que essa faca não é aquelas que matam anjos.
A lâmina da faca fica inteiramente manchada de sangue, não sei como, mas tirou tanto sangue que escorre pela mão de Crowley e fica pingando no chão. Enquanto eu e Sammy continuamos nos defendendo dos golpes e tentando acerta-lo, ele continua falando o "ritual" sem parar, se não me engano deve ter repetido umas 10 vezes. Nós estamos tentando faze-lo parar, mas não estamos conseguindo. Como eu mencionei antes, ele está mais forte. Uma coisa passa pela minha mente, daqueles vampiros falando do sangue da Jen, que é mais forte do que dos demais humanos. Legal Dean, agora foco!
O sol está totalmente coberto pela lua. O eclipse começou. Estaria tudo escuro se não fosse pela iluminação das paredes dessa mansão.
Jen começa a dar gritos de dor, Sammy se distrai e vira para ver o que estava acontecendo. Quando eu vejo, Crowley está prestes a esfaqueá-lo.
–SAMMY!–berro e o empurro, o fazendo cair perto de Cas. Essa empurrada me fez ficar no lugar que ele estava antes. Forçadamente fecho os olhos para não ver o desgraçado do Crowley me matando com sua faca manchada com o sangue de Cas. Penso em coisas boas. Como aquele dia, 4 de julho de 96, quando eu e Sammy soltamos fogos de artificio escondidos do papai. E me vem pensamentos e lembranças aleatórias, como o dia que Cas apareceu. De quando eu e Sammy mexemos no velho esconderijo de armas do padre Jim. De quando Bobby nos levou para jogar beiseball. Do tempo em que eu namorava Cassie. De quando eu conheci a Jen e veio até o sabor da comida que ela fez ontem.
Por alguns segundos eu mantenho eles fechados esperando sentir a dor da facada, mas não sinto nada. Para o alivio dos meus ouvidos, Crowley tinha parado de falar aquelas palavras em latim. Abro os olhos assustado com os gritos de Sam.
–NÃOOOOO! NÃOOOOOO....
Olho para minha frente e vejo a Jen. Não... Não! Isso não pode ter acontecido. Ela se pôs em minha frente e levou a facada por mim. Violentamente Crowley tira a faca de seu peito. Eu a seguro antes de suas pernas não conseguirem suportar o seu corpo, me ajoelho e a coloco em meu colo. No rosto de Sammy percorre muitas lagrimas, ele se levanta rapidamente e vai em direção ao Crowley, que mantinha um sorriso de satisfação em seu rosto. Vejo Cas vindo ao seu lado também, ele realmente parece furioso. Eu jogo a faca ao meu maninho e quando ele foi esfaquear o desgraçado, ele sumiu. Olhando ao redor, todos os outros nojentos da mesma laia de Crowley sumiram também.
–MALDITO!–berro. -VOLTE E LUTE SEU COVARDE.–Miro para Jen, o ferimento em seu peito sangrava muito e aquele da lateral de sua barriga também, ela estava nos mirando com seus olhos brilhando. -Obrigado Jen, obrigado mesmo! -Eu não consigo falar mais nada além disso.
–Não Dean. -ela com muita dificuldade sopra as palavras. -Eu que tenho que agradecer a vocês...
Sam se ajoelha com seus olhos vermelhos de tantas lágrimas e a coloca em seu colo. Tira o cabelo úmido de suor da sua face e o arruma para trás.
–Por favor Jen, não me deixe! -ele diz enfraquecendo sua voz. -Cas!
Castiel já estava ajoelhado ao nosso lado. Com uma lágrima escorrendo por seu rosto, ele coloca a mão na cabeça de Jen e se esforça para cura-la mas nada acontece. Ele mira para o chão pensativo e aparentemente triste.
–Me desculpem. -ele diz com sua voz baixa e tremida. Eu nunca o vi assim. Ele mira Jen, e ela assente -Eu não posso cura-la, pois seu coração foi atingido com prata banhada ao sangue de anjo.
–Sam...-Jen suspira.
–Sim...-diz Sammy segurando o choro. Sinto algo gelado tocar uma de minhas mãos sujas com o sangue de Jen. É a mão dela. Ela faz um esforço para apertar minha mão, mas sua força está quase no fim, então eu aperto a dela. Vejo que Cas faz o mesmo na outra mão dela. Ela sorri para mim depois para Cas e por ultimo para Sammy. Sinto meus olhos queimando de tanta vontade de liberar por lágrimas o que tanto está apertando meu coração.
–Eu tinha tantas coisas pra dizer..- ela tosse e puxa mais folego para continuar falando. -eu quero me desculpar por tudo que fiz...
–Não Jen...você não tem que se desculpar. -diz Sam dando um beijo na testa dela.
–Sam... -ela força o restante de sua voz. -eu amo muito você. - ela termina com a voz quase sumindo e por um dos olhos dela sai uma lagrima. Uma claridade nos ilumina, olho para cima e vejo o sol voltando do eclipse. Retorno a mirar Jen e suas pálpebras se fecham e sinto sua gelada mão se soltar da minha.
–Nãooo...não! -diz Sammy com a voz embalada pelo choro. - Fica comigo Jen! Não me deixa! Por favor! Eu também amo muito você! Eu te imploro, fica comigo! -ele aperta o corpo gelado de Jen contra o dele. -Nãooo...por favor...
Eu e Cas nos entreolhamos, os olhos dele estão vermelhos. Eu nem quero saber como estão os meus. Eu estou vendo meu irmãozinho se desmanchando em sofrimento e vi a minha "irmãzinha" me dar sua vida.