Romário

O fim de semana chegou e cá estou eu me esforçando para entender umas questões sobre figuras de palavras. É engraçado como nós ás vezes as usamos sem nem mesmo perceber. Por exemplo, na frase “A colega irritante com quem trabalho” há uma figura de palavra chamada Antonomásia. Essa palavra estranha significa que o nome próprio foi substituído por um atributo ou qualidade que lhe diz respeito. Ou seja, eu substitui o nome próprio — Brenda — por um termo que a define bem — irritante!

Mas aí eu me pergunto: por que raios aprender isso?! Tá, confesso que é um pouquinho interessante mas, ninguém está nem aí para isso. Eu pelo menos não tô nem aí se eu uso a antonomásia, metonímia, sinédoque ou sei lá mais o quê nas minhas frases. Isso vai me ajudar no quê no meu dia-a-dia? Bom, se eu quiser passar no Vestibular tenho que aprender isso...

— Rô vamos lá pegar pipoca e refri enquanto ele compra os ingressos.

Fui com minha mãe e minha irmã na fila para comprar as pipocas e os refrigerantes. Hoje é domingo, dia de sair em família. Não é sempre mas eu diria que, tipo de dois em dois meses, a gente sai para o que minha mãe chama de “passeio em família”. Pelo menos por um dia todos se divertem juntos. Hoje vamos assistir capitão América 2 – O Soldado Invernal. Tenho que agradecer por meu padrasto convencer minha mãe e minha irmã a não assistirmos Rio 2.

Enquanto estávamos na fila — que estava grande — eu vi uma garota loira que estava parada em pé próxima da fila. A primeira coisa que pensei foi que ela é gata! A segunda coisa, que ela é parecida com a Brenda. Olhei para a direção que ela estava olhando e quem eu vejo? A Brenda. Então liguei uma coisa na outra. A loira é ninguém nada menos que a irmã mais velha dela! Eu lembro que uma vez a Brenda faltou aula porque foi arrumar o cabelo para o casamento da irmã. Ela foi atendida e a vi chamar a irmã. As duas seguiram pelo corredor das salas. Só falta ela assistir o mesmo filme que eu.

Compramos as pipocas e os refrigerantes e daí fomos para a sala 5. Gosto de sentar lá pra trás nas fileiras de cima, só que estava cheio então sentamos no meio. A tela já estava em exibição quando o celular de uma azucrinante pessoa na nossa frente — Brenda — começa a tocar uma música brega. Era só o que me faltava!

— Com licença, senhorita, mas acho que devia deixar o celular no silencioso — eu disse. Ela virou para trás e por dois segundos fez uma cara de espanto.

— Mas o que você está fazendo aqui? — ela perguntou em um tom de voz ameaçador, mas não pra mim.

— Ah você não sabe? Vai passar Capitão América 2!

Ela revirou os olhos e virou-se para a frente. Ouvi a irmã dela cochichar perguntando quem era e ela respondeu. Minha mãe não disse nada, mas me olhava com um sorriso como se perguntando “quem é essa?”. E para completar minha irmã querida pergunta “é sua namorada?”. Eu comecei a tossir com a pipoca na boca e acho que a Brenda deve ter ouvido, pois ela também se engasgou com o refrigerante. Ainda bem que estava escuro porque tenho certeza que fiquei vermelho.

A Brenda? Minha namorada? Nem sonhando!! Só no dia do São Nunca! Ou quem sabe quando os extraterrestres invadirem o planeta Terra e abduzirem toda a população e só restarem nós dois, eu dê uma chance à ela. Relaxei e curti o filme.