Ainda impressionado, Äike anda pelo centro ate ver Ray saindo de uma loja com uma roupa semelhante a um nobre, ele brinca:

–Não sabia que lunáticos tinham senso de moda.

Ray não parecia ter gostado daquilo:

–Vou chutar sua cara...

Sho sai da loja, estava usando um vestido azul e um cordão dourado com uma estranha pedrinha cinza, ela olha desesperada para Äike:

–Entre na porra da loja e se troce antes que venham buscar a gente!

Äike foi empurrado para dentro da loja e forçado a vestir uma roupa semelhante a de Ray e se sentia desconfortável com aquele tanto de roupa:

–Minha movimentação esta limitada, o que eu irei fazer na hora da luta?

Sho parecia irrita:

–NÃO vai haver lutas! Nos vamos a um jantar!

Uma carruagem chega até eles o cocheiro desce e abre a porta:

–O Rei os chama.

Sho e Ray entram na carruagem, Äike senta perto do cocheiro. Durante o caminha Äike notou a diferença entre as partes da cidade,a área nobre não era barulhenta, elas não ficavam olhando para a carruagem e não brigavam. Melhor, eles iam para a para a outra parte para fazer os outros brigarem por eles.

Äike também notou que todos andavam bem vestidos, mantos e longos vestidos vermelhos e amarelos. Exibiam jóias caras e sempre olhando para cima, para o castelo. Äike sentiu algo estranho subir pela espinha só de lembrar do Rei.

A carruagem subiu a ladeira ate a entrada do castelo, onde havia outro muro, ainda mais extravagante que o anterior, pois parecia ser totalmente feio de ouro. Os portões se abrem revelando um belíssimo jardim,e nele estava a princesa usando um longo vestido branco com detalhes dourados. Ela sorri e acena para eles, o coração de Äike começou a bater tão rápido que o cocheiro disse:

–Ta tendo um infarto ai garoto?

Eles descem da carruagem e são recebidos pela princesa:

–Bem vindos ao Castelo Vulcanica!

Sho se curvou e Ray ficou olhando para Äike, que estava duro igual uma estatua. Ela fez sinal para que seguissem pelo jardim, que tinha varias esculturas de antigos reis e rainhas. No meio do jardim estava uma grande mesa com uma belíssima toalha vermelha com bordados amarelos. Os pratos eram brancos e os talheres eram banhados a ouro. A princesa diz:

–Tomem seus lugares, meus pais virão logo.

Äike fica desesperado:

–O Rei e a Rainha...?

Ela sorri:

–Claro! Ele sabe do transporte de armas e pediu para conhecê-los!

Äike sentiu um embrulho no estomago, algumas pessoas causavam sensações estranhas nele. Todos se sentaram para esperar o Rei e Rainha. Ray ficou com os pés na cadeira, Sho estava conversando com a princesa e Äike estava travado olhando para o prato.

O Rei e a Rainha chegaram, ele ainda estava com seus trajes de guerra, já a rainha estava num vestido tão absurdo que Äike não conseguia identificar aquilo como roupa, uma combinação de jóias,cintos, correntes e ouro.

O Rei se senta numa ponta da mesa e a Rainha senta na outra, após isso ele começa a falar:

–Algum problema com o carregamento das armas?

Ray começou a balançar na cadeira:

–A gente tava La na carruagem ai veio um homem cavalo do nadaaaaaaaaaaaaa!

Apesar do tom infantil o Rei continuou:

–E o que mais?

Ray agora balançava as mãos freneticamente:

–Ai veio uns caras da Terra com clavas e machados querendo saaaaaaaaaaangue!

O Rei ainda não parecia incomodado:

–E o que aconteceu com eles?

Ray apontou para Äike sorrindo:

–O parceiro matou eles!

O rei encarou Äike com seus olhos flamejantes:

–Foi difícil?

Äike não sabia o que responder:

–Não foi tão difícil, pois eles ajudaram bastante.

O Rei continuou encarando Äike até que a princesa diz:

–Pai pare! Ele não é como um dos seus pretendentes!

O Rei encara a filha:

–Tem certeza?

A princesa olha para baixo rapidamente, Äike estava olhando para o prato. O clima estava horrível, e ficou assim até os servos entregarem a “comida”. Um treco com menos de 10 centímetros que Äike pode identificar as cores verde, marrom e vermelho. O Rei reclama:

–Eu quero comida de verdade, não esse treco!

Os servos olharam para o chão, a princessa respondeu:

–Pai não os trate assim!

–Isso não é coisa que um guerreiro deva comer!

A rainha bateu as mãos:

–O javali.

Os servos rapidamente saíram, o Rei estava com um grande sorriso no rosto. A princesa começou a comer o treco, Äike encarou os vários talheres dourados. Não tinha a mínima idéia de qual pegar.

Sho parecia entender disso e começou a comer, Ray estava parado sobre a cadeira e o Rei continuava olhando para a Rainha. Ele olhou para a princesa, que sutilmente mostra qual talher ele devia pegar.

Äike usa o talher e bota o treco na boca, aquilo não tinha gosto, ele forçou o treco pela garganta sem a menor vontade. O Rei olhava para ele, parecei satisfeito em saber que não gostava.

Quando a carne chegou parecia que uma luz tinha descido do céu, o Rei e Ray pareciam crianças famintas. Apesar de usar os talheres, o Rei comia numa velocidade absurda. Ray apenas enfiou as garras do pé na carne e começou a comer.

Äike imitou o Rei, pegou os talheres iguais e começou a comer, e aquilo era bom! Ele começou a comer tão rápido quando os dois, queria acabar e pedir o próximo!

...Quando Äike notou, havia 4 pratos vazios na frente dele e TODOS estavam o encarando. A rainha riu, seguida por todos, deixando estranhamente envergonhado.

O Rei aproveitou a chance:

–Que tal vocês ficarem de guarda aqui no castelo por um aumento na recompensa.

Äike rapidamente tenta recusar:

–Senhor nos...

Mas Ray berrou:

–ACEITAMOS!

Sho completa:

–Afinal, quem perdeu as armas pode querer atacar de novo NE?

O Rei e a Rainha sorriem, deixando Äike e a princesa com cara de tacho. Após o jantar, O Rei, Rainha e Princesa entraram pela porta da frente do castelo. Äike, Ray e Sho entraram pela porta dos fundos, onde era a cozinha.

A cozinha em si era grande,vários fogões e panelas, muitas verduras, legumes, frutas, carne e, claro, MUITO vermelho. Havia uns dez cozinheiros ali. Os três usaram uma porta especial para ir diretos aos corredores do palácio.

Os corredores eram estranhamente brancos, mas com vários panos e bandeiras vermelhas e douradas, as janelas e portas eram decoradas com ouro e suas fechaduras eram vermelhas.

Antes mesmo deles começarem a fazer algo, a princesa apareceu e chamou Sho para ir para o quarto dela. Deixando Äike e Ray sozinhos por alguns instantes ate o segundo sair na direção oposta.

Sem saber o que fazer, Äike decidiu andar pelas áreas permitidas do castelo, que era quase um labirinto de corredores e cores. Ele não sabia para onde estava indo, isso se realmente estava andando e não parado.

Ele terminou numa porta um pouco maior que as outras, quando abriu ele viu uma quantidade absurda de vestidos, de todos os tipos e cores e bem no centro da sala estavam Sho e a princesa.

Äike foi andando para a direita, de modo que os vestidos ficavam na frente dele, as duas conversavam sobre assuntos mundanos, como roupas. Ele se aproximava cada vez mais, mas ainda atrás dos vestidos.

Até que a princesa fez uma pergunta interesante:

–Como é ser um usuário?

Sho pareceu pensar muito em como responder, para Äike a respostas era relativamente simples, poder. Mas ela respondeu:

–E poder entender como o mundo funciona, sentir os elementos a sua volta e, acima de tudo, nunca se sentir sozinho.

Äike não entendeu direito aquela resposta, mas sabia do que ela falava. Ele decidiu sair do esconderijo:

–Resposta... Interessante.

A duas claramente estavam surpresas ao vê-lo sair do meio dos vestidos, mas isso não importava para ele no momento:

–Só não entendi a parte do “nunca se sentir sozinho”.

Sho respirou fundo e disse:

–Você possui um guardião do elemento dentro de si, e como ter duas almas, você sempre terá com quem contar.

Äike parou para pensar, nunca tinha visto as coisas desse jeito, para ele o guardião em seu corpo era apenas uma fonte de poder...

Mas não deu para pensar muito, uma serva do castelo abriu a porta e rapidamente disse:

–Princesa, hora do seu banho.

A princesa vai ate a porta:

–Até mais!

E sai junto com a serva, deixando Äike e Sho sem saber o que fazer em seguida. Os dois saem do quarto e tentam voltar para a cozinha, com dificuldade. No meio do caminho Sho decide puxar papo:

–Entrando num closet feminino sem ninguém perceber...

Äike não parecia se importar:

–E?

–Normalmente se bate na porta antes de entrar.

–Eu estava investigando, não dava para bater na porta.

Sho corre um pouco na frente e depois se vira com um sorriso malicioso:

–Investigando duas garotas trocarem de roupa?

Antes que ele pudesse responder, ela já tinha saído correndo.

O resto do dia se passou nos corredores, uma hora ou outra Äike via alguém. A realeza passou o resto do tempo no salão. Quando a noite caiu de vez Äike, Ray e Sho foram levados para a área do quartos.

Mas a noite não prometia ser tão tranquila...