Ás vezes eu simplesmente paro tudo e deito na minha cama. Não chego nem a colocar o fone de ouvido, só deixo as lembranças passarem e cobrirem o escuro dos meus olhos fechados. Mas são lembranças boas, da época em que minhas amigas não tinham brigado, das férias que eu passei na casa da minha tia e, é claro, da época em que amar aos 14 anos não estava fora de cogitação.

Mas as coisas mudam, e o pior é que elas mudam depressa. Eu poderia passar uma eternidade vivendo no passado que eu nunca julgaria que algum dia eu poderia considerar bom, porém não posso, eu continuo trancada à lista de coisas que nunca vou fazer, livros que nunca vou ler e pessoas que nunca vão me amar.

As lembranças passam mais rápido do que eu gostaria. Queria ter mais tempo para aproveitar a nostalgia, todos nós queriamos mais tempo do que provavelmente vamos ter. Mas paciência né? Um dia vamos ter tempo para o que quisermos, se é que me entendem.

Eu abro os olhos. A luz da realidade, que acredito ser apenas uma lâmpada, embaça a minha visão. E então eu percebo que preferia o escuro.