MMFD: Season 03 could be like... escrita por M Bing


Capítulo 2
Weird things happening




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Já fazia pouco mais de uma semana que Chloe e eu não conversávamos. Embora eu unisse todos meus esforços para tentar negar o óbvio, estava claro: Ela estava me ignorando.

E quando eu digo "me ignorando", eu quero dizer "ME ignorando". Ou seja, não estava ignorando Izzy, ou Chop, ou Archie, ou Finn, ou, nem mesmo, Danny, ela estava ignorando única e exclusivamente a mim. Quanta honra!

— Izzy, você tem falado com a Chloe? — Toda a turma estava reunida no bar, como fazíamos de costume.

Izzy e Chop tinham finalmente se acertado. Ele havia a desculpado pela traição e ela havia o desculpado por ser um imbecil. Tudo estava de volta normal e o amor deles ainda era tão vívido que qualquer solteirona poderia debulhar-se em lágrimas se ficasse os observando por muito tempo.

— Sim. Ontem mesmo nos falamos. Ela disse que está muito ocupada com as aulas, por isso não tem tido muito tempo para ficar com a gente.

A última vez que eu havia conseguido falar com Chloe foi quando a liguei para contar sobre minha tardia-porém-perfeita-primeira-vez com Finn. Desde então, ela fez questão de sumir da minha vida sem deixar vestígios.

No começo, achei que ela poderia estar encrencada mais uma vez. Os últimos tempos na faculdade têm sido difíceis para ela e sua indesejada fama de vadia. Mas Izzy assegurou-me que ela estava bem, porém muito ocupada com novas atividades.

Aparentemente, Chloe tem tentado descobrir seus talentos ocultos investindo em diversos tipos de aulas. Piano... Pintura... Francês... E, até mesmo, malabarismo. Dá pra acreditar em uma coisa dessas?

— Qual é a aula da vez? — Chop perguntou, como se pudesse ler meus pensamentos.

— Ballet. Ela começou há dois dias e parece estar gostando muito! — Izzy respondeu empolgada, como sempre.

Eu tentava engolir essa história de que Chloe estava simplesmente ocupada demais, mas não conseguia. Sabia que ela me ignorava e daria tudo para saber o porquê.

Aquilo era muito típico da Chloe. Quando li seu diário, me senti uma amiga de merda. Mas, no momento, não parei para pensar que o fato de eu estar sendo uma péssima amiga não anulava o fato de que ela também estava.

Mas eu não tinha muito tempo para pensar em Chloe agora, porque estava com uma pessoa em crise sentada bem na minha frente.

Tomando sua cerveja quente — considerando o fato de que ela descansava esquecida no copo há, no mínimo, três décadas —, Archie parecia estar com os pensamentos bem longe dali.

Há alguns dias, ele havia me confessado que estava a fim de um calouro da faculdade. Só que o problema é que, segundo Archie, o cara era "aparentemente hetero".

— Archie... — Tentei chamar sua atenção arremessando uma batatinha que estava na mesa. — Podemos conversar a sós por um minutinho?

Izzy, Chop e Danny me lançaram olhares enfurecidos do tipo "EI! SEM SEGREDOS!" mas decidi que seria melhor ignorá-los. Apenas eu e Finn sabíamos do drama vivido por Archie, mas meu namorado preferia deixar que eu cuidasse dos conselhos e desabafos. Ele costumava dizer que ninguém era melhor que eu para fazer alguém se sentir melhor.

Eu e Archie nos sentamos em uma mesa afastada e, aos poucos, nossos amigos perderam a motivação de continuar nos encarando com ar de reprovação e se distraíram com outras coisas. Essa era a deixa para puxar o assunto.

— O que está acontecendo, uncle Archie? — Tentei animá-lo com aquela expressão ridícula.

— Rae, por que você não me avisou que se apaixonar era uma droga?

— Oh, Archie. Ainda está pensando no Johnny?

— Impossível não pensar. Nunca senti isso por ninguém, Rae. — Ele suspirou. — É uma merda gostar de alguém que nem ao menos te olha. Você não tem noção do quanto estou mal...

— Archie, acho que você esqueceu que está falando com a rainha da desilusão amorosa! — Ele sorriu pela primeira vez no dia. — É sério! Eu já tive tantas paixões não correspondidas que perdi as contas! Sou desprezada pelos caras que gosto desde que nasci. Acho que ainda na maternidade devo ter me apaixonado por um bebê que disse "Ei, eu não te quero como você me quer, vadia".

Agora ele estava gargalhando. Eu havia aprendido a admirar aquilo em mim: Eu sabia fazer as pessoas rirem. E isso era uma qualidade e tanto!

— Eu só não sei o que fazer... Ele é provavelmente hétero.

Provavelmente. — Repeti. — Você mesmo disse que nunca o viu com uma garota. Eu acho que você devia se aproximar dele para ver o que consegue descobrir.

— Me aproximar? Você está chapada? Rae, isso só vai piorar as coisas! Eu me aproximo, me apaixono ainda mais e ele continua me desprezando.

— Ou você descobre que ele é gay, os dois se casam e se mudam para a França. — Tentei argumentar.

— Ou descubro que ele é hétero, dou um tiro na cabeça e me mudo para o cemitério de Lincolnshire.

Eu ri.

— Não ria do meu drama! — Archie esbravejou.

— Archie, preste atenção no que eu vou te dizer, pois só vou dizer uma vez. Ainda que ele seja hétero, se existe algum homem nesse mundo que pode mudar a sexualidade de qualquer cara, esse homem é você. Vai a luta! — Respondi sorrindo.

Dei um beijo na bochecha de Archie e me juntei novamente ao grupo, que agora parecia bastante entendiado enquanto Chop contava pela milésima vez uma piada de elefante.

Minutos depois Archie também uniu-se a nós e não pude evitar abrir um largo sorriso quando identifiquei um brilho conhecido em seus olhos: o brilho da esperança.

***

Depois da chegada de Olivia Rae na nossa casa, nada é o mesmo. Karim está trabalhando dobrado (ou melhor, dobrado do dobrado. Ah meu Deus, que confuso!) e minha mãe está cada dia mais estressada.

Eu realmente entendo os motivos que a levam a ficar tão ranzinza, então tenho me comportado o melhor que posso para evitar brigas e desgastes desnecessários.

Ter ficado tão próximo de perdê-la fez com que eu passasse a lhe dar muito mais valor. Ela podia não ser perfeita, mas era minha mãe. E mesmo se eu pudesse escolher qualquer outra mulher no mundo para substituí-la, não a trocaria.

Como já havia falhado várias vezes ao tentar ajudar minha mãe a cuidar de Olivia, agora eu simplesmente não me metia. Deixava as duas sozinhas com seus problemas e me isolava no meu novo e melhorado quarto, onde podia passar o dia todo ouvindo música e pensando sobre a vida.

Ding dong.

Era a campainha.

— Rachel, a porta! Corra! Sua irmã vai acordar com o barulho. — Minha mãe berrava a plenos pulmões. Aparentemente o estresse havia a deixado bastante burra, pois o barulho que ela fazia para pedir silêncio era um barulho mil vezes maior que o barulho inicial.

Ding dong.

— Estou indo! — Gritei de volta enquanto corria em direção a porta.

Ding dong.

Mas que merda de pessoa impaciente! Quem era o infeliz?

— Liam? — Não pude evitar a surpresa ao identificar o visitante inesperado. — O que você está fazendo aqui?

— Você precisa ouvir algumas verdades. — Seu hálito fedia a álcool. — E sou eu quem vou dizê-las.


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