× F u t a t s u N o U t e k i × escrita por x s a n a e x


Capítulo 1
Chuva - Parte l.


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me por qualquer tipo de erro. Não tive tempo de revisar devidamente.



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[...]

As gotas de chuva caíam sobre o asfalto cinzento de Fukushima. Após o acidente nuclear, as coisas foram reestruturando-se aos poucos. Tínhamos que dar continuidade às nossas vidas monótomas, afinal de contas. Querendo ou não, mais cedo ou mais tarde eu teria de aceitar tal fato: meus últimos suspiros seriam dados sobre um colchão velho e desgastado, num apartamento pequeno e naquela mesma cidadezinha patética.
Alguns cidadãos acreditam somente nas palavras da mídia, que apenas diz ter sido uma série de falhas de equipamentos da Central Nuclear da cidade, mas ainda não sabemos ao certo a razão do acidente.
Entre guloseimas de alto nível de glicose e incontáveis reportagens relacionadas à acidentes cotidianos e típicas receitas japonesas, Erwin, somente mais um dos revisores da Agência no qual eu trabalhava como design, tentara, pela vigésima vez, encontrar pequenos erros em meu último trabalho escrito.
Sua dedicação e esforço para com sua profissão, eram coisas realmente admiráveis. E é por essa mesma razão que alguns estagiários gostam de chamar de “perfeccionismo”, que nunca tivemos de publicar um texto com erros gramaticais. Ele trabalhara como revisor de textos por tanto tempo que, certamente, esquecera completamente o fato absurdo de nunca ter sido promovido à Revisor-Chefe.
De detalhista ou viciado em organização o loiro não tinha nada. Foi possível constatar isso ao direcionar um olhar preguiçoso à sua mesa de trabalho. Os papéis – alguns tão amarelados quanto suas madeixas – sempre estão bagunçados e abandonados por algum canto estreito do cômodo pardo, que curiosamente, ele fazia questão de manter no mesmo estado.
Sempre lançava os orbes celestes à meu escritório perfeitamente organizado. Já são incontáveis as vezes no qual me convidara para almoçar juntamente aos outros colegas de trabalho. Eu, no entanto, sempre recusei cruelmente todas as afáveis propostas, usando a desculpa de que tinha muito trabalho a fazer e projetos a terminar.
O prazo, de fato, estava bem curto, tanto quanto meus cílios, que caíam um por um, todas as vezes que avistava Erwin sair pelas portas metálicas da Agência com um sorriso resplandescente em seu rosto jovem e sadio, sem quaisquer vestígios de cansaço.
“Que injusto...”
Desta vez, o vi caminhar alegremente pelas ruas alagadas de Fukushima, trajando o tão famoso sobretudo de tonalidade cinza, o qual nunca esquecia no fundo de seu armário em dias tão chuvosos quanto esse.
A bolsa de couro jazia dependurada em um de seus ombros largos, e os cabelos dourados caídos sobre o rosto pálido dava à ele traços semelhantes à de um verdadeiro alemão.
Mais um deslize sobre a superfície plana do velho tablet, mais um gole do café forte que esfriava lentamente, sempre que era atingido pelo vento gélido que entrava por uma das janelas do local.
Olhar fixo sobre o aparelho à minha frente... Mente fadigada, porém determinada, tentando encontrar algo em locais obscuros e ocos, onde somente eram avistados dois olhos azuis. Os olhos dele.
Levei os dedos às pontas negrumes de meu cabelo desgrenhado. Certamente já passara da hora de lavá-los com um bom shampoo. Confirmo isso ao sentir meu indicador tornar-se ligeiramente grudento.
— Ficando até depois do expediente, nee? Não está faminto? – Ele pergunta, encurvando as costas e sorrindo gentilmente. Senti seu hálito congelante atingir minha face, e isso fez com que eu me encolhesse sob a jaqueta marrom, um tanto folgada em meus braços demasiadamente finos.
Assenti, virando a tela do aparelho e mostrando-o um grande espaço em branco. Indiretamente, aquela era somente uma forma de dizer ao loirocomo me sentia quando ele estava por perto...
Inseguro, menor, vulnerável e em branco... Sem muito a pensar ou dizer, somente observando atentamente o modo em como ele saia jogando os relatórios sobre a mesa e abandonando-os ali mesmo; Ou o modo em como recheava demais seus sanduíches com ameixas secas, que aliás, fazia questão de comer todos os dias.
Ele sempre insistia três vezes. De todos os convites que fazia, três era uma espécie de “número limite” para ele. E por mais que eu não me importasse com almoços ou formalidades entre colegas de trabalho, juro que, se ele insistisse só mais uma última vez, eu com certeza faria qualquer coisa para vê-lo descerrar um sorriso de satisfação.
— Tenho muito trabalho, Erwin. Desculpe-me. Fica pra pró-
— Eu venho esperado isso por um bom tempo, Rivaille. Acredite, todas as vezes que você nega um pedido meu, acabo pensando que tem algo de errado comigo. Você acha prazeroso ver uma pessoa afogar-se sob as próprias dúvidas? – Indagou, acariciando sutilmente as extremidades de meu rosto, um tanto enrubescido. Senti a maciez de seu polegar frio tatear meu dorso e descer até meus lábios róseos, como num gesto amigável e acriançado, o que me fez balançar a cabeça negativamente e arquear as sobrancelhas, atônito.
“O que esse cara quer comigo?”
— Certo, Erwin. Eu vou. – Levantei-me do assento acolchoado e repousei a caneca rosa e de detalhes místicos sobre o cômodo. Sibilei um pouco até alcançar o guarda-chuva carmim, mas quando enfim encontrei-o, lancei um último olhar de desaprovação ao loiro. — Mas peço para que não acostume-se com isso.


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Notas finais do capítulo

Críticas? Elogios? Sugestões? É fácil: preencha a listinha abaixo dizendo o que gostou e o que precisa ser melhorado. Ou apenas faça um elogio sem muitas formalidades. Isso não vai tirar nem 5 minutos do seu tempo e vai me motivar a dar continuidade á fanfic.



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