Homewrecker escrita por Rize


Capítulo 8
Would You Get Down on Your Knees for Me?


Notas iniciais do capítulo

Sem comentários no capítulo anterior? Gente o que que doi comentar qualquer coisa?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/504325/chapter/8

No sábado, mesmo que o ar do dia estivesse frio, o céu sorriu e se abriu com o sol e nuvens brancas.

Miku levantou e se espreguiçou, de bom humor. Era pouco mais de seis da manhã, e ela vestiu uma roupa para correr. Prendeu o enorme cabelo em um elástico e desceu pelo elevador. Sentia seu sangue ferver pronto para irrigar seus músculos.

Na rua, seus pés batiam com suavidade contra o chão, e os fones com a alta música abstraiam sua mente do mundo ao redor. Chegou no parque, onde decidiu correr mais rápido, forçar mais seus limites. Na trilha entre as árvores, ela sentia as folhas mortas de carvalhos se quebrando ao decorrer em que pisava nelas, fazendo um crack.

Depois de uma hora na trilha do parque, ela parou um pouco para recuperar o fôlego. Tirou os fones e respirou fundo. O ar limpo que as árvores lhe davam a revigorava fervorosamente e os pássaros nas árvores cantavam alto. Conseguiu identificar alguns pardais, um bem-te-vi, e tordos. Talvez até mesmo um corvo, mas isso pode ter sido sua imaginação.

Ela se recostou em uma grande árvore, e se sentou sob uma protuberante raiz com cogumelos e limo. Olhando em direção ao caminho oposto que havia vindo, a trilha se estreitava. As grandes plantas obscureciam o caminho, e Miku não teve certeza se devia continuar por ali.

Depois de alguns minutos recobrando o fôlego, ela voltou por onde havia vindo. Não colocou os fones, tento em mente que sua bateria estava fraca, e ela pudesse precisar dela em alguma emergência.

Três minutos de corrida, ela começou a ouvir passos sobre as folhas em sua direção. Eram pesados e não muito organizados, provavelmente pertencendo a alguém bem mais pesado que ela.

Aquele parque de manhã não era exatamente cheio, principalmente dentro da mata. A ideia de que havia alguém ali com ela a assustou. Acelerou seu passo, controlando a respiração, se guiando para um estado calmo.

Os passos se tornaram mais pesados e próximos, e ela percebeu que eles não vinham de sua trás, mas sim se sua frente. Ela parou a corrida e se inclinou por entre algumas árvores, procurando ver quem estava vindo.

Por entre duas samambaias que nasciam de galhos, uma figura saltou. Miku reconheceu na hora.

– Gakupo! – e riu-se. – Você me assustou.

Gakupo só pareceu ter visto a garota quando a ouviu chamando seu nome. Provavelmente viajava em pensamentos.

– Miku – ele sorriu, respirando com dificuldade – não sabia que você corria.

– Não corro. Mas o que um bom humor não faz?

– Soube que você saiu com Luka. – ele se sentou em uma pedra grande e áspera, e bebeu um pouco da água que trazia em sua garrafa.

– Ah, sim. Mas não se preocupe. Ela não fez nada imprudente.

– Confio que não. – Gakupo fez menção para que ela se sentasse na pedra paralela a dele. Ela sentou e cruzou as pernas, largando um pouco a coluna pra trás. – Você fez?

Miku hesitou.

– Não.

– Eu soube que o Kaito voltou para a cidade. – ele se recostou sobre os joelhos e riu com tom zombeteiro. Sabia perfeitamente o que havia acontecido entre Miku e Kaito. Um dos poucos, na verdade. – Poderíamos sair um dia desses. Sabe? Eu e a Luka, você e Kaito. Encontro de casais.

– Hahah, muito engraçado – Miku revirou os olhos, desdenhosa. – eu ficaria muito agradecida se você não fizesse essas piadas muito engraçadas. Eu perco o fôlego com elas.

– Não era piada. Kaito e eu restabelecemos contato meses antes que ele voltasse. E ele só voltou pra ver você.

Miku provavelmente fez uma cara de dúvida tão estranha que fez Gakupo gargalhar.

– Hã? – ela questionou.

– É. Ele sempre quis mexer com empreendimento, essas coisas. Teve uma oferta e tanto para trabalhar na Itália com isso. Um estágio que só um idiota recusa. Quer dizer, ou um idiota ou alguém com motivos superiores.

– Porque ele recusaria um estágio desses?

– Não seja burra, Miku. Você sabe que Kaito nunca superou você. E, francamente, duvido que vá superar um dia. Quando ele terminou a faculdade de economia, estava quase enlouquecendo. E não quero dizer literalmente. Ele dormia com uma garota diferente todo dia, não parava em casa, não estava nem aí pra absolutamente nada. Era um grande dane-se. Então ele resolveu voltar.

Ela fez um minuto de silêncio.

– Por que ele faz tanta questão assim?

Gakupo suspirou, recostando a cabeça com cuidado na ponta lascada da pedra.

– Quem sabe? Conheço o cara há bastante tempo, você não foi a primeira namorada dele. Mas acho que foi a que ele mais se apegou. Ele amava você mesmo. E eu não duvido nada que ainda ame. Porque você não vai na casa dele hoje pra conversarem? Aqui, vou te dizer o endereço.

***

Mais tarde no mesmo dia, Miku se viu parada na frente de uma grande porta branca, com um número pregado nela.

820

Ela se perguntava mentalmente se devia mesmo tocar a campainha. Assim que decidiu que era idiota e que ia dar meia volta, a porta se abriu. Uma garota um pouco mais nova que ela, com cabelos curtos e bagunçados, roupas amassadas e um sorriso travesso no rosto saiu por ela, carregando uma bolsa.

– Até mais, Kaito-kun. Talvez pudéssemos fazer isso mais vezes. – a garota falou como se não visse que Miku estava lá. A garota chamou o elevador, e Kaito apareceu na porta, se recostando nela. Estava sem camisa e com uma bermuda, seus pés descalços. Esperou que a garota descesse pelo elevador para se dirigir a Miku.

– Mas que surpresa exuberante. – ele comentou, cruzando os braços e a olhando dos pés da cabeça. Miku sorriu com voracidade.

– Não sabia que “casos de uma noite” estavam na sua lista de especialidades.

– Sou maleável. – ele abriu espaço e gesticulou para que ela entrasse. Miku passou por ele observando o apartamento. Era o da cobertura, com um andar. Grande parte do espaço estava ocupado por caixas. – O que faz aqui? Não que eu não tenha gostado da sua visita, mas queria saber o porque dela.

Miku franziu o cenho como se nem mesmo ela soubesse.

– Achei que tinha cachorros. – a fala fez com que Kaito se lembrasse de alguma coisa.

– E tenho! – ele bateu na própria testa, indo para os fundos. Miku ouviu uma porta se abrir e dois latidos. Dois cachorros apareceram correndo, e assim que a viram, foram em sua direção. Dois malamutes, um branco e um cinza e preto rajado. Eles pulavam ao redor dela e balançavam seus rabos com entusiasmo.

– Oi! – ela sorriu e acariciou os dois enormes animais. Se abaixou para que ficasse na altura deles e os animais pareceram ainda mais entusiasmados.

– Já tinha esquecido que gostava de cães. – Kaito apareceu pela cozinha e se encostou no portal. Tinha um olhar nostálgico.

– Como esqueceu? – ela se levantou e cruzou os braços. – Se não gostasse de cães não teria namorado você.

Kaito riu.

– Continua astuta, Miku.

– Obrigada. – ela deu alguns passos na direção dele e parou.

– Pela primeira vez, isso não foi um elogio.

Ela arqueou as sobrancelhas.

– Então nesse caso, me perdoe.

Kaito também foi em sua direção, e parou quando estavam mais próximos do que ela gostaria de admitir. Ele recostou a mão em uma caixa grande, e a olhou nos olhos, com um sorriso petulante nos lábios.

– Ainda não disse o que veio fazer aqui.

Miku sentia o calor que a pela nua irradiava. Tirou os olhos dos dele e olhou para o seu corpo.

– Não está com frio?

– Não dá pra sentir frio perto de você.

– Nem perto da garota que saiu daqui, eu suponho. – não foi a intenção dela falar, só saiu.

Kaito estreitou os olhos e espichou mais o sorriso.

– Com ciúmes?

Miku arqueou as sobrancelhas e recuou um passo.

De você? Não, obrigada.

– Ora, quem diria! – ele estalou o pescoço e cruzou os braços. Ela podia ver nos olhos dele o quanto ele se divertia com isso. – Hatsune Miku, senhora dos casos de uma noite, com ciúmes com um de seus casos! Inédito!

– Antes o que tivemos tivesse sido um caso.

– Tem razão. – ele foi na direção dela, e sem permissão recostou sua cabeça na curva dos ombros com o pescoço, plantando um beijo provocante ali. – Foi mais uns quinhentos casos em noventa e sete dias.

Miku sentiu tudo em si esquentar por um instante, e se virou. Andou até a janela que ocupava a parede inteira e segurou um suspiro.

– Não faça isso. – ela sussurrou, e não sabia se se dirigia a Kaito por tê-la beijado, ou a si mesma, por te recuado.

– Porque nega tanto o que temos? – ele se desleixou no sofá, acariciando o pelo do cão branco, que deitava a seus pés.

– Não temos nada. Já tivemos.

– Se estava na mesma relação que eu sabe que aquele tipo de coisa não morre com o tempo. O que tivemos há três anos continuaremos a ter daqui a setenta e três anos. Encare isso.

Dessa vez o suspiro veio e ela não teve forças para detê-lo. Miku não virou-se para encará-lo e não negou.

– Talvez eu devesse ir pra casa. – ela comentou.

– Talvez você devesse fazer dessa sua casa.

Miku o olhou de soslaio e rio em deboche.

– Não seja estúpido.

– Não seja retraída.

Era incrível como tudo o que ela dizia, Kaito parecia ter uma resposta equivalente.

– Quero que vá num jantar comigo amanhã. – ele falou, se levantando e indo na direção dela.

– Qual a ocasião?

– Nenhuma. Só quero sair com você de novo.

– Ainda não me acertei com a Rin.

– Pro inferno com a Rin. Quero você, não ela.

– Não quero deixar pontas soltas. – ela se virou, e viu que a distância que Kaito havia deixado entre os dois era mínima.

– Você ainda não me respondeu. – Miku olhava nos olhos dele e era difícil negar qualquer coisa quando estava perdida.

– Vou. – a voz saiu automaticamente, por que a cabeça de Miku estava em um lugar extremamente diferente.

Kaito sorriu.

– Ótimo. – ele beijou a sua testa, e ela acordou do seu transe como se tivessem jogado água gelada nela. – Espere um minuto, eu vou pegar meu casaco e te deixo em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

to bolada mais ainda postei, será que dói só dizer um oi? ;^;



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Homewrecker" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.