Kuroshitsuji & Jack Sparrow versus Slender escrita por Skydreamer


Capítulo 1
Capitão Jack versus Conde Ciel


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem pelos eventuais erros e peço para que ajudem com comentários a melhorar.



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O mundo não é finito, de nada sabemos perante sua incomensurável grandeza, nenhuma certeza é sólida o suficiente que não possa ser estupidamente rompida. O espaço que utilizamos, o tempo que nos coordena, tudo é manipulável de acordo com a vontade do destino, criando ou não grandes acontecimentos. Com tantas variáveis, não é nada difícil que coisas extraordinárias aconteçam. A história que vou lhes contar é absurdamente inusitada, primeiro vamos entrar na era Vitoriana, que se passa no Reino Unido, em meados do século XIX, já podendo antecipar em nossas mentes todas as características dessa época, desde o cotidiano dos mais aventureiros e desleixados, até o dos mais nobres e caprichosos.

-Gibbs, alguma razão específica para que nós estejamos andando há horas nessa tortuosa estrada onde nem uma carroça com ou sem alma viva ainda tenha surgido? – questionou com uma gentileza forçada, notável perante o seu olhar de reprovação.

-O mapa que encontramos, veja – abriu o mapa, exibindo linhas desgastadas, provavelmente pelo tempo ou pelas condições em que outrora se encontrou o objeto – Ele mostra com nitidez toda essa região em que estamos. Mas veja mais ao canto, aqui – apontou na parte inferior direita, escritos difíceis de ler – “O mapa do andarilho”, é o que diz. Faz sentido, já que quando estávamos lá atrás, não havia surgido essa parte perto da margem. Esse mapa certamente é mágico, Jack.

-Mágico, você diz. – zombou e desanimou o outro – Façamos de conta que sua teoria é verdadeira – um sorriso surgiu nos lábios de Gibbs, parecendo se animar com a pouca credibilidade depositada em sua teoria – E que nós estejamos mais bem amparados na busca pelo Pérola – dessa vez o próprio Jack sorriu, mas por poucos instantes – Ainda assim devo questionar, oh se devo, pois o caminho que estamos traçando graças ao seu maravilhoso objeto não nos proporcionou nem mesmo uma única chance de conseguirmos um animal para uma refeição nessa maldita tarde tão ensolarada. Vai nos matar, Gibbs – sentenciou e o homem encolheu-se, porém Jack estava liberando todo o seu sadismo – Vai sim! A menos que essa droga de mapa já esteja indicando o caminho para uma cabana onde, com sorte, encontraremos um barril de rum.

-Fique calmo, Jack...

-Ah, eu estou calmo – sacudiu levemente os braços como se fossem asas, mas subitamente cerrou-lhe o olhar e segundos depois mostrou os dentes em um tom de rejeição – Mapa do andarilho. Se superou, Gibbs.

Ambos estavam suados, caminhando, praticamente cambaleando debaixo de um sol vespertino realmente quente e torturante, no meio de uma paisagem desértica, onde sequer havia indícios de uma única arvorezinha frutífera. Às vezes o calor era tanto que miragens apareciam e animavam-nos – mais a Gibbs do que a Jack – só que logo se esvaíam, deixando rastros de pura decepção. O mapa, muitas vezes checado seja por este ou por aquele, já exibia um círculo, que curiosamente estava presente no caminho onde eles estavam.

-Veja, Jack! Esse círculo! Talvez possamos encontrar alguma coisa logo adiante! – exaltou-se, puramente entusiasmado.

-Para o seu bem, é melhor que sim. Seria um ótimo momento para cogitar me tornar um canibal – retrucou com um tom calmo e perigoso, sem falar no olhar que faiscava maldade.

Gibbs engoliu em seco e colocou-se a olhar do mapa para frente e vice-versa, esfregando a mão livre e suada, estava bastante impaciente, sem falar na sede. Maldade dele ter comentado sobre o rum, pensou consigo.

Quanto mais andavam, mais o círculo no mapa se aproximava do meio e foi quando puderam constatar parcialmente do que se tratava.

-Uma porta no meio do nada? Mas... – conferiu o mapa, olhou para Jack que estava com o cenho franzido e finalmente tornou a olhar pra porta de madeira estranhamente de pé, sendo que sequer havia algo que a sustentasse, talvez o portal, mas era estreito demais, o vento já teria derrubado.

-Faça as honras, senhor Gibbs. – pela primeira vez, em tempos, Jack estava sendo absolutamente cordial e amistoso com o amigo, mas este não era tão bobo e engoliu em seco.

-Nada disso, você é o capitão aqui, pode ir na frente. – retrucou com igualmente cordialidade.

-Se sou o capitão, e certamente sou mesmo, direi convicto que deve se antecipar e checar do que se trata a porta. Não se preocupe, fico na retaguarda para o caso de algum – olhou em várias direções, desconfiado e também encenador – imprevisto.

Não teve remédio, Gibbs teve de ir verificar o objeto estranho parado no meio do nada, todavia ele não demonstrava agilidade ou qualquer vontade para isso. Ao contrário, pé ante pé, talvez pudesse ser ultrapassado pelo caracol no canto da tortuosa estrada. Jack esticou o pescoço para ambos os lados, não queria ir, mas sua curiosidade também não queria deixá-lo. Quando a mão do homem tocou cautelosamente a maçaneta de ferro e a girou ainda mais atenciosamente, aos poucos a porta foi sendo aberta e ao invés de revelar o que havia do outro lado dentro da lógica – a continuação da estrada na tarde ensolarada – revelou um casarão em estranho início de noite, com vegetação e iluminação, certamente estava habitada ou ao menos era o que aparentava.

-Saquear e defraudar e nivelar o sequestro melhor... – começou Gibbs com animação e logo estava sendo acompanhado por Jack na melodia – Bebei amigos, yo ho!

Ambos, mais famintos e sedentos do que receosos, atravessaram a porta e quando deram por si, estavam em um ambiente completamente diferente, aquele mesmo que viram anteriormente, mas logo repararam na ausência do estranho objeto, não havia como voltar.

-Se não podemos voltar, o melhor é ir adiante, não acha? – Gibbs assentiu meio inseguro – Ah, vamos, Gibbs, não quer dizer que vamos passar por coisas mais estranhas do que as de nosso tão peculiar passado. Comida e bebida, só pra começar.

-Parados aí! – ordenou uma terceira pessoa. Era um adolescente branco, com vestes muito finas, certamente era um nobre, ainda que diferente dos que Jack havia visto – não usava peruca, merecia saber porque – e também com um tapa-olho no olho direito. Sua expressão deveras fria e severa, bem como o tom de voz, deixaram os dois meio assustados – Quem são vocês e o que fazem aqui? – agora mostrou-se mais calmo, ainda que muito disciplinado.

-Meu nome é Gibbs. E este daqui é Jack Sparrow. – adiantou-se, tentando amenizar a situação.

-Acho que se esqueceu de algo nessa apresentação – sorriu Jack para o amigo e em seguida encarou o adolescente – Capitão Jack Sparrow, talvez já tenha ouvido falar de mim.

-Engana-se. – retrucou friamente – Não conheço nenhum capitão com esse nome. Nem entendo como pode haver um que traje essas roupas. Aliás, capitão de que?

O sorriso que tão dispostamente Jack estava exibindo, com aquele banho de água fria, logo se apagou e deu lugar a um olhar de reprovação. Gibbs olhava impacientemente do jovem para o amigo.

-Um pirata não precisa de roupas extravagantes. E especialmente eu preciso de hospitalidade, que tal me deixar dar uma palavrinha com sua mãe ou seu pai?

O garoto arqueou a sobrancelha e lançou um olhar de discórdia, parecia ofendido por algo e seu tom de voz seguinte esbanjou arrogância e frieza.

-Piratas? Não me subestime. Se estão com fome, basta implorar por comida como ratos sujos que são e de bom grado lhes darei alguma coisa.

Jack fez uma careta tão engraçada de repugnância ante ao que ouvira que o amigo não conseguiu disfarçar por muito o riso, ainda que tapasse a boca com ambas as mãos.

-Jovenzinho problemático. Oh, quero dizer... Vossa majestade, conceda-nos tua hospitalidade e poupe-nos da prisão que sucederá nesta armadilha.

-Armadilha? – pulou Gibbs.

-Armadilha.

-Armadilha? – questionou o garoto, incrédulo.

-Armadilha. – enfatizou Jack, muito crente.

-Não há armadilhas da minha parte, por outro lado...

-Desculpe-me, jovenzinho – interrompeu Gibbs – Entendo que pense assim. Jack pode ser muito irresponsável e traiçoeiro...

-Senhor Gibbs!

-Ainda assim não acho que vá tramar nada contra você ou sua família.

-Não tenho família! – exclamou como um trovão o garoto – Tem coisas que não entendem e também muitas que não entendo nesse momento. É vantajoso para ambas as partes ao menos um jantar. Sebastian!

Vindo das sombras, por entre as árvores, um homem alto, vestindo um fraque impecável, de pele tão clara quanto a do jovem que o chamara e tendo em seu excepcionalmente atraente rosto um sorriso demoníaco, apresentou-se respeitosamente.

-Sim, jovem mestre? – mesmo seu tom de voz era assustadoramente calmo.

Jack e Gibbs se entreolharam, nunca haviam visto um mordomo daquele jeito tão extravagante.

-Prepare o jantar para três.

-Yes... – o sorriso do mordomo se ampliou durante a reverência – My lord!


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