Doce ironia escrita por Ane Viz


Capítulo 2
Um


Notas iniciais do capítulo

No capítulo anterior:

No momento em que parei os portões se abriram num passe de mágica, não demorei a avistar Filch, o zelador da escola. Cumprimentei educadamente avançando para o saguão de entrada. Andar pelos terrenos trazia uma mistura doce e amarga. Cocei o pescoço e sacudi a cabeça de leve, não deixaria as memórias ruins tomarem conta das boas.
Encarei os corredores vazios da escola, passei a mão por meus cabelos naturalmente bagunçados e parei um momento me virando e apertando a varinha colocando-me em posição de defesa ao ouvir barulho de passos. Um hábito que adquiri durante a guerra. Apenas relaxei ao reconhecer os cabelos castanhos de minha melhor amiga.


Boa leitura!



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UM

Pisquei algumas vezes para assimilar a diferença. Seus cabelos estavam lisos, os cachos estavam somente nas pontas, seu rosto um pouco corado, os olhos brilhantes em tom de chocolate e um sorriso lindo em seus lábios. Depois da guerra ela havia saído à procura de seus pais, este era nosso primeiro encontro após três meses de afastamento.

–Harry! – A voz suave dela me fez sorrir.

No instante seguinte veio correndo em minha direção, num reflexo abri os braços, graças a Merlin, a tempo de segurá-la e apertar contra meu peito. Inspirei o ar, sentindo como se estivesse voltando para casa. Franzi o cenho com o pensamento. De onde veio isso? Balancei a cabeça deixando isso de lado. No momento queria aproveitar sua companhia.

–Mione. – Murmurei de volta sem soltá-la. – Como você está?

Precisava saber como estava se sentido, como havia sido durante sua viagem. Senti o instante em que puxou o ar e soltou lentamente. Este não era um bom sinal, mas cuidaria dela. O importante era que Hermione estava de volta. E não estava disposto a deixar que saísse da minha vida outra vez, nunca mais.

–Indo... – Finalmente respondeu.

Afastei um pouco meu corpo do dela erguendo seu rosto.

–O que houve? – Pedi usando o tom mais calmo que consegui.

Uma lágrima escorreu por seu rosto e eu imediatamente sequei com cuidado.

–Meus pais...

Ergui o rosto dela para que pudéssemos olhar nos olhos do outro.

–Pode me falar quando estiver pronta.

Mais uma lágrima rolou e recebi um sorriso triste.

–Eles... Nunca mais vão se lembrar de mim Harry. – Murmurou com a voz cortada. – Depois de algum tempo o feitiço é permanente.

Senti como se tivesse pegado meu coração e apertado com força. Puxei a castanha para os meus braços fazendo com que pudesse mantê-la perto de mim. Com os lábios grudados aos seus cabelos com cheiro de baunilha sussurrei:

–Desculpe...

Num movimento brusco ela se afastou colocando o dedo sobre meus lábios, minha respiração falhou e meu coração bateu acelerado. Merlin, o que está acontecendo? Nossos olhares ficaram fixos um no outro até que suas bochechas ganharam um tom rosado e ela ficou o mais longe de mim que permiti ainda mantendo o braço ao redor de sua cintura fina.

–Precisamos nos apressar.

Concordei com a cabeça entrelaçando nossos dedos e caminhos em silêncios pelos corredores vazios da escola. Ao chegarmos à frente das gárgulas enfiei a mão no bolso caçando o pergaminho onde estava anotada a senha. Ao ler revirei os olhos. Como podia ter me esquecido? Balancei a cabeça e disse:

–Dumbledore.

A escada surgiu a nossa frente e subimos nos degraus sem esperar que terminassem seu caminho. Quando alçamos a porta bati com os nós dos dedos na porta da antiga sala do diretor, e a voz severa da nova diretora responder ao chamado.

–Entre.

Lancei um olhar a Hermione antes de abrir a maçaneta e entrarmos no escritório. Minerva estava examinando vários pergaminhos sobre a mesa. Ao notar nossa presença abriu um de seus raros sorrisos se levantando de sua mesa. Para nosso espanto ela deu um abraço em Hermione que sorriu para a diretora.

–Como vai querida?

Minha castanha amiga forçou o sorriso a se manter.

–Bem, obrigada. E a senhora?

–Muito bem, obrigada. – Seus olhos encontraram os meus. – E você Potter?

Por um momento, meu lado maroto que havia se despertado depois da guerra tentou se dar bem e soltar uma gracinha, mas sabendo que depois levaria uma bronca me calei.

–Vou bem Diretora. Na medida do possível é claro.

Não era segredo para ninguém que a morte do meu padrinho, de Remo e tantos outros ainda estava fresca em nossa memória. Estávamos nos esforçando para seguir em frente, mas não era uma tarefa fácil. A atenção dela se voltou para o retrato do diretor que chamou por nós.

–Harry, Srta. Granger.

Ao mesmo tempo respondemos.

–Professor Dumbledore.

Ele sorriu para nós e seus olhos azuis brilharam por trás dos seus óculos de meia lua.

–Obrigado por terem vindo.

Franzi o cenho, porém não tive tempo de perguntar o motivo Hermione tomou a minha frente.

–Foi o senhor que nos chamou?

Alvo sorriu para nós com toda a calma do mundo, se virou para a diretora.

–Minerva, poderia pegar a caixa que mencionei mais cedo?

Ela assentiu e desapareceu de nossas vistas.

–Sentem-se.

Hermione mordeu o lábio, mas se sentou em silêncio e eu a acompanhei. Não tinha uma boa sensação do que aconteceria.

–Harry, mais uma vez vou te exigir demais...

Lá estava, pensei. Nenhuma conversa nossa com esse começo terminava bem. Senti a mão de Hermione encontrar a minha e segurar com força.

– Preciso que faça algo muito importante... E perigoso.

A garota ao meu lado se mexeu incomodada.

–Sei que é perigoso, mas... É o que deve ser feito. Se aceitar, é claro.

Fiquei quieto e encarando. Não responderia até saber onde estava me enfiando.

–E o que seria? – Indaguei.

Seus olhos brilharam.

–Quero que você e a Srta. Granger viagem para o passado. Preciso que evitem algo... Muito importante.

Hermione ofegou.

–Não podemos! – Falou nervosa. – Isso é contrário às regras... E muito perigoso.

Ele assentiu.

–Compreendo que não queriam.

Mantive minha cabeça fria, antes de responder queria saber de tudo.

–E qual seria a missão, exatamente.

–Vocês viajariam para o ano de 1977. Quero que impeçam que Voldemort reúna seguidores.

Olhei para ele com calma.

–E como faríamos isso.

Minerva voltou para a sala chamando atenção para ela.

–Harry, primeiro, pense... Quem estava em Hogwarts no ano de 1977.

Franzi o cenho, mas não conseguia imaginar.

–Seus pais Harry! – Hermione gritou de repente. – Este foi o último ano deles em Hogwarts.

Minerva concordou.

–A missão de vocês será impedir que Pedro Pettigrew seja o guardião dos segredos dos Potter.

Quando a ficha caiu não pude resistir. Essa seria a minha chance, não podia desperdiçar. Tudo o que mais queria estava à espreita. Se aceitasse essa missão eu finalmente poderia conhecer meus pais. Na época de sua adolescência, mas ainda assim meus pais. Um ano antes deles se casarem. A ideia a cada momento me parecia mais tentadora.

–E como iria? – Perguntei, tinha consciência de que não poderia levar Hermione comigo. Era perigoso, como ela mesma havia dito.

Dumbledore tomou a palavra novamente.

–Vira-tempo. – Comentou com calma.

Hermione olhou para o retrato e para a diretora.

–Nenhum vira-tempo volta tanto tempo no passado. – Negou com a cabeça.

Minerva sorriu.

–Nenhum vira-tempo comum.

Com cuidado entregou nas mãos da castanha uma caixa de madeira escura. Na tampa, havia o desenho dos quatro símbolos da escola. Notei como as mãos dela tremiam quando abriu o fecho da caixa para que pudéssemos ver o que tinha ali dentro. Com cuidado pegou um vira-tempo. Ele era pequeno, muito menor do que Hermione havia usada em nosso terceiro ano.

Podia basicamente ver como as engrenagens do cérebro dela se moviam para entender aquele objeto. Uma ruga de preocupação surgiu em sua testa ao levantar o rosto procurando pelos olhos da diretora. Apontou para o pó dentro do objeto. Ao contrário dos outros, não era amarelado e sim vermelho.

–O que tem dentro dele?

Minerva deu de ombros.

–Não tenho ideia. – Ela franziu o cenho. – Esta caixa chegou a minhas mãos há dois dias. – Parou por um momento em que em trocou um olhar com Dumbledore. – No mesmo dia que Alvo me pediu para entrar em contato com vocês.

Passei a mão por meus cabelos despenteados.

–E como sabem que é seguro? – Perguntei sem acreditar.

Certo, havíamos acabado de sair de uma guerra, mas ainda tinham comensais da morte fugitivos.

–Mostre a eles, Minerva.

A diretora não pareceu muito feliz com a ideia.

–Alvo, não sei se...

Ele balançou a cabeça.

–Mostre.

Suspirando abriu a gaveta de seu gabinete me estendendo um pergaminho, abri e me aproximei de Hermione para lermos, ali estava escrito:

Prezada Diretora McGonagal,

Envio esta carta para ver se pode me ajudar...

Não sei muito bem o que está acontecendo, mas preciso de ajuda. De uns dias para cá... Simplesmente, meu irmão e eu começamos a desaparecer...

Queria saber se pode nos ajudar... Encaminhamos um vira-tempo, diferente do que está acostumado, e pedimos que fale com Harry Potter e Hermione Granger para consertarem isso. Somente eles podem ajeitar. Precisam viajar ao passado e impedir que Pedro Pettigrew traia os Potters.

Esperamos que tudo dê certo.

JSP e LLP.

Encarei a carta sem entender.

–Quem são eles? – Hermione perguntou confusa. – JSP e LLP? Não tenho ideia de quem podem ser... – Murmurou pensativa.

Neguei com a cabeça sorrindo. Ela sempre usaria a razão. Baguncei novamente meus cabelos. Não importava quem eram, estavam pedindo minha ajuda. E tinham outros motivos mais. Olhei para a diretora e para Dumbledore. Havia tomado minha decisão.


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Notas finais do capítulo

Olá a todos, gostaria de agradecer a Sir D Black e Ayala Melo pelos comentários. Espero que gostem do primeiro capítulo. Aguardo ansiosa a opinião todos vocês. Por favor, não deixem de comentar. Somente assim saberia o que estão achando da fanfic. É muito importante para mim.

Beijos, e até o próximo capítulo!