Suspect escrita por Alexia Dankan


Capítulo 3
A proposta


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora x-x



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3. Evite qualquer coisa que possa afetar sua mente, como álcool e drogas.

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Me virei na cama, ainda sonolenta. Abri um dos olhos e me esforcei para ler o cartaz pendurado há mais ou menos cinco anos na porta espelhada. As regras da "casa" feitas por Alexander. Comecei a ler mentalmente.

–Sem homens.

–Sem visitas.

–Sem drogas.

–Sem álcool.

–Sem...

Fui interrompida.

Alexander: Estou entrando. Já acordou?

Suspirei.

Charlotte: Quase.

Me virei, enquanto agarrava o edredom.

Alexander: Você ao menos sabe que horas são?

Charlotte: Não me importo.

Alexander: Pois devia.

Escutei seus passos em direção ao meu local de repouso.

Alexander: Realmente...

Ele se sentou na beira da cama.

Alexander: Que horas você chegou?

Pensei um pouco.

Charlotte: Não sei... Cinco?

Alexander: Não pode estar falando sério.

Ignorei.

Alexander: Você devia voltar mais cedo, acordar mais cedo.

Charlotte: Não se meta no meu trabalho. Vá embora, me deixe dormir.

Pegando um travesseiro próximo, joguei em direção a ele.

Alexander: Me respeite, você está livre por minha causa.

Charlotte: Não preciso de você.

Minhas palavras eram vazias. Estava com sono, sabia que precisava dele mas, por hora, queria que fosse embora.

Alexander: Nesse caso, eu adoraria ter o resto do meu escritório de volta.

Ele arremessou o travesseiro em minha direção, acertando exatamente o meu rosto. Não mexi nem um músculo.

Alexander: Levante. Já são duas horas.

Ele se levantou, e pude ouvir a porta abrir.

Alexander: Vou ser generoso. Você tem meia hora para se arrumar.

Finalmente, fiquei só.

Depois de alguns segundos, lentamente comecei a levantar.

Charlotte: E mais um dia começou...

Vesti minhas roupas escuras de sempre. Procurava vestir algo mais casual quando não havia trabalhos, ou seja, tênis.

Em exatos trinta minutos, sai do meu quarto em direção ao estreito corredor espelhado. Bati na porta em frente a minha, e minha entrada foi permitida.
Alexander estava sentado atrás de sua mesa, esfregando suas têmporas.
Charlotte: Aconteceu alguma coisa?
Alexander: Parece que temos uma nova assassina por aqui.
Encarei-o, surpresa.
Charlotte: Quem?
Alexander: Não sabem o nome dela. Mas deram suas descrições.
Me sentei em cima de sua mesa.
Alexander: Loira, cabelos curtos, olhos verdes, pele branca...
Lembrei do meu disfarce de alguns dias atrás. Senti meu rosto esquentar.
Alexander: Você conhece?
Virei a cabeça, tentando esconder o pequeno nervosismo.
Charlotte: N-não...
Ele ficou pensativo por alguns segundos.
Alexander: Charlotte... Me diga que essa pessoa não é...
Charlotte: E dai? Ninguém nunca conseguirá me encontrar. Ao menos fizeram um retrato?
Ele negou.
Charlotte: Então, fim. Invente uma desculpa. Diga que... essa garota foi encontrada morta? Não sei.
Alexander: Você deve prestar mais atenção. E se esse for o primeiro de milhares? Eles vão te achar. Se eles te acharem, eu terei que...
Agora eu estava de pé, em frente a sua mesa.
Charlotte: O que você vai fazer? Me prender? Ah, faça-me o favor. O dia que eu desaparecer, sua vida se tornará um inferno. Você sabe que sentirão minha falta, e sabe que seu pessoal não iria se sair bem com o MEU pessoal.
Ele estava um tanto nervoso. Dificilmente brigávamos.
Alexander: E-eu... Não foi isso que eu quis dizer... Enfim...
Ouvimos uma batida na porta, e então ele olhou no relógio.
Alexander: Continuamos essa conversa depois. Agora, se puder...
Já sabendo o que ele iria pedir, me virei e voltei para o quarto.
Não faço a minima ideia de quem ele atendeu mas, alguns minutos depois resolvi sair. Fui até o beco.
No caminho, comecei a relembrar tudo o que havia acontecido enquanto eu estava com aquele disfarce. Eu me esforçava para nunca repetir.
Empurrei a parede para que eu pudesse entrar. Já do lado de fora, notei que havia um silêncio maior do que na maioria das vezes em que eu visitava o lugar na parte da tarde. Seria perfeito para dormir.
A porta se abriu e entrei como sempre. Os sussurros que dominavam a sala pararam de repente. Dois frequentadores novatos do lugar estavam sentados ao lado da minha poltrona. Nela, um garoto que parecia ter a minha idade estava sentado. Observei-o, rapidamente. Cabelos curtos e castanhos num tom escuro, como o meu. Seus olhos também eram castanhos, escuros como o cabelo. Vestia um sobretudo preto, aberto. Deixava a mostra sua camisa, calça e sapatos sociais, também escuros.
Ao contrário dos garotos que se afastaram ao notarem minha presença, ele não se moveu. Na verdade, ficou me encarando. Andei confiante até ele, e cruzei os braços. Suspirei.
Charlotte: Devo pedir licença?
Garoto: Tente.
Encarei-o com um olhar desafiador.
Garoto: Eu estava te procurando.
Agora, eu tentava esconder a surpresa.
Garoto: Estamos atrás da mesma pessoa.
Olhei para os outros da sala disfarçadamente. Me perguntava se eles haviam falado algo sobre Cristopher para o estranho, mas todos começaram a fazer sinais, negando minha pergunta.
Fiquei em dúvida. Ele se levantou. Permaneci imóvel. Ele era alguns centímetros mais alto que eu. Confesso que fiquei mais surpresa quando ele sussurrou em meu ouvido:
Garoto: Eu sei onde ele está. Você só precisa vir comigo.
Empurrei-o com força, fazendo com que caísse na poltrona. Ele sorriu de uma maneira assustadora. Levantou-se rápido e andou com passos acelerados em direção a mim. Devo ter ficado assustada porque, a cada passo seu, eu recuava.
Senti minhas costas entrarem em contato com uma das paredes próximas a porta principal, e em seguida, ele colocou uma de suas mãos na parede, na altura de minha cabeça, fazendo com que qualquer tentativa de fuga vinda da minha pessoa se tornasse completamente inútil.
Seu rosto se aproximou do meu. Resisti a vontade de desviar o olhar. Precisava permanecer com uma aparência confiante naquele momento.
Garoto: Vamos fingir que você não fez isso, certo?
Permaneci em silêncio, com o olhar fixo no seu.
Garoto: Me ouça por um momento. Eu posso te ajudar, e você pode fazer o mesmo por mim. Estamos atrás da mesma pessoa, mas...
Charlotte: Você disse que sabia onde ele estava. Não precisa de mim.
Garoto: Eu sei o que falei, e eu tenho uma proposta para você.
Com a mão livre, ele retirou um cartão do bolso, e então colocou no do meu moletom.
Ele se afastou, deixando uma distancia aceitável entre nós.
Garoto: Me encontre. Não é isso o que você faz? Encontrar pessoas?
Continuei encostada na parede, mas agora, com o corpo mais relaxado.
Ele seguiu em direção a porta.
Garoto: Talvez seja difícil, mas não desista.
Ele abriu a porta, e ao sair disse "até breve".
Fiquei em silêncio, encarando a porta por alguns segundos. Um dos frequentadores me questionaram sobre o rapaz que acabara de sair. Eu não o conhecia, e tinha dúvidas sobre sua personalidade. Mas, por outro lado, ele podia estar falando a verdade, podia me ajudar a encontrar Cristopher.
Fui em direção ao meu lugar, e em poucos minutos o beco voltou a ser falador como sempre. Mas agora, eu estava em silêncio, colocando meus pensamentos em ordem. Cheguei a conclusão que, mesmo a probabilidade de eu estar cometendo um erro fosse enorme, eu iria me encontrar com o garoto. Mas agora, eu precisava descobrir como.


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando

Att: 05/07/14 - Eu errei nas contas, e no primeiro parágrafo, onde fala sobre o cartaz na porta do quarto de Charlotte estava "um ano e meio", mas percebi que na verdade se passaram cinco anos. Já atualizei, me perdoem.



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