Os pés de Laýla não faziam nenhum ruído no chão frio da casa de Dora. Era madrugada. Laýla já tinha aberto as janelas do andar debaixo, a porta da varanda e a porta principal, a qual deixava entrar uma luz pálida e azulada na casa. Era quase manhã. Todo tempo ficava tentada a acordar Ryan, mas resistia pensando que seus machucados doeriam menos depois de dormir. Não que ele fosse se importar, sendo um guerreiro.

Quando o Sol começou a despontar no horizonte, a garota começou a se sentir entediada. Jogou-se no sofá, bufando.

– Imaginei que você fosse acordar mais cedo hoje, Laýla, mas são cinco horas ainda... – Ryan tinha acordado. Ele estava com cara de sono, mas tinha um sorriso enorme no rosto.

– Tive uma péssima noite de sono. Só dormi um pouquinho – Ela bocejou.

– Mudando de assunto: Estamos na Cidade. O que pretende fazer? – Ele perguntou

– Queria saber algo sobre a explosão que nos trouxe aqui. Mas acho que eles não vão nos contar. Teremos que confiar na mente dos an... – Laýla interrompeu sua fala quando viu Dora descer as escadas.

– Crianças? Já de pé? Como seria maravilhoso se Ron acordasse cedo assim... – Dora riu. Como era gostosa sua risada! Ela estava com um conjunto bege de calça e jaleco, com uma blusa alegremente colorida por baixo. O cabelo amarrado em um coque frouxo e batom cor de boca. Ouvi-la chamar Aaron de Ron, como se todos devessem chama-lo assim também foi uma das coisas que mais alegraram Laýla. Ela não recebia muita atenção de ninguém a não ser Ryan.

– Oi, Dora! A senhora dormiu bem? – Disse Ryan, virando-se subitamente para ela.

– Oh, sim! Maravilhosamente! – Dora revelou, enquanto andava pela cozinha, abrindo armários e batendo gavetas, preparando café-da-manhã e mesa ao mesmo tempo.

Os dois jovens apenas sorriram. Disseram que iam se preparar para o café e subiram para o primeiro piso. Ryan apenas vestiu outra roupa, mas Laýla tomou banho e amarrou o cabelo em uma trança. Quando desceram, Aaron estava comendo cereal com leite e sua mochila estava jogada no pé da porta.

– Durante o dia – Aaron começou, de boca cheia – Estarei ocupado. Mas, às quatro da tarde poderemos lutar de novo. – Ele falou quase sussurrando essa ultima frase, afinal, não era legal deixar Dora pensando que seu bebê estava se metendo em brigas.

– Legal! Ei, estamos pensando em sair por aí. Tem algo legal pra fazer? – Perguntou Ryan.

– Não tem muita coisa, não... Tem só uma biblioteca, o parque e a praia. Sei lá! –Aaron levou seu prato para a pia e pegou sua mochila. No momento que chegou à porta, um garoto sorridente apareceu do lado de fora.

– Bem na hora, Will! – Aaron cumprimentou. O garoto, Will, começou a falar de futebol e escola assim que Aaron pôs os pés na calçada.

E saíram andando. Suas vozes sumindo à medida que eles se afastavam.

Laýla e Ryan suspiraram. Iriam conhecer a Cidade.