The New Continent escrita por Weezzi


Capítulo 36
Capítulo 35 – Olhar gelado.




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Ralf

05 Março, 2200, 16:42.

Tudo aquilo ainda parecia inacreditável. A névoa flutuante no ar, o chão feito de gelo e o frio que arrepiava toda a pele, coisas essas que eu nunca havia visto em toda minha vida, principalmente em Alfalumia. Contudo, todas essas surpresas foram supridas por um grande veículo preto de metal no meio do deserto de neve. Caminhamos até o helicóptero e quando chegamos Anne foi até a porta da nave e deu algumas batidas esperando que alguém fosse atender. Esperamos por alguns minutos e ela voltou a bater. Dessa vez a porta lentamente abriu um pequena brecha:

— Quem é? – Uma voz masculina surgiu de dentro do veículo. – Acho melhor ir embora.

— Sou eu Victor, Anne. – A loira respondeu.

— Eu não vou cair nessa. Eu já disse que é para vocês ir embora.

— Tudo bem... Sorvetinho123 - A garota disse revirando os olhos.

— O que é isso? Um tipo de senha. - Perguntou Elya. De repente a porta abriu e um garoto moreno com uma lança na mão apontada para nós surgiu.

— Abaixe isso Victor eles são amigos. – Por uns segundos se instalou um momento de tensão até que ele finalmente abaixou a arma e abraçou fortemente Anne. – Que saudade que estava de você.

— Eu achei que nunca fosse te encontra de novo. – O garoto disse a abraçando fortemente. – O que aconteceu com você? E como você conseguiu voltar?... A essa hora eu achei que já estivesse morta.

— Muita coisa aconteceu... Mas nós podemos entrar? Está muito frio aqui fora.

— É claro, eu só não sei se vai caber todos lá dentro, venham entrem.

Victor, então, nos convidou para dentro do helicóptero. O veículo era maior do que um helicóptero comum, no entanto todos tiveram de se sentar no chão e organizar o espaço. Além de nós o lá dentro também havia alguns outros objetos que eu julgava ser de sobrevivência.

— Então, o que trazem vocês aqui? – Perguntou Victor olhando todos a volta.

— Precisamos falar com Xiantong. Você poderia nos levar até lá? – Pergunto Anne.

— Sobre o que vocês vieram falar? dependendo do assunto creio eu que não chegaram numa boa hora.

— Viemos pedir uma ajuda para ele... Mas o por que chegamos numa má hora?

— A vila foi atacada por uma manada de Mentralius. O ataque foi muito incomum e provavelmente obra dos forasteiros.

— Só um instante o que são Mentralius e quem são os forasteiros? – Interrompeu Will.

— Mentralius é uma criatura semelhante a um cavalo monstruoso que habita essa área congelada. E os forasteiros são um enorme grupo de pessoas que tentam meter medo em todo mundo e se acham os donos do pedaço.

— E como sabem que isso não foi apenas um coincidência? – Perguntou Mike.

— Nada nesse lugar é apenas uma coincidência... Mas até agora vocês não me disseram nada concreto sobre o que vieram fazer aqui, que tipo de ajuda estão procurando?

— Nós precisamos de suprimentos. – Falou Cory sem o menor suspense.

— Suprimentos?! E como acham que vão conseguir convencer Xiantong a lhes dar qualquer tipo de comida? Apelo emocional?

— Você acha que não teremos chances? – Perguntou Will.

— Sinceramente eu acho melhor vocês irem embora e tentarem outra coisa.

— E esse helicóptero? – Interrompi.

— O que tem haver esse helicóptero? – Indagou Victor.

— Pelo visto esse helicóptero está quebrado, mas vocês nunca cogitaram em consertá-lo e dar o fora daqui?

— Meu pai era aviador e nos fins de semana ele me ensinava todo sobre aviões e helicópteros. Xiantong me mandou vir aqui tentar concertá-lo e nem mesmo eu consegui. Acha mesmo que é tão simples?! Já teríamos dado o fora daqui a muito tempo.

— E se caso nós tivéssemos como consertá-lo. Você acha que seria possível um acordo?

— Do que você está falando?! – Interrompeu Tina. – Você não ouviu?! Nem mesmo ele conseguiu consertar, como espera que nós aqui concertemos.

— Nós não, mas para quem conseguiu criar um novo sistema em nossos relógio sim.

— Não podemos meter o Frank nisso. – Retrucou Mike.

— Você tem alguma outra escolha? Quer mesmo perder três dias de viagem a toa. – Relutei.

— Bom, nesse caso eu já não posso dizer nada quanto a decisão de Xiantong. – Mencionou Victor.

— Então, vamos ou não continuar arriscando? – Eu olhava para todos esperando uma resposta.

— Tudo bem... Nós vamos continuar. – Afirmou Mike.

— Eu só vou pegar um casaco e levo vocês até a a vila. – Finalizou Victor.

Saímos dali em direção a cidade. Caminhamos pela neve por cerca de duas a três horas até o céu finalmente começar a anoitecer. Além disso, atravessamos um pequeno vale congelado e ao final havia uma enorme montanha e no sopé era possível avistar uma enorme muralha que recobria todo o vale.

Chegamos ao enorme portão de madeira e ele simplesmente abriu conforme nos aproximamos. Haviam dos vigias em cima dos muros que abriram as portas por um sistema de roldanas. Assim que os portões se abriram era possível ver uma série de iglus, logo atrás haviam algumas pequenas casas de feitas de madeira e cobertas por neve, entretanto havia ao fim do vale uma enorme tenda construída não somente de madeira, mas de pedras escuras que se destacava de todas naquele lugar. Dentro daquelas muralhas tudo era iluminado diferentemente do lado exterior, além das acomodações também haviam pessoas por todos os lados e elas nos encaravam com um olhar frio e gelado.

— Acho melhor vocês ficarem aqui. Eu vou avisar Xiantong que vocês chegaram. – Victor, então, começou a caminhar em direção a enorme tenda nos deixando em frente ao portão.

Nesse momento as pessoas que ali estavam já começavam a cochichar sobre nós e provavelmente criando suposições sobre a nossa chegada. Parecia que éramos alvos na boca das pessoas. Ficamos ali por quase meia hora até Victor retornar:

— Bom, eu tenho duas noticias para vocês, uma boa e uma ruim, qual vocês querem primeiro?

— A ruim. – Disse Cory.

— Bom Xiantong, não vai poder vê-los hoje.

— O quê?! Viemos aqui atoa? Para ele nem ao menos querer nos ouvir.

— Calma, a boa é que ele irá convocar uma reunião amanha com vocês e que hoje vocês poderão ficar nos iglus e também terão um ótimo banquete. – Parece que a segunda noticia havia acalmado um pouco a todos, mas não o suficiente, não tínhamos muito tempo.

— Tudo bem, nós aceitamos a oferta. – Respondeu Mike.

— Excelente, vocês poderão se abrigar naqueles cinco iglus ali. – Disse o moreno apontando para o local dos iglus. – E logo eu trarei a comida em cada acomodação. Então, fiquem a vontade se dividam em duplas que comida já está sendo preparada... Anne você poderia me ajudar lá na tenda?

— Mas é claro. – A loira respondeu partindo com o moreno para a tenda principal.

Fomos direção aos iglus e na divisão eu e Will dormiríamos em dupla. Talvez pela primeira vez, teríamos uma noite repleta de paz, onde não haveria turnos de vigia ou o desespero da morte ao fechar os olhos. Entramos no iglu e o lugar era peculiarmente pequeno, só havia dois montes de palha recoberto por um pano de modo a forma duas manjedouras e uma tocha que iluminava o cômodo. Além disso, o iglu também havia uma janela pequena que permitia a luz de fora entrar e iluminar ainda mais o cômodo.

— Agora eu entendo quando as pessoas dizem que o mundo dá voltas. – Disse Will sentando em uma das camas improvisadas. – Eu realmente nunca pensei que mesmo dentro desse lugar eu viveria coisas tão diferentes.

— Você diz isso, mas já está acostumado a ver neve. Eu nunca imaginei que eu teria essa experiencia. – Mencionei.

— As coisas estão saindo tão fora do controle que eu já deixei de me importar, eu to deixando as coisas apenas acontecerem.

— Parece que invertemos nossos papéis, a algum tempo a atrás eu estava desacreditado e você era o cara sensato. Acredite em mim, deixar as coisas de lado não vão resolver o problema, isso só nos leva a cavar nossa própria cova. Eu sei que as coisas estão ruim, mas elas vão melhorar acredite.

— Realmente eu acho que trocamos de corpos, nunca pensei escutar isso de você. Ela está te fazendo muito bem.

— Do que você...

— A comida chegou, sintam-se servidos. – Disse Anne entrando com uma bandeja de frutas, carnes e peixes frescos. – Qualquer coisa e só chamar, eu vou estar servindo os outros.

— Hora de atacar. – Will começou a fatiar as carnes enquanto eu cortava as frutas. – Pronto vamos comer.

Durante a refeição conversamos por diversas horas e ao final Elya apareceu e se juntou a nós. Nesse momento o assunto tomou rumos diferentes e os dois pareciam flertar enquanto conversavam. Depois de um tempo eu me sentia incomodado por estar ali, no entanto Anne apareceu para recolher a bandeja e eu resolvi ajudá-la. Juntos eu e ela fomos caminhando em direção a enorme tenda.

Quando chegamos lá ela pediu que eu a entregasse as bandejas e esperasse no cômodo de entrada. Quando entramos no saguão, o lugar era coberto por peles de animais por todos os lados, no chão, nas janelas e até nos assentos. Tudo aquilo parecia luxuoso perto de todos os lugares conhecidos em Alfalumia. Fiquei observando o cômodo por alguns minutos até ela voltar e juntos podemos retornar até os iglus. Levei a loira até o iglu dela e lá estava Victor arrumando a palha debaixo dos panos.

— Pronto. Obrigado por me ajudar e me levar até aqui. – Disse Anne.

— De nada, eu estava louco para sair daquele iglu. – Respondi.

— Então, Boa noite. – A loira exibiu um leve sorriso. Ela parecia estar feliz de estar de volta e reencontrar o amigo lá dentro.

— Boa noite.

Quando eu me virei para ir embora avistei Sarah em uma penumbra do seu iglu nos observando concentrada. Assim que ela sentiu que foi notada desviou o olhar e se concentrou em mexer uma pedra que carregava em suas mãos. Eu, então, caminhei até lá e sentei ao seu lado na porta do iglu.

— O que está fazendo acordada? – Perguntei.

— Eu só estou sem sono. – A morena ainda mantinha o semblante sério e até um pouco irritado. – E meu parceiro não gosta muito de conversar. – Eu olhei pela janela e Kim estava deitado em uma das manjedouras.

— Então, você quer conversar?

— Eu não disse isso. – Retrucou a morena. Ela ainda assim, mantinha os olhos no iglu sem ao menos se preocupar com a minha presença.

—Tudo bem, você não quer conversar, eu entendi já estou indo embora. Agora só uma dica, as coisas não vão mudar se você ficar ai parada.

— Do que você está falando? – A garota finalmente olhou para mim.

— Acho melhor você tentar antes que seja tarde demais. – Eu levantei e limpei a roupa de neve. – Bem, eu já vou indo boa noite.

A garota nem ao menos respondeu. Então, caminhei de volta para o meu iglu cansado e prestes a dormir, no entanto, quando eu entrei na pequena cúpula de gelo, lá estava Will e Elya dormindo. A garota estava deitada no meu lugar e por um instante eu não sabia o que fazer.– Droga. – Eu olhei para o Iglu ao lado, entretanto estava sendo ocupado por Mike e Cory, então, fui até o iglu subsequente e lá estava Tina deitada em uma “cama” vaga que provavelmente era a de Elya. Eu entrei no iglu e deitei silenciosamente. Quando eu fechei meus olhos preparados para dormir:

— Você aqui? – Indagou Tina. – Achei que minha acompanhante era a Elya.

— Bem e meu acompanhante era o Will, mas os pombinhos resolveram dormir juntos enquanto eu não estava lá e eu fiquei meio que sem lugar para dormir.

— Entendi.

— Não se preocupe, eu não ronco, você vai dormir bem.

Ficamos em silêncio por um algum tempo olhando para o teto, banhados numa situação inusitadamente estranha, onde parecíamos dois estranhos. De vez enquanto nos trocávamos olhares despercebidos e aquele situação parecia se agravar.

— Bom, eu estou com um pouco de frio, você não quer dormir aqui comigo?

— Oque?! – Disse Surpreso. – Dormir aí com você? – Aquelas palavras pareceram se confundir na minha cabeça.

— Sim, você não está com frio? – A morena perguntou com um olhar diferente.

— Eeee, eu. Estou sim – Engasguei com as palavras. Ela sinalizou com a cabeça para que eu fosse até ela e por fim eu levantei e deitei ao seu lado abraçando-a.

Ficamos ali de conchinha por um momento trocando o calor de nossos corpos. Seu cheiro doce era profundamente afrodisíaco. Assim, que nos acostumávamos com a presença um do outro, a morena virou-se para mim e passou a mão em meus cabelos. Nesse momento como um impulso incontrolável nos beijamos mais uma vez. Um beijo caloroso e intenso. Conforme a situação transcorria a nossas mãos percorriam o corpo um do outro como se desvendássemos o enigma dos nossos corpos . Era como se um imã nos mantivesse unidos. De repente o frio se esvaiu e o calor tomou toda a nossa áurea. A pele era tomada pelo arrepio e o suor começava a exalar de nossos poros. Naquele momento estávamos interligados por uma força muito além da emoção, era uma força psíquica, de modo que compartilhávamos dos mesmos pensamentos e desejos. Retiramos a roupa um do outro e o toque de nossas peles parecia algo sobrenatural. O arrepio não era mais causado pelo frio nem ao menos pelo calor, mas pelo prazer.

O sentimento proibido parecia aumentar a frequência e intensidade dos nossos movimentos. Nossos olhos pareciam serenos e relaxados e a pupila parecia ficar cada vez menor, mesmo assim a morena arranhava as minhas costas como um ser selvagem e insano, no entanto aquela dor era apenas mais um elemento da brincadeira carnal. Entre os beijos e amassos, a obscenidade do sexo perdurou a nossa relação de amor durante horas da madrugada. A partir daquele momento parecia que havíamos criado um elo que eu jamais conseguiríamos explicar. Sendo assim, depois de tudo aquilo ficávamos fazendo carinho um no outro até que o sono nos vencesse.


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