The New Continent escrita por Weezzi


Capítulo 23
Capítulo 22 – Lanças, flechas e pedras.




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Will

19 Fevereiro, 2200. 10:45.

Era como se todos nós estivéssemos na cena de um crime. Tínhamos um corpo, uma arma e várias vítimas e suspeitas. Quem matou? Quem morreu? E por quê? Todos nós estávamos em pânico e como detetives procurávamos por respostas. Olhando, assim, para todos os lados atrás de um assassino.

Antes que pudéssemos falar ou agir uma próxima lança surgiu entre o meio das árvores atingindo próximo a cabeça de Zenaya e caindo no chão. O sangue em sua testa começou a escorrer, mas antes que pudéssemos ter a chance de socorrê-la, uma flecha acertou próximo ao calcanhar de Ralf, o moreno caiu no chão gemendo de dor. Era hora de agir.

— Corram! Estamos sendo atacados. – Gritou Mike em desespero e seguindo e direção a algumas pedras.

A correria era inevitável. Tina caminhava comigo lado a lado, enquanto Zenaya e Ralf eram ajudados por Jihan e Nofre. Sarah e Kim faziam a cobertura traseira até Kim ser atingido com uma flecha e um dos braços. Corríamos em desespero, o coração acelerado e a adrenalina exalavam de nossos corpos. Quase próximo as rochas Sarah também foi atingida por uma chuva de pedras nas costas. Cory e eu voltamos para ajudá-los e seguimos em direção as pedras até todos estarem seguros – Ou quase seguros. – Aquele ataque surpresa, havia feridos muito de nós. Olhei por uma brecha entre as rochas e vi o corpo de Uriel estirado no chão. Mal havia o conhecido, mas aquela morte foi o ápice da crueldade.

— O que vamos fazer? - Gritou Cory.

— Precisamos pensar. – Retrucou Mike.

— Pensar? Pensar até todos estarem mortos. Não há tempo para pensar, precisamos agir.

Olhei novamente pela brecha, observava de um lado para o outro até ver uma pessoa agachada em cima de uma árvore com uma lança apontada para nós.

— Ele está em cima da árvore. Precisamos de todo cuidado possível, pois ele sabe onde nós estamos. Cory, você já tem experiências com lança. Tina, suas táticas de pesca também lhe trazem muita precisão. Mike, creio eu que também saiba usar uma lança. Com isso, não há como escapar é matar ou morrer. Precisamos contra-atacá-lo.

— Está louco, esse cara conseguiu ferir e matar até mesmo um de nós. Precisamos pensar. –Rebateu Mike.

— Tudo bem, enquanto você gasta seu tempo pensando, eu vou atacar. Tina, ele está na árvore ao nordeste de nós. Eu vou sair e distraí-los enquanto você vai atingir ele pelo outro lado da rocha. Nós temos que fazer isso dar certo. – Ela assentiu com a cabeça e pegou uma lança com a Sarah. – No três tudo bem?!...Então 1...2...3.

Na largada eu saí correndo em direção ao lançador, ele jogou uma lança que por pouco não me atingiu. Comecei a andar em zig e zag até está próximo o suficiente, pedras, lanças e flechas vinham em minha direção, quando eu estive próximo o suficiente...

— Agora! – Gritei.

Tina já estava posicionada do outro lado da pedra e jogou a lança. A lança sobrevoou o céu e os galhos cavando o ar com uma força e velocidade impressionante e acertando certeiro o lançador no peito, seu corpo declinou até está estirado no chão. Ele agonizou de dor no chão até estar morto. Fui me aproximando lentamente do corpo e ele era recoberto com uns panos negros. Peguei seu pulso e ele já havia morrido. Retirei os panos e o atirador era uma garota que nunca havia visto.

Quando olhei para trás, outro atirador com as mesmas vestes com se fosse um uniforme corria em minha direção com uma lança extremamente afiada. Tentei correr, mas ele já estava muito perto, quando ele iria cravar sua lança em meu corpo, uma lança sobrevoou o ar atingindo sua cabeça. O corpo caiu e vi ao longe Cory limpando as mãos. Ele havia me salvado mais uma vez.

— Corra! Existem mais deles nas árvores. – Berrou Cory.

Corri até Cory e juntos nós voltamos para trás das rochas.

— Eles são muitos e não sabemos bem onde eles estão. – Disse Tina enquanto voltava correndo.

— Eu sei dessa vez mais do que nunca precisamos arriscar nossas vidas, mas para isso... Ralf e Zenaya eu sei que vocês foram feridos, mas preciso de vocês, tudo bem? – Eles nem questionaram, simplesmente aceitaram a decisão. – Por um acaso, o grupo de vocês possui flechas?

— Sim, nós temos. – Afirmou Mike.

— Tudo bem, Zenaya e Ralf. Usem os as flechas para nos dar cobertura...

— Eu e Kim também vamos ajudar. – Declarou Sarah.

— Ótimo, então...

— Eu também. – Concluiu Mike mesmo desconfortável com a ideia.

— Perfeito temos um atirador para cada um corredor. Eu, Cory, Tina e Mike iremos correr, enquanto isso preciso que nos dêem cobertura, eles vão se mover para nos atacar e, assim, vocês irão saber onde eles estão, então vocês atirem tudo bem?! Não temos tempo. Vocês irão por ali e eu Cory vamos por aqui. Lembre-se que se não fizermos isso iremos todos morrer. Agora vamos!

Cory e eu corremos para a direção oeste enquanto Tina e Mike foram para a direção oposta. Corria em passos largos com os olhos ao alto, sem parar para tomar fôlego, Cory logo atrás vinha na mesma frequencia. Enquanto atravessávamos as árvores, escutávamos o barulho dos flashes das flechas e os corpos caindo dos galhos, o plano estava ocorrendo como o planejado.

Tudo estava indo perfeitamente bem, até Tina gritar do outro lado da floresta e cair no chão. Mike pegou-a pelos os ombros e os dois continuaram a correr. Segui em direção a eles e fui atacado por uma série de pedras, nenhuma delas me atingiu de maneira fatal, só tive apenas alguns arranhões.

Antes que eu pudesse alcançá-los uma flecha atingiu a barriga de Mike, E agora ambos cambaleavam lentamente. – Seria o fim para eles dois. – No entanto nosso grupo de atiradores se organizou e realizou nossa cobertura. Cory auxiliou Mike enquanto e eu ajudava Tina. Corríamos, então, de volta para as pedras.

— Está tudo bem com você? – Perguntei apressado e aflito.

— Continue andando Will e não se preocupe, atingiram a minha coxa esquerda, mas eu vou ficar bem.

Conseguimos chegar a tempo, porém não tínhamos mais como lutar. As forças se esvaiam e não possuíamos mais pessoas para correr.

— O que vamos fazer agora? – Mike retirava a flecha da barriga e tentava estancar o sangue.

— Vamos atacar daqui mesmo. Posicionem-se de maneira segura, não temos outra opção.

Todos estavam em consenso. Distribuímos as lanças e flechas e estávamos preparados para o combate. – Ou ao menos, tentávamos ficar prontos. - Fiquei com uma lança sobre uma rocha fria esperando alguma movimentação, mas o silêncio e vazio se instauraram de tal forma que parecia que as coisas já haviam se acalmado, porém o pressentimento de tensão ainda impregnava no ar.

Alguns minutos se passaram e nenhuma movimentação de quaisquer uns dos lados. Todos nós estávamos na retaguarda aguardando o primeiro ataque. A angustia e incerteza alimentavam ainda mais o fogo de um possível confronto fatal. Parece que naquele momento o sentimento da morte me alcançava. A situação de estar à beira do abismo com uma mão desconhecida em minhas costas prontas para me empurrar.

 Quando as coisas não pareciam piorar vejo um corpo ao longe se aproximando do meio do caminho. Tento focalizar e percebo Cory no meio da estrada desprotegido e, além disso, desarmado. Não compreendia tal insensatez, aquela atitude insana de se expor – Ele só pode estar pedindo para morrer. - Antes mesmo que eu pudesse pensar em alguma coisa o moreno gritava ao redor e tentava entender suas palavras.

— Ei vocês ai mesmo que estão se escondendo nessas árvores, deixem de ser covardes e apareçam. Afinal por que estão nos atacando e...

Antes mesmo que ele pudesse terminar de falar duas flechas atingiram suas pernas, e ele imediatamente caiu de joelhos no chão. Antes mesmo que ele pudesse sentir a dor, uma chuva de pequenas pedras o atingiu. Era seu fim, Cory estava à beira da morte. Levantei para correr até ele, mas antes que eu pudesse prosseguir um dos atiradores desceu de uma das árvores e se aproximou do corpo estirado de Cory. Ele retirou a mascara revelando seu rosto. Só podia ser ele, o cara do lago mais uma vez infernizando as nossas vidas – Mas como ele sobreviveu? . Seu rosto estava desastroso desde a última vez que nos encontramos e seu semblante muito pior.

— Acho que iria se livrar tão fácil assim de mim Cory. – Ele gritava alto e furioso. Seus pés posicionados sobre o peito de Cory a esmagando contra o chão. – Você irá sofrer tudo o que eu sofri seu desgraçado.

— Agora! – Berrou Cory.

Logo após o grito, Loren caiu de uma das árvores com uma lança e cravou a sobre os ombros do atirador. O rapaz do lago gritava de dor. Ele sacolejava de um jeito que Loren tombou de suas costas e ele desconcertado se esgueirou para uma árvore e sem dó retirou a lança.

— Matem essa desgraçada! – Três atiradores desceram das árvores e um deles com uma lança apontada para o peito de Loren.

Saí de trás das pedras em direção a eles, mas antes que eu pudesse alcançá-los. Uma flecha atingiu a cabeça de um dos lançadores, quando olhei para trás, Sarah havia atirado nele e me dava cobertura junto com os outros. Enquanto corria, eles acertavam o restante de atiradores nas árvores. Tudo aquilo dependia de um trabalho em equipe. Quando já estava perto o suficiente, joguei minha lança sobre o peito de outro que caiu cambaleando. O terceiro veio com uma lança sobre mim, recuei de seu primeiro ataque, no entanto juntos caímos no chão rolando e tentando sobreviver. Ele conseguiu se posicionar por cima de mim e, então, disputávamos a lança. – Esse seria o instrumento de vida ou morte. – Contudo cansado da disputa ele retirou uma faca de um de seus bolsos e quando iria cravar sobre mim, Loren surge com um pedregulho chocando contra a cabeça dele. Seu corpo tornara-se maleável e o garoto caiu sobre mim.

Parecia que as coisas estavam indo bem, entretanto antes que Loren pudesse me ajudar a retirar o corpo de cima de mim. O rapaz do lago pega Loren pelo pescoço e a atira sobre algumas pedras. Seu olhar flamejava de ódio e completa insanidade. Olhei para trás e nosso grupo parecia não ter mais lanças ou flechas. Estava sozinho.

 - Vem ruivo, agora somos só eu e você. – Antes mesmo que eu pudesse levantar levei um chute na lombar que me fez cambalear para trás e cair novamente.

— Vamos ruivo, reaja logo, antes que eu decida acabar com você de uma vez. – Agora ele comprimia seus pés sobre a minha cabeça, me fazendo sentir uma dor insuportável que latejava de tal forma que parecia explodir.

O cheiro da terra e as pequenas pedras do chão que arranhavam o rosto me faziam sentir parte do pó. Preparavam um defunto com a cabeça esmagada. A dor cada vez mais forte latejava em meu cérebro fazendo com que a visão ficasse cada vez mais turva, gradativamente entrava em um ciclo negro até que os meus olhos estivessem fechados dominados pela escuridão... Será que morri? A morte é mesmo desse jeito? Antes mesmo que eu pudesse vagar sob o meu subconsciente a visão foi se tornando nítida e a pressão sobre a cabeça diminuía. Uma luz forte entranhava pelos meus olhos, mas ainda não conseguira sentir partes do meu corpo. De repente fui tomado por uma estranha sensação de estar coberto por um metal frio, porém ela se tornou breve e o breu voltou a reinar, todavia se instaurou novamente uma luz, mas desta vez repleta de nitidez.

Acordei com uma imagem assombrosa, o homem do lago ainda estava acima de mim, porém com uma lança cravada sobre a sua garganta. Ele estava agonizando prestes a cair no chão. Seus olhos pareciam sair do lugar, sua face se tornou paralisada e de seu pescoço jorrava um marejar de sangue. Seu corpo tombou para trás como um tronco de uma árvore a ser cortada. Atrás dele lá estava novamente Cory – Ele havia sobrevivido. – O moreno tremia, seu semblante era tomado de desespero, o corpo estava todo ensanguentado e a respiração ofegante. Ele não aguentou por muito tempo, balbuciou um pouco de sangue e também caiu estirado no chão. Tentei levantar rapidamente, entretanto o mundo pareceu girar e então fui tomado de uma tontura e cai de joelhos antes que pudesse chegar até ele.

Olhei para trás, Nofre e Jihan corriam em nossa direção. Seus semblantes em pânico como crianças desesperadas e principalmente com medo.

— Will você está bem fale conosco, por favor? – Jihan pronunciava com tremenda rapidez.

— Acalmen-se, acabou. Eu estou bem, vocês dois vejam como está Cory e Loren e os levem daqui.

Os garotos correram até eles e tentavam acordá-los. Sem sucesso, eles carregavam-os até as outras pessoas do grupo. Esperei um pouco antes de levantar, respirei fundo. E pensei – Estou vivo. – Não conseguia pensar em como tudo aquilo aconteceu, mas simplesmente aconteceu.

Antes que eu pudesse levantar, do canto de uma das árvores havia mais um atirador. Esgueirei-me rapidamente no chão peguei uma flecha caída e apontei-a para ele.

— Por favor, não faça isso eu posso ajudar. – O atirador tirou o lenço que cobria seu rosto, revelando uma menina loira de pele alva olhos azuis e cabelos bem curto. Seu olhar clamava por misericórdia. – Por favor, me deixe ajudar – Insistia.

— Vá embora daqui, antes que eu te mate. Você é uma deles.

— Eu lhe imploro, eu fui forçada a tudo isso. Eu não sou como eles, vocês me salvaram. Deixe-me ajudar vocês, por favor. – Ela se ajoelhou no chão e entrelaçou as mãos. – Eu sei que vai ser difícil para vocês confiarem em mim, mas eu estou disposta a tentar. Eu vi o que fizeram hoje, são boas pessoas.

— Eu já disse vá logo embora.

— Por favor, eu não aguento mais. – Lágrimas escorriam dos seus olhos. – Muitos dos seus estão feridos, eu consigo ajudar se você puder me dar uma chance. – Ela me olhava carente recusando-se a aceitar um não.

— Me dê suas armas, mochila e todo equipamento que você estiver. Afinal, existe mais de vocês por ai?

— Ah claro, tudo bem, eu entendo. E não, vocês conseguiram dizimar todos eles. Não éramos muitos, cerca de quinze pessoas. – Ela retirou a mochila, a lança, às facas nos bolsos e todos os outros lenços que a encapavam. – Pronto está tudo aqui. Podemos ir.

— Espere. Zenaya! – Gritei o nome da asiática. Depois de alguns segundos encarando olhares com a loira, finalmente ela chegou. – Zenaya reviste-a.

Zenaya foi até ela, revistando todo o seu corpo.

— Ela está limpa.

—Tudo bem, primeiramente qual é o seu nome?

— Ah me desculpe por não ter me apresentado, eu sou Anne Klushert.

— Anne esta é Zenaya, ela é a única de nós que possui algum tipo de conhecimento médico. Você disse que poderia nos ajudar, então creio eu que você também o tenha.

— Sim eu posso e vou ajudar. Minha mãe era professora de primeiros socorros e eu desde pequena adorava brincar com as coisas delas, então, eu acho que dou conta do recado. Agora eu vou precisar da minha mochila.

— Não, é claro, mas Zenaya será sua auxiliar. E ela ficará com a mochila. Sendo assim, já podem começar. Comece pelo ferimento no rosto de Zenaya.

Ela apenas assentiu com a cabeça e juntas elas se reuniram aos outros. Fiquei ali parado por um momento e fui até o corpo morto do homem do lago. – Como alguém podia ser tão cruel quanto ele. Por que tanto ódio, raiva e dor. Não sabíamos ao menos o seu nome. – Creio eu que algumas pessoas simplesmente são ruins sem motivo.

Reuni-me ao grupo com a mensagem de que Loren havia acordado. Fui até ela e seu rosto parecia pálido, seus olhos mal abriam e sua voz saia em um gemido rouco.

— Você está bem? – Perguntou-a.

— Eu vou sobreviver. – Tentei descontraí-la. Ela deu um breve sorriso e aquilo já confortou meu coração. – Foi muito corajosa hoje sabia?

— Se ser corajosa é sentir essa dor toda que eu estou sentindo, eu não quero mais ser corajosa. – ironizou.

— Não, ser corajoso vai muito além disso, talvez se não fosse por você não estaríamos vivos agora.

— Eu fiz tudo errado, era para eu ter matado ele naquele momento e então nada disso iria acontecer a você... Mas eu tive medo Will.

— Todos nós temos medos Loren, mas você tentou isso é o que importa. - Trocamos um breve sorriso. – Agora vá, descanse, vou ver como estão os outros.

Fui até Zenaya. Ela e Anne estavam verificando o corte na barriga de Mike.

— Então, como vão os outros, “doutoras”?

— Ralf está bem, o corte foi de raspão e não atingiu uma área tão profunda, a questão é que há grande possibilidade de ele mancar depois da cicatrização porque o raspão atingiu a raspagem do osso. Enquanto isso, Sarah sofreu alguns hematomas nas costas pela chuva de pedras, mas vai ficar bem. Os Cortes de Tina e Kim também não chegaram alguma área crítica de atingir algum órgão ou coisa do tipo, eles já foram tratados e acho que vão ficar bem. Só tenho medo de algo infeccionar durante a cicatrização.

— E o Cory?

— Ele ainda não acordou, tentamos de tudo, mas está vivo por enquanto, mesmo com a frequencia cardíaca fraca.

— E você está bem?

— Estou o arranhão na minha testa parou de sangrar, então não se preocupe comigo eu vou ficar bem.

— Desculpe interromper. Todos já foram atendidos, só falta o garoto desacordado. Eu devo verificar como ele está? – Solicitou a loira.

— Vai lá, cuide bem dele.

— Tudo bem, eu irei fazer o que eu posso. – Ela parecia ir até ele quando retornou. – Ah, Zenaya. O Quadro do Mike é instável, pois a flecha atingiu um dos órgãos, não sei se ele vai conseguir sobreviver por muito tempo por causa de infecções.

— E você disse isso a ele? – Perguntou Zenaya.

— Não, eu prefiro que vocês amigos deles digam isso. Mas não sei por que eu tenho a impressão de que ele já sabe. –Anne se retirou e foi até Cory.

— Eu não quero ter a responsabilidade de dizer isso a ele, mal o conhecemos.

— Não se preocupe Zenaya, eu falo com ele. Reuni-me aos únicos garotos sadios, era hora deles ajudarem. – Jihan, Nofre e Frank peguem a caixa e tragam para cá. Sabem cozinhar? – Todos me olharam com um olhar assustados. – Bom, se não sabem vão aprender. Procurem alguns galhos e acendam a fogueira porque logo vai anoitecer e iremos acampar por aqui hoje. Precisamos mais do que nunca de vocês, somos um time.

Delegada as funções, reuni algumas folhas próximas do local e comecei a montar as esteiras no chão. Depois de alguns minutos fazendo isso Anne veio em minha direção com um olhar desamparado.

— O que foi? Aconteceu alguma coisa com o Cory? – Ela ficou em silêncio por algum tempo. – Hein, diga logo, aconteceu alguma coisa com ele?

— Não, ele está vivo, mas as chances dele morrer são enormes, porque os fluxos das batidas cardíacas só diminuem. E, além disso, descobri uma hemorragia leve que se não for tratada ele morrerá em poucas horas.

— Mas não dá para conter as hemorragias já que ela está em um estágio leve?

— Não temos recursos, além do mais ele está subconsciente e de vez enquanto senti dificuldades respiratórias e essas dificuldades fazem com que ele fique muito nervoso e apresente algumas convulsões e estas aumentam o sangramento.

— E não tem alguma forma de deixá-lo completamente inconsciente? Para que ele possa parar com as convulsões?

— Creio eu que não.

— Tudo bem, muito obrigado mesmo assim?

— Não quer tratar dos seus ferimentos?

— Não eu estou bem.

— Ele vai tratar sim. –Interrompeu Ralf. – Você não é um super-herói invencível. Anda, pode logo examinar ele.

Deite-me sobre as folhas enquanto ela examinava os meus ferimentos, limpando-os um por um. Nesse momento fechei os olhos e só queria por um tempo esquecer tudo. Depois de um longo tratamento, Jihan e os outros já haviam voltado e acendido a fogueira, Tina os instruíam na hora de preparar a refeição e do rosto de algumas pessoas conseguia-se avistar sorrisos, como se todas as lembranças de algumas horas fossem apagas. Levantei-me das folhas e fui até Mike que estava sentado em um tronco de árvore em frente à fogueira. O rapaz estava pensativo olhando as labaredas que demorou a notar minha presença.

— Eu vou morrer não é? – Sua pergunta foi direta e nem um pouco sutil.

—Então...

— Não me venha com histórias, eu quero sim ou não. Por isso eu vou te perguntar de novo, eu vou morrer não vou?

— Eu não posso dizer que sim, se é isso que você quer escutar. As probabilidades de vida e recuperação são pequenas, mas não posso dizer que elas não existam.

— Então, caso eu morra... Cuide do meu pessoal, por favor. Todos eles são boas pessoas depois de um tempo que vocês o conhecem e cada um deles tem uma singularidade que os fazem especial então, por favor, cuide deles por mim, promete? – Pela primeira vez e surpreendentemente vi uma lágrima escorrer de seu rosto.

— Eu prometo, mas não precise insistir porque isso não vai ser preciso. Agora coma, isso vai te fazer bem.

— Já que estou prestes a morrer, não faz sentido usufruir do alimento de vocês.

— Deixe de ser patético ou enfiarei essa comida por goela a baixo.

— Tudo bem, eu não falo mais nada... E o Cory está bem?

— Ele vai ficar.

Terminamos a noite nos alimentando novamente de um precioso banquete. E depois fui dormir olhando as estrelas até pegar no sono. Ao amanhecer, muitos de nós já conseguiam caminhar sem ajuda. Era hora de voltar para a cabana. Cory ainda estava desacordado, mas Ralf e eu carregávamos. Os sadios carregavam a caixa e os doentes simplesmente seguiam e assim partimos. A viagem até em casa seria longa, ainda mais pela velocidade em que estávamos andando, contudo o dia estava em uma temperatura amena e agradável para caminhar.

Percorremos um longo caminho sem intervalos até chegarmos finalmente em nosso paraíso, desembocamos na praia e lá estava a nossa cabana intacta nos aguardando. Queria me afundar em uma das redes e dormir por dias. Todo aquele cenário me deixara saudade, Alfalumia me parecia menos assustador. Andamos até a cabana e enfim estávamos em casa, antes de entrar tirei os calçados e queria sentir meus pés livres. Quando eu entrei na cozinha para conferir se havia água, me deparei com uma surpresa; ela havia voltado; estava sentada sobre um dos bancos da mesa; olhou-nos risonha.

— Olá amigos sentiram minha falta?

— Pietra?


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