Sagira escrita por Senjougaha


Capítulo 22
Capítulo 22 - Tique taque


Notas iniciais do capítulo

Yo!
Espero que gostem do capítulo, porque dei o meu melhor hehe
Aceito sugestões para o rumo da história, beijos!



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Tanatos está sendo duro.

Com todas nós.

Chloe e eu.

A semideusa passa o dia se forçando a dormir para ter alguma visão, mas até o momento, nada.

Suspiro pela milésima vez e Tanatos levanta o olhar de sua leitura.

— Algum problema? - ele pergunta.

Reviro os olhos.

— Não - murmuro - vou sair pra dar uma volta.

Tanatos se levanta, pronto para me seguir.

Olho para o corpo quase inerte de Chloe.

Ela tem olheiras profundas e murmura algumas palavras durante o sono.

— Fique com ela - eu digo - sei me cuidar.

Ele me encara com seus olhos dourados e intensos.

Sei que quer ir comigo, mas ao mesmo tempo quer estar presente quando Chloe tiver alguma visão, já que são perigosas.

Com um pouco de melancolia percebo que ele se preocupa com a semideusa, afinal ela é sua filha.

— Volte em meia hora ou irei atrás de você - ele alerta quando fecho a porta atrás de mim.

Caminho pelo corredor cheio de entradas com números e chamo o elevador.

Batuco na parede e cantarolo uma música antiga enquanto espero.

Por que Chloe tem que morar justo nesse andar?

Bufo e entro no cubículo, semicerrando os olhos e vendo a porta se fechar lentamente.

Penso em pegar a moto, mas descarto a ideia.

Quero espairecer.

Respirar o ar de um cômodo em que Tanatos não esteja.

Ele e sua arrogância.

Odeio o fato de não estarmos nos falando.

Odeio quando ele se afasta de mim desse jeito.

Odeio estar noiva, pois isso parece o zangar.

Odeio Cronos por ser o titã poderoso que agora será um problema e tanto para nós.

Caminho por alguns minutos amaldiçoando o pai dos Três Grandes e me deparo com uma praça.

Os pombos arrulham procurando migalhas no chão e isso não é incomum.

Então por que me sinto atraída pra esse lugar?

E por que está tão deserto?

Me sento num banco e observo as nuvens se moverem vagarosamente no céu azul clarinho.

Elas se movem devagar, devagar e cada vez mais devagar.

Até pararem completamente.

Franzo o cenho e noto que o vento parou.

Não é incomum, então volto meu olhar para as pombas arruaceiras.

Estão todas congeladas no tempo.

Tempo.

Me sobressalto e fico de pé.

Preciso voltar pro apartamento, para Tanatos.

Sinto que preciso de proteção agora.

Me sinto pequena e um grande poder opressor toma conta de mim.

Mantenho a cabeça erguida e o corpo ereto.

Um homem bronzeado, de cabelos castanhos e olhos dourados está diante de mim.

Só sua presença faz com que eu sinta vontade de me ajoelhar e admiro que esteja conseguindo ficar de pé.

— Sagira - ele vira a cabeça de lado e me analisa dos pés à cabeça - achei que tentaria fugir com mais vontade, estou um pouco desapontado.

Sabe quando você pensa que histórias são apenas histórias e que os caras poderosos na verdade são apenas frutos da imaginação exagerada de muitos?

Pois bem.

Eu pensava isso de Cronos.

Mas sentindo seu poder de parar o tempo (imagina os outros) eu posso dizer que as histórias o subestimaram.

Comer os filhos? Parece 100% possível para o cara diante de mim.

Só não imaginava que ele seria tão…

Sádico e extrovertido ao mesmo tempo?

Talvez eu esteja pensando demais em Eros e Hórus.

Dois deuses caducos com linguagem antiquada.

— Surpresa? - ele pergunta, sorrindo.

Seus dentes brancos fazem com que eu semicerre os olhos e dê um passo para trás.

— Ah, não tenha medo de mim - ele meneia a cabeça - tenho um serviço pra você.

— Que tipo de serviço? - pergunto automaticamente.

— Está lidando com isso melhor que eu esperava - ele alargou o sorriso - sabia que tinha de ser você.

— Do que diabos está falando? - pergunto, me irritando.

Tenho que voltar para Tanatos logo.

Não sei quanto tempo passou.

Nem sei se o tempo passou.

Ele logo virá atrás de mim, me sentindo em nossa ligação.

E eu realmente temo pelo que acontecerá se isso acontecer.

— Você tem mais poder do que imagina - ele acaricia meus cabelos e me pergunto quando foi que ele chegou tão perto.

Me afasto.

— Sabe de uma coisa? - ele estala os dedos, como se tivesse acabado de ter uma ideia - depois que tudo isso acabar, quero que seja minha.

Franzo o cenho.

— Eu já tenho um noivo, obrigada - resmungo, seca.

Ele ri.

— Seu noivo sequer será passado quando meus planos estiverem concluídos - Cronos diz - não é isso que você quer? Que aqueles que tentam te usar caiam aos seus pés como pó?

Uma parte de mim vibra.

A outra só quer sair correndo, pois o titã além de imensamente mais forte que eu, é louco.

Poderoso e louco não são duas combinações boas.

— Preciso que encontre meu corpo verdadeiro no Tártaro - ele diz, finalmente.

Sua expressão é séria.

Eu posso até acreditar que ele é um deus normal, com uma missão normal para mim.

Mas eu sei que não e isso me apavora por dentro.

O cara simplesmente acha que vou entrar nos confins do Hades e encontrar seus restos não-tão-mortais.

Quase sinto vontade de rir.

Quem ele pensa que eu sou?

— Não conseguiria entrar no Tártaro - respondo.

É verdade.

A única pessoa capaz de fazer isso é…

— Mas Tanatos consegue - ele sorri - e você sabe, bem no fundo, que o deus faria isso e muito mais pra salvar você.

— O qu…

Sou interrompida.

O tempo volta a correr rápido e imediatamente vejo asas negras sobre mim, bem à minha frente.

A mão forte e pálida de Tanatos é estendida para mim e tento pegá-la.

Sua expressão é de desespero e seus olhos oscilam entre o dourado e o prateado.

Sinto medo, pois a Morte não se assusta.

Nunca.

Minha cintura é agarrada e olho pra trás.

Não consigo mais me mexer, não consigo nem gritar ou dizer para Tanatos ir embora e jamais me seguir ou tentar me salvar.

Cronos me leva consigo e a ultima coisa que vejo é uma foice voando em nossa direção.


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