"Ela vai ser expulsa" dizia um homem ao seu lado. Todos os membros da Sabertooth a observavam, formando um círculo ao seu redor.

"Aquelabaka..."murmurou Rogue. Sting concordou.

"Por que ela apostou a vida?" pensou Rogue, observando-a. "Aquilo foi de fato muito imprudente, além de ela ter subestimado muito sua oponente. Mas ela não deveria ter que partir" pensou ele, encarando a garota.

- Tire tudo - berrou Gemma. Yukino corou, mas não pôde negar o pedido do mestre. Com o olhar baixo e carregando a dor do fracasso no olhar caído, lentamente foi se livrando de uma a uma de suas peças de roupa, até ficar totalmente nua na frente de todos.

"Bastardo" disse Rogue para si mesmo. Todos a olhavam dos pés à cabeça, e por algum motivo, Rogue se irritou ao ver aqueles olhares em cima de sua ex-companheira de guilda. Fechou os olhos em respeito à ela, mas se pudesse, a olharia ali por mais muito tempo.

- Cara, to com pena dela - disse Sting, ao seu lado, mas seu tom de voz não demonstrava pena, e sim deboche, e Rogue quis socar a cara do irmão nesse instante.

- Apague o símbolo da guilda - ordenou Gemma. Yukino, com lágrimas preenchendo os olhos, pôs a mão na parte esquerda de sua barriga, onde havia sido gravado o símbolo da Sabertooth. Alguns jogavam coisas nela, outros debochavam, e Rogue sentiu uma vontade imensa de correr até lá, abraçá-la e dizer que ela não estava sozinha, que estava tudo bem em perder uma luta, que ela era uma maga celestial excelente.

Mas ele não disse nada disso, apenas continuou observando-a.

"Covarde..." disse para si mesmo. Frosch estava chorando, e Rogue o segurou forte e o abraçou.

- Rogue-kun...Yukino-san vai embora pra sempre? - perguntou o neko ao seu protetor, e Rogue apenas balançou a cabeça positivamente.

- Mas Yukino énakama -choramingou - não pode deixar ela ir, Rogue-kun!!!

- Não há nada que eu possa fazer, Frosch - sussurrou ele de volta ao neko. Yukino, humilhada, andou de cabeça baixa até o seu dormitório, e em aproximadamente 10 minutos estava de volta, com uma roupa simples e uma mala.

- Obrigada por tudo,minna -disse ela, com sinceridade - desculpem a minha fraqueza. Vou embora agora mesmo - ao dizer isso, tornou a chorar, mas ninguém disse nem fez nada, apenas continuaram observando a garota caminhar até a saída.

- Desapareça da minha frente, lixo - disse Gemma, com brutalidade.

- Ei, Rogue - chamou Sting - não fica assim,nii-san, parece que a senhorita Minerva vai entrar no lugar da Yukino - disse feliz, mas Rogue não conseguiu nem se animar com a notícia. Andou até seu dormitório, e Frsosch o seguiu.

Deitou em sua cama e ao fechar os olhos, viu a imagem da garota em seus pensamentos. Lembrou de quando ela entrou na guilda, tinha cabelos grandes, que iam até a cintura. Logo ficou popular, e vários caras da guilda dariam tudo para sair com ela. Mas Yukino sempre fora tímida, reservada e misteriosa, como ele. Rogue não podia negar que já tinha reparado nela antes, mas que sensação era aquela em seu peito? Uma vontade absurda de estar com ela, consolá-la, cuidar dela. Em meio a esses pensamentos, acabou adormecendo.

No dia seguinte, antes de começar o torneio, Rogue foi dar uma volta a cidade, e havia uma pequena esperança de encontrar Yukino.

"Para onde ela terá ido" pensava ele. Então viu dois rostos conhecidos.

Um dragon slayer de cabelos cor-de-rosa e uma maga celestial loira andavam e riam juntos.

"São aqueles da Fairy Tail" pensou. Foi até eles e tentou agir de forma mais casual possível.

- Hey, vocês - chamou os dois - por acaso viram uma garota da minha guilda que lutou ontem, o nome dela é Yukino, ela é uma maga celestial, como você - apontou para Lucy. Eles se entreolharam e Lucy teve de segurar Natsu para que ele não batesse em Rogue.

- Como ousa falar nela? - gritou Natsu - ela foi expulsa só porque perdeu uma luta! Como vocês deixaram isso acontecer? Ninguém impediu, ninguém ficou do lado dela! Você não tem direito de procurar por ela, e quer saber, nós sabemos onde ele está, e não estou nem um pouco disposto a te dizer onde ela es...

- Pare - pediu uma voz, se aproximando dos três.

- Y-yukino - gaguejou Natsu - fuja logo, temos uma ameaça aqui - disse, encarando Rogue com uma cara de ódio que deixou Lucy com vontade de rir da situação. Yukino revirou os olhos.

- Deixe-o, ele não é uma ameça - disse calmamente - o que você quer, Rogue-san? - perguntou corada. Ele ainda estava em choque por causa da ira maluca de Natsu.

- Err...você poderia vir comigo, Yukino? - perguntou, e ela não pôde evitar uma expressão de surpresa. Ela concordou com a cabeça, e Rogue a pegou pelo braço e saiu andando com ela.

- Para onde ele vai levá-la, Natsu? Será que é seguro? - perguntou Lucy, e Natsu bufou.

- Tanto faz, mas acho que podemos confiar naqueles dois sozinhos - disse Natsu piscando para Lucy. A loira arregalou um pouco os olhos e corou.

- E-ei, Natsu, você acha que eles dois... - Natsu a interrompeu.

- Sim, eu acho. Acho que talvez eles...

- Se gostem - completou Lucy.

- Quem sabe - respondeu Natsu, dando um risinho, e Lucy riu também, e foram seguindo caminho.

Enquanto isso, na direção oposta, Rogue levou Yukino até uma praça, onde sentaram e Rogue abaixou a cabeça.

- Me desculpe - murmurou - me desculpe por ter sido fraco...eu deveria ter impedido, eu deveria ter...- Yukino tocou a mão do amigo e ele levantou a cabeça, corado.

- Não, Rogue-san, sou eu quem devo desculpas a todos vocês. Eu que fui a fraca, decepcionei todo mundo, nem sei o que dizer - disse, e ele bateu com força no apoio do banco.

- Droga, Yukino, pare de se lamentar! Assim você realmente assume uma postura de uma fracassada! Você não precisa deles, você é uma maga excelente, não precisa provar isso pra ninguém!! Confie em sim mesma, na sua capacidade, no seu talento - exclamou ele, deixando a garota com mais lágrimas nos olhos, e um sorriso tímido na face. Era aquele sorriso que ele queria.

- Eu admiro você, Yukino - disse sincero - você não merece continuar naquela guilda, mas porque ela não esta à sua altura. Você merece mais do que isso! Merece ser valorizada, e ter...amigos de verdade - ele parou de falar por um instante - será que eu tenho sido um bom amigo para você? É...acho que não - e então ele deu um sorriso triste, e a olhou nos olhos. "Que olhos lindos" pensou ele.

- Rogue-san, nada disso, vocês fizeram mais por mim do que eu merecia, e sou eternamente grata. E você veio até aqui, me dizer essas coisas, estou tão feliz... - e chorou - estou feliz em saber que alguém me admira, que não sou uma inútil, e Rogue-san, saiba que eu também o admiro muit...

E nesse momento, ele a beijou, impedindo que ela completasse sua frase. No começou ela não retribuiu, mas depois fechou os olhos e se entregou. Não resistiu e intensificou o beijo, entrelaçou suas mãos no pescoço dele e ele pôs uma mão no rosto dela, e fez carinho em suas bochechas coradas, e ela desejou que aquele momento durasse uma eternidade.

Quando finalmente conseguiram separar seus rostos e abrirem os olhos, olharam ao redor e viram nada mais nada menos que vários membros das guildas dos Jogos Mágicos ao redor, os observando boquiabertos. Até Sting estava lá, mas sua expressão de surpresa foi tomada por um sorriso compreensivo, e fez um sinal de positivo na mão para o irmão. Rogue corou, olhou para Yukino, e os dois sorriram. Beijaram-se de novo, e de novo, até que a multidão ao redor percebeu o quão inconvenientes estavam sendo, e saíram de perto.

- Rogue, seu lixo, inútil, saia já de perto dessa perdedora - gritou Gemma, que acabara de chegar ao local e vira aquela cena. Rogue não moveu um músculo.

- Você não me ouviu?! Os jogos começam em meia hora seu imbecil, vá se juntar aos outros - gritou com mais raiva ainda, mas tudo o que Rogue fez foi interromper o beijo e gritar de volta:

- Você não manda mais em mim - disse e sorriu - estou deixando a guilda, eu e Frosch. Obrigado por tudo, mestre - disse ironicamente, e voltou a beijar sua amada. O mestre, irado, não pôde dizer nada à respeito. Ele não podia impedir que um membro deixasse a guilda, e isso o fez parecer mais fraco ainda.

- Hunf...não ache que você fará grande falta, Rogue – mentiu ele, pois sabia que Rogue era um dos mais fortes da guilda – logo substituirei você por outro e problema resolvido.

- Faça como desejar – debochou Rogue, deixando Gemma ainda mais irritado. Dado por vencido, deu as costas e tomou o caminho de volta para sua guilda, enquanto Rogue encarava Yukino, e vice-versa.

- Rogue-san, não precisava ter feito isso...você não precisava ter deixado a guilda, você é importante lá... – disse Yukino, com uma mão no rosto dele.

- De que adianta ser forte se eu não era feliz? – retrucou ele – só com o tempo que percebi isso, mas se uma pessoa não consegue encontrar a felicidade, a vida não faz sentido para essa pessoa. E, Yukino, eu acho que encontrei a minha felicidade – e sorriu para ela.