Paris ainda parecia bastante assustadora, Hermione estava cansada daquilo e o Ministério Francês continuava prendendo-os lá, para que fizessem os relatórios. Harry e Kingsley tentavam explicar para o Ministro da França com certa dificuldade todo o ocorrido enquanto Rony escorava-se em Hermione mais afastada. O rapaz mancava levemente e Hermione ganhara uma cicatriz no ombro e uma na bochecha que fora apagada por feitiços cicatrizantes.

Harry veio em sua direção de repente e disse:

—Hermione, vá direto para a Mansão Malfoy, faltam três horas para seu casamento!

—Eu não vou sem vocês dois, são meus padrinhos! —Disse com firmeza.

Rony parou ao lado de Harry.

—Realmente achou que se livraria de nós? Vamos com você!

Acenaram para Kingsley e caminharam para fora e foi em frente à Torre Eiffel que aparataram.

A Mansão Malfoy estava com outra cara, as grades negras e sombrias tomaram um tom de cinza claro e o jardim da mansão variava entre o verde da grama e o branco da pouca neve ainda restante. A casa perdera o tom sóbrio e até parecia que o sol resolvera brilhar sobre a casa. Harry e Rony empurraram Hermione para dentro do jardim e o ruivo, com força, socou a porta.

—Estou indo! —Gina abrira a porta, já vestida para o casamento. —Mérlin!

Abraçou o irmão, segurando-o por alguns segundos. Em seguida voou para Harry, beijando-o com toda ferocidade que Hermione e o Rony viraram-se para o outro lado, constrangidos.

—Hermione que bom, chegou a tempo! —A ruiva começou a puxá-la para dentro da casa.

—Claro, Gina! Também estou feliz que nada tenha me acontecido! —Disse sarcástica.

A ruiva deu de ombros e gritou para os rapazes:

—Subam as escadas, terceira porta à esquerda!

Gina entrou rapidamente em um quarto, empurrando Hermione para dentro. A garota reclamou pelo ombro e jogou-se na cama ali presente, e só então notou o quanto sentiu falta de uma cama macia. Gina sorriu para amiga e sentou-se ao seu lado, não poderia estragar o vestido ou sequer o penteado. Entrelaçou os dedos com os de Hermione e apertou-os gentilmente.

—Eu estive tão preocupada! —Disse com um fio de voz. —Draco queria aparatar e ir até vocês, apenas Narcisa conseguiu controlá-lo!

—Quero falar com ele! —Hermione disse, sentando-se rapidamente. —Ele deve estar preocupado!

Gina levantou-se.

—Não pode, precisa descansar e se arrumar! —Disse empurrando Hermione de volta para a cama. —O banheiro é ao lado, tome um banho e relaxe. Vou buscar seu vestido!

Gina saiu, mas antes de realmente ir, falou por entre a porta:

—Não ouse sair!

Hermione riu e despiu-se, jogando as roupas empoeiradas, sujas e rasgadas no chão do quarto, a varinha, levou consigo para o banheiro onde deixou que a água quente lhe tirasse toda a sujeira do corpo. Ensaboou os cabelos castanhos e enxaguou-os diversas vezes. A cicatriz no ombro lhe ardeu a pele e gemeu diante da ardência. A toalha fofa e macia tocou sua pele com tanta delicadeza que se imaginou entrando no altar enrolada na toalha, o uniforme do Ministério era grosso e quente, ótimo para os dias de frio, mas no calor podia sentir sua pele assar. A garota capturou a varinha e parou em frente ao espelho, secou as madeixas longas e escuras instantaneamente e quando as viu perfeitamente secas, voltou-se para a cicatriz avermelhada transpassando seu ombro.

—Hermione...? —Gina abriu a porta e Hermione bem a tempo puxou o roupão felpudo para cobrir-se. —Deixe-me dar uma olhada nessa cicatriz!

Hermione deixou o tecido cair pelo ombro e Gina cobriu a boca com as mãos.

—Vai aparecer no vestido? —Hermione perguntou temerosa e sentiu os lábios de Gina tremer.

—Podemos tentar tapar com maquiagem! —Disse um pouco mais animada. —Venha, vou começar a te preparar!

E enquanto Gina falava, Hermione apenas conseguia pensar em Draco. O namorado devia estar tão preocupado, e ela estava ali, a poucos metros de distância sem poder vê-lo, morria de saudades a cada diz passado na França, morria de preocupação a cada ameaça recebida. Temia por Draco. E agora, estava tudo ótimo, se casaria dali poucas horas. Mal podia conter-se.

—Está nervosa? —Perguntou Gina, enquanto Hermione sentia fio a fio de seu cabelo ser puxado com força para cima e para baixo. Percebeu que alguns fiapos estavam soltos e alcançou para a ruiva. —Não, esses ficam assim!

—Ah, certo! —Suspirou. —Um pouco, mas estou bem!

Gina sorriu.

—Lembro-me do meu casamento, consegui escapar da Fleuma e fui ver como Harry estava... —Sorriu com a lembrança. —Bem, Fleur me xingou por horas por ter bagunçado o cabelo.

—Gina! —Hermione exclamou horrorizada, mas a imensa vontade de rir lhe deixou com a expressão mais tranquila.

—Ora Hermione, você também faz esse tipo de coisa. Não banque a inocente! —A ruiva disse. —O que acha?

Hermione se levantou e observou os cabelos pelo espelho, presos em um coque alto e solto, com alguns fios sobre o rosto delicado. Abriu um sorriso radiante nos lábios e virou-se para a amiga.

—Ficou perfeito! —Disse.

—Antes que pergunte, não, você não pode bagunçar o cabelo com Draco antes do casamento! —Hermione apenas riu da amiga. —Vamos à maquiagem!

Hermione fechou os olhos e começou a sentir as leves cócegas em seu rosto, produzidas pelos pincéis de variados tamanhos e formas. Gina não falava, parecia querer se concentrar o máximo possível na maquiagem e Hermione ficava feliz por isso, queria um tempinho de descanso.

—Hermione... Hermione! —Ao fundo a voz de Gina foi se aproximando. —Eu não acredito que estava dormindo!

Hermione abriu os olhos e picou diversas vezes um bocejo longo escapou por seus lábios.

—Você não dormiu, não é? —Hermione negou com a cabeça e deu de ombros.

—Eu estou bem. Já posso ver a maquiagem? —Perguntou como se não importasse o cochilo rápido.

A garota olhou-se no espelho novamente e ficou ainda mais maravilhada. Gina era, sem dúvida alguma, a melhor madrinha no mundo inteiro. A ruiva sabia que Hermione preferia pouca maquiagem e algo bem leve, e foi exatamente o que fez: nada forçado. Apenas um batom mais escuro nos lábios, puxado para o vermelho.

—Gina você é perfeita! —Disse sem rodeios. A ruiva consentiu ao elogio e mandou-a se sentar na cadeira novamente. —A cicatriz?

—Sim! —Disse analisando o corte. —Está bem vermelho e o vestido é transparente nessa região.

—O que achou do meu vestido? —Perguntou animada para a amiga que não participara da escolha.

—De muito bom gosto, combina perfeitamente com você! —Respondeu, sacando o pincel de uma bolsinha. Aplicou o corretivo sobre todo o ferimento e selou-o com uma fina camada de pó, apenas para não ter perigo de manchar o vestido. —Agora senhorita, fique aqui no quarto que eu vou ver como andam as coisas, trinta minutos antes eu volto e te ajudo a se vestir!

Gina saiu do quarto batendo a porta com força enquanto Hermione apreciava a imagem de si própria refletida no espelho, estava tão diferente, sentia-se diferente do quem sempre fora. Em cima da cômoda havia uma delicada flor branca, pegou-a nos dedos e gentilmente, prendeu-a ao lado do coque. O quarto enorme lhe trazia a sensação de vazio tão forte que sufocava-a.

Prendeu bem o roupão no corpo e saiu do quarto, caminhando pelos corredores como um fantasma qualquer, passando ao lado dos diversos vitrais vitorianos. Sem saber que na porta de madeira ao lado, Draco também fugia da solidão do quarto.