Insignificantemente, você escrita por Amanda


Capítulo 4
Capítulo três




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Movimentava-se com pouca precisão e desconforto pela loja, estava ficando com a visão embaçada de tantas propagandas que vira no pouco espaço do lugar. Uma em especial lhe chamou atenção, era comum, porém, o cabo negro reluzia imponência. Não havia muitas informações para melhor entendimento, gostaria de poder saber se aquele era o melhor modelo para uma bruxa de dezoito anos que tinha medo de altura. Suspirou e analisou-a melhor.

—Procurando um presente para o namorado? —Virou-se com preguiça de manter uma conversa com o ser que a olhava curioso por vê-la naquele lugar, até então, desconhecido pela mesma. A garota não sabia o que responder, pois se dissesse que sim, teria que explicar porque daria uma vassoura nova ao ruivo, que não jogava Quadribol fazia alguns meses. E se dissesse que não, teria que explicar toda a situação, mas sentiu-se segura em contar a triste e irônica historia da bruxa que tinha medo da altura, talvez depois de horas conseguisse escolher entre os modelos.

—Na verdade é para mim, eu quero aprender a montar! —Respondeu firme e o mais calma possível com a ideia de contar, até então, seu inimigo. Viu brotar no rosto pálido de pele lisa, um sorriso de lado, provavelmente carregado de ironia e possivelmente sarcasmo. Voltar a virar-se para a vassoura, e passar os olhos pelas poucas informações que havia no cartaz ao lado, bufou decepcionada.

—Vassouras não são como poções e feitiços, não vai encontrar informações ou instruções. —Falou agora lançando o carregado sarcasmo escondido no sorriso. Aproximou-se sem pudor, quase colando seus corpos, o braço passou ao lado e Hermione congelada pela proximidade repentina. Tocou a vassoura e olhou para o anuncio. Revirou os olhos e procurou por outras vassouras, um sorriso convencido tomou seu rosto com intensidade. Hermione sentiu-se sendo puxada pelo braço e o contato lhe deixou nervosa o suficiente para quase esquecer-se de como caminhava. —Esse modelo é melhor, já que eu tenho certeza de que não sabe ao menos como guiar a vassoura.

Hermione olhou para a vassoura que Draco prontamente lhe mostrara como um especialista. O modelo tinha uma estética simples, porém, bonita. Era como a outra, igualmente preta, duas — finas — listras douradas brilhavam em torno do cabo, dando um contraste delicado e feminino. A palha era sedosa como crina de unicórnio, e a fita que lhe prendia, de um preto nebuloso e atormentador. Tocou o cetim negro, era delicado e por um breve momento se viu voando em um dia de calor com um belo pôr do sol ao fundo. A cena lhe encantara, e tinha certeza, aquela era a sua vassoura. Ao seu lado, Draco estava encantado com o olhar penetrante da morena. Quando a encontrou naquela loja, sentiu-se nervoso e estava prestes a sair, mas a cena de uma Hermione perdida entre tantos artigos de Quadribol era cativante. Sacudiu a cabeça ao ver que a garota já estava com a vassoura embrulhada em baixo do braço.

—Obrigada pela ajuda. —Hermione sorriu gentilmente, pois sabia que se dependesse de si, ainda nem teria chegado a um conceito. O rosto de Draco transmitia algo que não pode distinguir, era como se tentasse falar algo decorado há séculos, mas no momento, não conseguia cuspir as palavras. Surpreendeu-se ao ser convidada para tomar uma cerveja amanteigada no caldeirão furado, recusou, dizendo que não queria contar à ninguém sobre a vassoura e ainda precisava achar um meio de esconde-la no quarto de Gina. Percebeu um misto de decepção e arrependimento no rosto do loiro, sentiu-se mal por breves segundos. —Desculpe Malfoy. Deixamos para outro dia, sinto muito.

Draco assentiu, e ficou observando-a sair da loja e seguir o fluxo dos pedestres. "Malfoy", aquele nome lhe soava tão impotente agora, não significava metade do que um dia foi. Odiava aquele maldito sobrenome, odiava ela tê-lo chamado daquela forma. Sentiu falta de seu nome, saindo dos lábios rosados, com carinho e ternura na voz. Desistiu dos pensamentos, e continuou a olhar os artigos fascinantes a seus olhos.

Hermione, algumas quadras depois, entrou em um beco escorando-se na parede de tijolos. Levantou o rosto, observando o céu nublado, puxou o cachecol listrado da Grifinória, tapando os lábios. Aparatou na Toca. Não se preocupou em esconder o embrulho grande e chamativo, não havia ninguém. Molly passava a maior parte do tempo no jardim, cuidando-o com carinho. Os garotos estavam no Ministério e Gina disse que sairia com alguma amiga. George, trancado no quarto, não se daria ao trabalho de investigar a movimentação no corredor.

Sua cama estava arrumada, o lençol esticado, travesseiro afofado e cobertores aos pés da cama. Colocou o embrulho sobre a cama e tirou o malão de baixo da cama. A bolsinha com feitiço de expansão não detectável estava lá, guardou a vassoura em seu interior e voltou a guardar a bolsinha no malão de couro com suas iniciais.

Os dias que seguiram passaram com tal velocidade, que nem mesmo diminuindo as horas de sono, ajudaria-os a aproveitar os últimos dias o feriado. E em um piscar de olhos, lá estavam eles novamente, o trio acompanhado de Gina, na estação, aguardando o apito soar, para uma despedida carinhosa. E assim se fez.

—Você vai ficar bem? —Hermione perguntou ao namorado distraído com a multidão, sentiu-o distante durante os últimos dias, Gina se espreitava com Harry para qualquer outro lugar, deixando-a sozinha com os livros. E pela primeira vez durante o relacionamento de ambos, sentiu-se insegura.

—Vou, mas eu preciso te contar uma coisa. —Hermione imediatamente desenrolou os braços do pescoço do garoto, hesitando alguns curtos passos para poder encara-lo melhor, ter uma visão mais nítida de todas as expressões. —Vou com Harry em uma missão no interior de Londres, vamos ficar alguns dias por lá. Talvez eu não consiga responder algumas das suas cartas. Não sei quando vamos, mas, bem, só queria te avisar. Sei que fica preocupada cada vez que saímos em alguma missão.

—Fez todo aquele suspense, dramatizou a situação inteira e me fez pensar em milhares de coisas apenas para dizer que vai viajar com Harry? —Riu-se, o garoto havia inundado o momento com sentimentalismo, igualando o momento à uma despedida e no final, contou que viajaria em uma missão com seu melhor amigo. Apenas fechou o sorriso quando o namorado fez um bico de desentendimento. —Apenas seja mais direto na próxima vez!

Beijou o bico do namorado e entrou no trem, repetindo o ato da viagem anterior, jogou-se no canto de uma cabine e abaixou as cortinas, com o intuito de não ser incomodada. Queria ler, relaxar e esquecer-se da briga ainda muito nítida em sua cabeça. Rony estava furioso, a porta do quarto fora fechada e Hermione usou um feitiço para que as vozes elevadas não preocupassem ninguém na casa. O ruivo havia recebido uma carta enviada para Hermione, o remetente, Vítor Krum. Obviamente o garoto explodiu em ciúmes, na carta não havia se quer palavras comprometedoras, o búlgaro queria apenas reencontrá-la depois de tanto tempo. Mas a discussão seguiu pelos princípios de Hermione, revoltada pela desconfiança e pelo intolerável comportamento do namorado. Onde já se vira, abrir a carta endereçada à outra pessoa. A garota até tentou tolerar outros atos não pensados do namorado, mas aquele fora a gota d’água. E por mais que elevasse a voz, Ronald parecia não entender a seriedade da situação. Durante dois dias antes do ano novo, mal se olhavam ou trocavam palavras. Durante a discussão, lembrou-se das diversas vezes que discutira com Draco, e de como a arrogância, ironia e sarcasmo sempre estavam presentes. Sacudiu a cabeça remotamente, evitando lembranças ruins.

O trem parou com um solavanco, insinuando a chegada à Hogwarts. Ordenadamente, cada aluno seguiu para sua mesa no Salão principal, recebendo boas vindas da diretora alegre. Os N.I.E.M.s já tinham data marcada e daquele dia em diante, seria apenas estudos para todos os alunos do sétimo ano.


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