Waisenkind escrita por HarpiahAvalon


Capítulo 4
Capítulo 4 - Nova hóspede


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura. Capítulo mesmo triste...



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Os três gelaram da cabeça aos pés. O choque foi imenso ao ver oficias da Gestapo parados frente à porta dos fundos de sua casa.
Sharon, Elisheva e Caleb ficaram perplexos, mas trataram de dar meia volta e correr o quanto as pernas podiam. Correr para onde? A casa só tinha mais duas saídas: a porta da frente (do qual nem adiantaria tentar, já que devia estar muito bem guardada com vários oficiais) ou a janela do quarto de Sharon, por ser baixa e fácil de pular. A melhor opção seria a segunda, uma vez que tinha a possibilidade de ter sido esquecida pela polícia do Hitler.
     A família Brady correu até a janela que estava num quarto escuro, numa tentativa desesperada de fugir, mas para a surpresa de todos, ela estava trancada pelo lado de fora. No quarto só se via as paredes encardidas e mofadas, com uma escassa decoração. Em cima da cama, estava o diário que ganhara. Por um segundo ela tinha se esquecido do presente, mas rapidamente o enfiou na bolsa que carregava, com medo de perder a prenda que gentilmente lhe fora presenteada.
Olharam para trás a fim de ver a Gestapo estava dentro de casa, mas não tinha nenhum desconhecido em lugar algum dentro do recinto. Sharon então perguntou, quebrando o silêncio aterrorizante no qual a casa estava fadada pelo menos até os próximos segundos:
     - Porque eles estão nos trancando dentro de nossa própria casa?
     Elisheva apurou os sentidos e logo notou algo de estranho:
     - Isso é cheiro de fumaça?
Caleb entrou em desespero. Tentou inutilmente forçar a janela, porque se a sua teoria estivesse correta, todos morreriam:
     - Estão ateando fogo. Forcem as portas! Tentem sair, ou morreremos queimados!
A casa começou a pegar fogo pelo lado de fora. As duas mulheres da casa ficaram atônitas:
     - Mein Gott! – ‘Sheva estava quase se descabelando de desespero quando algo começou a bater com muita força na janela.

*-*-*-*-*-*

Era como se alguém estivesse tentando arrombá-la com um instrumento. Mas QUEM era e para QUE?
     
     - Saiam da frente – disse uma voz grossa, mas que era conhecida e reconfortante.
     - Gordon! – disse meu pai num tom festivo - Graças a Deus!
     O alemão batia na janela com uma pá, tentando abrí-la. Eu não sabia como ele tinha chegado lá, para nos socorrer bem na hora! O Gordon seria saudado por mim como herói, e eu nunca iria esquecê-lo por isto. Vê-lo tentar nos tirar de lá foi a coisa mais linda que eu já tinha o visto fazer:
     - Saiam da frente! – reforçou o pedido, enquanto nós nos afastávamos ao máximo da janela sorrindo.
Ele conseguiu abrir e nos tirar de lá. Olhando ao derredor, pude notar que a minha casa não fora a única que tinha sido queimada. Vários outros lugares tinham sido devastados. Pessoas gritavam e choravam pelos seus entes queridos que tinham sido mortos. Era como se eu estivesse presa num cenário de terror.
Vários policiais agrediam os alemães que tentavam salvar seus amigos judeus, e com o Gordon não seria diferente. O pai de família levava socos e pontapés, enquanto gritava para nós fugirmos.
     Eu não queria esperar um minuto para sumir dali. Parecia um grande pesadelo. Eu corria o máximo que podia. Meus pais estavam um pouco atrás de mim, mas sempre me incentivavam a correr mais. Mein mutter dizia que preferia estar morta, a me ver morrer. Então eu viveria para não dar esse gosto à minha mãe.
     Estava muito escuro. Por isso eu não vi quando me acertaram com um objeto duro e que me fez apagar na hora.


*-*-*-*-*-*
     
     Simone aprontava o café da manhã com todo o capricho. Ela fazia pãezinhos deliciosos, crocantes por fora e macios por dentro. Tudo para sua nova hóspede. Sharon.
     
A pequena dormia profundamente no quarto dos gêmeos, e nem tinha notado que não estava mais em um lugar conhecido. Enquanto Simone espremia a laranja pra tirar o suco, a menina rolava na cama improvisada, enquanto tinha outro pesadelo. Dessa vez, era dia.

"A polícia mais uma vez estava pelas redondezas. Muitos alemães que tinham ajudado seus amigos judeus estavam sendo presos acusados de trair a pátria. Um desses policiais reconheceu Gordon quando ele foi tentar ajudar tirando-nos de casa"

- Ela está passando bem? - perguntou Bill para seu gêmeo, já que viam Sharon suar e se contorcer toda.
- Não sei. Eu nunca tinha visto uma coisa dessas. - respondeu o irmão abismado.

"Um deles viu Gordon na rua e o reconheceu quando ele tentava nos salvar. Ele seria levado para a prisão. Por nossa culpa."

- Chama a mamãe. Ela não parece nada bem. - falou o louro mais velho.
- Mãe!

"Mas Gordon não tinha medo da morte. E desafiou o oficial:
- Porque eu serei preso? Por carregar no coração o sentimento feliz de ajudar as pessoas?
- Porque ajudando essa gentinha você se iguala ao lixo que elas são.
- Mas isso prova que eu tenho mais caráter que você.
Os policiais se entreolharam. E um deles não hesitou, e atirou bem na cabeça do Gordon em pleno local público"


Sharon acordou na hora. Bill e Tom estavam perplexos. Ela não parecia bem.

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Notas finais do capítulo

Me perdoem pelo capítulo pequeno T-T