Esquecer me lembra você escrita por Raquel


Capítulo 17
Fortes emoções


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Viram eu voltei de vez mesmo.
Esse capítulo como o próprio nome já diz vai ser bem intenso. Mas por favor fiquem calmas porque ainda tem vários capítulos pela frente.
Espero que vocês gostem.



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Acordo e não faço ideia de onde estou, a luz incomoda meus olhos e minha cabeça dói como se tivesse batido forte em algum lugar. Levanto devagar me espreguiçando, vejo minhas roupas no chão ao lado da cama e percebo que só visto a blusinha curta branca e a saia.

As cortinas voam com o vento forte e me atraem até a janela, dela vejo a rua que já conheço, mas de um ângulo novo. Olhando para o outro lado vejo minha casa, o que me deixa ainda mais assustada. Tento forçar minha memória com a intenção de descobrir onde estou, no entanto a única coisa que consigo lembrar é de CK dançando.

O pânico começa tomar conta de mim com perguntas doidas como “O que eu fiz noite passada?” ou “Minha irmã deve estar doida sem saber onde estou” e também “Essa coisa de ficar esquecendo tudo já está ficando chato”.

Ouço um barulho vindo da porta e tremo de medo “Com certeza é um assassino”, penso. Mas quando vejo CK abrindo aporta me acalmo.

–Bom dia. –Ele diz calmo.

–Onde eu estou? Por que minha cabeça dói tanto? Por que eu não me lembro de nada que aconteceu ontem? E porque estou pensando coisas sem sentido?

–Calma mocinha. Você está na minha casa e bebeu um pouco demais ontem, mas acho que você já é um pouco doida naturalmente. –Ele responde se aproximando.

–Tome isso que logo você melhora. –Ele diz me entregando um copo com água e um comprimido. Tomo sem argumentar e devolvo a ele o copo agora vazio.

Deito na cama no mesmo lado que acordei e CK se joga no outro lado.

–Esse é o seu quarto?

–Sim. –ele responde seco.

–Se eu dormi na sua cama onde você dormiu?

–Bem aqui.

–Foi você que tirou minhas roupas?

–Sim, quando chegamos você já estava meio desacordada então resolvi tirar aquele negocio apertado de você, parecia que estava incomodando.

–Realmente estava, obrigada.

Um silêncio estanho se forma no quarto me deixando incomodada.

–Eu não quero fazer o tipo “namorada ciumenta”, até porque nós não temos nada, mas você poderia me emprestar uma blusa sua? Eu realmente preciso de um banho.

–Claro. –Ele responde sorrindo e se levanta indo em direção a um armário. Vejo-o pegar uma blusa preta dobrada da gaveta e voltar para a cama. –Aqui está.

–Obrigada. –Digo pegando a blusa.

–O banheiro fica bem ali. –CK aponta para a porta perto da janela. –Você pode usar uma das toalhas bancas dobradas da estante. Eu vou esperar deitado aqui.

Caminho até o banheiro, fecho a porta e começo a me despir. Entro na ducha fria e me esfrego com força, não quero chegar a casa fedendo a álcool. Seco-me e visto a blusa de CK que mais parece um vestido em mim.

–Até que você ficou bem com essa blusa do Metalica. –CK fala rindo quando volto ao quarto. –Vamos, minha mãe fez panquecas.

Acompanho CK pela casa e antes mesmo de chagarmos até a cozinha posso sentir o cheiro bom impregnando o lugar.

–Dellyne! –A mãe de CK me recebe com um abraço apertado assim que entramos na cozinha. -Venha vamos comer eu fiz panquecas.

Ela me puxa para a mesa no entro da cozinha, sento-me de frente para CK e sua mãe ao meu lado. Ela pega um prato e me entrega.

–Obrigado senhora .... Desculpa, mas não faço a mínima ideia de qual seja o sobrenome da família.

– Condie. –Ela responde enquanto põe um grande prato cheio de panquecas no centro da mesa. –Mas me chame de Liz.

–Tudo bem, Liz.

–Pedem se servir, aqui está a calda e algumas frutas.

Ao mesmo tempo em que pego algumas panquecas observo CK por amora nas dele e uma boa quantidade de calda em cima, acabo o copiando e fazendo o mesmo.

–Você está cada dia mais linda Dellyne, o cabelo curto combinou muito bem com você. –Liz diz sorridente.

–Obrigada, minha irmã disse que você era amiga na nossa mãe.

–É verdade, nós nos conhecemos no colegial. –Ela dizia com um ar nostálgico. –Ela foi minha madrinha de casamento e eu fui a dela. Lembro-me como se fosse ontem, eu entrando na igreja super nervosa e vendo sua mãe gravida de nove meses lá na frente. Tentei convence-la a não ir porque ela pedia dar luz a qualquer momento, mas ela, teimosa como era, foi assim mesmo. Conclusão, Melanie entrou em trabalho de parto no meio da festa. Foi uma loucura.

Liz sorria, mas logo seus olhos ficaram marejados pela saudade da amiga.

–Ela era maravilhosa. –Liz disse secando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. –Mas hoje não é dia de ficar triste. Eu estou muito feliz em te ver aqui.

Logo um sorriso nasceu em seu rosto novamente.

Liz era o completo oposto de seu filho. Tanto na aparência quanto na personalidade. Diferente de CK Liz possuía cabelos loiros e lisos cortados curtos, seus olhos castanhos claros emanavam alegria e seu sorriso constante mostrava o quão forte ela se mostrava mesmo em momentos difíceis. Magra e esbelta com seu rosto doce e sua voz mansa Liz parecia ser a melhor mãe do mundo.

–Estava uma delicia. –Digo assim que termino de comer.

–Obrigada Dellyne, você é um amor. –Liz respondeu pegando os pratos.

–Eu te ajudo com as louças. –Ofereço.

–Não precisa, são só alguns pratos.

CK se levanta em silêncio e resolvo segui-lo. Ele não havia dito nada o café da manhã inteiro.

–Antony seja gentil. –Liz gritou da cozinha. CK apenas continuou andando até seu quarto.

–Então seu nome de verdade é Antony? –Pergunto sorrindo.

–Não começa. –Ele me corta sentando-se no chão de frente para a TV.

–Por que todo mundo te chama de CK quando o seu nome não tem nada a ver com isso?

–Eu não sei. Um dia alguém começou e me chamar assim e de repente ninguém além da minha mãe sabia o meu nome de verdade.

–Estranho isso.

–Um pouco.

Sentei-me ao seu lado no chão. CK ligou a TV e começou a jogar um jogo enquanto eu observava em silêncio.

–Você quer jogar? –Ele perguntou me oferecendo um controle.

–Sim.

Eu provei ser a pessoa viva que jogar pior em todo o mundo. Atrapalhei-me toda hora com os comandos, mesmo que CK tentasse me ensinar três mil vezes o que cada botão fazia.

–Você fica atrás de mim e só atire no que eu falar pra você atirar. –Diz ele irritado.

–Mas esses Zombies estão vindo me matar. O que eu faço? –Pergunto desesperada.

–Calma que eu já estou indo ai.

–Tudo bem. AHHHHH eles estão muito perto. –Grito assustada atirando para todos os lados.

–Para de atirar Delly. Você me matou de novo.

–Desculpa. Eu sou péssima nesse jogo. Tenho muito medo dessas coisas.

–Até que é engraçado ver você toda desesperada assim. –Ele diz sorrindo.

–Eu desisto. –Digo levantando enquanto ele começa outra partida do jogo, mas dessa vez sem minha “ajuda” para atrapalha-lo.

Observo o quarto com mais atenção e me aproximo da escrivaninha perto da porta. Em cima dela está uma completa bagunça de papéis, lápis e mais papéis. Pego alguns dos papéis na mão e vejo que são vários desenhos. Na primeira folha está o lobo feroz que vi CK desenhar na lanchonete.

–Você é realmente muito bom. –Digo.

–O que? –Ele pergunta sem desvias os olhos da TV.

–Seus desenhos, são lindos. –Passo para o próximo desenho, é um super herói.

–Não, não, não. –CK levanta correndo em minha direção. –Isso é pessoal, me de aqui esses desenhos agora.

–Por quê? Eles são tão lindos. –Passo para o próximo desenho e me surpreendo quando me vejo ali, recriada com grafite em traços incrivelmente precisos. –Sou eu.

–Me de isso aqui. –CK tenta pegar os papéis das minhas mãos.

–Está perfeito, você colocou cada mínimo detalhe. –Digo sorrindo impressionada.

–Você não está brava? –Ele questiona intrigado.

–Porque estaria? É um desenho maravilhoso. –Passo para o próximo e lá estou eu outra vez, assim como no próximo e em todos os desenhos seguintes. –Sou eu em todos.

–Delly ...

–Por que você me desenha tanto? –Pergunto curiosa olhando em seus olhos.

–Eu .... Eu... –Ele gagueja nervoso.

–Tony....

Ele se aproxima bruscamente, me empresando contra a escrivaninha. Nos seus olhos vejo um fogo que desconheço. Suas mãos fortes agarram minha cintura apertando-a delicadamente.

–Não me chame assim ou eu não vou conseguir me controlar. –Ele diz pausadamente se aproximando ainda mais de mim, deixando nossos corpos colados. Tão colados que agora podia sentir seu cheiro, alecrim, era esse o cheiro que sentia.

Uma de suas mãos agora segurava meu rosto, ele acariciava minha bochecha com o polegar em movimentos circulares e lentos, como se quisesse apreciar cada momento.

Minha respiração começava falhar e me meu coração bater mais forte a cada segundo. Meu estomago revirava cada vez mais, porém dessa vez não era porque eu ia vomitar, eu sentia algo diferente.

Seus olhos não desviavam dos meus nem por um segundo o que me fazia tremer. Eu o queria, desejava que me beijasse, que me possuísse. Eu precisava senti seus lábios.

–Tony... –Sussurrei devagar deliciando seu nome.

O fogo de seus olhos queimou ainda mais e eu sentia que os meus também queimavam. Ele se aproximou ainda mais então fechei meus olhos esperando finalmente acabar com aquela tortura. Pude sentir sua respiração no meu rosto e então seus lábios nos meus.

Meu coração explodia no peito e sua mão apertava mais minha cintura. Devagar abri minha boca entregando-me completamente a ele. Logo senti sua língua rocar na minha e o beijo lento se transformar em algo ardente. Ele desceu suas mãos até minhas coxas me fazendo sentar na mesa. O beijo agora sedento se aprofundava cada vez mais me fazendo soltar as folhas que ainda segurava e me agarrar a ele, emaranhando minhas mãos em seus cachos grossos.

Suas mãos voltaram a minha cintura enquanto ele descia os beijos para o meu pescoço me fazendo tremer de desejo. Mal conseguia respirar quando ele se afastou para me olhar nos olhos encostando sua testa na minha. Rapidamente ele tirou sua blusa e a jogou em algum canto do quanto para voltar a me beijar desesperadamente. Cruzei minhas pernas nele desejando que pudéssemos ficar ainda mais próximos.

Mais uma vez ele beijava meu pescoço o que me fez aranhar suas costas nuas. Desejava possui-lo ali como se não existisse mais ninguém no mundo e naquele momento realmente não existia. Tudo que importava era nós dois e nosso desejo ardente.

De repente ouvimos um barulho na porta ao nosso lado, Tony parou de me beijar e eu abri os olhos. Lá estava sua mãe nos encarando de boca aberta.

–Desculpa atrapalhar eu já estou indo. –Disse ela fechando a porta em seguida.

Nós encaramos por alguns segundos e então o soltei mesmo que ainda quisesse mais de tudo aquilo.

–Eu ... Eu ... eu –Digo sem acreditar no que tínhamos acabado de fazer.

Tony se afastou e eu desci da mesa.

–Me desculpa, eu não devia ter feito isso. -Ele diz encarando o chão.

–Tudo bem. –É o que consigo dizer.

Seus cabelos desgrenhados são a prova de que tudo foi real. Ele se abaixa para pegar sua blusa, mas antes que consiga vesti-la vejo uma grande tatuagem que cobre o lado direito de seu corpo. Não consigo distinguir o desenho o que me deixa ainda mais curiosa.

–É melhor eu ir embora. –Digo pegando minhas coisas apressada. –Minha irmã deve está preocupada.

Saio em passos largos ainda sem conseguir respirar direito.

–Já vai? –pergunta Liz assim que passo por ela na sala.

–Tenho que ir. –Percebo que ela veste uma farda de policial e um distintivo de xerife. Então é por isso que o CK sempre se safa de tudo.

–Desculpa atrapalhar vocês lá, eu não sabia que...

–Tudo bem. –A interrompo abrindo aporta da frente. –Tchau.

– Tchau. –Ouço ela se despedir atrás da porta.

Corro para casa envergonhada, ainda descalça e com a blusa emprestada enquanto carrego minhas roupas na mão.

Abro a porta esperando ver Laura jogada no sofá como em qualquer outro domingo, mas ela não está na sala. Chamo e ela não responde, resolvo subir e procura-la. Deixo minhas coisas no meu quarto e vou até o dela. Encontro Laura deitada na cama toda encolhida.

–Laura, você está bem? –pergunto.

–Não. –Ela responde com a voz fraca e tremula.

–O que você tem? –Sento-me ao seu lado na cama preocupada.

–Eu passei a manhã inteira vomitando. Nada para no meu estomago. –Ela diz levantando a cabeça em minha direção, seu rosto está pálido e cansado.

–Você comeu algo diferente?

–Só uma pizza requentada que estava na geladeira.

–Aquela pizza só tem dois dias, não devia estar estragada.

–Então deve ser uma virose. –Diz Laura já se levantando com as mãos na boca e correndo para o banheiro.

Ela volta alguns minutos depois se deitando sobre meu colo.

–Como foi a festa ontem? –Ela pergunta com um sorriso fraco.

–Boa.

–Só isso? –Laura parece curiosa.

–Sim, só isso.

–E a Bea?

–O que tem a Bea? –Estranho.

–Você dormiu na casa dela não é mesmo?

–Ah, sim sim dormi. Foi legal, conversamos bastante. –Tento enrola-la.

–Aham, sei. Para com isso Delly, conta a verdade.

–Mas essa é a verdade.

–Delly, eu não sou sua mãe. Você não precisa mentir para mim. –Ela levanta para me olhar nos olhos. –Eu já tive a sua idade, e não foi a tanto tempo assim. Eu sei que você dormiu na casa do CK, e que bebeu, com certeza.

–Mas eu não ... –Desisto de mentir para ela. –Está bem, você está certa. Eu dormi na casa do CK.

–E como foi? Vocês .... –Ela se anima pulando na cama.

–Não, não, não. Nos realmente só dormimos.

–E essa blusa dele que você está vestindo?

–A minha roupa estava incomodando.

–E esse chupão no seu pescoço?

–Chupão? –Maldito seja esse garoto. –Okay Laura, nós nos beijamos.

–Só si beijaram, sei. –Ela diz com uma expressão de dúvida.

–Sim. Eu fui parar em cima de uma mesa, mas foi só isso.

–Quero os detalhes. –Ela diz sorrindo.

–Agora não, você precisa comer alguma coisa. –Tento mudar de assunto.

–Mas... eu não consigo. –Diz ela triste.

–Vem, vamos procurar algo que você consiga comer.

De mãos dadas levo-a até a cozinha, mas no estante em que chegamos a campainha toca.

Em passos longos corro até a porta e abro-a dando de cara com David do outro lado.

–Oi Delly. –Ele diz sério. –Eu quero falar com sua irmã.

–Com a minha irmã? –Estranho, mas dou passagem para que ele entre e levo-o até a cozinha.

–David? –Laura parece surpresa.

–Sim. Eu vim aqui falar que já sei de tudo. –Ele fala alto e rápido.

–Tudo o que? –Pergunto.

–A sua irmã está tendo um caso com o meu pai. –Diz ele me olhando sério. –Ele pediu a separação. Era isso que você queria dês do começo, não era?

–Eu não.... –Havia lágrimas no rosto de Laura.

–Você faz ideia de como a minha mãe está agora? – Ele grita. -O meu pai saiu de casa ontem, e disse que não vai mais voltar.

–David, calma. –Tento me aproximar, mas ele me empurra para longe.

–Vocês duas são iguais. Duas pessoas mesquinhas que só querem destruir tudo. Vocês não pensam em ninguém além de si mesmo.

–David, é você quem está sendo mesquinho aqui. –Digo abraçando Laura que chorava cada vez mais.

–Você partiu meu coração, ela destruiu minha família e eu que sou o vilão da história? –Lágrimas escorriam de seus olhos também. -Eu dei tudo de mim, tentei ajudar vocês e é assim que sou agradecido. Vocês destruíram tudo que eu tinha.

Ele saiu apressado secando o rosto me deixando petrificada ali.

–Eu sinto muito. –Ouço Laura dizer baixo no meio das lágrimas.

–Eu estou aqui. -Digo abraçando-a mais forte.


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Notas finais do capítulo

E então? Comentem por favor, tudo que vocês falam é importante pra mim.
Beijão!



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