"Eh? o América e o Inglaterra-san juntos? Não consigo acreditar." Canadá exclamou, enquanto França enchia duas taças com vinho e sorria pra ele.

"Nada que o Onii-san aqui não possa fazer mon cher. Já esqueceu que quando se trata de amor, eu sou o especialista?" Disse o francês, saboreando o líquido levemente adocicado em sua taça e entregando a outra ao mais novo, enquanto sentava ao lado dele no sofá.

"Mesmo assim, no caso daqueles dois o problema não era amor de menos, e sim teimosia demais. Eu já tinha até perdido as contas de quantas vezes tive de ouvir o América reclamando. Ele me convidava com a desculpa de passar um "maravilhoso e esplêndido tempo de irmãos" e sempre acabávamos com o América me obrigando a fazer uma pilha de panquecas cobertas de chantilly enquanto ele repetia pela bilionésima vez o quanto um herói merecia ser tratado melhor por velhos britânicos e idiotas." Matthew suspirou com a lembrança, e Francis apenas passou a mão levemente em seus cabelos, tirando alguns fios de cima dos olhos azuis.

"Bem, agora você não precisa mais se preocupar, assim como eu não tenho de aguentar um bêbado chorão. Agora a única coisa que Angleterre pode reclamar é de dores nas costas ou nas áreas abaixo, porque aposto que o América não deve ter muito auto-controle." Uma expressão maliciosa invadiu o rosto da nação mais velha, e o mais novo apenas corou um pouco.

"F-França-san, não fale coisas assim! Bem, o que importa é que eles finalmente conseguiram ser honestos com os próprios sentimentos." Canadá falou, com um mínimo sorriso, descansando a taça de vinho numa mesa de centro, afinal não era exatamente o tipo de pessoa que bebia muito.

"E quanto a você, mon cher?"

"Eu?" O canadense questionou, entrando automaticamente no modo defensivo.

"Não tem nenhuma bela garota em que você esteja interessado?"

"Eu não me encaixo muito bem nesse tipo de coisa França-san..." Matthew suspirou, depois tentando disfarçar o quanto estava incomodado com o tópico. O francês tinha sido muito gentil o convidando para aquele hotel, apesar dele ainda não compreender o motivo direito. Pelo que tinha deduzido, aquilo era um plano para fazer casais se entenderem, certo? Hungria e Japão eram uma espécie de "equipe de apoio", mas ele não se enquadrava ali.

"Ah, então também não está interessado em garotas? Sem problemas, algum garoto já roubou seu coração?" França continuou com as perguntas, se aproximando do canadense e colocando a mão em seu braço direito. "Não seja tímido, conte ao onii-san o que está nesse seu coração."

"Bem, para ser sincero, tem alguém." O menor começou. Conhecia Francis bem o suficiente para saber que ele era teimoso, e não desistiria até ter qualquer tipo de informação. Isso não impedia as bochechas do canadense de arderem ou seu coração de

tentar sair pela boca. "Mas é apenas platônico, eu nunca nem pensei em tentar falar a ele."

"Porque não, mon cher? Você é um rapaz tão belo, se é questão de timidez deveria ter pedido minha ajuda antes."

"Não seja bobo França-san, alguém como eu nunca teria chances com alguém tão experiente e maduro como voc.... Como ele." Canadá sorriu de um jeito sem graça para tentar disfarçar, mas por acidente seu olhar encontrou os olhos arroxeados do francês, fazendo que o mais novo ficasse completamente hipnotizado e sem conseguir desviar sua atenção. Será que ele havia percebido o deslize que quase o entregou?

"CANADÁ EU SOUBE QUE VOCÊ ESTÁ AQUI!" América praticamente arrombou a porta do quarto, fazendo seu irmão levantar do sofá com um pulo.

"Oy América, não entre do quarto dos outros sem permissão!" Francis reclamou.

"Mas eu soube que meu irmão estava aqui, então o HERO veio oferecer a ele um tour pelo hotel HAHAHAHAHA! E, a propósito, onde você vai dormir? Pode ficar no meu quarto se quiser, estava mesmo precisando de uma companhia para jogar uns videogames de terror que eu trouxe, mas o Inglaterra disse que não brincava com coisas de criança." O americano explicou.

"O Canadá vai dormir aqui comigo, eu nunca deixaria ele ser exposto a seja lá o que você e o Angleterre tem aprontado." França falou com um sorriso pervertido, colocando os braços em volta de Matthew.

"F-França-san, obrigado pela consideração, mas eu acho que vou ficar com o América agora. A-Afinal, não queremos ele gritando de medo de fantasmas quando formos dormir certo?" O canadense tentava mostrar tranquilidade em suas palavras, apesar de ter se livrado do abraço do francês e saído do quaro em uma velocidade digna de um maratonista.

"Ah, eu entendi o que está acontecendo aqui!" Disse Alfred, mexendo nos óculos com uma pose de inteligente. "O Canadá está mesmo animado para jogar comigo HAHAHAHA! Ele quer tanto que até saiu correndo de tanta ansiedade! Bem, um HERO não deve deixar seu irmão esperando, nos vemos por ai França!" Com isso o amante de hambúrgueres foi embora, deixando Francis parado no mesmo lugar por algum tempo.

"Oy, frog, você viu o Japão?" A voz de Inglaterra despertou o loiro de barba alguns minutos depois da saída dos norte-americanos. "O que deu em você, finalmente percebeu que como país é inútil e resolveu mudar para uma carreira de estátua? Eu apoio completamente, apesar de não existirem muitas estátuas tão cabeludas." O britânico esperou uma resposta tão espinhosa quanto sua afirmação, mas tudo que obteve foi silêncio, o que só confirmou que havia algo de errado com Francis. Era um fato da amizade-ódio-etc deles que sempre teriam tempo e criatividade para xingarem um ao outro.

"Ei Inglaterra... Você não quer beber um pouco?" França perguntou, andando de um jeito robótico-desajeitado até a porta.

"França..." Arthur murmurou, seguindo o francês até o andar de baixo onde ficava o restaurante. Por mais que brigassem e tentassem se matar, ainda eram amigos, e já que aquele maldito havia aguentado todas as suas bebedeiras e reclamações sobre América, talvez estivesse na hora de retribuir o favor.

"Realmente, franceses nunca terão a educação mínima para sobreviver nesse mundo. Você não sabe que se convida alguém para um drink, o básico esperado de boas maneiras é esperar essa pessoa?"