Eryk e Fran, com a garota deitada bem ao lado do goleiro recostada em seu braço para descansar a cabeça, contemplavam o belo céu noturno lotado de estrelas acima do mais novo casal. Estavam assim faz um bom tempo já. A companhia do outro era o suficiente para confortar seus corações. E foi pensando nisso que uma curiosidade surgiu na cabeça de Eryk.

— Fran, posso te perguntar uma coisa? – Fran ajeita sua cabeça para prestar a atenção no garoto e prossegue. – Desde quando você gosta de mim?

 Um sorriso logo se formou no rosto da garota. Só de se lembrar disso já trazia uma certa felicidade.

— Quando eu descobrir que um ser de luz eliminaria a escuridão desse mundo, eu presumir que essa pessoa seria o Tenma. Então eu viajei para essa época para falar com ele. – Revelou naturalmente, fazendo Eryk se lembrar de imediato do motivo de Fran estar ali, mas isso não fez o goleiro a interromper. – Mas quando eu encontrei você, jogando com o Tenma no campo de futebol próximo do lago, ambos emanavam luzes tão poderosas que eu mesma pude medir e comparar usando os meus poderes.

Fran                                         

A primeira coisa que fiz quando cheguei nessa época foi procurar pelo Tenma. Conhecendo seu histórico através da linha do tempo, presumir que o encontraria facilmente treinando em algum tipo de campo de futebol próximo de sua moradia.

Por sorte eu estava certa. Lá estava ele, treinando, jogando bola com outro garoto do qual eu desconheço. Mas estavam tão felizes e se divertiam tanto com a bola que nem me atrevi a interrompê-los.

Mas, graças aos meus poderes eu pude confirmar uma coisa. Podia sentir a luz de Tenma, radiante. Era incrível como emanava dele.

Mas a luz do Eryk... o outro garoto que Tenma estava jogando bola... A luz dele era diferente. Não sabia como descrever. Era tão forte quanto a de Tenma. Mas mesmo assim sinto que não se comparavam de alguma forma. Eu fiquei curiosa com aquilo. Mas aí pude perceber a diferença quando Eryk resolve defender a bola no gol usando sua técnica de goleiro contra o chute mais poderoso de Tenma.

— Hehe defendi! – O goleiro se gabou girando a bola no seu dedo, com um sorriso encantador e caloroso se formar em seu rosto.

Seu sorriso de alguma forma me atingiu. Uma fragilidade, eu não sei... Sentir um enorme sentimento se apoderar de mim. Não sabia o que era exatamente, só que era forte e bom. E tudo por causa do sorriso daquele garoto.

Eu estava fascinada por ele. E mesmo quando ele foi embora, sua luz não diminuiu, pelo contrario. Ficou mais forte ainda. Enquanto a do Tenma continuava a mesma, forte e calorosa, mas era só isso.

Eu tinha que conhecer aquele garoto. Pessoalmente. Não vou olhar sua história através do tempo. Quero estar ao seu lado e sentir todas as coisas que sentir quando olhei para aquele sorriso.

Narração Normal

— Eu procurava uma maneira de me aproximar de você, mas não sabia como. Mais cedo ou mais tarde nos conheceríamos, já que tinha vindo alertar Tenma e os outros sobre o que ia acontecer. – Termina Fran de contar sua história.

Eryk estava sem palavras. Nunca imaginou que poderia fazer alguém se sentir assim. O goleiro não parava de encarar Fran. Se o garoto já estava apaixonado por ela, agora ele estava ainda mais.

— Nossa... E-eu... nem sei o que dizer. Espera. É por isso que você fez aquela entrada triunfal no dia que nos conhecemos? – Se recorda Eryk da primeira vez que ficou frente a frente da garota de cabelos azuis.

— Eu queria impactar você de alguma forma. – Respondeu tentando disfarçar as bochechas vermelhas desviando olhar para o outro lado.

— E você conseguiu! – Afirma Eryk jogando seu corpo no lado de Fran, fazendo os dois riem. Quando as risadas cessavam aos poucos, Eryk olha para o céu. – E conseguiu... – Repetiu, com um ar de reflexão – Quando vi aquela garota linda de cabelos e olhos azuis, achei que era alguma visão do paraíso. Mas quando reparei que mais gente além de mim prestava mais atenção em você, percebi que eu era só mais um admirando uma garota bonita. Eu já ia pensar na idéia de ir embora quando você resolve parar bem na minha frente para falar comigo. Quando isso aconteceu, não sabia se eu ficava alegre ou desconfiado. Então eu fiquei confuso. “Aquela garota disse o meu nome?” “Ela queria me conhecer?” “Como assim mundo?” Aí você fala aquelas coisas e vai embora. E quando descobrir que você queria morar conosco, a ultima coisa que eu queria era você ir embora. Desde daí eu segurei tudo o que eu realmente sentia por você para garantir que esse dia... chegaria.

Eryk voltou a olhar nos olhos de Fran, como se dissessem o quanto estava apaixonado por era.

— O dia em que ficaríamos juntos. – Fran terminou a fala de Eryk retribuindo a troca de olhares.

— Isso! Posso agir como um bobo a maior parte do tempo, mas... faz parte, né? Hehe. Agora falando sério. Você me deixa bobo de uma maneira diferente. É legal... Mas é complicado, sabe? Esse tipo de coisa eu prefiro deixar rolar e saber no que vai dar. O importante é sermos felizes da nossa maneira, juntos. E eu estou feliz que você se tornou minha namorada, Fran. – Revelou Eryk, com um leve tom brincalhão, o que fez a garota sorrir.

Ela ficou encarando o garoto em silencio por um tempo. Ouvir aquilo dele a reconfortava e muito. Mesmo sabendo o que deveria falar.

— Eu gosto de você... do jeito que você é. E mais importante que isso, você gosta de mim mesmo eu tendo um lado... difícil. Mas você entende isso. Por você gosta de mim permitiu que eu gostasse de você ainda mais. Eu também pretendo corresponder da mesma maneira. Sentimentos são forças poderosas demais, até pra mim. Principalmente quando estou jogando com você, no futebol. E o sentimento que tenho por você... Eu não pretendo segura-lo por mais nenhum minuto se quer, Eryk... – Declara Fran, de coração.  

Agora era Eryk que a encarava em silencio. Não adianta. Tudo o que vier dela o garoto vai ama-la.

— Hehe é isso aí! Vamos jogar futebol juntos, Fran! – Falou Eryk sorrindo de orelha a orelha.

— Vamos! – Responde Fran com um sorriso encantador.

Quando os dois já iam se beijar, Rika e Kanon caem em cima do outro no chão saindo dos arbustos mais próximos após espiarem o casal todo esse tempo, interrompendo o momento particular de ambos.

— Mais o que...? – Se pergunta Eryk olhando para os dois.

— Ah... é... – Rika não tinha desculpas, enquanto Kanon sorria sem graça perante a situação.

No dia seguinte...

Na cantina principal da ilha reservada apenas para os times do Super Onze, assim que recebeu a notícia, Rika foi a primeira a divulgar para o pessoal tomando seu café da manhã.

— Aí pessoal! Tá chegando mais um casal no time! – Anunciou a menina para a cantina inteira.

— Casal? Mas quem? – Pergunta Kusaka falando por todos ali.

Rika apenas aponta para a entrada da cantina como resposta, quando nessa mesma hora Eryk e Fran são os últimos a entrar juntos e sorridentes.

— Vocês estão namorando..? – Ronijo foi o primeiro a levantar para parabenizar os dois. Quando menos esperaram, quase todos do time já estavam rodeando o mais novo casal.

— Peraí, como é que vocês ficaram sabendo disso?! – Indagou Eryk confuso pela “informação” ter vazado.

— Hehe... Nada escapa de mim quando o cupido está por perto. – O sorriso convencido de Rika a entregou enquanto a mesma segura sua mão no queixo.

— AH FOI VOCÊ?! – Berrou Eryk nervoso por terem contado algo assim sem permissão. “Imagina se tivesse levado um fora?” “Ela ia espalhar?” Ele não sabia.

— AI EU NÃO ACREDITO! VOCÊS DOIS! FINALMENTE FICARAM JUNTOS!!! – Nagazy aparece atropelando todo mundo em volta deles e abraça o casal bem apertado.

— O-obrigada Naga. Eu não me importo de ser apertada por você. – Disse Fran não sentindo força do enorme aperto de Nagazy, ao contrario de Eryk.

— POIS EU SIM! ME SOLTA, ME SOLTA! – Berrava o garoto sufocado quando ela resolve soltar os dois.

— Me desculpa. É que eu me empolguei hehe. – Pediu desculpas Nagazy sem jeito.

Natsumi assistia seus amigos irem falar com o novo casal ao longe. Principalmente Endou, que foi mais um a se juntar a eles.

— O que você acha, Natsumi? – Pergunta Toko aparecendo no seu lado.

— Do que? C-como assim? – Natsumi tentou disfarçar, mas não sabia ao certo do que sua amiga estava falando.

— Do Endou. Me refiro ao Endou. É preciso dizer certas coisas em voz alta para a pessoa certa. Como eu pretendo fazer com ele.

Natsumi não acredita no que acabava de ouvir. Toko fica na frente dela de costas, e olha de canto para trás e prossegue com o “alerta”:

— Se alguém não fizer isso, chances serão perdidas, não é? – Terminou Toko em um tom alegre, mas desafiadora. Para Natsumi, aquilo suou como uma ameaça. Ela poderia perder o Endou para a Toko. Mas a assistente ficou tão abalada que nem sabia o que dizer. E a Toko nem quis ficar e resolve se juntar a turma, deixando Natsumi para trás sozinha.

Um tempo depois...

O segundo dia do torneio chegou. O campo dessa vez seria no local exclusivo da equipe de Shu: um campo de terra com a floresta exótica da ilha a rodeando, com a diferença dessa vez de uma arquibancada instalada recentemente de um lado, e um palanque para o narrador do outro.

— Ééééé isso aí!!! Pessoal, estamos aqui no segundo dia desse grandiosíssimo torneio! Hoje, A Equipe A dos Super Onze vai enfrentar o segundo time mais poderoso do Jardim do Éden: A Escuridão Ancestraaaal!!! – Anuncia o narrador enquanto ambos os times se preparavam no banco antes de pisarem no campo.

 - E-endou! – Natsumi chama pelo nome do goleiro por puro instinto. Na verdade a garota não tinha nada o que dizer, mas precisava falar alguma coisa com Endou para garantir sua relação com ela. Mas quando resolveu voltar atrás já era tarde de mais. Endou conseguiu sua atenção indo ao seu encontro.

— Oi Natsumi! O que foi? – Pergunta Endou companheiro.

A primeira vista ela fica nervosa. Mas nessa hora uma coisa percorreu em sua mente.

— B-boa sorte. – Desejou tentando parecer mais normal possível.

— Ah obrigado hehe! – Endou agradece sorrindo de coração e volta para o banco dando as costas para ela. Porém, alguma coisa faz o goleiro parar e olhar pra trás só para ver a Natsumi.

Ela parecia olhar o vazio. Não poderia negar que tem sido difícil a relação entre os dois de alguma forma. E Natsumi queria acabar com isso. Endou não se sente bem olhando para ela assim e resolve dizer:

— Ei Natsumi!

Chamou o goleiro conseguido a atenção dela.

— Depois da partida... Queria falar com você. Tá bem?

— Ah... Tá. – Responde Natsumi com uma certa distancia. Ela não queria criar falsas esperanças e ficar desapontada em seguida. Normalmente Endou ficaria preocupado, mas como tinha recebido um “boa sorte” da Natsumi, sentiu que era melhor resolver isso apenas entre eles, depois do jogo.

Toko assistia a tudo de longinho. Natsumi não era a única que queria resolver as coisas entre ela e Endou. Mas precisava agir direito, se não tudo acabaria dando errado.

Natsumi sente o olhar de Toko sobre ela e tenta disfarçar. Mas aquilo só deixava a assistente do time mais aflita ainda por dentro.

— Shu? Algum problema? – Pergunta o outro atacante de seu time, vendo que o amigo observou Endou e Natsumi por um tempo de longe.

— Nada. É só... que as coisas podem ficar mais interessantes daqui pra frente. – Respondeu Shu se dirigindo para a sua posição no campo.

— Já terminei de ajeitar a caravana, Wandaba. Mas porque você me pediu para fazer isso? – Pergunta Fey chegando agora no campo.

— Hehe, é o seguinte... – Wandaba fala baixinho no ouvido de Fey, o deixando com uma boa expressão de surpresa.

— Oh! Pode funcionar. – Afirmou o jogador alegre batendo em baixo da mão fechada na outra aberta como se tivesse entendido a idéia do treinador.

— Mas é surpresa, hein. Agora vai lá pro campo que já vai começar. – Pediu o urso fazendo Fey concordar indo direto para o campo.

— E-endou! Olha! – Kabeyama corre até o Endou antes dele entrar no campo para mostrar quem é o treinador, ou melhor, a treinadora da Escuridão Ancestral.

— Mais hein!? – Endou arregala os olhos não acreditando na pessoa que está no outro lado do campo.

— Muito bem! Não se esqueçam da nossa estratégia! Se seguirem com o planejado, a vitória será nossa! – Declarou para o seu time por fim Hitomiko Kira, a antiga treinadora dos Super Onze de Endou no caso Alien, agora liderando a equipe de Shu.

— Isso é mau. – Afirmou Natsumi. – Ela conhece a maioria do nosso time. Ela já está preparada com qualquer coisa que vier da gente.

— Mas também tem jogadores que ela não conhece. – Lembrou Aoi. – Não se preocupe. Se alguma jogada complicada aparecer no campo, Minaho e Manabe saberão o que fazer.

Enquanto Endou ficava cuidando do gol, Toko, Konoha, Manabe e Minaho corriam para a defesa. Tenma, Shindo, Zanakurou e Fey se ajeitavam no meio-campo, e Matatagi e Kanon se posicionavam no ataque, com Aoi, Akane e, claro, Natsumi como assistentes do time.

— Bora aê cambada! Desce a goleada neles...! – Torcia Eryk na arquibancada balançando uma enorme bandeira com o símbolo da Raimon.

— Ai Eryk... – Suspira Tenma sem palavras com o vocabulário de Eryk, enquanto Shu ria se divertindo com aquilo.

— A partida vai começar! Com a bola inicial para a equipe dos Super Onze, o juiz saca o apito.

Endou aperta suas luvas como forma de garantir que não vai deixar escapar nenhuma bola.

— Aí pessoal! Vamos Jogar Futebol! – Gritou o capitão dos Super Onze para o resto do seu time.

— Siiiim! – Responderam todos os seus companheiros de volta.

— Vamos jogar, Endou! – Toko falou por ultimo para conquistar a atenção de Endou. Natsumi sentiu uma coisa se apoderar dela. Mas conseguiu se conter.

E finalmente, depois de tudo isso, o juiz apita.

— E COMEÇAR O JOGO!!! – Gritou o narrador com Kanon passando a bola para trás pro Tenma, enquanto Shu corria na sua direção.

Continua...