Uma garota de cabelos compridos e castanhos caminhava, fraca. Ela tinha aproximadamente 14 anos, mas era pequena para sua idade. Seus olhos eram de um tom dourado anormal, e ela estava coberta por arranhões e hematomas. Vestia uma jaqueta de couro com as mangas rasgadas, e uma calça jeans surrada, ambas as peças dois números maiores que a menina. Ao seu lado, vinha um gato todo azul e muito peludo.

–Aguente firme, Sapphire! -pediu o gato, em vão, pois logo a menina caiu no chão, desacordada.

Asas surgiram nas costas do gato, ele pegou cuidadosamente a companheira e voou em direção de uma guilda de magos... A Fairy Tail.

Quando um gato azul voador entrou carregando uma menina que parecia ter se envolvido em uma briga de rua - e perdido - entrou na guilda, os magos presentes ficaram surpresos, mas não por muito tempo, pois o gato gritou:

–Ela precisa de ajuda!

Logo, Mirajane se adiantou e pegou a garota, que parecia não pesar nada. Ela a levou para a enfermaria, onde Wendy cuidou dela.

Descobriram que o gato se chamava Will, e sua amiga, Sapphire.

Em algumas horas, Sapphire acordou, com Will debruçado sobre ela. Os arranhões e hematomas haviam desaparecido.

–Will! Onde estamos? O caminho! Não podemos sair do cami... -ela parou de falar subitamente, ao perceber que duas garotas a observavam, uma loira de olhos castanhos e outra com cabelos e olhos azuis.

–O que... Onde... -ela gaguejou, tímida.

–O caminho terminava aqui -esclareceu o gato.

–Aqui é a Fairy Tail. -continuou a loira. -Eu sou Lucy, e essa é Wendy. Você parecia muito cansada e machucada quando chegou aqui. E vocês dois falaram sobre um caminho... Poderia nos explicar o que aconteceu e quem são vocês?

A menina balançou a cabeça negativamente. Depois completou:

–Mas posso escrever. Poderia me conseguir um lápis e um papel? -pediu, com um pouco de animação por trás das palavras. Então ela pareceu lembrar da boa educação -Por favor.

–Ela é um pouco tímida. -informou o gato.

Apesar de achar "um pouco" um eufemismo, Lucy não disse nada, apenas assentiu e foi buscar os materiais pedidos pela garota.

Wendy analisou-a, e ela a olhava de volta, corada e encolhida. Algo naqueles olhos dourados a incomodava, como se já conhecesse Sapphire.

–Eu... Eu me lembro de você -concluiu a morena, a ansiedade vencendo a timidez. -Você é a fi...

Nesse momento Lucy voltou com um papel. Sapphire o pegou, agradecida por poder lidar com palavras no papel e não faladas.

"Estava seguindo um caminho dourado marcado no chão, que me levaria a algum lugar que a pouco tempo eu não sabia onde era, mas se revelou ser aqui, mas no caminho eu e Will fomos atacados por uma... Guilda das trevas, acho que é assim que vocês a chamariam. Lutamos contra eles e levamos a melhor, por pouco. Fui ferida no combate e quase não conseguia continuar. Eu e meu amigo não comíamos a dias, e enfim eu não aguentei mais.

Sou Sapphire, Dragon Slayer da Luz, filha de Agamenon", ela escreveu.

Depois de ler o texto, as duas garotas olharam estarrecidas para a mais nova.

–Isso é impossível -afirmou Wendy. -Quantos anos você tem?

–Hã... É... 13, eu acho, quase 14.

–Mas os dragões desapareceram a mais de 14 anos!

Sapphire mordeu o lábio inferior, incomodada.

–Isso é porque... Bem, porque papai me parou no tempo por 7 anos.

–O que? -perguntou Lucy.

–É... Bem... Hã... Ele disse que... Disse que não era a hora, e que tinham algumas pessoas que eu precisava encontrar, mas que não poderia fazê-lo naquele momento, então pediu desculpas e me congelou no tempo. Isso foi a sete anos atras... Quando eu acordei, estava no meio de uma cidade que não conhecia, mas tinha um caminho marcado de dourado, e eu e Will o seguimos. -ela começou a falar como se estivesse escrevendo, seus olhos brilharam, mas logo lembrou de Wendy e Lucy a observando. -Ah, desculpe.

–Você falou com Agamenon depois que os dragões desapareceram? -Wendy indagou, impressionada.

–As regras se aplicam de forma diferente para ele. Espera, você é uma Dragon Slayer também, filha de Grandine?

–Sim, mas... Como você sabe?

Sapphire corou.

–Desculpe. Você não se lembra de mim?

–Nós nos conhecemos?

–É... É... É uma história que eu não gosto de contar. -ela olhou instintivamente para o braço esquerdo, e suspirou, aliviada, quando se deu conta de que a manga da jaqueta ainda o cobria.

–Qual o problema? -a loira quis saber, com o olhar preocupado.

–Hum... Nada, é só... Nada.

–Bem, você tem para onde ir?

–É... Não.

–Sabe, você não precisa ficar assim, tímida. Nós não vamos te fazer nenhum mal.

–Eu sei, é só que...

Will se intrometeu na conversa:

–Ela teve experiências bem difíceis com pessoas, só isso.

–De qualquer forma, você pode ficar na Fairy Tail se quiser.

–P-posso? Hã... Lucy.

Lucy sorriu e assentiu. Algo naquela garota fazia com que ela quisesse protege-la. Talvez fosse o fato de ela ser muito pequena e de aparência indefesa, talvez pela timidez ou talvez pelo fato de Sapphire aparentar ter visto e sofrido muito, ainda naquela idade.

Enquanto isso, a morena se pegou encarando a mais velha e pensando naquela pessoa que jurara nunca mais pensar.

–O que foi?

–Ah... Você me lembra minha irmã mais velha. -Sapphire se forçou a dizer -Ela se pareceria com você se estivesse... estivesse... -ela não conseguiu continuar.

–A irmã de Sapphire morreu quando ela era muito nova -sussurrou Will, de modo que apenas Lucy o ouvisse.

Ela assentiu, compreensiva. Havia perdido a mãe muito jovem, e mais tarde o pai, por isso conhecia o sentimento.

Lucy e Wendy conduziram Sapphire e Will para fora da enfermaria, em direção ao bar da guilda, onde conversaram com o mestre, fizeram as devidas apresentações e os dois novatos receberam a marca da Fairy Tail, a de Sapphire no ombro direito e a de Will nas costas. Ao correr os olhos pelo recinto, vendo todos aqueles magos felizes, pela primeira vez em sete anos (ou quatorze), a garota sentiu que tinha uma família de verdade.

–Will... -ela sussurrou. -ainda não temos um lugar para ficar, aqui não é uma casa.

–Você tem razão. Espere um segundo. -ele voou até onde estava Lucy e lhe explicou a situação.

–Aqui tem um dormitório feminino... Ma acho que você não poderia viver lá.

–Então está fora de questão, não posso deixar Sapph sozinha.

–Vocês poderiam vir para minha casa. Não tem problema.

–Oh, não queremos causar mais problemas a você do que já causamos.

–Não será nenhum problema, Will. Vocês são bem vindos lá.

–Tem certeza?

–Claro!

O gato pareceu ponderar a situação. Depois voltou até Sapphire e fez a oferta. Inicialmente a menina recusou, com a mesma justificativa que o amigo havia dado a Lucy, mas depois de garantir que eles não seriam um problema, ela acabou cedendo.
Wendy a apresentou a Natsu.

–Então você também é Dragon Slayer? O que você come?

–Luz -ela respondeu, um pouco tímida.

–Luz? Isso não é, tipo, fazer fotossíntese?

–Não é assim; as plantas não comem a luz, elas abs...

–Tudo bem, entendi. Mas como você come luz?

–Desculpe. Bem, é difícil de explicar... Poderia, por favor, conseguir um como para mim?

Natsu esticou o braço até o copo mais próximo e entregou-o a Sapphire, que colocou o objeto na frente da janela, fazendo a luz do sol passar por ele. Então um pequeno feixe de uma luz mais brilhante foi refletido e Sapphire pegou-o e colocou-o na boca como se fosse batata frita.

–Incrível! -comentaram alguns dos que prestavam atenção.

–O-obrigada. -disse ela corando.

Depois da breve conversa com Natsu, ela foi apresentada ao outro Dragon Slayer presente, que não foi tão simpático. Seu nome era Gajeel.

–Mais uma? -ele disse, vagamente.

Depois de se desculpar mais uma vez, elas se afastaram.

–Nunca vi tantos Dragon Slayers juntos. -comentou Sapphire.

–Sim! Mas... Você poderia me contar de onde nós nos conhecemos?

Varias emoções passaram pelos olhos dourados da mais nova, quase impossíveis de se decifrar: dúvida, tristeza, nostalgia, saudades.

–Por favor. Não agora, não aqui. Desculpe.

–Tudo bem, não precisa se desculpar! -Wendy apressou-se a dizer.

–Eu esperava que você lembrasse... Mas eu vou te contar. Um dia.

Enquanto isso, Will havia encontrado Happy, Charles e Lily, outros gatos - ou exceeds, como Lily explicou - perencentes, respectivamente, a Natsu, Wendy e Gajeel. Eles conversavam animadamente.

Quando o sol se pôs, Lucy e Sapphire caminhavam até a casa da mais velha. Ficava de frente para um rio, e vista seria muito bonita, se ao menos a morena pudesse aproveitar a noite.

Quando chegaram, Lucy insistiu para que a mais nova dormisse na cama.

–Mas é sua cama!

–Pelo que você me contou, tem anos que não dorme em uma cama de verdade.

–Bom, você tem razão, mas...

–Então, pode dormir na minha hoje. Não tem problema.

–Se você insiste... -respondeu a garota de olhos dourados, tímida.

Mais tarde naquela noite, Lucy observava a nova amiga dormindo. Ela havia lhe emprestado algumas roupas para dormir, as menores que ela possuía, que mesmo assim ficaram muito grandes na mais nova. Sapphire insistiu em manter sua jaqueta, embora se recusasse a contar o motivo.

A morena parecia ter pesadelos, e se mexia desconfortavelmente em seu sono. Will a abraçava, de forma protetora. Uma das coisas que Lucy apreciava no gato era a atitude protetora que ele tinha com sua companheira.

Enquanto olhava Sapphire, ela pensou sobre a tal irmã da garota. Como ela teria morrido? Claro que a loira nunca faria essa pergunta em voz alta, pois o assunto era claramente delicado para Sapphire.

Logo ambas estavam dormindo.

Na manhã seguinte, quando Lucy acordou, a morena já estava de pé, com as mesmas roupas do dia anterior... E sem sua jaqueta. Seu braço esquerdo era coberto por horríveis cicatrizes, como se algo com garras muito afiadas a tivesse arranhado. Então a loira entendeu porque Sapphire cobria os braços com a jaqueta.

–Sapphire...

–Ah! -a garota rapidamente pegou a jaqueta, mas Lucy a impediu, colocando a mão em seu ombro.

–Tudo bem. Eu não vou contar pra ninguém, prometo.

–Obrigada. -ela conseguiu sorrir.

Lucy avaliou a amiga e concluiu:

–Precisamos te conseguir roupas novas. Vamos as compras! -quando ela viu a expressão confusa da outra, completou: -Não me diga que você nunca foi as compras? Como você conseguiu roupas e todo o resto?

Sapphire deu de ombros e explicou, como se não fosse nada:

–Vivi em orfanatos metade da minha vida. Na outra, vivi com Agamenon, e dragões não são muito bons levando filhas para fazer compras.

–Ah, certo. Bom, vamos resolver esse problema. Venha!

Lucy pegou a mão de Sapphire e a levou para fora da casa, parando apenas para esperar a menina colocar a jaqueta.

As garotas e Will chegaram a uma rua repleta de lojas de roupa. Lucy observou as vitrines e entrou em uma, arrastando Sapphire junto.

A loira pegou uma camisa azul clara listrada de branco e uma calça jeans clara. Entregou as peças a mais nova e orientou que ela as experimentasse no provador.
As roupas serviram perfeitamente e, apesar dos protestos da amiga, Lucy comprou-as.

As garotas e Will foram em seguida para a guilda, onde Natsu os esperava.

–Sapphire, Will, venham fazer um trabalho conosco!

–Um trabalho? -perguntou o gato azul, curioso.

–Com vocês? -completou Sapphire.

–Aye! Will, um trabalho é algo que os magos fazem para ganhar dinheiro, são pedidos colocados ali -Happy explicou, apontando para um quadro de avisos próximo a parede -E Sapphire, nós queremos fazer um trabalho com vocês para mostrar como funciona tudo aqui.

–Ah... Certo, tudo bem então. -a menina de olhos dourados tentou deixar a timidez de lado.

–Nós já escolhemos um que é mais fácil -contou Natsu. -Lucy, você vem?
–Claro! -respondeu a loira, sorrindo.

No próximo capítulo...

Sapphire, Will, Lucy, Natsu e Happy saem para um trabalho... Mas essa aventura sofrerá uma reviravolta e a novata mostrará seus poderes para ajudar os amigos!