Tudo, Menos Medicina! escrita por Chris Pine


Capítulo 1
Pilot




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Callie Torres

Callie pede mais um copo de vodca, mesmo sentindo uma leve tontura que a deixa meio pertubada no primeiro momento. Mark toca de leve seu ombro a afastando do copo com um grande sorriso e bebendo ele mesmo.

- Opa! – ele vira de uma vez o que estava no copo. – Já chega Callie, já bebeu o suficiente.

- Deixa de ser implicante Mark, é só um copo!

- Já bebeu muito mais de um copo! Vamos, vem comigo. – ele a puxa e ambos se apoiam no balcão perto do banheiro. – Acho que aquela garota está te dando mole.

Ele aponta para uma morena de cabelos curtos pretos, com óculos desajeitados nos olhos e um sorriso excepicionalmente lindo. Callie sorriu de volta e a morena olhava para ela entre intervalos, realmente estava dando mole.

- Vou deixar essa com você... – Mark bebeu um pouco do seu copo de cerveja e se virou para Callie. – Estou definitivamente fazendo um sacrifício.

- Tem certeza de que ela não é hétero?

- Se for você vai estar prestes a descobrir. Vai lá, antes que eu desista.

Callie tremeu um pouco, normalmente ela gostava de ter o controle da situação. Ficar com umas ou outras enquanto estava bebâda era normal, mas quando seus olhos se sentiam impressionados por alguma mulher, sabia que era essa que deveria evitar. Callie estava farta de relacionamentos cansativos, traições, mentiras... Tudo que havia tido de bom em sua vida, havia virado pó. As lembranças a transformaram em uma pessoa extremamente fria e determinada a garantir que nada disso aconteceria novamente.

Callie tomou todas essas lembranças para si nesse exato momento. Apenas arrumou o cabelo olhando seu reflexo nos olhos verdes de Mark e foi em direção a mulher. Imediatamente pediu para pagar uma bebida e ela aceitou. A conversa não durou muito mais que meia hora, nesse tempo, Mark estava agarrando qualquer outra mulher no banheiro. Ela se divertiu em pensar em como seria sua noite de hoje e se ainda seria capaz de levantar bem na manhã seguinte. Foi bem mais fácil do que ela pensou que seria, o bom papo logo rendeu uma oportunidade maravilhosa para Callie levar a garota para cama, nem se lembrava do seu nome, mas isso nem era o mais relevante.

Na manhã seguinte, Callie se levantou quase sem ser percebida. Sua cabeça doia, seus músculos estavam doloridos, mas até que era por uma boa razão. Uma das suas melhores noites de sexo, porém sua ressaca seria intensa. Ela vestiu sua blusa e assim que deu um passo em direção a porta, a garota acordou.

- Será que eu vou ganhar um nome? – ela diz se ajeitando na cama. Seu sorriso fez Callie parar para refletir o que deveria dizer, porém aquela noite havia sido muito boa, mas... Era só mais uma noite.

- Quem sabe um dia...

Callie abriu a porta e saiu com um sorriso no rosto. Tomou alguns comprimidos para dor de cabeça e chamou um taxi indo diretamente para o hospital. Checou rapidamente seu celular, com algumas várias chamadas perdidas de seus amigos, mas pouco se importou. Mark havia ligado mais que todos, ela imaginou que ele estivesse preocupado, realmente não estava em seu melhor estado de consciência.

Assim que desceu do taxi, jogou o dinheiro pela janela e saiu correndo. Se trocou e quando colocou os pés no Trauma, todos vieram para cima dela com prontuários nas mãos e caras fechadas de preocupação.

- Onde você estava?! – Addie cruza os braços. – Te bipei dez vezes Callie!

- Ei, calma ai! Qual a grande emergência?

- Treze ossos quebrados. – Karev chega estendendo um prontuário. – Parece que o idiota estava tão chapado que achou que podia voar.

- Dê morfina e espere se não for cirúrgico. – Callie assinou dois dos prontuários e se virou para Addie. – Pode tirar esse olhar do seu rosto, eu estou bem.

- Com quem esteve essa noite?

- Uma morena, muito gata... – Callie procurou o nome dela na cabeça, mas não se lembrava e Addie cruzou os braços impaciente e a repreendendo.

- Não sabe nem o nome dela?

- Foi só uma noite, Addie. Grande coisa! Não é como se não tivesse acontecido antes.

- Callie... Desde quando você trata as pessoas como se elas não fossem nada? – a pergunta pairou no ar e a cabeça de Callie doeu mais um pouco.

Não que aquilo realmente lhe afetasse, mas trazia de volta todas aquelas lembranças desagradáveis que só queria esquecer. Addie era sua melhor amiga, acima de tudo, sabia o que era melhor para ela, mas nesse exato momento, aquela pressão era tudo que Callie menos precisava. Nada do que ela dissesse iria realmente derreter o resto do seu coração frio. A barreira do tempo e das más lembranças a impedia de pensar de forma diferente, até porque a cada tentativa de reestabelecer o lado sentimental dela, era falhio.

- Deixe de encher o saco dela Addison, não tem problema nenhum em ter uma boa noite de sexo. Diga isso por você mesma! – Mark apareceu e piscou para amiga, mesmo estando com o coração apertado. Ele também sentia falta da velha Callie, mas deveria apoiá-la. – Não tem qu ser babá do Karev em algum lugar?

Addie franziu o celho e passou por Mark com um olhar firme. Callie pensou em ter visto uma lagrima escorrer do rosto de Addison, mas fingiu não ter visto, não queria ver a amiga sofrer e se estivesse sofrendo, seria mais fácil viver sem saber disso. Não poderia estar entre Addie e Mark, mas os dois estavam sempre brigando.

- Será que vocês dois não poderiam tentar ser civilizados?

- Não fui eu que prometi ser celibatário e depois fui me esquentar na cama de um interno.

- Por que ela tem que ser celibatária se você não é?

- Porque era o nosso acordo! – Mark cruzou os braços e observou a bunda de algumas enfermeiras que passaram na sua frente. – Agora eu também tenho outras coisas para esquentar a minha cama.

- Sabe que as enfermeiras estão organizando um complô contra você, não é? Elas estão combatendo sua polícia “seu por uma noite”. – Callie gargalhou, mas Mark franciu o celho.

- Por isso todas estão me evitando!

Os dois começaram a rir. No mesmo momento, uma mulher loira com cabelos encaracolados descendo pelos ombros, olhos azuis brilhantes como a cor do céu, um corpo digno de atenção sob um tênis de rodinha daqueles de criança. Seu jaleco tinha um bichinho de pelúcia pendurado e seu estetoscópio era rosa, com certeza ela era da pediatria. Callie e Mark ficaram paralizados e a seguiram pelos corredores um empurrando o outro por uma chance de chegar mais perto da nova cirurgiã.

- Ela é minha, definitivamente! – Mark disse com convicção arrumando os cabelos em um espelho qualquer.

- Sai dessa, ela não é hétero e mesmo que seja, não será mais!

- Você ficou com a morena gostosa ontem a noite, eu quero a loira. – Mark e Callie ficaram trocando olhares e se apoiaram no balcão da recepção esperando que a loira olhasse, mas seu olhar estava focado em um prontuário. – Na moeda?

- Na moeda! Eu quero cara.

- Coroa! – Mark mexe em seus bolsos e levanta o olhar com um grande sorriso envergonhado – Tem uma moeda?

- A moeda é minha, a garota também. – Callie começa a procurar o troco do taxi, mas não tinha certeza não tinha deixado nas roupas da noite passada, no armário.

Quando ela finalmente acha uma moeda, a loira vem na direção deles. Os dois se aprumam na espectativa de que ela fosse falar com um deles, mas ela passa direto e para em frente a Karev, enquanto Mark cruza os braços e resmunga. Os dois trocam algumas palavras e Karev pega o prontuário da mão dela e pega o caso.

Mark pega a moeda da mão de Callie e a arremessa na esperança de que fosse conseguir. A moeda parecia cair em camera lenta, a expectativa era tamanha que Mark mal pode acreditar quando a moeda virou em cara na sua mão.

- Não acredito! – ele jogou a moeda no chão. – Regras são regras. Vai Torres, ela é sua.

Callie sorriu radiante e foi em direção a loira que olhava mais um prontuário, de cabeça baixa. Quando Callie se aproximou ela se virou com um sorriso radiante, daqueles que Callie preferia ignorar, já que faziam um grande efeito sobre ela. Ela tentou ler o crachá rapidamente, mas foi dominada pelos olhos azuis vibrantes da loira.

- Olá... Você deve ser a nova cirurgiã pediátrica. – ela estendeu a mão e a loira ainda estava meio perdida nas apresentações. – Calliope Torres. Ortopedia.

- Você é cirurgiã ortopédica?

- Sim. – Callie se sentiu quase como uma vitoriosa, sem saber o que a esperava. Arizona puxou o prontuário nervosa e estendeu para Callie.

- Então você é a cirurgiã ortopédica que mandou dar morfina a um menino de 16 anos, com treze ossos quebrados e mandou que aguardassem? Mencionei a parte que ele tem 16 anos e que tem treze ossos quebrados?!

Callie perdeu as palavras e não conseguiu encontrá-las. Simplesmente aquela garota havia virado um tornado de uma hora para outra, defintivamente com uma boa razão. Ela segurou o prontuário meio desajustada, viu Mark gargalhando no fundo do corredor e pensou consigo mesma, “que se dane a moeda, da próxima vez o Mark fica com ela”.

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Callie estava exausta do seu dia, ainda mais sabendo que arrogante nova cirurgiã pediátrica, definitivamnte não ia com a sua cara. Ou melhor dizendo, não aprovava suas condutas, como ela mesma disse. Não era uma questão muito pessoal, mas Callie não estava no melhor momento para seus melhores julgamentos e ela não ajudava muito. Callie se sentou em um banco na frente do hospital e fechou os olhos. Tudo o que desejava agora era uma bebida forte e alguém que pudesse animá-la. Era nesses momentos que se tornava mais nostálgica.

- Ei... – ela ouviu uma doce voz a chamar e abriu os olhos. – Callie... Não é?

A loira estava diante dela, Callie mal virou o rosto, apenas assentiu como se ignorasse a presença dela, na verdade, era exatamente isso que estava fazendo.

- Eu vim aqui pedir desculpas pela forma grosseira que te tratei hoje de manhã. Não é a melhor forma de começar o seu primeiro dia. – ela sorriu forçado, mas logo percebeu que Callie não estava muito interessada em suas desculpas, mesmo assim, estendeu a mão e tentou sorrir novamente. – Sou a Arizona Robbins.

- Eu sei quem você é... Só não entendi ainda está aqui.

- Ah... Parece que foi mesmo uma má ideia. Vejo você amanhã. – ela vira as costas e começa a andar, mas Callie não conseguiu ser tão durona quanto pensou ser.

Ela se levantou e foi em passos lentos até a loira, até porque também precisa se desculpar. Arizona a fitou enquanto se aproximava, analizou seu corpo, Callie sentiu-se vigiada, mas não era um incomodo para ela.

- Será que posso te pagar uma bebida no Joe´s? É bem aqui na frente.

- Talvez outro dia... Tenho que ir para casa. – a loira não pareceu ter vontade de dizer não, mas como disse, Callie apenas se contentou. – Mas vou esperar você me ligar, quem sabe.

- Não tenho seu número.

Antes que Callie pudesse dizer qualquer palavra, a loira a puxou e a beijou nos lábios. Foram os segundos mais esperançosos que Callie já havia passado, o estranho é que aquilo era confortável. Um beijo macio que não passou de apenas alguns segundos e uma troca de olhares rápida.

- Cheque outra vez. – Arizona colocou a mão no bolso de Callie e se afastou.

Callie não conseguiu mover um músculo, só a observava ir embora, desejando ir atrás. Mas desmoronou no banco e ficou imaginando e repetindo aquele beijo milhares de vezes até se convencer de que... não, não tinha sido um beijo.


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo: Just a phone call

Callie decide que é hora de tentar dar um passo maior e chamar Arizona para sair. Acontece que enquanto Callie tenta restabelecer um vínculo de seriedade, Arizona talvez não deseje o mesmo...



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