Dramione - Just Another Love. escrita por Clary


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Mais uma Dramione de cap. único para vocês.



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Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim, ficar

Subentendido

Uma chuva torrencial caía lá fora, o céu estava cinza chumbo. Já tinha visto borboletas voarem faltando um pedaço da asa e rosas incríveis desabrocharem num copo com água. E é disso que se nutria pra acreditar que a meteorologia nem sempre está certa e que dias cinzentos podem ser prefácios de noites com sol. Aquecidos e mergulhados em seus pensamentos estavam os jovens bruxos, no Grande Salão.

Da mesa da Sonserina ele a observava, aquela bela Grifinória, ele nem precisava citar os olhos amendoados hipnotizantes que ela tinha. Granger brincava com a comida sem realmente estar com fome. De uns tempos para cá, ele vinha reparando nessa garota como nunca. Ela era seu primeiro pensamento ao acordar e o ultimo ao adormecer, e isso não passara despercebido para Zabini.

Era errado, era insano. Ele era um Comensal e estava encarando a Princesinha da Grifinória? A amiguinha do Potter, a sangue-ruim. O que ele tinha na cabeça?

Há algo de errado nisso? Em gostar de uma garota?

Ele já tinha cansado de mandar sua consciência calar a boca. Já tinha cogitado todas as possibilidades de se aproximar, já tinha passado e repassado suas breves “conversas” em busca de brechas possíveis em que ele poderia intrigá-la com algo. Sabia que como a boa sabe-tudo que era, não deixaria nada passar.

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor obrigação de acontecer

Da mesa da Grifinória, Hermione sentiu que estava sendo observada e ergueu a cabeça assim que Malfoy abaixou a sua. Uma ruga se formou entre as sombrancelhas da castanha, seria Malfoy a observá-la? Segurou uma risada irônica. Não podia ser. Estava ficando louca.

Suas esperanças eram o tipo de coisa que a matava por dentro aos poucos. A ideia de que um dia o Príncipe da Sonserina se interessaria por uma sangue-ruim era tão idiota que lhe dava vontade de rir, e depois chorar. Chorar por ser estúpida ao ponto de perder seu tempo pensando naquele traste. Traste pelo qual ela passara noites e mais noites chorando.

Draco tentava esquecê-la, tentava arduamente, mas não existe essa de esquecer alguém, sempre vai ter um cheiro, um objeto ou uma música que te lembre de alguém ou de algum momento a única coisa de diferente que pode acontecer é não doer mais quando se lembrar. O problema é que continuava doendo, se sentia um fracassado ao ver que a cada dia que passa ele deixava que ela se apaixonasse pelo Weasley quando tinha certeza que poderia mudar o rumo da história. Não entendia como uma garota tão inteligente acabaria com um ignorante pobretão.

Mas ela o amava, e ele daria tudo para ter o que o Weasley tinha, o amor da Granger.

Eu acho tão bonito isso

De ser abstrato, baby

A beleza é mesmo tão fugaz

A Marca ardeu em seu braço, ele se odiava por ter se submetido ao exército das trevas. Draco lutava contra vontade de ser como o pai, mas sempre escorregava no habitual. Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você. Esperava que Granger fosse seu abismo, e que olhasse para ele. Então ele poderia cair sem medo de se machucar, saberia que haveria amor, digo, água para amortecer a queda.

Eu a observava o tempo todo. Ela não percebia. Ela tinha namorado. Eu era um palerma que pegou metade da escola. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Eu lutava contra meus próprios monstros. Então levantei-me da mesa antes do almoço terminar e sem prestar atenção ao que Blás tinha dito, fui para o meu dormitório e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão.

Draco sofria de arquivamento de memórias antigas. Ele lembrava de cada detalhe da sua vida, e isso só fazia dificultar tudo quando desejava com todas as suas forças esquecer.

É uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer

Agora ele mantinha seu perfeito sorriso presunçoso nos lábios enquanto caminhava de um jeito casual para a aula de Poções, sem se importar em chegar atrasado. Do outro lado do corredor vinha uma Grifinória totalmente atrapalhada e desesperada, tinha perdido a noção do tempo enquanto adiantava algumas atividades entre uma aula e outra, e se atrasara para a aula de Poções. Estava totalmente sem o que dizer para o professor, quando, sem querer esbarrou em alguém, e seus livros foram ao chão.

– Oh! – exclamou – Desculpe, eu não vi, eu estava atrasada... – ela dizia, abaixando-se para pegar os livros junto com a pessoa.

Draco estava pasmo em como o destino poderia pregar-lhe peças, e tão atordoado quanto ela. Ele pensava na Granger e “PUF!” ela lhe aparecia em toda sua pressa. Decidiu ser educado, desta vez.
– Tudo bem, Granger. – ele falou, entregando-lhe alguns livros enquanto analisava a expressão boquiaberta da garota.

– Sem ofensas? Xingamentos?– ela disparou – O que fez com o Malfoy que conheço? – ela perguntou.

Draco revirou os olhos.
– Eu sei ser educado, Granger. – ele tentou se controlar para não analisá-la.

Não podia explicar o efeito que o som da voz dela causava em si, tinha que manter todo o seu autocontrole perto dela, isso vinha dos xingamentos até momentos como este.

Hermione arqueou uma sombrancelha. Nessa altura já tinha esquecido da aula, do mundo. Ela estava ali, Malfoy estava ali. Estavam tendo uma conversa civilizada, as coisas não podiam estar melhores.
– Você fica melhor quando não está irritado com a minha presença. – assim que Hermione disse isso, amaldiçoou-se por um sorrisinho brotar em seus lábios. Ela estava flertando com o inimigo?

Granger estava flertando comigo ou era apenas impressão? Controlava-se para não agarrá-la ali mesmo. E o que fora aquele sorriso? Ela não deveria estar fazendo esse tipo de coisa com ele, não assim, tinha que entender que um simples Oi” dela já o bagunçava inteiro. Imagina o que não se passava em seu interior nesse momento? Um furacão de sentimentos o invadiu e ele se achou o cara mais incrível da terra por conseguir controlá-los.

Draco sorriu de canto, como sempre.
– Você fica melhor quando sorri desse jeito. – ele disse, sem hesitar. Era normal para ele ter argumentos nesses casos, mesmo que com a Granger fosse uma total exceção.

Hermione enrubesceu levemente com o comentário sincero do loiro, ela não esperava nada disso. Mas pelo visto Malfoy tinha mudado da água para o vinho, ou melhor, da mágoa para o vinho.

Ela sorriu levemente para ele, e virou-se, empurrando a porta da sala. Pediu licença ao professor que entendeu completamente sua falha, e procurou uma dupla. De repente, sentiu alguém parar ao lado dela. Draco queria sorrir ao constatar que não havia pessoas livres para duplas na sala, e que teriam de sentar juntos, mas fez o contrário. Coçou a nuca, bagunçando seu cabelo livre de gel, e franziu o cenho para Granger. A sala estava num silêncio mortal encarando a Grifinória e o Sonserino.

Então o professor notou as duas estátuas no centro da sala.
– Sr. Malfoy, Srta. Granger, já não basta chegarem atrasados e eu perdoar a falha. Agora, não virem estátuas no centro da sala. Há carteiras vazias, o que estão esperando?

Eles se entreolharam, constrangidos. Mostrando falsa relutância sentaram-se na última carteira do canto. Foi Draco quem começou a conversa.

– Granger? – ele perguntou entre anotações e olhadas furtivas para a castanha, incrivelmente concentrada.

– Sim? – ela se disponibilizou.

– Pode me tirar uma dúvida? – ele perguntou.

De repente ela parou tudo o que estava fazendo e encarou o loiro risonho a sua frente. Vendo a sua deixa, ele fez a pergunta.
– Quando eu colocar acônito na preparação da Amortentia, devo mexer em que sentido?

– Horário, até que adquira um tom lilás. – ela respondeu automaticamente. – Pretende preparar poções do amor, Malfoy? – ela sorriu disfarçadamente.

– Não uso desse tipo de estratégia, Granger. – ele arqueou uma sombrancelha, sorrindo de canto. – O que se ganha com isso? Um sentimento momentâneo e falso. Talvez algum dia eu tenha pensado nisso, mas logo desisti. A gente desiste rápido quando a coisa não vale a pena, e parte pra outra.

Hermione ficou boquiaberta com a resposta do loiro. Estava pensando seriamente em perguntar: Você é capaz de amar, Malfoy? Porém, achou ser um pouco insensível de sua parte.
– O que exatamente não valia a pena? – perguntou.

Draco não pensou para responder.
– Amortentia, você sempre valerá a pena.

Nesse momento o sinal tocou, e os olhos dos dois se encontraram.

Pode até parecer fraqueza

Pois que seja fraqueza então

A alegria que me dá

Isso vai sem eu dizer

Hermione estava estática demais para perceber que a sala já estava vazia, e que até o professor já tinha ido. Estava ocupada demais encarando o loiro à sua frente, sentimentos de todos os tipos se aglomeravam dentro dela, ela queria explodir. Mas no momento tinha naufragado em um mar cinza.

Draco se amaldiçoava e se xingava de todos os palavrões existentes, ele estava ferrado, condenado, se sentindo um fraco por não ter segurado a barra que era gostar da sabe-tudo. Foi a pior mancada de sua vida, mas pelo menos tinha forças para sustentar o olhar da Granger.

– Malfoy? – ela chamou – Eu entendi certo? – ela perguntou, um vestígio de expectativa na voz.

Draco suspirou.
– Entendeu, Granger. – o que ele tinha a perder? Ela o odiava mesmo.

Mas seu coração quase saiu pela boca quando percebeu um sorriso bobo brotar dos lábios da castanha. Draco a observou, seus olhos subiam e desciam dos olhos amendoados dela para sua boca enquanto ele se aproximava e ela também, estavam a centímetros de distancia e Draco mal podia esperar a sensação de ter sua boca na dela. Era inexplicável o calafrio que percorrera os dois enquanto suas línguas travavam uma guerra e Draco prensava Hermione contra parede. Ela enterrou uma das mãos no cabelo do loiro enquanto usava a outra para passear por seu corpo bem definido, Draco não perdia, sua mão estava embaixo da blusa dela enquanto a outra estava mergulhada naquele mar de cachos. Ah, e o cheiro dela o deixava tonto... Ele se sentia embriagado.

Nesse momento, ouviu-se o barulho da porta e se separaram bruscamente.
– Hermione? Amor? Está ai? – ouviu-se a voz do Weasley enquanto entrava na sala.

Mas os dois já estavam de pé em um salto, se encaravam ofegantes. Ouviu a castanha murmurar um pequeno “Desculpe-me”, e viu-se fazendo um gesto abrangente dizendo “Não esquenta com isso..” então se encaminhou para a porta, fazendo questão de esbarrar o ombro no Weasley, demonstrando toda a raiva que sentia por aquele idiota ter aparecido. Quem sabe amanhã ele conseguisse? Se não desse certo, paciência. Depois de hoje, com suas expectativas renovadas ele se sentia encorajado a conquistá-la. Ingênuo é quem ama mil vezes, se ferra mil vezes e ainda tem esperanças de se dar bem na próxima vez.

Se amanhã não for nada disso

Caberá só a mim esquecer

O que eu ganho, o que eu perco

Ninguém precisa saber

Era uma tarde fria de inverno quando Hermione Granger saía de um café trouxa após um cansativo dia de trabalho no Ministério. Suas botas de salto faziam barulho enquanto ela virava uma esquina na direção do estacionamento, de lá ela iria direto para seu apartamento, que dividia com Ron.

Draco saía de uma audiência no Ministério, e se sentia feliz por ter sua vida encaminhada agora: Fora perdoado por seus atos na guerra. Graças a uma carta, uma carta que o Ministro da Magia recebera. Ele tinha certeza de quem a mandara. Não podia se aguentar de alívio, mas sua felicidade só seria completa se ela estivesse ao seu lado.

Hermione não deixava de pensar no que tinha feito, na carta que mandara ao Ministro inocentando Draco Malfoy. Ela mal se conhecia naquelas palavras por tamanha ousadia.

Depois do episódio da aula de poções, eles nunca mais tocaram no assunto. Até virarem a mesma esquina, no exato momento.

Draco parou de repente assim que viu uma garota, parada o encarando. Hermione estava assustadíssima. Como o acaso podia ser tão inoportuno?

Ela sabia que Draco a amava, ele sabia que Hermione o amava. Por que não se darem uma chance? Não, não podiam. As diferenças gritavam entre eles.

Mas, apesar dos apesares, de qualquer forma, eles precisavam enfrentar e seguir em frente. Fingir que não doeu e dizer que está pronto para outra. O que passou, passou. Colocar um band-aid na ferida e ir viver. Serem felizes, desejavam isso com reciprocidade. Mal sabiam que a felicidade deles se encontrava um no outro.

Mas sem se importar, giraram os pés na direção contrária ao mesmo tempo, dando as costas um para o outro, dando as costas para o amor.

A realidade os abatia, estapeava seus rostos... Era insano, mas era o certo. Depois de andarem ruas e mais ruas, sem rumo certo, perceberam o que tinham feito com as próprias vidas, e o quanto era tarde demais.

Nunca é tarde demais, pensaram ao mesmo tempo.

Então Draco parou no lugar, em uma rua movimentada no meio da calçada.

Hermione se sentiu incapaz de dar mais um passo e se distanciar mais um centímetro da sua felicidade.

Então correram, correram como se suas vidas dependessem disso. Seja onde for, encontrariam um ao outro em céus ou terra, e fariam isso valer a pena.

Eu gosto tanto de você

Que até prefiro esconder

Deixo assim ficar

Subentendido

Como uma ideia que existe na cabeça

E não tem a menor pretensão de acontecer...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Reviews por favor hahaha