O Ladrão de Livros escrita por OnlyGirl08


Capítulo 5
Alguém como eu


Notas iniciais do capítulo

Um novo começo para Freddie!
Boa Leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/503133/chapter/5

–Simas!! –Freddie ouviu alguém gritar ao longe, tentou olhar, mas a chuva embaçou a pessoa numa silhueta que ia se aproximando. A dor na perna foi aguçando e tudo que se lembra, foi de ter ficado inconsciente.


–Ele vai ficar bem doutor?

–Vai sim, só tem que recuperar as forças com uma boa alimentação e ficar bem protegido do frio, a pneumonia pode piorar.

–Certo... Tome um café na sala enquanto espera a sua carona!

Freddie escutou conversarem, mas era como se tivesse dormindo e consciente ao mesmo tempo. Estava fraco e onde estava era quentinho e macio, não queria abrir os olhos e voltar para a realidade em que se encontrava. Mas começou a sentir alguém o tocar, ele arrepiou, estavam fazendo carinho nele. Freddie tentou abrir os olhos, mas uma luz forte o segou, e devagar e piscando varias vezes conseguiu ver uma mulher, cerca de cinquenta anos, tinha cabelos castanhos com vários fios brancos presos num coque frouxo e um vestido florido, ela sorriu gentilmente ao perceber que o menino acordara.

–Olá! –ela disse com uma voz tão meiga quanto um anjo.

–Oi... Onde estou? –disse Freddie coçando o olho. Viu que estava num quarto bem iluminado por causa da janela aberta ao seu lado com um sol de meio dia.

–Perguntas depois... Descanse. Vou pegar sua sopa. –ela se levantou e foi ate o canto do quarto e pegou uma bandeja onde tinha uma grande tigela de sopa de legumes, um pedaço de pão, um copo d’água e metade de uma maçã. –Coma tudo. Irá se sentir melhor. - Freddie percebeu o quão fraco estava ele tinha dificuldade em se ajeitar e erguer a colher de sopa. A mulher se levantou e saiu. Freddie olhou o quarto em volta e viu paredes azuis claras com pôsteres de carros esportivos e bandas que Freddie não conhecia, ele olhou para o lado e viu um criado mudo onde tinha uma fotografia, daquela mesmo mulher, uma senhor de bigode escovinha e um rapaz que incrivelmente era semelhante a freddie. A cor e o corte do cabelo, o tamanho e os traços do rosto eram tão parecidos ao de Freddie que o garoto só teve certeza de que não era ele pelo sorriso ser diferente e os olhos serem azuis. Freddie ouviu passos de volta e viu a mesma mulher e o homem da foto entrarem no quarto.

–Esta boa? –a mulher se referia à sopa, tão gentilmente quanto antes.

–Esta sim, obrigado. –Freddie sorriu e deu mais uma colherada.

–Qual é o seu nome? –disse o senhor olhando Freddie fixamente nos olhos com certa tristeza.

–Fredward.

–Fredward... –o senhor repetiu – Essa e minha esposa Catrina. E eu sou John. –ele disse tentando ser educado, mas tinha um pouco de amargura em seus olhos.

–Vou dizer ao doutor Philipe que o menino acordou antes dele ir embora! –anunciou a mulher dando mais um sorriso a Freddie. –Não o faça perguntas John. –ordenou a mulher já saindo. Freddie ficou sem graça ao ver o homem parado ali o olhando, e Freddie numa cama e não sabia nem onde estava, será que tudo que passou foi um mero sonho?

–Onde estou? –repetiu. E isso fez o homem muito satisfeito, porque ele queria visivelmente conversar com Freddie.

–Na minha casa. –disse o homem se aproximando

–Porque estou aqui?

–Você foi atingido por um tronco de uma arvore e desmaiou. Pegou uma pneumonia por ter ficado muito tempo na chuva.

–Hum... –Freddie queria pedir pelo menos um obrigado, mas mesmo assim não sabia exatamente o porquê e não entendia como um homem em sã consciência acolhe um menino jogado na rua podendo ser um mendigo ou um viciado.

–Esta vendo aquele rapaz da foto? –ele apontou para a foto que Freddie reparara. Ele fez que sim com a cabeça. –Vocês dois são muito parecidos... –comentou baixo.

–É... Quem é ele?

–Meu filho Simas. –Ele fez uma pausa. Olhou para o sol quente da janela e voltou-se para a foto - Há uns oito meses ele começou a se viciar em drogas e logo depois fugiu de casa. Ontem à noite quando ia fechar a janela por causa do temporal, te vi ali. No chão revirando de dor ate a chuva ser mais forte que o galho e se arrastar ate sua cabeça o desmaiando. Por um momento, achei que era Simas. E não pensei duas vezes em ir lá. Mas ao se aproximar vi que não podia ser ele. Você é bem mais novo e menor...

–Mas mesmo assim o socorremos! –disse a mulher. Freddie percebeu que ela devia esta parada na porta escutando. –Precisava de ajuda e somos pessoas humildes... Afinal, se fosse meu filho, em algum lugar por aí no chão... Iria querer que alguém o ajudasse. –a mulher falava com a voz fraca levantando o rosto varias vezes para impedir de lagrimas rolar pela face.

–Catrina... – Lamentou angustiado John.

–Certo. –ela disse enxugando as lagrimas e voltando com um sorriso muito bem feito, pois mostrava alegria sincera. –Abri as janelas para entrar ar puro e fresco e para você pegar um pouco de luz solar. Tome sua sopa com calma e me chame quando se sentir melhor. Precisa de um banho. Enfim, só fique aí e quando se sentir melhor pode ir à sala.

–Certo. Obrigado.

–Vamos John! –disse a mulher empurrando o marido para fora do quarto - Vai abrir o bar tarde. –Freddie ouviu ao longe.

Freddie ficou ali parado por um longo momento. Refletindo tudo que lhe ocorrera enquanto estava tirando um belo “cochilo”, e realmente agradeceu. Olhou de um lado ao outro novamente pelo quarto e viu as coisas do rapaz que dormia nesse lugar. Ele parecia bastante popular na época do colégio. Tinha um mural enorme com fotos de vários jovens bonitos e felizes. Ele beijando uma bela menina ruiva e varias dele jogando basquete. É, teve uma boa juventude, pensou Freddie. Ele mal tinha Gibby para ficar com ele, poucos sentavam com os dois na mesa do almoço ate Carly chegar, e enfim, Freddie não quis pensar mais. Sentiu-se melhor e confiante, assim que acabou de comer colocou a bandeja no criado mudo e levantou com um pouco de dor nas pernas com a recente dor muscular. Devagar caminhou pelo corredor e viu a mulher que ao mesmo tempo via uma novela mexicana pintava um grande quadro sentado num banquinho de frente para a TV com um avental sujo de tinta.

–Olá... –disse Freddie.

–Ah oi anjo! Quer tomar um banho né? Vem cá. –ela se levantou e Freddie a seguiu. Ela entrou na cozinha e num aporta ao canto tinha o banheiro. –Tome banho o tempo que quiser. Tem toalha limpa num cestinho e pode ir ate o quarto e pegar uma roupa limpa.

–Obrigado novamente.

Freddie entrou no banheiro simples e tomou uma demorada ducha, se sentiu tão leve e tão limpo que parecia ate mais branco que o normal. Penteou os cabelos com certo carinho e foi enrolado na toalha rápido para o quarto sem a senhora o ver semi nu. Lá vestiu uma blusa branca simples e uma bermuda. E ficou feliz em saber que coube direitinho. Abriu a mochila e jogou tudo que tinha em cima da cama. O livro amarela que roubara estava molhado mas não havia manchado a historia e ficou muito feliz. Evitou olhar para o embrulho de Rosa, que por consciência era de plástico e Freddie tinha certeza que o que tinha ali dentro estava seguro, suas roupas não estavam ali. Eles devia ter revistado oque Freddie carregava na mochila antes de o por dentro de casa e achou aceitável. Catrina mostrou a ele que as roupas estavam secando no varal do apartamento. E assim foi, Freddie e ela ficaram a tarde toda vendo alguns programas de um canal qualquer. Catrina terminou de pintar um belo gato dormindo na borda da janela e de hora em hora conversavam sobre Simas e outros. Ate John chegar a noite um pouco rabugento.

–Arthur! Outra vez com desculpas, disse que não podia vir hoje outra vez. Vou lá em cima bater um papo com ele. –disse com raiva John. –belo quadro. –comentou não dando muito mais atenção.

–Venham comer. –ela chamou suspirando. Freddie achou que devia ser rotineiro o marido chegar reclamando. Freddie se sentiu tão feliz ao sentir o cheiro de frango assado e batata assada que fez encher de água na boca de Freddie.

–Boa noite! –disse a mulher dando um beijinho na testa de Freddie. –Eu... não queria falar isso, mas, você é muito parecido com Simas, aparentemente e mentalmente. E eu te agradeço... talvez Deus tenha lhe enviado. –ela disse com os olhos brilhando. –Sonhe com os anjos. –ela disse ainda sorrindo para Freddie ate fechar cautelosamente a porta.

Freddie não dormiu, era perturbador. Não o fato de ser abrigado por um casal de meia idade que perdera o filho, mas porque Freddie não teria coragem de continuar ali, vendo os olhos daquela senhora brilhando ao olhá-lo como se olhasse para o filho perdido no mundo. Ele sabia que era ridículo, mas já estava com tudo formulado na sua cabeça sobre oque iria falar amanha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Ladrão de Livros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.