Capítulo 21 – Sugestões Originais

–Liliana – chamou Elijah, fazendo-a sair do transe em que se encontrava. A jovem olhou para o Original, que se tinha sentado ao seu lado no sofá. – O que se passa?

–Nada – disfarçou. As memórias da noite passada ainda flutuavam na sua mente. Ela queria poder dizer que depois da dança na praia os dois tinham oficializado a relação, mas tal não aconteceu. Liliana não sabia dizer se era culpa de Kol, nascido há um século atrás, ou sua, por causa daquele frio na barriga, que lhe gritava que algo estava errado. Depois de chegarem a casa, Liliana enfiou-se no seu quarto e só saiu dele na manhã seguinte, quando ouviu Kol a descer para a cave a fim de torturar Klaus.

–Ontem li um anúncio que pensei que te interessaria – estendeu o recorte de jornal. – É um workshop de desenho de moda.

A jovem ateve-se na imagem da rapariga que desenhava um vestido. Ela estava a estudar desenho de moda antes do acidente.

–Ideia interessante. Obrigada – disse ela, colocando o recorte ao seu lado.

–Não pareces muito interessada – observou Elijah.

–Eu não sei bem o que fazer – Liliana encolheu os ombros. – Acho que ainda estou a tentar encontrar-me.

–Permite-me dar uma sugestão: vai fazer o workshop. Pode ser que te reencontres.

–Eu…

–As inscrições são dentro de dois dias – interrompeu ele. – Se fosse a ti, tiraria as próximas 48 horas para pensar.

Liliana decidiu não se pronunciar. Elijah estava a pressioná-la gentilmente, mas a jovem não queria tomar muita atenção a outros assuntos quando a sua cabeça estava a rebobinar os momentos da noite passada.

–Onde está Rebekah? – indagou ela, procurando desviar a atenção do Original para assuntos mais leves e que não exigissem muito da sua atenção.

–Acho que saiu – Elijah inclinou a cabeça. – O que se passa?

–E as tuas memórias? – Liliana respondeu á pergunta com outra questão.

–Ainda estou a escrever algumas ideias – respondeu ele, sorrindo levemente. – Ansiosa para coscuvilhares a minha vida?

–Nada disso – sorriu. – Estou apenas a tentar entreter-me.

–Hum… por que não sais?

–E vou para onde?

–Não sei. Queres ir ao cinema?

–Não é uma má ideia, mas estamos na época dos filmes de treta. Os Óscares já passaram.

Elijah olhou para a vista panorâmica do seu jardim. A sala era composta por duas janelas panorâmicas, sem quaisquer vigas, o que permitia quase ignorá-las. O jardim parecia começar onde a sala terminava.

–E que tal um museu? – sugeriu.

–Eu já visitei tudo o que tinha para visitar.

–Liliana, o que se passa? – indagou Elijah, notando que a jovem estava a recusar todas as suas sugestões.

–Nada – voltou a dizer. – Apenas estou… a pensar.

Elijah acenou, decidindo não levar o assunto a peito. Ele sabia que na noite anterior ela e Kol tinham saído e tinham voltado quando o relógio batia as horas da madrugada, então pensou que a jovem ainda estava a tentar decifrar o que estava a causar-lhe uma leve ruga entre as sobrancelhas.

–Nesse caso, não vou interromper-te. Vou estar na biblioteca, a escrever.

–Certo – Liliana desviou o olhar do infinito, permitindo-se observar o Original afastar-se. – Elijah?

–Sim? – ele virou-se.

–Nós temos a coleção de Jane Austen algures na biblioteca, não é?

–Vou procurar – Elijah sorriu, baixando a cabeça enquanto se dirigia para a biblioteca para ir buscar um livro de Jane Austen, pensando em como os vampiros bebés eram tão inconstantes.

©AnaTheresaC