Um Pesadelo em Raccoon escrita por Ryuuzaki


Capítulo 6
Voltando da escola


Notas iniciais do capítulo

Pouxa gente, só 3 reviews =/
dah uma ajudinha ai :,(



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                            Voltando da escola

Após se despedirem de Geraldo, os garotos, ganharam as ruas. Caminharam um bom trecho sem se falar. As ruas estavam um tanto quanto desertas. Poucas pessoas transitavam, o movimento estava muito menor que o habitual. Se era por que os cidadãos estavam com medo ou por que a epidemia tinha pego muitas pessoas eles não sabiam. Embora, o tempo o qual passaram no colégio tenha sido suficiente para que o "horário de pico" tenha passado e com isso não eram muitas pessoas que tinham motivos para estar nas ruas embora o número realmente estivesse mais baixo do que o habitual. Mas, Kotarô não percebeu que o seu atraso fez com que ele não saísse do colégio naquela meia hora que todas as cidades têm e que faz com que as ruas fiquem lotadas: A hora que as escolas liberam os alunos. Por isso, ele pensava que uma enorme quantidade de pessoas estava "faltando" nas ruas.

- As ruas estão vazias, Né?

- Sim- Respondeu Zack de modo automático e sem emoção. Como se ele fosse um autômato.

- Talvez por que as pessoas estejam apreensivas com o que tem acontecido...

- Sim.

- Ou talvez possa ser algo completamente diferente do que imaginamos.

- Sim.

- Você só vai falar isso?! - disse enquanto se virava para o amigo, demonstrando sua insatisfação

- Sim

- Foda-se. - retrucou voltando à olhar para frente.

-Não

Depois do pequeno dialogo os garotos aumentaram o passo e decidiram ir por uma das vias principais de Raccoon onde, teoricamente, haveria mais transeuntes e sendo assim estariam mais "protegidos". Caminharam ao longo da via, Kotarô, certo de que algo estava para acontecer, ficou olhando para os lados, prestando atenção em tudo ao seu redor. De relance viu, na rua oposta, viu alguém cambaleando e mancando aparentemente seguindo um senhor que estava indo na direção oposta aos garotos. No mesmo instante lembrou-se do "velho do beco" e então a feição facial do garoto mudou de uma desconfiada para uma preocupada ou até mesmo assustada. Zack percebeu a sutil mudança e estranhou porem, preferiu não comentar nada.

Continuaram em sua jornada quase sem se falar, Zack tinha certeza de que nada de mais estava acontecendo. Mas, ele sabia que mesmo assim as ruas poderiam estar perigosas então, como que em um acordo silencioso, os dois garotos sempre evitavam ruas estreitas e escuras indo sempre por lugares mais movimentados e com boa iluminação. Em certo momento Zack pensou ter ouvido um grito bem distante. "provavelmente alguém sendo assaltado" pensou. Kotarô tinha varias opinião sobre o que seria brado, mas preferiu não comentar, limitou-se a aumentar o passo.

Quanto mais os garotos andavam, mais eles se aproximavam de suas respectivas casas e teoricamente iam ficando mais seguros, mas eles não se deixavam enganar, tudo o que queriam era chegar em suas casas para então poderem suspirar de alívio e se dedicar à outras atividades dispares de andar. Forçaram a marcha mais um pouco e ao longe avistaram a encruzilhada em que se separariam. Kotarô iria virar para a esquerda e Zack continuaria em frente. Em pouco tempo chegaram ao cruzamento em que se despediriam.

- Bem, daqui em diante, como sempre, é cada um por si - disse Zack brincando.

- Quando você chegar em casa vai entrar na internet?

-Nem dá... Esqueceu que o PC ta quebrado? - explicou

- A é... E o pior é que não tem nenhum jeito de você avisar se esta tudo bem, quando você chegar em casa... - Comentou Kotarô com um ar de preocupação.

Zack virou-se na direção do caminho o qual ia tomar, mas não sem antes de fazer mais uma piada, antes de seguir seu caminho.

- Pode deixar... Qualquer coisa eu mando um pombo-correio

-Te cuida, cara! - disse Kotarô em meio a risos.

O meio-japones ficou ainda algum tempo observando enquanto seu amigo ia andando para outro destino. Kotarô estava muito preocupado com o que poderia acontecer. E sentia algo que não conseguia explicar. Sentia que algo ruim iria acontecer. Algo muito ruim. Continuou olhando para Zack até que, por fim, conseguiu afastar o mal pressagio da cabeça e com isso conseguiu desviar os olhos do amigo. Conseguindo desprender sua atenção de Zack, Kotarô, tomou o caminho que levava diretamente à sua casa.

...

Zack descia a ladeira que o levaria para casa, ele tinha que andar um pouco mais que Kotarô, mas não era muito grande a distancia que tinham percorrer. Perdido em pensamentos ele ia andando. Mal se preocupando com o caminho à frente, afinal, depois de incontáveis anos passando por aquele mesmo lugar ele poderia até mesmo fazer todo o caminho de olhos fechados.

"Sempre me divirto com essas paranóias do Kotarô. Sempre perdido em conspirações e teorias mirabolantes. Dessa vez ele tem até um pouco de razão, Raccoon está muito bagunçada. Mas como sempre, as paranóias dele são apenas... paranóias!" Pensava Zack enquanto ria, lembrando das esdrúxulas historias que o amigo tinha criado por todos esses anos, Continuava, distraidamente, descendo a ladeira.

Em pouco tempo, chegou ao fim do declive. E automaticamente virou-se para a esquerda, chegando assim na rua em que seu prédio estava localizado. A rua estava deserta e sombria. A essa hora da tarde o sol ficava em uma posição em que não iluminava quase nada o chão, devido ao mau planejamento da construção dos prédios. Mas, isso não era problema para Zack, que já estava habituado com o local. O garoto foi caminhando sem hesitação, sua casa estava no final da rua. Talvez a uns 200 metros, ele não sabia muito calcular distancias, mas pensou ser este o valor aproximado.

Ia em um ritmo acelerado, em pouco tempo estaria a salvo em casa. Subitamente um barulho vindo da esquerda o fez parar. Ele tinha ouvido passos. Rapidamente olhou para o local, não queria ficar vulnerável para o que quer que fosse. Apertou os olhos para poder ver mulher na rua pouco iluminada e viu do outro lado da rua uma mulher que estava andando com certa dificuldade, parecia ter algum problema na perna direita.

Quando o garoto ia desviar o olhar ele viu uma sombra logo atrás da desconhecida. Uma sombra indo em direção a ela.

- Moça! Atrás de você - gritou ele por impulso e sem saber bem o por que.

Achava que a sombra pertencia a um ladrão que queria assaltar a mulher. Mas, no fundo, ele não sabia direito o que estava acontecendo. E muito menos a causa do medo que estava sentindo.

Imediatamente após o grito, os dois desconhecidos se viraram vagarosamente para ele. E então ele pode ver a enorme ferida que a mulher tinha no pescoço. Que na verdade faltava um pedaço. O outro era um homem, e pelo que Zack pode ver com a distancia, tinha feridas por todo o corpo. O garoto não conseguiu pensar no que fazer. Apenas olhava aquelas formas trôpegas se aproximando. Com braços estendidos e um grunhido escapando das gargantas. Lembrou-se de Dave, e se perguntou por que agiam daquele jeito... Perguntou-se por que ainda estavam vivos. Nessa hora ele conseguiu fazer o que qualquer um faria ao encarar essa situação. Correr.

Correu como toda pessoa que tem que zelar pela própria vida. Desesperadamente. Corria e não se importava com nada. Largou a mochila para trás e nem se preocupou. No momento tudo o que queria era chegar à segurança de sua casa. Em sua louca e desesperada fuga, não notou algo que estava em seu caminho. Só percebeu quando era tarde. Seu pé direito enganchou e fez com que o garoto fosse projetado para frente. Durante seu percurso aéreo seus olhos estavam saltados de incredulidade. Viu os prédios ao redor passando por ele rapidamente, e o chão foi ficando cada vez mais perto do seu corpo. Não conseguiu fazer nada para amenizar a queda. Chocou-se contra o chão e a inércia fez com que, mesmo assim, ele fosse impelido para frente, assim, ralando e ferindo seus braços e mesmo a calça jeans foi insuficiente para proteger suas pernas de modo eficaz.

- Droga... Droga! Tenho que me levantar! - Gritava desesperado enquanto se apoiava no cotovelo ferido.

Zack tentou se levantar e não conseguiu na primeira vez. Tampouco na segunda. Seus braços estavam feridos e suas pernas tremiam, tanto pelo choque quanto pelo medo e pelo susto. Na terceira tentativa ele conseguiu força e firmeza suficiente para se levantar, mas, quando estava quase saindo da posição horizontal, algo puxou seu pé. O garoto imediatamente olhou para trás, havia outro daqueles e este o estava segurando. O rosto da criatura estava completamente irreconhecível e um dos olhos estava para fora de sua orbita. O monstro ia rastejando em direção à Zack, sua boca estava aberta, e a cada instante um novo grunhido escapava de sua garganta.

O estudante tentou puxar seu pé, mas não conseguiu. Então, chutou a cabeça da criatura para novamente tentar soltasse, a estratégia mostrou resultados, e o garoto conseguiu se libertar. Levantou-se e pós se a corre em ritmo acelerado. Enquanto corria gotas de sangue caiam ao chão, seus braços estavam gotejando os fluidos. O prédio do rapaz estava bem próximo. Em poucos segundos ele chegaria ao portão do prédio.

Pouco antes de chegar à frente do prédio, o garoto, já tinha puxado a chave que estava em seu bolso. Apressadamente colocou a chave na fechadura, suas mãos tremiam, mas ele conseguiu colocar a chave. Colocou a chave errada. Olhou para trás e viu aquelas criaturas se aproximando. Escutou um barulho vindo de sua esquerda e constatou que vinham mais dois daqueles seres. Dessa vez ele não poderia errar a chave. Conseguiu abrir a portão e foi correndo até para as escadas que dava dentro do prédio. Por sorte a porta principal estava encostada e bastou ele empurrar. Seu apartamento ficava o fim do pequeno corredor, logo antes da escada. Porem, havia alguém no caminho, estava de costas para a entrada e Zack não reconheceu imediatamente. O garoto parou e por um segundo, seus olhos se arregalaram de medo. Mas, logo reconheceu a pessoa como sendo a sua mãe.

- Mãe! Entre em casa! Eles... Eles estão vindo... Droga... Temos que entrar em casa logo! - dizia desesperadamente Zack, enquanto andava em direção á mãe.

Zack foi se aproximando enquanto a mãe dele virava-se lentamente para trás. Ela estava olhando em direção ao chão e o garoto não conseguia ver seu rosto.

- Mãe... Você está bem?

A mãe do rapaz pareceu estar engasgando. Um som estranho vinha de sua garganta. O garoto recuou alguns passos, temendo o pior. A mulher se levantou e Zack viu algo que o fez vomitar. O pescoço de sua mãe estava todo aberto, a traquéia estava estraçalhada, sangue seco mantinha-se espalhado por toda a face. Zack limpou o vomito com as costas da mão e encarou a mulher que um dia foi sua mãe. O que ela era agora ele não conseguia dizer. Olhou os olhos vazias da criatura e não soube o que fazer... Ele queria a mãe de volta. Enquanto estava perdido em meio ao turbilhão de sentimentos e pensamentos a mulher avançou.

Conforme ela ia andando Zack ia recuando. Ele sabia que tinha que fazer algo, mas não conseguia, nunca conseguiria fazer algo contra sua própria mãe. Mesmo que ela estivesse neste estado. Ele não percebeu que havia passado da porta principal e logo após isso chegou na escada. Sem perceber o ocorrido e andando de costas não conseguiu apoio para os pés. Quando ele se deu conta. Estava no chão.

Uma forte dor tomou conta de sua nuca e de seu ombro direito. Zack tentou se levantar, mas não conseguiu. Via tudo turvo e estava muito tonto. Ele não soube quanto tempo ficou caído. Foram poucos minutos, mas para ele pareceu horas. Até que começou a ouvir o já conhecido ronco que aquelas criaturas faziam. Viu também sua mãe tentando descer a escada. Mas ela caiu e foi rastejando até o garoto. Pegou o pé dele e começou a morder o tênis. Outro daqueles seres havia começado a morder o ombro do rapaz, os outros três que presenciavam a cena , talvez sem se dar conta do que realmente acontecia, estavam se abaixando. Procurando uma porção de carne fresca para morder.

Zack começou a sentir dor em varias partes do corpo. Via seu sangue escorrendo como em filmes de terror, sua carne sendo arrancada e mastigada como se estivesse em um sonho ruim. Mas, tudo que conseguiu fazer foi rir. Rir bem alto.

- Kotarô! Parece que dessa vez você estava certo! Hahahahahah... se isso não for estranho, não sei o que é.

Talvez o estudante tivesse ficado louco, talvez ainda não tivesse se dado conta de que chegara o seu fim. Mas tudo o que ele conseguia pensar era "finalmente o Kota acertou". Zack sentiu uma dor forte no seu pé. Sua mãe conseguira rasgar o tênis e agora devorava o calcanhar do garoto. Ele olhou para ela com olhos de quem já havia perdido a sanidade e então sorriu. A partir daí não sentiu mais nada...


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