Um Pesadelo em Raccoon escrita por Ryuuzaki


Capítulo 3
A vizinha, o estranho e os amigos


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez agradeço à likamorim ^^



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A vizinhas, o estranho e a escola

 

   Kotarô havia acabado de sair de casa, fechou a porta atrás de si e andou em direção ao jardim. Suspirou. Mas um entediante e inútil dia de aula. Continuou andando pelo jardim e pulou a cerca-viva na parte onde era mais baixa, virou-se e olhou para a própria casa. Era uma casa relativamente grande, uma casa em que ele e sua família nunca poderiam morar, mas desde que Laurent, seu pai, havia sido contratado pela Umbrella a condição financeira deles havia melhorado muito. Mas Kotarô odiava a cidade. Ele não sabia o porquê, mas havia algo que o incomodava. Não eram as pessoas, que em sua maioria eram gentis e receptivas, mas sim algo no próprio ar de Raccoon.

  Algo que ele não sabia dizer o que era.

  Resolveu parar de pensar e ir logo para o colégio ou poderia chegar atrasado, de novo.

   Não havia andado muito e novamente parou. Sua vizinha, Jill, estava parada na calçada olhando para um horizonte imaginário, pensativa.

- Bom dia senhora Valentine! - Disse Kotarô animado, Jill odiava ser chamada assim. E ele adorava perturbar os outros.

- Kotarô, só quero ser chamada de senhora depois dos 50 anos. - respondeu Jill em tom de brincadeira. - E é melhor você ir logo para o colégio, ou vai se atrasar como da outra vez - disse ela com um sorriso forçado. Pela voz dela estava claro que algo a estava perturbando.

- Não que eu me importe muito, mas... Você tem razão, é melhor eu me apressar! Tchau senh... Quer dizer Jill. Respondeu, com um sorriso e sem mais olhar para trás, correu atravessando a rua rapidamente.

 

  Não precisava ser gênio para saber que Jill não estava legal, principalmente quando se é vizinho dela por quase três anos. Kotarô pensou. Se bem que desde o acidente nas montanhas Arklay ela andava meio deprimida. Pelo que eu me lembro, há alguns meses atrás, ocorreram alguns assassinatos e o chefe Irons enviou os S.T.A.R.S. para o lugar em que os malfeitores estavam.

Eram umas 11 pessoas... Só quatro, incluindo Jill, retornaram o que é estranho, já que eles eram um grupo de elite semelhante a S.W.A.T. Mas o que foi mais incrível, eram os boatos que circularam.

  Pelo que eu ouvi os sobreviventes falaram algo sobre monstros, armas bio-orgânicas. E que tudo era culpa da Umbrella, mas isso era ridículo Umbrella praticamente ergueu esta cidade... Mas então porque omitir o verdadeiro motivo? Ou melhor, porque inventar algo como monstros? E ainda acusar uma mega-corporação?

  Melhor não ficar pensando nisso... Do jeito que sou paranóico vou acabar inventando uma teoria de conspiração... Ou acreditando em Jill...

                             ...

  Kotarô tinha começado a correr, do contrario não chegaria a tempo no colégio. Corria desenfreado, sem parar, pulava obstáculos, desviava de pessoas. Mais de uma vez o chamaram de maluco, Kotarô nem ligou, talvez fosse mesmo. Chegou em uma avenida movimentada. Havia muitos carros transitando por ali, provavelmente pessoas com tanta pressa quanto ele. Não pensou duas vezes, embrenhou-se entre os carros e foi ziguezagueando até chegar à outra calçada da avenida, em meio a isso ouviu buzinas sendo apertadas, carros freando e palavras hostis sendo proferidas pelos motoristas.

  Ao chegar ao outro lado o garoto parou e analisou sua situação

     - Hmmm, mesmo nesse ritmo, eu acho que não vai dar para chegar ao colégio a tempo. - olhou em volta e continuou sua linha de pensamento. Optou por ir por um beco escuro, mas que o faria evitar um caminho enorme.

  O beco era escuro e estreito. Kotarô olhou o lugar de cima a baixo e definitivamente não gostou do aspecto, mas querendo evitar um caminho maior, entrou no beco. Continuou caminhando, procurando ignorar o lixo no chão e os ratos que por ali passavam, eram ratos enormes. Acelerou o passo, queria sair daquela travessa o mais rápido possível. Subitamente ouviu um barulho.

  Cerrou os olhos e olhou para a direção da qual pensou ter ouvido o som. Viu um vulto. Que aos poucos foi tomando forma e se revelou um homem. Ele foi chegando cada vez mais perto. Kotarô estava alarmado, apreensivo, Ficou olhando para a pessoa que estava se aproximando e viu que ela estava mancando, andava com certa dificuldade. Com o tempo ficou claro para Kotarô que o homem era um mendigo que provavelmente morava naquele beco.

- Senhor, desculpe passar pelo seu beco. É que eu estou atrasado para o colégio. - Disse Kotarô na esperança que o mendigo não se aproximasse. Aparentemente estas palavras não foram suficientes para o homem, que continuou andando em direção ao garoto.

- Eu não tenho dinheiro. Não levo dinheiro para o colégio. - O medo podia ser facilmente percebido na voz de Kotarô.

  O homem continuava a se aproximar, estava perto o suficiente para ver como o homem estava vestido. Era um típico mendigo, estava com um casaco todo rasgado e uma calça em estado semelhante. Seus cabelos sujos e ensebados estavam caindo sobre o rosto, de modo que não dava para ver sua fisionomia. Ele continuava a andar em direção de Kotarô.

- Ca... Calma, senhor - Gaguejou Kotarô. Recuando alguns passos.

  O homem já estava frente a frente com Kotarô. Por um segundo os dois ficaram parados. Mas o homem se moveu. Ele esticou os braços e foi em direção a Kotarô. "ahhhhhhhh" foi o que saiu da garganta do homem quando este aparentemente pareceu falar. Mas aquilo estava mais para uma espécie de grunhido.

  O mendigo tentou agarrar o pescoço de Kotarô. E seria bem sucedido. Mas o medo dá asas ao Homem. E até mesmo um garoto que nunca brigou na vida, tentou sair da situação de qualquer jeito. Desesperado o menino deu uma cotovelada no tórax do homem, o que o fez recuar. Percebendo uma brecha Kotarô chutou o mendigo, e vendo que ele se desequilibrou, pois se a correr.

Só parou quando estava seguro, dentro do colégio.

                                              

                                         ...                                        

  Kotarô estava sentado na cantina o colégio, ele não havia chegado à escola há tempo. Então teria que ficar fora de sala até o termino da primeira aula. Estava irritado com tudo, principalmente com o mendigo que tentara atacá-lo.

"Merda!" Pensou. "Cheguei atrasado outra vez! Tudo culpa daquele mendigo maluco. Deu um medo da porra na hora, mas pelo menos eu consegui sair daquela situação bizarra. Mas acabei perdendo minha aula de biologia. Acho que era sobre algo como vírus..."

- Ah, Que seja onde é que eu vou precisar saber sobre doenças virais? Quer saber? Vou ficar aqui na cantina até a hora do intervalo. - Disse Kotarô, completando seu pensamento.

                                ...

  Uma sirene soou pelo colégio, à medida que seu som ia se espalhando os alunos iam saindo de suas respectivas salas. Felizes. Porque sabiam que o intervalo das aulas havia começado. Logo após o sinal a maioria dos estudantes rapidamente se dirigiu para a cantina do colégio, queriam garantir seus lanches.

  Após a o lugar começar a encher, Kotarô, começou a procurar seus amigos. E acabou percebendo que, pelos cálculos dele, quase 35% dos alunos não estavam presentes na escola. O que teria acontecido?

- Oh Kotarô! - Gritou alguém querendo chamar a atenção do garoto.

Kotarô virou-se e olhou para quem o estava chamando, não demorou um segundo para abrir um sorriso, era Zack que o estava gritando e ao lado dele, Dave, outro grande amigo do menino de cabelo verde. Ambos estavam apontando para uma mesa. Sinalizando que era para sentarem os três juntos naquele local.

- E aeh, gente? - disse aos colegas, enquanto puxava uma cadeira para se sentar

- Atrasado de novo é? - perguntou Dave. Embora estivesse sorrindo, sua voz estava lenta e arrastada. Parecia estar bem cansado.

- É eu me atrás... - Kotarô interrompeu o que estava falando quando olhou para o amigo. Dave estava pálido e abatido, parecia meio ofegante. Passava a impressão de estar muito doente. Quase que imediatamente o "garoto de cabelo verde" se lembrou da epidemia que estava lotando os hospitais de Raccoon. E embora não tenha visto nenhum enfermo, tinha quase certeza que seu amigo havia contraído a doença.

- Zack, porque a escola ta meio vazia? To vendo que um monte de gente faltou.

- Olha, eu não tenho muita certeza - Respondeu o amigo - mas pelo que eu ouvi, muitos alunos estão doentes. E algumas pessoas simplesmente não vieram.

  Kotarô já pensava que essa seria a resposta. Mas ficou espantado com o numero de pessoas que contraiu a doença num espaço de tempo de dois dias. O que será que realmente estava acontecendo. Será que realmente era uma simples doença?

  Algo caiu no chão. Fazendo muito barulho e atraindo o olhar de todos ao redor. Kotarô e Zack olharam incrédulos para o amigo, Dave. Ele havia caído da cadeira da qual estava sentado. Derrubando sua bandeja no processo.

  Kotarô se levantou e correu até o amigo. No caminho esbarrou em varias pessoas que haviam se levantado para ver a cena. Chegou rapidamente e tremeu ao ver o estado do amigo. Dave estava muito branco e tremia como se estivesse em uma epilepsia. Uma parte da sua camisa havia se rasgado com a queda, e seu flanco tinha uma cor meio acinzentado. Parecia estar... Apodrecido.

  O garoto de cabelo verde não pensou duas vezes. Pegou um casaco que estava em uma mesa, abriu a boca do amigo e colocou parte do casaco na mesma. "Quando uma pessoa está com epilepsia ela pode morder a própria língua". Kotarô sabia disso, ele lia muitos livros. Deixou Zack olhando o amigo e, correndo, foi desesperadamente chamar um supervisor.

 Só parou de correr quando estava de volta na cantina, e com o supervisor junto a ele. Com os olhos procurou onde Dave estava. E levou um dos maiores sustos de sua vida.               Seu colega estava mordendo Paul, um dos alunos


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