9° Desafio Sherlolly escrita por Leticiaps


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Pirei total na hora de escrever, espero que gostem



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Faziam quase três semanas que Sherlock não aparecia no trabalho. Faziam quase três semanas que ele não deixava ninguém entrar no quarto dele. Faziam quase três semanas que ele simplesmente não atendia o telefone ou respondia uma mensagem. No começo todos pensaram que era por algum caso - atitude bem típica dele - mas depois começou a ficar um pouco assustador. Nem mesmo Molly ele deixava entrar.

E então, de repete...

"Venha assim que conveniente. - SH"

"Se inconveniente venha mesmo assim. - SH"

Aquilo devia ser um bom sinal, afinal. Se já estava mandando mensagens exigindo a presença das pessoas, quem sabe o caso já estava resolvido?

Molly terminou os relatórios e foi correndo pra Baker Street. Só que ela não esperava encontrar as coisas naquele estado. A sala estava na mais perfeita ordem (Molly suspeitava que isso foi culpa da Sra. Hudson, que aproveitou que Sherlock não saia nem deixava ninguém entrar no quarto), em compensação o quarto dele parecia que uns três tornados haviam passado por lá. Com ele dentro.
Todas as roupas do armário pareciam estar no chão. Inclusive algumas dela também estavam, sabe-se lá deus o por quê. E ele estava deitado na cama, dormindo. Sherlock nunca foi muito organizado e nunca ligou para essas besteiras de "dormir". Alguma coisa estava muito errada.

– Sherlock? - chamou baixinho.

– Hm? - espiou por cima do ombro - oi, Molly. - esticou o braço, chamando-a para deitar com ele.

– E então, como foi o caso?

– Caso? Que caso? - a confusão no olhar dele era tão grande que ela ficou assustada.

– Faz quase três semanas que você não dá notícias, que não sai daqui. Esse quarto está uma zona e... Sherlock, a quanto tempo você não toma banho? - percebeu tarde demais que poderia tê-lo ofendido, mas ele não pareceu se importar, apenas a trouxe ainda mais para perto, agarrando sua cintura e apoiando a cabeça em seu peito. - O que você ficou fazendo aqui esse tempo inteiro?

– Bem, fiquei revisando alguns casos, as vezes ficava entediado - ela podia ter resolvido o tédio dele, era só ter avisado, mas preferiu não interferir -, mas na maior parte do tempo eu dormi mesmo.

– Resolveu pôr em dia o sono de anos? - mas já estava dormindo de novo. Aquilo era ridículo. O que estava acontecendo? - Sherlock! Acorda!

– Hm, não, me deixa dormir, só quero que você fique comigo.

Foi então que uma bomba pareceu cair na cabeça dela. Aquilo parecia impossível, não era típico dele. Mas ao que tudo indicava, Sherlock Holmes estava depressivo. E ninguém fazia a menor ideia do porquê.

– Vou marcar um psicólogo pra você. - Molly se desvencilhou dele e foi ligar para uma amiga que era psicóloga.

– Eu não preciso de um psicólogo, eu preciso de você. - aquilo era golpe baixo.

–--

Levaram alguns dias até Molly conseguir fazê-lo sair do apartamento. Na maior parte do tempo ele só queria ficar deitado abraçado dela, sem ligar muito para o fato de que ela precisava trabalhar. Era difícil resistir a essa Sherlock manhoso, mas sabia que aquilo não estava certo. Mesmo assim não conseguia resistir. Fazia tudo que ele pedia, como sempre, mas pelo menos ele era educado e retribuía a seu modo.

Quando chegaram ao consultório, Sherlock pareceu relaxar quando viu Denise. Molly ignorou o ciúmes, apresentou os dois e foi para a sala de espera, enquanto eles estravam no consultório.

Uma hora depois eles saíram. Ninguém falou nada, é claro.

– Quando você vai voltar?

– Sábado. Ela acha que eu preciso de terapia duas vezes por semana. - O mais estranho de tudo é que ele não parecia irritado, como ela achou que sairia. Na verdade, ficou surpresa de ele ter aguentado uma hora. Tentou deixar o ciúmes pra lá de novo, não fazia sentido.

Semanas se passaram assim. Toda terça e sábado ele ia ao psicólogo, mas não comentava nada com Molly. Parecia estar fazendo algum efeito, as vezes ele saia a procura de um caso, mas as vezes ele simplesmente ficava deitado, sem levantar nem mesmo pra comer. As vezes eles faziam amor e as vezes ele nem mesmo olhava na cara dela. E com toda paciência do mundo ela se mantinha ao lado dele, durante os silêncios intermináveis e das vezes em que ele saia de casa sem avisar onde ia ou que horas voltaria.

Foi em um dos dias em que as coisas estavam praticamente normais, ele estava entediado no sofá, enrolado no lençol e reclamava sobre o quanto estava entediado. Ela foi se aproximando dele, sem fazer barulho, prestar a arrancar o lençol e saciar a sua vontade ali mesmo, e de quebra acabar com o tédio quando ele disse:

– A doutora acha que eu devo procurar um médico.

Congelou no lugar. Levou alguns segundos para perceber que ele falava de Denise.

– Um médico? Por que?

– Eu falei pra ela a sua suspeita, que você acha que eu estou deprimido. - ficou um tempo sem falar - Na última sessão ela me contou o que suspeitava desde o começo, que eu não estou deprimido e que devo procurar um médico.

– Um psiquiatra?

– Um endocrinologista.

Molly entendeu onde Denise queria chegar, Sherlock também. Não era médico, mas ele era, bem, Sherlock. Marcou a consulta e como era de se esperar, o médico pediu milhões de exames. E é claro que ela o acompanhou em cada um deles.

Quando retornaram ao médico veio a notícia: câncer na tireoide.

Câncer.

Agora tudo fazia sentido. Ele não estava em depressão. Quer dizer, de certa forma ele estava, mas era tudo culpa de uma maldita alteração hormonal.

Molly não ouvia mais nada. Estava em estado de choque. Percebia os lábios do médico se mexendo e Sherlock assentido ao que era dito. Só quando ambos se levantaram e Sherlock a puxou que ela conseguiu ter alguma reação.

–...marcar a cirurgia e... Molly? - ela estava tão branca que ele achou que ela fosse desmaiar.

Quando chegaram na Baker Street, ela não aguentou e começou a chorar.

– Não ouvi nada do que o médico falou. Sherlock, eu não posso te perder. É egoísmo, eu sei, mas não posso viver sem você. Eu te amo tanto que dói só de pensar. - ela balbuciava entre as lágrimas.

Antes que ela falasse mais alguma coisa, ele a puxou pela cintura, subindo suas mãos pelas costas dela, acariciando.

– Não entendo porque tamanho desespero. Sabe, esse câncer tem cura. Terei que fazer tratamento depois, fazer acompanhamento médico pelo resto da vida, mas tem cura. E eu posso lidar muito bem com isso se você estiver ao meu lado. - finalmente percebendo que a voz dele estava mais rouca.

– Mas, mas... - ele a beija suavemente.

– "Mas" nada. Vai dar tudo certo. E eu também te amo.


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Notas finais do capítulo

E então? *pisca*