— Te desafio a ligar pro Jimi e falar que o ama. - Disse a Maddy rindo da minha cara.

Estávamos jogando verdade ou desafio e eu estava adorando, até agora.

— Não! - Respondi decidida.

Os meninos começaram as esfregar as mãos.

— Então passa o braço. - Disse Rhidian.

Olhei para o meu pulso direito, estava vermelho e dolorido por causa que eu falei mentira uma vez (eu ainda não sabia que você apanhava se falasse mentira).

— Tudo bem. Eu ligo. - Peguei meu celular e por um motivo que eu ainda não sei, eu não tinha apagado o número do Jimi dos meus contatos. Liguei. Comecei a ouvir o som que estava chamando. - Felizes?

— Sim! - Todos gritaram juntos. Mandei ficarem quietos.

— Alô? - Ouvi alguém falar do outro lado da linha.

— O negócio é o seguinte. Eu estou com uns retardados mentais do meu lado, se é que existe outro tipo de retardados. E eles me desafiaram a se declarar pra você, então aí vai: EU TE AMO E SE NÃO FOSSE VOCÊ QUE EU ESTIVESSE LIGANDO, EU ESTARIA NA PORTA DA SUA CASA IMPLORANDO SEU AMOR. - Talvez essa última parte eu tenha gritado um pouco alto demais.

— ...

— Tudo bem, eu sei como é difícil para você entender. Tchau!

Por precaução eu desliguei o celular para Jimi não ligar de volta.

Me virei de cara para Tom, Shan, Maddy e Rhidian; e vi o silêncio se transformar em pura gargalhadas, acabei não resistindo e entrei na deles.

Estávamos aproveitando que não tinha nenhum adultos nos vigiando, por que:

1. Meu pai estava trabalhando.

2. O pai da Maddy estava na sua nova marcenaria, que na verdade era só um quartinho lá no quintal. Meu pai fala que o sr. Smith teve essa ideia por que percebeu que meu pai estava ficando apertado, então começou a fazer peças, escondidas é claro, para vender.

3. A mãe da Maddy estava fazendo faxina, e por algum motivo inexplicável ela fazia isso com fones de ouvido, ouvindo as músicas do meu Ipod.

— Agora é a minha vez de girar! - Falei.

Peguei a garrafa e girei, ela foi parando bem devagarinho; a ponta na direção da Shan e o fundo na direção do Tom.

— Eu pergunto pro Tom. - Shan falou com um sorriso sinistro no rosto. - Verdade ou desafio?

— Desafio. - Dava pra ver pela cara do Tom que ele já tinha se arrependido da sua escolha.

— Te desafio a falar qual garota você acha mais bonita.

— Isso vale? - Ele perguntou desconfortável.

— Claro! - Respondeu a Maddy.

Eu comecei a sentir algo estranho, alguma coisa parecia diferente, meus pelos se arrepiaram e meu coração acelerou. Rhidian deve ter percebido isso, por que se virou para mim com uma expressão preocupada. Maddy também parecia alterada.

— Jana. - Tom e Maddy falaram em uníssono.

A porta se abriu com tudo e uma garota de cabelos vermelhos apareceu. Shan fez uma careta, enquanto olhava para Tom e ele colocou a cabeça entre os joelhos envergonhado. Entendi tudo. Ela era Jana. Ela olhava brava para Tom, mas mesmo assim via desconforto em seu olhar, como se não soubesse exatamente o que fazer.

— Jana! - Maddy gritou e pulou em cima dela, as duas caíram, Jana se levantou.

Olhei para ela, estava suja, mas conseguia ver um brilho em seu olhar como se estivesse feliz em estar aqui. Como se pudesse sentir que eu estivesse a olhando ela olhou para mim, veio chegando mais perto e me cheirou, como um cachorro faz quando conhece alguém, seu olhos iam de mim para Rhidian.

— Sim, nós somos irmãos. - Rhidian falou como tivesse lido seus pensamentos.

— Por que você deixou a alcateia? - Maddy perguntou se levantando.

— Eu precisava ver se vocês estavam bem, vocês são meus amigos.

— E quem ficou no controle? - Perguntou Rhidian.

— Sua mãe. - Falou Jana sorrindo.

— Calma aí. A mãe dele de verdade? - Perguntei.

— Sim. A Ceri. - Jana respondeu.

— Então, bem vinda à minha alcateia! - Disse.

— A sua? - Rhidian perguntou segurando o riso.

— Você não vai querer brigar comigo. - Maddy fez cara de brava.

— Se você ganhar você pode ficar com a alcateia, mas não na minha casa. - Falei como se tivesse vencido a discussão.

— Ta você venceu! - Maddy disse me fuzilando com os olhos, mas sorrindo com os lábios.