Para meu azar, a Maddy era uma pessoa um pouco vingativa, quer dizer não que ela tenha feito algo para mim, mas eu sabia que ela não tinha esquecido minha brincadeira, e não deixaria barato.

Mas tinha algo que me preocupava mais, é que ouvi boatos que a tal de Dra Rebecca Whitewood estava de volta a cidade, bem quando a Maddy e sua família voltou, coincidência ou não? Era uma questão de tempo até a doutora ouvir sobre mim e querer me ver. Rhidian disse para mim se acalmar, que nada de ruim ia acontecer comigo, mas parecia que ele estava convencer a si mesmo e não à mim. Decidimos não falar nada ainda para Maddy, mas com a boca grande do Tom logo, logo ela vai descobrir.

Estávamos todos nervosos, Maddy devia estar feliz de mais para não perceber que Tom estava suando, Shan não parava de batucar na mesa e eu e Rhidian nos olhávamos a cada cinco segundos; conseguia ouvir quatro corações acelerados, como ela não?

— Vocês acham que um dia eu posso voltar a viver aqui normalmente? - Maddy perguntou olhando para a janela.

— Não! - Tom falou sem pensar, Maddy olhou para ele espantada.

— Acho melhor você esperar um pouco. - Disse Rhidian calmamente aconchegando ela nos seus braços.

Olhei brava para Tom. Ele abaixou a cabeça.

— Vocês não tem nada pra fazer não? - Virei pra trás e vi meu pai de braços cruzados.

Balançamos a cabeça menos Shan.

— A exposição desse ano acabou de começar! - Ela disse.

Eu me levantei e já estava lá na porta, mas os outros três olharam para Maddy.

— Podem ir eu vou ficar aqui. - Ela falou.

Todos fomos sem contestar. Subimos no carro do meu pai, que ele tinha comprado há alguns dias, e descemos na a poucos metros da entrada da escola.

O tema desse ano era sonhos. Algo que eu não pensava até a exposição. O tema de Tom nem era fácil de saber, com certeza tinha algo a ver com futebol. Shan, biologa ou genética. Rhidian desenho. Mas o meu demorei tanto para descobrir o quê fazer,acho que ninguém vai adivinhar.

Dei um passo e senti uma mão segurando o meu ombro, me virei e vi uma mulher morena com os cabelos cacheados preso com um rabo de cavalo um pouco desarrumado, como se tivesse se arrumado as pressas.

— Você é a Zoe? - Concordei com a cabeça.- Meu Nome é Rebecca Whitewood, mas pode me chamar só de Rebecca, sou uma bióloga.

— O que você quer comigo, se você não percebeu eu não sou um animal!

Ela levantou a sobrancelha curiosa.

— Por que você esta nervosa?

— Estou atrasada para a exposição, com licença.

Dei as costas para ela. Quando estava na entrada da escola a ouvi dizer "ela é um deles". Isso era tudo que eu não precisava ouvir.

Entrei na escola, passei pelos corredores com o coração acelerado. Já estava na exposição, quando trombei com Katrina.

— Me desculpa. - Falei, voltando a realidade.

— Não foi nada, você já viu minha exposição? - Ela foi me puxando mesmo sem minha resposta. - O que achou?

Muito Rosa e pouco conteúdo, parece alguém que eu conheço. Mas é claro que eu não disse isso, minha resposta foi algo assim:

— Eu adorei as cores que você usou! E eu acho que o seu sonho de virar uma grande estilista vai se realizar.

Kara, que estava no stand ao lado me mostrava um sorriso nada inocente. Jimi passou direto por mim e foi até ela, e a beijou. Isso explica tudo. Se ela estava esperando que eu fosse chorar no banheiro se enganou, eu comecei a rir no começo era um riso falso mas depois realmente ficou engraçado e comecei a gargalhar de verdade. Ela ficou vermelha, sorte dela que sou uma pessoa do bem, então fui embora.

Encontrei Rhidian um pouco mais pra frente.

— Eles estão bravos, por que você não esta apresentando seu stand.

— Já estou indo lá.

Fui andando calmamente pelos stands cheios de pessoas, quando finalmente cheguei no meu só tinha uma pessoa, mas aquela pessoa eu reconheceria a quilômetros de distância: meu pai.

— A senhorita poderia me explicar os seus sonhos? - Ele disse ainda de costas para mim.

Senti um frio na barriga, mesmo o meu sonho sendo algo normal para um wolfblood, era estranho explicar.

— O meu sonho é... ir levando minha vida tranquilamente. Eu acho que fazer tantos planos para o futuro é algo idiota. Você não sabe o que pode acontecer. Vai que você quer ser um corredor e vira um tetraplégico? Ou quer virar um médico e fica cego? Pra mim você tem que aproveitar a vida ao máximo, porque você nunca sabe o que vai acontecer. Sua vida pode mudar pra pior ou quando você menos esperar pode até melhorar. Ah, e não fazer planos é diferente de não lutar pelos seus sonhos. Por que se você não lutar por eles quem vai?

Meu pai não se virou, continuou olhando meu cartaz. Não que ele estivesse maravilhoso, apenas diferente, e isso não era algo ruim para mim. No meu cartaz eu pintei ele de azul colocando umas nuvens brancas de algodão, colei umas fotos de pessoas felizes tranquilas, e escrevi várias frases que me ajudavam a seguir minha vida.

Cheguei mais perto de meu pai, ele se virou e vi que estava sorrindo o abracei. Ficamos assim por um bom tempo.