The Amazing Spider-Man escrita por Leinad Ineger


Capítulo 2
Capitulo 2 - O Casamento Químico




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– Abaixe-se, Langstrom!

O Lagarto pulou com fúria, atingindo o Homem-Aranha. O enorme réptil rastejou até o Aracnídeo, subindoem cima dele para desferir o golpe fatal. Tentando concentrar suas forças, o Homem-Aranha procurava atingir os olhos do Lagarto, mas estava em desvantagem.

Langstrom observava de longe...

– Dr. Connors, acorde! Sou eu!

O rugido do Lagarto lembrou o Aranha do quanto Connors ficava descontrolado quando a persona do Lagarto assumia o controle. Langstrom se levantou. Conhecia muito bem a influência malévola de seu lado animal. Olhou para o céu, pediu perdão a Deus e a Francine (""Eu sei que eu tinha prometido, mas há uma vida em jogo..."") e deixou o veneno fluir em suas veias, atingindo o hipotálamo e ativando a transformação.

O Lagarto ergueu os punhos para desferir o golpe fatal. O Aranha ainda pensou na ironia da situação: Octopus o admirava/odiava, o Duende Verde o amava/odiava, Venom o odiava/odiava, mas nenhum deles fora capaz de matá-lo. Caberia ao Lagarto, que não o odiava - estava apenas seguindo sua natureza - dar um fim ao Homem-Aranha.

Peter fechou os olhos e pediu perdão à tia May, por isso não viu as enormes garras que seguraram os punhos do Lagarto. O réptil olhou atrás de si e viu apenas as enormes presas do Morcego Humano, brilhando em meio a um ruído que despertaria o próprio demônio. As duas bestas se engalfinharam num combate devastador, com golpes que faziam tremer as paredes do laboratório.

O Aranha ficou paralisado diante da fúria que se incorporava à sua frente. De um lado, um morcego de dois metros e meio (e suas experiências anteriores com morcegos não tinham sido das mais amistosas). Do outro, um grande amigo enterrado sob a casca do Lagarto.

""Meu, tô me sentindo o sobrinho do professor Lidenbrock! O que eu faço? Não vou conseguir segurar os dois... Mas tenho que impedir o morcego de matar o professor Connors, ou todo o esforço do Langstrom terá sido em vão...""

O Aranha usou uma teia para conter a mandíbula do Morcego Humano e, com um salto, o jogou para trás. Virou-se para o Lagarto, olhando dentro dos olhos da criatura, esperando ver um lampejo de sanidade, a alma do Dr. Connors.

Tudo que ele viu foi ódio.

O Lagarto se virou e pulou pela janela, desaparecendo na noite.

– Homem-Aranhaaaa...

Era o Morcego Humano, rasgando as teias que prendiam sua boca.

– Sou eu... Langstrommm...
– Dr. Langstrom! Você é o Morcego Humano!
– Simmm... Anos atrás, sintetizei uma fórmula... que daria aos humanos o sentido de radar... dos morcegos... Infelizmente, eu estava... errado... Mortalmente errado...
– Mas... mas...

Peter gaguejou. Não podia contar o que sabia a respeito do Dr. Langstrom, sob o risco dele descobrir sua identidade como Peter Parker. Resolveu blefar:

– Batman me disse que não havia mais Morcego Humano!
– Não... como antes... Eu controlo a transformação... Mas não posso reverter, exceto... exceto se o antídoto for administrado em mim... Pegue a fórmula, Aranha... Vamos atrás do Lagarto e depois... depois, você a injeta em mim...
– Isso quer dizer que Connors ainda vai conviver com o Lagarto?
– Simmmm... Mas vai controlá-lo... O preço é tornar-se um... monstro... Mas, até que seu... corpo... assimile a fórmula... é um preço pequeno a... ser pago...

O Aranha não tinha muito a fazer além de concordar. Sob orientação do Morcego Humano, o Aracnídeo preparou as ampolas com o antídoto e as ajustou no cinto. Estavam prontos para a caçada.

– Aranhaaaaa... Eu sei que minha aparência... é a de um monstro... Mas eu lhe asseguro... que estou no controle agora...
– Não devia ter escondido isso, Langstrom. Quando vi você e o Lagarto lutando, tomei a iniciativa de defender o monstro que eu conhecia.
– É... compreensível... Mas eu não podia revelar minha identidade com Parker... por perto... Bom garoto... Mas trabalha para um jornal...
– Compreensível. Não se preocupe, Parker costuma tirar fotos minhas, mas ele deve estar na redação do Clarim levantando informações sobre o Lagarto.
– Ótimo... Vamos... caçar o Lagarto...
– Caçar, não. Procurar.

E os dois lançaram-se pela janela, ganhando a noite de Nova York e transformando os céus numa cena surreal.

Enquanto cruzavam a cidade, o Aranha e o Morcego Humano combinavam a estratégia para deter o Lagarto.

– Alguma idéia... de onde ele... possa estar?
– Uns marginais disseram que alguns bichos foram mortos na área do Central Park. Como tem feito frio ultimamente, acredito que seja um bom lugar para um réptil caçar.
– Bom... palpite... Mas... pelo que eu sei... o Lagarto já tentou... controlar répteis... para matar humanos... E agora... ele parece... menos xenófobo... e mais... primitivo...
– Isso tem um lado ruim: é sinal de que sua consciência humana está sumindo. Tudo bem que destruir a humanidade não é o que a gente entende por consciência, mas...
– Entendi... seu ponto de vista... Temos que ser... rápidos... Ou será tarde... demais... para Connors...

O Aranha sentiu um calafrio. Não podia perder o Dr. Connors, não podia! Enquanto isso, Langstrom pensava nas coincidências que cercavam a história do Lagarto e a sua própria. Dois cientistas tentando tirar da natureza (brincando de deus, diriam alguns) alguma coisa que a humanidade pudesse aproveitar. Ambos fracassaram miseravelmente e foram punidos pela ousadia, fundindo-se à biologia animal que pesquisaram com tanto afinco. E a esposa de Connors? O filho? Ele tinha um filho! Francine Langstrom foi forte, mas como a sra. Connors reagia à fera que tomava conta do homem?

E esse vigilante, o Homem-Aranha? Apenas por confiar muito em Batman que Langstrom tolerava sua presença, mas... Havia algo nele, no cheiro dele... Familiar... E Parker? Aluno de Connors, brilhante aluno... E o Aranha também tinha habilidade para a ciência... Langstrom afastou os pensamentos da cabeça para se concentrar. Chegaram ao Central Park e Connors passou a utilizar seus sentidos para tentar localizar o Lagarto.

– Ele... está aqui...
– Eu sei. Dá pra sentir. Vamos usar o hormônio para atraí-lo?
– Sim, mas... para sua segurança... derrame o líquido em mim... Essa substância parece... irritar... o Lagarto... E apenas você... tem mãos ágeis... para aplicar o antídoto...
– Você é quem manda.

O Aranha espalhou a fórmula sobre as enormes asas do Morcego, que começou a abaná-las para espalhar o cheiro.

– Prepare-se... Aranha... O Lagarto está vindo...

Antes que pudesse concluir a frase, o Morcego se viu cara a cara com o Lagarto. Ambos se encararam por incontáveis segundos. O Aranha, lentamente, levantou o braço, para disparar o cartucho de teia com a fórmula de Langstrom. Mas a cena diante de seus olhos era assustadora. O Morcego Humano, com as asas abertas (mais de três metros de envergadura), a enorme mandíbula aberta, com presas gigantes à mostra (as presas eram o que mais incomodava o Aranha, lembravam muito o Venom). Do outro lado, o Lagarto, rastejando lentamente pelo chão, como um réptil pronto para dar o bote...

E o bote veio com uma velocidade assustadora, deixando o Aranha pasmo (ainda mais, bem entendido! De repente, sentiu as pernas bambearem, pois, além da velocidade do ataque, a fúria era descomunal.) As duas criaturas voltaram a se digladiar, o choque de garras, presas, asas e caudas fazia o barulho de um exército se chocando. O Morcego Humano conseguiu imobilizar o Lagarto de costas para o chão, reduzindo o poder destrutivo da cauda do réptil. A parada parecia ganha, exceto pela hesitação do Homem-Aranha.

– Homem-Aranha... rápido... o antídoto...

Antes que o Aranha pudesse se posicionar, o Lagarto desferiu um golpe violentíssimo, mordendo o pescoço do Morcego Humano. O grito de dor do Morcego pôde ser ouvido a quilômetros de distância. Novamente em choque, o Aranha tentou atingir a boca do Lagarto com uma bola de teia carregada com a ampola do antídoto, mas errou o alvo. O Morcego Humano caiu, levando as mãos ao pescoço ensangüentado, tentando estancar o sangramento. O Lagarto fugiu, rapidamente, embrenhando-se entre as árvores do parque.

– Dr. Langstrom, o senhor está bem?
– Aranha... seu idiota... Vá atrás... do Lagarto...
– Me deixa ajudar, Langstrom! Você...
– Deixe uma ampola... comigo...
– Tome o antídoto agora, você precisa...
– A fisiologia do Morcego Humano... vai curar o ferimento... Não posso me transformar... com o pescoço... aberto...
– Mas eu...
– SAIA!
– Exatamente o que eu ia fazer...

""Por que todo morcego é mal-humorado? Pensando bem, o buraco é mais embaixo: todo herói relacionado com bicho é mal-humorado, exceto o bonitão aqui. O Wolverine é mal-humorado, mas até aí, tudo bem. Carcajus também são. Mas o Aquaman, de bonitinho, como um peixinho de aquário, não tem nada: mal-humorado. O Batman, nem se fala. É pior que o Jameson. Quem mais? O Octopus! Outro estressado... O Gavião Negro. Nunca sorri. A Vespa até que é comportada... Mas é mulher. Herói homem com nome de bicho é mal-humorado. Exceto o espetacular Homem-Aranha. O Krypto! Será que o Krypto fica de mau-humor quando não acha um poste?""

O Lagarto não estava matando nada muito grande. Pouquíssimas pessoas o viram. Isso tornava tudo mais difícil, não havia pistas para o Aranha seguir. Enquanto saltava entre as árvores do parque, o Aranha tentava imaginar para onde o Lagarto poderia ir. Para casa? Para o esgoto? Talvez ele ficasse rodeando o laboratório, mas...

O hormônio! O hormônio do Dr. Langstrom ainda estava espalhando seu cheiro pelo ar! O Lagarto não iria muito longe, o cheiro o atrairia de volta! O Aracnídeo tinha que encontrar Langstrom novamente, antes do Lagarto!

O Aranha teve tempo de ver o Morcego Humano ajoelhado, de cabeça baixa, vencido diante do Lagarto, prestes a dar o bote. Não podia falhar novamente, muitas vidas dependiam disso. Levantou o braço e apontou, de longe, para o Lagarto. Com um leve meneio de cabeça, o Lagarto desprezou a presença do Homem-Aranha. Ele não representava ameaça. Mas muitos antes dele cometeram esse erro: deram o Aranha por vencido antes do apito final. Talvez eles estivessem certos, talvez o Aranha estivesse realmente vencido. Mas o que explicava sua perseverança, sua impressionante capacidade de se recuperar das mais adversas situações, sua inabalável fé em si mesmo?

Fé? Às vezes, ele não acreditava mais. Às vezes, o Aranha achava que Deus o tinha abandonado, que ninguém ouvia mais suas orações, que ninguém o ajudaria ou moveria um dedo por ele. Nessas horas, sua determinação aumentava. Não era mais por fé, pelo que é certo, nem mesmo por seu senso de responsabilidade.

Era pura teimosia, como a aranha que insiste em subir pela parede mesmo que a enxurrada a derrube várias e várias vezes.

O Lagarto preparou-se para o último bote diante do Morcego Humano, sua presa. O sentido de aranha avisou o herói aracnídeo uma fração de segundo antes do ataque. A bola de teia, com a ampola do antídoto, viajou rápido até a boca do Lagarto, que engasgou, caindo no chão e tossindo bastante. O Aranha aproveitou para socorrer o Dr. Langstrom que, apesar de fraco devido à perda de sangue, ainda estava consciente e com o pescoço recuperado do ataque brutal do Lagarto. Tomando o antídoto, voltou lentamente à sua forma humana. Ao lado deles, Curt Connors recuperava a consciência.

Mais tarde...

– Bom, Dr. Langstrom... Foi um prazer conhecê-lo, eu jamais poderei agradecer o que o senhor fez por mim.
– Não se preocupe, Dr. Connors. Eu entendo muito bem o que você passou e estou contente por você ter escapado deste pesadelo. Assim que eu chegar a Gotham, vou falar com Bruce Wayne. Tenho certeza que há muito campo para um cientista renomado como o senhor.
– Seria ótimo, eu realmente preciso reerguer minha vida. Gotham seria um bom lugar para recomeçar.
– E obrigado a você, Parker. Sua lealdade ao Dr. Connors me comoveu.
– É para isso que servem os amigos, Dr. Langstrom. Espero poder vê-lo novamente em circunstâncias mais... científicas!
– Claro, Parker! Será ótimo! Adeus, senhores. Cuidem-se.

Langstrom entrou no ônibus para Gotham sem olhar para trás. Queria esquecer o que tinha acontecido. Era muito difícil manter o controle sobre o Morcego Humano, e a batalha contra o Lagarto mostrou o quanto sua ferocidade era imprevisível. No seu íntimo, desejava não ver Connors ou Parker novamente. Ou o Aranha. Mas sabia que era inútil fugir. E talvez Connors fosse o amigo que ele tanto precisava, alguém com quem poderia conversar a respeito do abismo dentro de suas almas. Até para conversar na frente de Parker, tinha que escolher as palavras. Não queria que ele soubesse a verdade sobre seu alter ego.

Seria bom se Connors fosse para Gotham.

– Obrigado, Peter. Te devo mais uma.
– Esquece, professor. O mérito é todo de Langstrom e do Aranha.
– Não seja modesto, filho. Você sempre se esforçou além do esperado. Eu te devo muito. Principalmente por você não revelar ao Clarim o que sabe a meu respeito.
– Eu tiro fotos, professor. Tirei fotos do Lagarto e do Aranha, vou ganhar um bom dinheiro por elas.
– E o Morcego Humano?
– Hmmmm... Nem o vi. Sinceramente, professor, se não fosse por sua palavra eu duvidaria que ele existe. Mas deixa isso pra lá. Viu as fotos do Clarim?
– Vi, sim. E quer saber? Estou cansado disso. Lagarto, Aranha... Preciso de umas férias!
– Aproveite bem, professor! Eu vou ficar por aqui e tirar minhas fotos.
– Se cuide, Peter. E obrigado por tudo.
Naquela noite, do alto de um prédio, o Aranha pensava sobre tudo que tinha acontecido. Seria aquele o fim do Lagarto? Veria o Morcego Humano novamente? Até quando cientistas brincariam com forças além de sua compreensão??

Será que o Besouro Azul também era mau-humorado?

Lançou sua teia, ganhou os céus novamente e foi para casa, pois tinha que acordar cedo e não podia aparecer no Clarim novamente com a barba por fazer.


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