Hitman - solo 47 escrita por Cahxx


Capítulo 1
Prólogo




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O vento gélido cortava seu rosto e enrijecia seu corpo. Aquela simples brisa lhe causava a sensação de milhões de navalhas lhe cortando a pele e mesmo sob todos aqueles casacos, touca, luvas, coturnos e visor, o frio lhe era terrível.

Com uma M24 perfeitamente alinhada, mirava um grupo de turistas, vários metros abaixo daquela serra, que se divertiam esquiando, ou tentando esquiar.

— Só mais alguns segundos...

Seu comunicador chiou no bolso o que lhe irritou bastante: tirara sua concentração.

— Maldição... – resmungou. Decidiu ignorar e continuar concentrando-se. Precisava terminar aquilo urgentemente e sair do local o mais rápido possível. Era assim que haviam lhe pedido. É assim que trabalhava.

Normalmente lhe era agradável concretizar os pedidos de seus compradores: era um trabalho que lhe trazia prazer, excelente retorno financeiro e consequentemente, um desejável modo de vida. No entanto, sentindo o frio rachar seus ossos e a complicação de acertar uma única pessoa no meio de toda aquela gente começava a pesar em sua mente: maldita hora em que fora aceitar o trabalho.

Uma semana atrás.

Após um longo banho depois de uma fatídica noite de bebedeira, andava pelo apartamento alugado no centro da cidade. O imóvel, um dos melhores e mais procurados da região. Como conseguira? Cortesia de sua última "missão". A vista da sacada lhe propiciava uma visão panorâmica da cidade; era, também, um fácil acesso para os demais apartamentos. Não que isso tivesse sido útil alguma vez.

Terminava de secar os cabelos escuros de forma relaxada, bagunçando-os com a toalha, quando seu notebook emitiu um bipe. Era sinal de mensagem. Encarou o aparelho um tanto curioso devido a época em que estavam, mas decidiu por fim abri-lo. A mensagem era, como sempre, curta, rápida e objetiva. Lhe oferecia um serviço rápido e aparentemente simples demais. Rapidamente enviou seu número para contato por e-mail, acionou o modificador de voz e a conversa se iniciou:

— Ômega-3-oitavos?

— Sim - sua voz soou grave e robótica no aparelho.

— Tenho um trabalho para você.

— Isso eu já sei.

— Gostaria de saber o modo como trabalha e a forma de pagamento.

— Bem, são cinco mil de entrada que usarei para comprar as armas; jamais uso a mesma. Vou até o local, tiro fotos e lhe envio, para confirmar e mostrar que de fato estou lá. Depois faço o que pedirem e vocês enviam o restante do pagamento.

— Entendido. E quando começamos?

— Pode ser hoje.

Terminada a negociação, guardou todos os aparelhos eletrônicos utilizados, desde o celular até o notebook, numa maleta prateada, vestiu jeans preta, suéter preto e um sobretudo também preto. Calçou os sapatos e as luvas de couro pretas, e saiu para a noite fria carregando a maleta.

Andava pelas ruas iluminadas em silêncio e concentração. Ignorava as risadas, as conversas e os planos de compras natalinas que as milhares de pessoas faziam ao seu redor. Não havia motivo para se importar; o mundo resumia entre os que sabiam de seu trabalho e os que não faziam ideia.

Chegou em uma rua absolutamente deserta, onde encontrou um caixa eletrônico. Aproximou-se da máquina o suficiente para que as câmeras da rua não pudessem ver suas ações. Com um teclado inserido no caixa, digitou diversos comandos e por fim a quantia de 5.000,00 dólares que foram extraídos no mesmo instante. Guardou as notas no bolso de dentro do casaco e voltou a caminhar pela noite.

Andou mais cerca de dois quilômetros até um bairro pobre do subúrbio da cidade. Ignorou os mendigos que lhe pediram coisas, as crianças que jogavam bola a sua frente e as moças que lhe fitaram com curiosidade. Por fim, entrou num beco escuro e estreito onde jogou a maleta prateada dentro de uma caçamba de lixo e saiu calmamente, como se tudo fosse normal. Bem, para si, tudo era. A caçamba explodiu logo que virou a esquina.

 

Uma semana depois, pegou um voo para aquela região montanhosa, fria e gelada, onde encontrava-se nesse instante coberto por agasalhos escuros, rifle em mãos e mira no peito de um sujeito de meia idade e corpo nem um pouco atlético. Normalmente fazia questão de saber a identidade de seus alvos, mas estranhamente lhe fora negado na atual missão. De fato não se importou, apenas queria o pagamento que seria um dos mais altos até então. É claro que pagamentos altos relacionavam-se a alvos de importância social alta, mas pouco se importava.

O notebook encapado ao seu lado emitiu um novo bipe. Abriu-o e leu a mensagem, confirmando que o alvo era de fato o mesmo das fotografias que havia enviado ao contratante segundos antes. Fechou o aparelho, voltou a se posicionar na horrenda neve, mirou o alvo no peito, prendeu a respiração e apertou o gatilho. O ruído ecoou alto pelo céu, mesmo a arma contendo silenciador. Os gritos seguiram milésimos de tempo depois, acompanhados por uma grande comoção de turistas e funcionários que socorriam a vítima.

Enquanto isso, ainda no alto da serra, guardava tudo com extrema agilidade. Após todos os equipamentos estarem agrupados em uma pilha, arremessou um dardo no meio dos utensílios, montou em um quadriciclo e acelerou montanha abaixo, no mesmo instante em que uma pequena explosão aquecia suas costas.

Mais uma missão realizada com sucesso. Agora só precisaria retornar em seu voo quente e aconchegante, pegar o resto do pagamento e gastar tudo em uma vida desregrada. Era assim que trabalhava. Era assim que vivia.

Na placa da moto lia-se: 047.

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Notas finais do capítulo

xx



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