Ninguém sabe o que é ser o homem mau.

Aomine era o ás de Touou, o implacável marcador. Seu estilo livre de jogar basquete era algo que o destacava e o colocava no topo dentre os mais fortes. Por ser o melhor e o mais forte, sua personalidade foi moldada juntamente de sua nova realidade. Genioso, arrogante e convencido de seu poder. E tudo isso porque não enfrentava um oponente com o máximo de si, seu esporte preferido se tornou algo banal e todo o amor que nutria pelo basquete foi se esvaindo aos poucos. Porque ele amava basquete mais do que todos. Amava.

Ser o homem triste, atrás dos olhos azuis.

Daiki não treinava mais, e por não treinar, sua atenção foi atraída por algo que despertou seu interesse tanto quanto o basquete: Momoi Satsuki. Sua amiga de infância, que o acompanhava desde sempre. A única pessoa que conseguia domar seu jeito selvagem e fazê-lo se sujeitar às suas vontades. A única mulher que fez seu coração acelerar com algo que não fosse relacionado ao esporte que ambos amavam.

Ninguém sabe como é fingir que só conta mentiras.

Estava apaixonado pela gerente de Touou, mas se recusava a admitir. Se recusava a aceitar, e por isso mentia para si mesmo. Satsuki era apaixonada por Kuroko Tetsuya desde o ginasial e só tinha olhos para o jogador fantasma. Já tinha perdido a conta de quantas vezes ofereceu seu ombro amigo para que ela chorasse e desabafasse a respeito dele e dos seus sentimentos acerca do outro. E a cada lágrima dela, sentia seu coração despedaçar.

Eu passo horas apenas em solidão.

Satsuki tinha com quem contar em momentos de fragilidade, mas Aomine não. Porque ele estava sozinho no topo, longe de todos. Reinando soberano na solidão que o sufocava dia após dia. Não podia falar com ela sobre seus sentimentos que eram direcionados a própria Momoi, então guardava tudo para si. Ela não precisava saber o sofrimento dele em reprimir tudo, para que a amizade deles não fosse abalada.

Ninguém sabe como é sentir esses sentimentos.

Repudiava o amor, e todas as sensações até então desconhecidas que ele trazia consigo. Ciúme, possessão, saudade, tudo o que Satsuki despertara nele depois de tanto tempo. Se tivesse percebido antes, poderia fazer algo. Mas era impossível reaver o tempo perdido e tudo o que pensava e idealizava não era tão vão como ele tentava se convencer. Mas ela jamais seria sua.

Meu amor é uma vingança que nunca será livre.

Tudo o que sentia na mais profunda complexidade dos seus sentimentos era unilateral. Ela nunca o levaria a sério num sentido mais intenso da palavra, não depois de ser correspondida por Kuroko e agora engajada num relacionamento com o baixinho. Foi derrotado dentro e fora de quadra – mesmo que no coração dela, ele jamais fosse o vencedor. Mesmo dando seu apoio como o amigo que era, ninguém sabia o que as carrancas de Aomine Daiki escondiam. A melancolia, a tristeza por ter perdido o alvo de seu amor e a dor que estavam por trás de seus olhos azuis.