Uma Carta para Samy escrita por Quézia Martins


Capítulo 1
Troca: Um Filho.


Notas iniciais do capítulo

uhuhu... Se esbanjem!

Boa Leitura!



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Narradora

Luan entrou na cozinha com um envelope em mãos. Sentou na ponta do balcão e ficou tentando conseguir a atenção de Samanta.

-Mor? Mozinho? Mozão? Moreco? - ele ouviu o barulho musical do riso dela e, deixando o envelope sobre o balcão, se dirigiu até Samy, laçando-a pela cintura. – Você está linda com esse avental. – ele falou enquanto ela fechava o forno com devagar.

- Linda vai ficar nossa janta se você não me deixar em paz. – ela disse risonha.

- Linda como você?

- Sim, só que preta. – ele fez cara de susto e Samy riu dele.

- Deixa quieto então. – ele sentou-se na banqueta de frente a ela e lançou-lhe um olhar. – Amor?

- Oi Luan? – Samanta respondeu pacientemente.

- O que acha de várias crianças correndo por aqui?

- Já falamos sobre isso senhor Calderão. – Samy respondeu tirando o avental – Está muito cedo.

- Faz quase um ano.

- Mor... Por favor. – ela sussurrou para ele.

- Deixe, vou encomendar uma camisinha transparente daí como você não vai ver, eu nem preciso usar.

- Cala a boca Luan! – ela exclamou numa remessa de risos.

- Pequena, eu estava terminando de desfazer umas caixas que a senhorita na sua infinita preguiça, deixou no porão e achei uma coisa.

- Aé? – Samy indagou curiosa.

- Sim, mas está lacrado. Não sei exatamente o que é. – Luan levantou da banqueta e pegou o envelope de sobre o balcão e mostrou para ela.

- Ah... – ela disse recordando. – Eu sei o que é. – pareceu que de repente o ar ficou pesado. – É uma carta.

- Uma carta né? Daquele Renan? – Luan perguntou com ciúmes.

- Menos amor... – Samanta afastou-se dele e dirigindo-se a sala de estar, sentou no sofá de pernas cruzadas. Luan ficou a observando de longe.

Samanta

Eu me lembrava bem daquela carta. Não sabia aonde tinha deixado-a, mas eu me lembrava. Maeva tinha escrito-a e deixado para mim. Respirei fundo antes de ter coragem de abri-la. Sentia Luan me olhar de longe, mas sabia que ele confiava em mim e que não viria interromper a não ser que eu permitisse. A letra de Maeva era um garrancho fácil de ser interpretado, e eu agredeci aos deuses por isso.

Samanta,

Olá querida.

Não gosto de você. Mas acho que já sabe disso. E é exatamente por não gostar que decidi escrever. Quem sabe para somente lhe matar de culpa, não sei.

Bom, não dá para lançar a bomba sem contar porque te escolhi. Então, vejamos... Antes de chegar aos motivos fatídicos de ter decidido me matar você precisa saber que...

Eu era assim como você. Uma idiota palerma que sem querer fazia todos ao redor se apaixonarem. Sabe... Sem querer mesmo. Eu nem os enchia de esperança (isso foi ironia mesmo, caso não tenha notado). Até ficar impossível e meu pai me mandar para um internato. Eles não se importavam muito comigo, foi fácil mesmo minha mãe ter ficado um pouco com o pé atrás. Mas sabe aquelas mulheres excessivamente submissas? Pois é. Minha mãe era assim. Mesmo não concordando, acatava as decisões para evitar conflitos. Coisa de quem gosta de estar sempre na aba.

Pensei que se fizesse o inferno no internato, talvez eu conseguisse sair dali e conquistar minha liberdade. Daí então conheci a Núbia... Linda, amiga demais como á deves ter notado. E numa noite conversando com ela, descobri o que seria um problema ali dentro: Paquerar o filho da diretora. Então minha mente começou a trabalhar a mil. Queimou todos os fusíveis possíveis somente para arranjar um jeito de ser notada no meio daquele monte de meninas todas iguais. E consegui. Só que aí me apaixonei, e de repente eu já não queria mais sair dali. E eu sabia que ele não estava de fato apaixonado quando me dizia “Eu amo você”, mas eu me agarrei a todo fio de esperança. Ele nunca me iludiu. Eu me iludi. Aceitei tudo. Me entreguei para ele. Entende o sentido de “se entregar” não entende? Foi o que fiz. Diversas vezes. Eu era bem nova quando fiz isso. Em torno de uns 14 anos, acho. E adivinhe? Numa dessas enlouquecidas vezes, eu engravidei. Tenho quase certeza que isso se deu na noite do jardim. Foi inesquecível. Talvez a única sem proteção.

Engravidar não é coisa fácil. Em qualquer idade. Ainda mais na adolescência. Como eu sairia dessa? Não podia contar para Núbia e nem para Bianca... Quem dirá para o Renan. Não é que eu não confiasse nele... Eu não confiava no que ele sentia. Sabia que não poderia pôr em risco o que nós tínhamos. Eu sentia que ele estava começando a gostar de mim de verdade. Então eu fiz um absurdo. Liguei para minha mãe. Até parece que ela contaria para meu pai. Então ela deu um jeito de me tirar do internato sem que ele soubesse e me mandou para ficar na casa de uma amiga dela, que fez o meu parto e depois me mandou de volta para o internato. Quando cheguei as coisas estavam diferentes. Renan já não vinha mais com tanta frequência e demorou certo tempo para que eu caísse em mim: Eu havia tido um filho e ele fora tirado de mim. Sim. Ele. Um menino. Maxwell, na verdade. Filho do Renan já que ele foi o único.

Minha mãe pediu para que eu fingisse que isso nunca aconteceu. Foi exatamente o que me vi obrigada a fazer. Esqueci que tive um filho. Vivendo com tanta decepções, já que Renan havia deixado bem claro que não voltaria e se voltasse, não seria por mim, nem para mim. Eu já estava morta por dentro. Fadada a viver nesse maldito internato até meus 23 anos. Eu não estava mais suportando. Ainda tinha esperança de reconquistar o Renan, até você chegar. Eu tinha esperanças de contar a ele sobre nosso filho e vê-lo ir atrás do pequeno Max, mas tudo isso só aconteceu em minha mente mesmo. Porque ele só tinha olhos para você.

Já que você estragou tudo, poderia tentar consertar contando ao Renan sobre o Maxwell, melhor, adotando-o já que descobri que minha mãe, aquela bruxa sem coração, deu minha criança para adoção. Não sei porque estou pedindo isso. Eu só queria ter a certeza de que ele,teria alguém que desse amor a ele. Sei que você será capaz de dar isso a ele.

Embaixo segue o endereço do orfanato inglês e os certificados. Obrigada, Beatriz.

Eternamente grata,

Maeva.”

Fiquei encarando a carta. O que mais eu poderia fazer?

- Luan? – gritei meio em choque.

- O que?

- Ainda quer ser pai?

- Vamos transar aqui? – eu revirei os olhos e ele riu.

- Idiota. – praguejei – Tenho uma criança para adotar. – sabia que ele entenderia isso. Ele sempre quis saber como era o amor que meus pais um dia disseram sentir por ele. Os minutos que se seguiram foram sobre discussões. Ele não queria adotar o filho do Renan, mas acabou aceitando. Marcamos de viajar no fim de semana.

Naquele mesmo dia liguei para o Renan. Já fazia um certo tempo que eu não falava com ele. Contei tudo e ele não acreditou como era de se esperar disse que não tinha nada a ver com isso e que esse bebê só estragaria a vida dele nesse momento. Confesso ter me surpreendido, e ao mesmo tempo ter ficado feliz. Eu teria uma criança. Luan seria pai. Acho que agora sim, eu poderia ter um final feliz... Ou não?


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Notas finais do capítulo

Surpreenderam-se? kkkkk' Review's?

~Keel



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