Era domingo, fazia calor, mas Isabela não sentia calor, ela sentia frio, porém era um frio diferente... Sentia frio no coração. Com certeza ela já se despedira do pai mais de cem vezes antes, desde que ele se separara da sua mãe; só que sempre era a mesma nostalgia aos fins de semana.

Isabela tinha 16 anos, e aos 13 viveu a dura separação de seus pais que ela tanto amava, a partir desse momento sua vida paralisou, teve de trilhar caminhos e fazer escolhas que até então eram distantes. Seus dias passaram a ser cinzentos e vazios. Como dias nublados.

E agora ela estava ali... Acenando da janela do ônibus e relembrando todas as vivências alegres que tivera ao lado dos pais quando ainda formavam uma família.

Sempre era assim, a chegada tão feliz! Por vezes seu pai a esperava com algum presente. Contudo a volta para casa era uma tristeza sem fim, olhava para seus cabelos ruivos iguais aos do pai que começava a dar as costas.

Se ela era infantil? Talvez. Entretanto a infantilidade lhe dava forças para seguir em frente, e a semana seria novamente mais longos dias de espera, até seus próximos, dois dias de alegria.