O pequeno homem vestido de cinza escrita por luciferbenigno1


Capítulo 1
O pequeno homem vestido de cinza




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O pequeno homem vestido de cinza

Vestido de cinza o pequeno homem faz seu caminho. Vestido de cinza, pois a cor da vida lhe escapa ao espírito. Seus olhos não cintilam mais. Suas alegrias morrem perante um olhar perverso e medroso do que é o mundo. Só lhe restou o azedume. Vestido de cinza, este pequeno homem transcreve as linhas de sua vida com lágrimas e apatia. E por que não “vestido de preto”? Apesar da feição de luto, o pequeno homem ainda não o alimenta. O pequeno homem vestido de cinza deseja desesperadamente que as cores retornem aos seus olhos. Que o mundo lhe pareça colorido e esperançoso novamente. Mas a cada dia, o tal cinza faz-se negro, pois o pequeno homem apenas afunda em seu fel cotidiano. O pequeno homem não distingue mais suas emoções. Um grande bolo da mesma coisa, que ora chama de amor, ora denomina conveniência.

Mas por que o pequeno homem vestido de cinza não se livra de toda essa massa pútrida que domina seu pensamento? Ele simplesmente não pode. Ele é assim. Uma grande massa negra de rancor, medo e tristeza. Pobre homenzinho... Nem sequer sabe o que quer. Se vai ou se vem. Se fica ou se parte. É apenas um peso morto. Um inerte corpo pairando pelos outros tantos homens e mulheres vestidos de cinza, mas que sabem atribuir tonalidades quase coloridas aos seus cinzas. Maquiagens que escondem uma massa quase negra por cima de suas vestes desgastadas e tão mais negras que a do nosso pequeno amiguinho. Pobre homenzinho... Se ao menos soubesse que todos os outros são como ele, talvez o fosse menos cinzento. O homenzinho só queria voltar a sorrir, a sentir o mundo ao seu redor. Queria livrar-se dessa máquina que acostumou-se a chamar de corpo e esta consciência sintética que acostumou-se a chamar de espírito.

Vestido de cinza, o pequeno homem carrega uma concha vazia em suas costas. O pequeno homem não se reconhece no espelho. O pequeno homem não sabe o que fazer diante do medo. O pequeno homem simplesmente chora por dentro ao ver o que tornou-se, ao ver que agora ele é apenas um pequeno homem imerso em uma gigantesca massa negra que lembra o chorume que acostumou-se a chamar de humanidade. Pobre homenzinho... Se ao menos soubesse que seu rosto pálido estampa cada fotografia, cartaz e rosto perante a cidade tão cinzenta quanto suas vestes, talvez fosse mais colorido. Talvez usasse azul para vislumbrar um céu claro em uma manhã de domingo. Talvez usasse vermelho para estampar em seu peito um amor incondicional. Talvez estampasse em seu peito um verde vivo para denotar a esperança de que pode viver dias melhores. Mas usa cinza. Um cinza quase negro, pois vislumbra um luto iminente e irremediável. Ah homenzinho, se ao menos soubesse...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Por favor, deixem um comentário sobre o texto. Obrigado.



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