How to Love escrita por luud-chan


Capítulo 2
✦ 02. Aquela música


Notas iniciais do capítulo

Oi, muchachos! Voltei rápido, né?

Até mais rápido do que eu imaginei, porque apesar de ser 1 capítulo por dia, eu iria meio que atrasar isso aqui no nyah!, pra ficar mais emocionante. HEHEHE. Mas a recepção foi tão boa (mil vezes melhor do que eu sequer tinha imaginado), que resolvi postar logo! :D

Agradecimentos a: Lizz-chan, Netuno-chan, Kevyn-kun, Janny-chan e para a Eradith (que resolveu dar uma chance para esse casal maravilhoso!)

Sério, muito obrigada, vocês são demais! :')

Atualizei o disclaimer com a playlist da fic, hehe. Passem lá pra ouvirem se quiserem depois. :D

Beijo e boa leitura! Até as notas finais.

ps: tem uma música no capítulo, está como hiperlink, só cliquem se quiserem. Tem dois links, porque o primeiro é apenas instrumental, para vocês terem ideia de como é, o segundo já e com voz. :D
ps²: No link 2 (se alguém for escutar), comecei a partir do 0:30, porque o começo é só uma GRANDE enrolação, hehehe.



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A neve caia insistente sobre a cidade. Os flocos de neve desciam pelo ar calmamente como se dançassem uma música lenta e agradável. O tapete branco se estendia pela rua e as árvores estavam salpicadas de branco. A lua mal dava para ser vista por conta das espessas nuvens que cobriam-na.

Em um bar no centro da cidade, todas as quintas-feiras, alguns músicos e cantores se reuniam ali para apreciar o doce som do sax acompanhado de um piano, ou até a voz melodiosa de algum cantor. Levi não pôde evitar a surpresa quando viu o lugar que Hanji tinha escolhido para o primeiro encontro deles.

Tudo era completamente organizado, os móveis de madeira eram polidos e brilhavam, o assoalho também de madeira estava perfeitamente encerado. A luz era fraca, mas o suficiente para que pudessem enxergar e dava um clima bem agradável e misterioso. As mesas estavam nuas e a maioria tinham quatro cadeiras. As paredes eram bege e tinham um ar rústico, com diversos quadros bem contemporâneos pendurados.

Em um canto tinha uma bancada de um bar, um barman estava ali atrás, limpando copos. A prateleira atrás dele estava repleta de bebidas — uísques, conhaques, champanhes, vinhos e muitas outras que Levi não saberia distinguir. No final do recinto, bem no meio, havia um palco, ali era o único lugar mais iluminado do local. Diversos instrumentos estavam dispostos de maneira organizada, saxofones, bateria, guitarras e um esplêndido piano negro.

— Então, você gosta de jazz — ele observou com o habitual tom de voz inexpressivo.

— Yep — confirmou com um aceno leve de cabeça. — Vem, vamos sentar ali.

Hanji saiu puxando-o pela mão. Normalmente teria se desvencilhado de qualquer pessoa que fizesse esse tipo de coisa, odiava esse tipo de gesto, fazia com que parecesse uma criança sendo guiado pela mãe — a grande verdade era que Levi odiava uma porção de coisas, eram tantas que dava para escrever um maldito livro. Mas ele não puxou a mão de volta. Deixou que ela o guiasse até uma das mesas perto do bar.

Não tinha reparado suas vestimentas até o momento, mas aquilo era bem diferente do que ele estava acostumado a ver mulheres vestindo. Uma calça com cintas? Era algo assim. Preta, sapatos também pretos e uma blusa branca com listras azuis. E um chapéu. Por que raios ela estava com aquele chapéu? Era algo para entrar no clima?

Apertou os olhos. Ela estava bonita, não era tão feminina quanto algumas garotas com quem já saíra, mas isso não tirava nada do seu charme — sim, ela tinha algum, estranho, mas tinha.

Sentaram-se perto do bar. Ele tirou o casaco e pendurou na cadeira, esperou que Hanji dissesse alguma coisa, não era muito bom iniciando assuntos, nem desenvolvendo, nem terminando, mas ninguém precisava saber disso.

— O que você vai querer beber? — Hanji finalmente perguntou.

Levi deu uma espiada nas prateleiras, tinha tantas opções que não sabia o que escolher. No fim, optou por um conhaque.

— Mike, um conhaque daqueles e um copo de uísque, vou precisar antes de começar hoje.

“Começar hoje? Do que ela está falando?”, ele pensou um pouquinho curioso.

— Quem é seu amigo? — Mike perguntou, o bigode espesso escondia o sorriso que se estendia em seus lábios.

— Mike, esse é o Levi — começou a apresentá-los. — Levi, esse é o Mike, meu melhor amigo. O bigode dele é maravilhoso, você não acha? — Deu uma risadinha, como se tivesse compactuando com algo.

— É. Maravilhoso — sibilou com ironia.

— Não seja invejoso, Levi! Algum dia você poderá ter um bigode maravilhoso como o dele! — ela brincou e Levi revirou os olhos. — Você é sempre tão sério. Não sorri nunca?

— Só quando eu acho algo muito engraçado — admitiu enquanto esfregava uma mancha na mesa com o polegar.

— E o que você acha muito engraçado? Piadas sobre merda?

— Sim — respondeu.

Hanji arregalou os olhos, abriu e fechou a boca várias vezes, nenhum som saiu. Teve que esperar um minuto para absorver a informação, até que pequenas lágrimas brotaram no canto dos seus olhos castanhos e ela explodiu em gargalhadas. Levi olhou para ela, alarmado.

— Hey, Mike. Olha só — conseguiu dizer entre as risadas. — Levi gosta de piadas sobre merda. — E colocou a mão na barriga, para tentar parar de rir.

— Parceiro perfeito, Zoe — Mike comentou enquanto deixava as bebidas em cima da mesa.

— Do jeito que você guincha enquanto ri, até parece que tem algo entalado na sua bunda.

— Ai, me ajuda! Não faz isso. — Mais risadas. — Eu (respira) não (respira) consigo (respira) respirar!

Levi franziu o cenho. O que raios era aquilo? Por que aquela mulher nunca reagia do jeito que ele esperava? Ela não se ofendia com seu modo de falar — mesmo quando soltara uns insultos de baixo calão —, ria de piadas sobre merda, gostava de jazz e se vestia de maneira pouco usual.

— Qual é o problema com você?

— Não conte piadas sobre cocô pra ela. Ela vai rir até não conseguir mais — Mike explicou, mostrando que estava atento a conversa dos dois. Levi olhou para ele, desconfiado. — É sério, olha ai.

— Essa foi muito boa, sério. É raro encontrar alguém que curte esse tipo de piada — ela confessou, limpando a lágrima que escorria pelo nariz adunco. — Esse guinchos na minha risada, não tem nada a ver com bosta. Elas são naturais, acontece quando rio demais.

— Eu não sei porque aceitei sair com você.

— Você gosta de mim — Hanji declarou com um sorriso matreiro. — Está atraído pela minha excentricidade. Você bem que parece gostar de coisas estranhas. Aposto que vai naquelas lojas de penhores e compra um bando de quinquilharia pra preencher a casa. Deve ter um gato também. Bem coisa de velho.

Porra, até um minuto atrás você estava morrendo de rir só porque eu disse que tinha algo entalado na sua bunda. Você gosta de piadas sobre cocô.

— Você também.

— Isso não importa — resmungou mal humorado. — Como você pode simplesmente sair presumindo essas coisas? Você não me conhece.

— É por isso que estamos aqui, duh — replicou destacando o óbvio. — E eu tenho a impressão de te conhecer, apesar de não me lembrar exatamente de onde — emendou, depois bebericou um pouco do uísque. — Aproveite.

O que...?

Ele não pôde terminar a pergunta, Zoe simplesmente levantou da cadeira e deixou-o sozinho. Confuso, observou as luzes se apagarem e apenas o palco continuar iluminado, ela ajeitou o chapéu na cabeça, subiu os pequenos degraus do palco e fez uma reverência breve para o público. Estivera tão concentrado na ‘conversa’ com ela, que nem tinha percebido como o ambiente estava repentinamente cheio.

Ouviu alguns assovios, mas manteve o olhar fixo nela.

Hanji pegou o saxofone graciosamente, outros músicos se juntaram a ela com rapidez. Tudo ficou em silêncio por um instante, até a primeira nota do sax soar. A música começou a fluir com naturalidade, e ele notou, que ela tocava como se o saxofone fosse uma parte dela, a música era ela. As notas flutuaram em sua volta em um convite caloroso, Levi se entregou a sensação sem nenhum pudor.

A voz do homem se juntou a canção, e nesse instante ele recordou-se do nome da música: Cry me a river. Chegou a um ponto em que ele já não sabia se era ela quem acompanhava o cantor, ou era ele quem a acompanhava. Só sabia que era uma junção incrivelmente bela. O rosto feminino se iluminou quando o solo chegou, ela abriu os olhos e fitou-o tão diretamente que o sangue subiu para o seu rosto. Encarou-o até terminar, os olhos nunca o deixando. Um arrepio percorreu sua espinha.

Que sensação era aquela?

Era algo estranhamente... Familiar.

Engoliu o resto de conhaque em um gole só e respirou fundo. A canção chegou ao fim e todos bateram palmas — inclusive ele —, o cantor disse mais algumas palavras e ela voltou para a mesa.

— E então, o que achou? — Hanji perguntou, ofegante. Os olhos castanhos estavam aquosos, brilhando de excitação e felicidade.

— Não vou mentir, você me surpreendeu — admitiu, pela primeira vez, dando um sorriso discreto de canto. — Então, você faz parte de uma banda?

— Algo assim. É apenas um hobby — explicou, os dedos tamborilavam na mesa de um lado para o outro.

— Pelo jeito que você tocou, parecia mais do que um hobby — observou cuidadosamente.

— Você está certo, é uma paixão. Talvez... — parou e aceitou um copo de água que Mike tinha lhe oferecido. — Talvez se minha paixão por Anatomia humana não fosse maior, eu teria sido uma saxofonista, nunca se sabe. — Deu de ombros.

Levi não admitiria, mas estava encantado. Sempre amou música, também era uma paixão que partilhava. Quando era mais jovem, queria ser guitarrista de uma banda de rock, claro que esse sonho logo foi desfeito. Acabou cursando Literatura e virou professor.

— Você tocou bem — elogiou por fim.

— Obrigada — Zoe agradeceu com um sorriso mínimo. — Quer comer alguma coisa? — antes que ele pudesse responder, ela continuou: — Aqui é bom, mas eu conheço uma pizzaria bem legal que tem rock ao vivo.

Levi assentiu e levantou-se para arrumar o casaco e o cachecol.

— Tchau, Mike. Anota aí as bebidas — Hanji despediu-se.

— Até mais, Hanji, Levi. Pode deixar, Zo.

Assim que saíram o ar frio da noite tocou os seus rostos. Hanji estremeceu por um segundo, mas logo se recuperou e saiu andando na frente. Levi apertou o cachecol em volta do pescoço, observou a respiração se condensar no ar, fazendo nuvens engraçadas. Ela ia na frente, equilibrando-se na ponta da calçada de maneira descontraída, para depois pular de um pé para outro. Quando percebeu que ele não a seguia, levantou o olhar e perguntou em voz alta:

— O que foi?

— Nada. — Balançou a cabeça e escondeu um sorriso.

A neve continuou caindo, branca e úmida. Levi ficou do lado dela, acompanhando os seus passos brincalhões. Às vezes seus braços se roçavam, leves contatos que o faziam estremecer. Zoe parou de repente em sua frente, com um sorriso.

— Não sei se alguém já te disse isso, mas... Você é fácil de gostar, Levi.

Era a primeira vez que alguém dizia isso para ele. Era realmente ranzinza demais. As pessoas costumavam evitá-lo. Não sabia como responder, então limitou-se a murmurar sem conseguir olhá-la diretamente nos olhos:

— Você estava certa... Antes. Eu gosto de coisas excêntricas.

Hanji riu, de alguma forma entendia-o bem. Aquela era a forma dele de dizer que também gostava dela.

Cry me a river... Uhuhum... — Hanji cantarolou.

E ali, sob a neve e um céu escuro, as ruas vazias e apenas o barulho da música dos bares, ambos tiveram certeza que uma conexão tinha sido criada.

Ou resgatada.


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Notas finais do capítulo

Tô tão feliz comigo mesma, porque tenho certeza que não vou complicar essa fanfic e transformar ela numa coisa absurdamente escrota. UAHAUHAAHUAHAU. E também, os capítulos são miúdos e pela primeira vez: EU NÃO LIGO!

HAHAHAHAH. /corre.

Mas, ai está. Eu gosto muito de jazz, apesar de não saber muito os nomes da galera que representa esse gênero.

O prompt do dia 2 é Anos 20, mas como já tenho uma fic com isso (que vou postar uma hora), eu simplesmente pulei pro 3, que é Banda. hehehe. Relevem. :D

Muito obrigada por terem lido, espero que gostem! Beijo e até o próximo!