Astrid e Soluço Vikings & Piratas escrita por Apenas Criativa


Capítulo 11
Como se o céu já não fosse mais o limite


Notas iniciais do capítulo

Galerinha, primeiramente vocês são incriveis, essa semana recebi muitos comentários e a Capitã Hofferson agradece a todos vocês marujos por lerem a história. Vocês - lagrima rola - são realmente vikings.
Enfim, minhas provas começam na semana após essaa e não sei como vai ficar, mas vou ver o que posso fazer por vocês gente boa.



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Dor.

Sangue.

Silêncio.

Uma única lágrima queria cair do rosto da jovem Hofferson, mas esta não seria permitida a tal ato. A garota olhava para o céu com tamanho ódio, tristeza, rancor... Que nada em seu rosto demonstraria fraqueza. As gotas de sangue caiam no chão uma de cada vez, vermelhas como rosas no verão, porém escuras como vinho, debruçavam-se pelo chão se desfazendo em gotas ainda menores. A brisa maltratava a ferida aberta na mão da garota, esta gelada entrelaçava o ferimento em um abraço frio e doloroso. O chão não parecia tão firme agora, era como se o mesmo pudesse derruba-la a qualquer momento. Nada era seguro, tudo contribuía para que a dor fosse inesquecível, inabalável e mais forte, porém Astrid demonstrava-se superior aquela tortura.

– Eu não estou aguentando mais, eu... – As lágrimas rolaram – Eu quero ir para casa!

– Astrid mantenha-se calma! Você precisa vencer essa dor. Vamos! Eu sei que consegue! Aguente firme, está aqui para o próprio bem de Berk, se você voltar, vai arruinar tudo – Incentivou Angélica.

As duas estavam no convés inferior, em quartinho pequeno e escuro aonde a Hofferson ia, algumas vezes, para chorar ao vento e lamentar para a escuridão. Sentia um aperto dentro do peito, a saudade de casa e a insegurança de estar ali a dominavam por inteiro, seu interior e exterior estavam abalados, pela primeira vez, ao mesmo tempo.

Era como se sentir partido ao meio, sua metade estava era um viking em Berk e a outra era uma imediata ali no navio “Caveira de Prata”, a vontade súbita de gritar, deixar as lágrimas rolarem sem arrependimentos e reclamar aos céus sua fúria. Algo incontrolável como um monstro interior que lhe dominava, deixava a fraqueza eminente e não demonstrava nenhuma compaixão ao seu pobre coração. De fato, quando viking, era forte, porém ela tinha um lar ali com os vikings e quando não se tem algo ou alguém para quem voltar... A vida perde o seu sentido, seus eixos e tudo parecia ser inútil, até aquilo que mais ama. Meras palavras não podem descrever a dor da saudade e de ser deixado para trás, era algo tão forte quanto uma tempestade, tanto quando as ondas do mar ou um tornado. Sendo entregue ao destino, a rota de vida mais imprevisível que existe, não havia mais nada planejado depois dali, era apenas acordar um dia de cada vez, torcendo para que o mesmo acabe o mais depressa, não restava mais o que esperar ou ansiar, era simplesmente... Uma estrada em que todos correm mais rápido que você, que se é deixado para trás e sofrendo as consequências disso.

As lágrimas quentes e salgadas rolavam do rosto de Astrid devagar, em uma velocidade angustiante, como se nunca mais aquilo fosse acabar. Não se pode julga-la, ela só havia sentido isso uma vez, que ela saiba, somente uma vez.

–Eu... Eu não sou forte o bastante para aguentar isso... Não sou Angélica! Não sei mais o meu rumo neste mundo, se morrer aqui e agora não faria diferença – Gritou ela.

– Realmente não faria – Concordou Angélica – Não faria diferença.

Astrid não esperava apoio algum, por isso continuou:

– Eu já não sei mais de nada... Absolutamente nada...

– Isso mesmo – Afirmou a Capitã novamente.

– Apenas me deixe em paz... Quero ficar sozinha – Pediu Astrid.

– Eu não permitiria isso minha cara, está sendo verdadeira consigo mesma, essa é a sua opinião sobre si mesma? Que é esse fracasso?

Angélica estava de pé no pequeno quartinho empoeirado que, na época, era usado para treinar e estudar mapas. Havia pilhas deles por todo o lado. Possuía uma escrivaninha em um canto perto de uma grande janela, com um lampião ainda quente sobre a mesma, armas, travesseiros e cobertores jogados ali e aqui, mas, principalmente bagunça.

A Hofferson confirmou com a cabeça.

– Sabe ainda me resta uma pessoa nesse mundo para amar e sabe o que ela me disse? – Perguntou Angélica com um sorriso de boas lembranças nos finos lábios.

– Desculpe Capitã, mas não quero ouvir o que seu namorado disse a você – Respondeu Astrid emburrando-se.

A pirata riu com tal resposta, porém continuou de bom grado:

– Não falo do dono do meu coração porque este não existe minha cara, falo de minha irmã querida e irritante, Capitã Ice Aaron – Ela sorriu – Certa vez, me disse que temos de ver, pelo menos, uma qualidade em nós mesmos, um dom, talento ou algo parecido... Disse que temos de explorarmos nele o máximo possível. Ah! Até hoje me lembro de suas palavras “Não importa quantas estrelas tenha em seus céus, apenas uma delas nos fará seguir em frente, mostrando o caminho”.

Astrid estava sentada no parapeito acolchoado da janela, abraçando as pernas e cabeça deitada entre os joelhos virada para a Capitã. Suas lágrimas eram derramadas em uma velocidade maior, seu coração doía a cada batida forte e lenta, já não era a primeira vez que chorava por causa de casa, mas prometeu a si mesma que esta noite seria a ultima e, por conta disso, colocaria tudo para fora, acabar com toda a agonia e inquietação dentro dela mesma. Angélica nunca havia a visto chorar, porém a ouvir soluçar e resolveu ajuda-la. Ela baixou os olhos e disse:

– Eu... Eu não sei.

– Astrid, você é minha aprendiz e sei o que é sentir falta de casa, eu já tive uma família com mãe e irmã, mas eu vou lhe guiar, eu irei te mostrar tudo o que existe de bom desse mundo, lhe ensinarei a voltar a viver depois de perdas... Mas como preço, terá de esquecer Berk e quem ama para sempre ou o máximo que conseguir.

– Esquecer... Não sei se quero esquecer.

– Desde começamos esta conversa tudo o que me disse é: Eu não sei – Ela sentou ao seu lado – Eu passei por isso, cada um de nós tem seu passado assim como destino, talvez ajude se eu lhe contar a minha...

Astrid levantou os olhos brilhantes e marejados que refletiam a luz da lua no meio da escuridão do ambiente, ele fungou passando o pulso por debaixo do nariz, porém com um sorriso respondendo:

– Você tem uma história?

Angélica levantou-se erguendo os braços.

– Ah! A minha historia inclui um pouco de tudo! Tragédia – Ela colocou as costas da mão na testa como sofrimento – Brigas – A mesma posicionou-se para luta – Romance – Angélica tentou fazer algo para romance, porém não deu muito certo – E tudo mis que imaginar!

Astrid riu, mesmo entre lágrimas, Angélica a fez sorrir, algo que ela achou que não faria naquela noite. Talvez a Aaron fosse sua única estrela guia naquele momento. A Hofferson tirou de dentro da blusa a pequena música que seus pais deram antes de partir para a Valhala, o paraíso dos guerreiros vikings, a garota se lembrava de cada palavra e nunca o deixava de lado, estava sempre em um bolso, em seu pescoço ou em suas vestes. Era o mais próximo que podiam estar dela e a fazia sentir-se bem.

Angélica olhou para o amuleto, o identificando mais uma vez, a jovem o segurava muitas vezes, ela mesma vira o objeto de fortes lembranças várias vezes e achava bonito o jeito de amar da jovem, o exemplo que queria que se filho seguisse, porém era apenas uma doce ilusão, Astrid era bem mais protetora e corajosa do que muitos pensavam, especialmente corajosa, ela é bem mais do que acham, porém não tinha chance de mostrar porque os outros sempre passavam a frente da garota.

– Astrid posso ser tranquila e tudo mais, mas foi porque consegui seguir em frente, descobri quem sou e estou aprendendo cada vez mais sobre mim mesma, é algo maravilhoso! Descobrir que tipos nós de pessoas somos, mas acho... Que é a sua vez de descobrir quem é Astrid Hofferson.

– Acha que consigo? – Perguntou ela.

– Eu serei a primeira a acreditar e a última a desistir, eu prometo.

– Irei tentar, mas... – Ela fungou com um pequeno sorriso -... Até lá, por que não me conta sua história?

Angélica suspirou em alívio e voltou a sentar-se ao lado da “não mais viking” e com poucas palavras começou:

– Minha vida não foi essa maravilha toda sabe? Mamãe era uma pirata temida assim como eu minha irmã hoje, infelizmente, ela morreu aos 68 anos, para mim ainda nova, mas para o mundo... – Ela riu – Eu e minha irmã sempre fomos parcerias de brigas, lutávamos e depois brincávamos. Ice não era levada muito a sério até provar seu próprio valor, porém um rapaz da marinha espanhola me separou dela, tive meu filho aos 16 anos e me casei com o soldado que virou um famoso pirata, seu nome é mencionado até os dias de hoje, ele havia sido expulso da Espanha quando nos apanharam juntos, porém ele me amava demais para me deixar e me acompanhou na pirataria. Criamos nosso filho com carinho e do jeito pirata de ser também, mas algo o deixou amargo e sem rumo certo dia e perdi meu rapaz ganhando, em troca, um assassino ignorante insano – Ela olhou para o mar – Ele assassinou o próprio pai na minha frente por causa de ambição, acabou com nossas tripulações depois de minha reação aquilo, tentou me matar várias vezes dizendo que não dormiria em paz uma noite sem o meu coração trancado em um baú, matou todos os que amávamos e admirou o sangue derramado escorrendo-o entre os dedos a cada morte – Angélica começou a encarar o vazio com suas lembranças – Bebia cada vez mais e aterrorizava todos a sua volta, estrupando, estripando, matando e torturando tudo o que me fazia feliz e o que lhe servia como obstáculo para a vitória eminente. Eu tentei perdoa-lo, mas... – A Aaron começou a inclinar a cabeça para o lado ainda olhando para o nada – Ele tentou me matar novamente, tentou arrancar meu coração do peito mais uma vez, me agrediu e tive de lutar contra meu próprio filho... Nesse dia bebi muito rum para esquecer... Rum – Murmurou ela – Muito rum...

Astrid estalou os dedos a sua frente tentando volta-la para realidade. Angélica balançou a cabeça rapidamente, saindo do transe, e pegou um galão do bolso. Bebeu uns goles fazendo caretas e depois disse:

– Bloody Mary... Bem podia ser Rum, mas Bloody Mery também é perfeito!

– Eu sinto muito pelo seu filho...

– Você não sabe nem da minha infância, mas tudo bem, eu superei tudo e vivo feliz com minha nova família de cães sarnentos.

A Hofferson riu. As lágrimas já não estavam mais em seu rosto, a dor continuava ali, porém não era mais preciso chorar. A falta de Berk e de seus habitantes a acompanharia por um longo tempo, mas ela aprenderia a viver com isso.

Angélica levantou-se foi em direção a porta, ela olhou para a Hofferson e estendeu a mão:

–Vamos, já basta de tanto sofrimento, irei te ensinar a viver... Se é isso que queira.

Astrid levantou-se tentando sorrir e pegou sua mão sorrindo.

– Mostre-me as minhas estrelas...

– Ela... Ela salvou a Valka.

As palavras de Stoico deram fim ao silêncio após tal cena.

A mão de Astrid permanecia esticada no ar, a flecha atravessara não só sua mão, mas também as luvas de dedo que usava. Ela encarava o céu com raiva enquanto uma lágrima queria escorrer da imensidão azul de seus olhos claros, a mesma olhou com mais fúria ao mesmo ponto com a respiração ofegante, parecia que seu peito iria liberar um tornado naquele momento. Não estava triste, porém com muita raiva, uma raiva incontrolável como o próprio vento. A jovem sentia vontade de gritar aos céus, extravasar aquele sentimento perverso em algo, quebrar coisas ou qualquer coisa... Sentindo alguma coisa tomar conta de si... A raiva aumentava cada vez mais, queria poder colocar a culpa no céu e ir distâncias para provar isso.

Obvio! Era isso que dominava seu coração naquele momento, não sabia ao certo o porquê, mas estava começando a sentir uma pontada daquilo dominando-a.

Sua alma deveria estar sendo, aos poucos, sendo dominada para o Irmão das Trevas, porém para que isso aconteça era preciso dominar seu coração antes. Tudo o que Astrid teria de fazer é resistir o máximo que pudesse se não estaria tudo perdido.

Resista! Resista! Incentivava a si mesma É só um pouco de dor, aguente isso por si mesma, mais um pouco e chegaremos lá. Seremos todos felizes e livres em meio ao mundo, sem rumo, apenas os piratas. Viveremos mais dias felizes sem toda essa guerra, haverá mais sorrisos e músicas.

Os pensamentos da Capitã sempre foram puros, com sonhos e esperança de viver cada dia mais como o último, aprendendo após cada erro e vendo a família de cães sarnentos tendo o lar de que tanto merecem.

Então Astrid Hofferson, mesmo com uma flecha atravessada em sua mão esquerda, sorriu para os céus antes de voltar a si. Olhou para Valka com indiferença, esta já a abraçou.

– Obrigada... Obrigada, muito obrigada.

A Hofferson estava com os braços levantados em sinal de “eu me rendo” quando, na verdade, não esperava o abraço de uma viking. A jovem encarou o ombro da mãe de Soluço e, com a mão não machucada, retribuiu meio desconfortável.

– Tudo bem, tudo bem... – Disse ela – Mas essa era uma das minhas flechas envenenadas então, se me der licença... – Terminou de forma rápida saído dos braços de Valka gentilmente.

– Aqui Capitã – Wendy mostrou uma pequena seringa com algo vermelho.

Astrid olhou para o chão ao seu lado enquanto sua imediata injetava um antídoto contra veneno em sua mão.

– Astrid! Você... Você está bem? – Perguntou Soluço muito preocupado aparecendo no surpreendentemente ao lado da garota.

– Continuemos com a batalha! – Gritou Ignis – Ice se prepara para perder.

– O QUÊ? EU MATO A SUA RAÇA!!!!!!! – Respondeu a Aaron correndo com sua espada loucamente na direção do Caelum.

A Hofferson riu e respondeu:

– Não se preocupe comigo, mas não deixe sua mãe sozinha, falo sério.

Soluço sorriu para ela com a cabeça baixa, mas os olhos fixos nos dela. Ela retribuiu e sentou-se em um canto para retirar a flecha ainda cravada em sua mão.

A luta de Ignis e Ice era o mais divertido da coisa, Ignis a provocava e Ice falava mal mais e mais, quando juntos eram uma dupla imbatível. Ela mantinha-se no ataque devido a raiva e ele desviava tentando trocar a posição defesa, porém parecia impossível.

Valka estava nos braços de Stoico agora, parecia mais feliz e calma ali, havia umas poucas lagrimas em seu rosto em meio aquele majestoso sorriso que acalmava até um Caleidoscópio Mortal. Será que era por isso que os dragões gostavam tanto dela? Por causa daquele sorriso?

A Hofferson se distraia vendo tudo aquilo enquanto partia a flecha ao meio para depois puxa-la devagar. Deixou os restos da flecha de lado, mas precisava de um pouco de...

– Água? – Ofereceu Soluço sentando-se ao seu lado em canto bom para assistir ao que acontecia em toda a arena sendo também discreto.

– Obrigada – Disse ela olhando para baixo aceitando.

Astrid molhou a mão rapidamente sem nem, ao menos, demonstrar dor. O sangue já havia parado de jorrar e estava em um ritmo realmente menor apesar da ardência. O viking tocou em seu ombro chamando sua atenção. Ele segurava um pequeno rolinho de fitas medicinais, o mesmo esticou a mão para ela:

– Aqui, me dá a sua mão...

Ela deu a mão para ele. Soluço segurou seu pulso virando a palma de sua mão para cima delicadamente, descosturou a luva de cima para baixo até o pulso deixando o resto da mesma cobrindo até os cotovelos e, começando a enrolar a fita ao redor de sua mão, agradeceu:

– Olha Astrid... - Suspirou ele aliviado -... Obrigada por salvar a vida da minha mãe.

Ela não sabia o que dizer, era bem difícil arrumar palavras e ela não podia simplesmente dizer “olha de nada pos te salvar de uma depressão eterna, aliás, não só você... Berk inteira!”.

Mais uma volta e ele acabaria o curativo. Ice estava sem sua espada atirando adagas em Ignis entre gritos e brigas enquanto Caelum dizia coisas doces provocando-a.

– Meu doce, só espero pelo seu amor! – Falou Ignis em tom brincalhão.

– ESPERE SENTADO IMBECIL.

Os dois sentados riram baixinho.

– Qual é a desses dois hein? – Perguntou o viking.

– Ice tem medo de amar e Ignis de falar, daí que vira uma dupla dinâmica.

– Como é que é? Medo de amar? – Perguntou Soluço rindo e inclinando a cabeça.

– Qual é! Olha o jeito dela, só de ficar cinco segundos vendo os dois percebe-se esses defeitos.

Ice e Ignis lutavam esgrima, bem próximos um do outro, se encarando com os olhos fixos e Ice deixou escapar um lindo sorriso para ele e Ignis lançou um olhar tão doce que daria cárie.

– Você está certa – Comentou ele a olhando de canto de olho com aqueles olhos verdes tão bonitos e hipnotizantes que Astrid teve de tomar medidas trágicas.

– Por que não fica um pouco com sua mãe? Tenho certeza que depois dessa ela não vai querer te largar por um bom tempo...

Ele não queria ir, porém não podia ficar muito tempo perto dela sem se controlar e Banguela já estava em um paradeiro desconhecido novamente.

– Falo com você depois? – Perguntou se levantando.

A Hofferson ergueu uma sombracelha sorrindo antes de confirmar com a cabeça. O viking se reuniu ao pai e a mãe que o abraçaram felizes.

– Família... – Murmurou Astrid sorrindo.

– Prefiro a nossa! – Disse James entusiasmado estendendo a mão – Levanta aí Capitã!

Ela aceitou a mão levantando-se depressa e trocando um soco com James.

– Quem você estava treinando peste?

– Perna de Peixe e Melequento, é osso viu? Pego justo dois patetas!

– Não acredito que perdi você dando uma surra nos dois!

– Mas que bela flechada hein? Vamos ver se ainda consegue lutar?

– Eu vou vencer você!

Ice terminava a luta, se quisesse poderia acabar com aquilo com mais um golpe, mas parecia que ela não queria parar lutava mais e mais fazendo Ignis pensar que tomou a liderança para depois ataca-lo por trás e vice e versa. Em alguma parte daquela luta Ice escorregou e ia cair feio no chão, porém ela segurou a gola de Ignis enquanto o mesmo, em um ato de reflexo, segurou a cintura da Aaron. Todos se silenciaram presenciando a cena. Ice olhou para o chão, seus cabelos castanhos caiam como uma cascata, seu chapéu caiu mostrando a bandana vermelha sobre os cabelos. Os dois se encararam e ela o empurrou ficando em pé novamente

– Ah... Valeu – Ice apanhou seu chapéu e voltou para sua tripulação – Astrid!

A Hofferson pegou James pelos cotovelos o atirando no meio da arena, o mesmo escolheu sua arma enquanto ela se posicionava já com nenhuma.

– Vamos ver se a Capitã está realmente com bons reflexos.

Os piratas começaram a cantar e a tocar enquanto assistiam a luta, Astrid parecia gostar muito da musica, posicionada para a luta com os punhos e saltando de um lado para o outro. Os vikings começaram a pegar a letra da musica já no começo.

– Começar.

James jogou várias adagas seguidas na direção de Astrid, mas esta fez movimentos impressionantes.

Ela girou, abaixou, pulou, fez uma cambalhota no ar parando de joelhos e ainda não havia começado a suar. O pirata pegou um machado, porém este não acostumado com o peso o jogou sem mira, mas com sorte a arma foi com uma tremenda velocidade na direção da garota, esta virou e correu subindo na parede dando um mortal no ar e quando no chão gritou entusiasmada:

– EU NÃO SABIA QUE PODIA FAZER ISSO!

Os piratas gritavam mais, mais, mais, e ficaram surpresos ao ver os vikings apoiando e demonstrando amizade, pareciam que se conheciam a anos.

– Se acha espertinha não é?

Ela balançou o punho nos céus.

– Como se o céu já não fosse mais o limite – Ela bateu palmas acima da cabeça – Mais, mais, mais!!

Como se o céu não fosse mais o limite gritaram todos, inclusive, os vikings e os chefes.

– Preparada para o grande final?

Como resposta, Astrid pôs as mãos nos quadris e dançou apenas com os pés –calcanhares exatamente-.

James pegou um arco e flecha qualquer e começou a tirar flechas, Valka foi totalmente protegida por uma muralha de piratas, a Hofferson fez um sinal de positivo com o dedão para a chefa piscando um olho.

– A gente tem o prazer de proteger – Comentou Astrid sorrindo e desviando das flechas.

O treino durou até mais tarde da noite e, finalmente, os piratas e vikings ficaram amigos. Cantando e festejando juntos, os guerreiros aprenderam as músicas dos marujos e as danças também. Valka e Stoico ensinaram também. Estava tudo em paz, todos riam e se divertiam.

Era como se aquela flecha tivesse feito muito mais do que um ferimento, esta provou a confiança entre os presentes ali, Ice parou de ser tão rígida e começou a se divertir voltando e ensinando um dos seus guias de vida para quem quisesse ouvir – e olha que eram muitos ouvintes – Vivendo sem limites, pois o tempo já não espera aquele que dorme demais, mas dormir é importante não se esqueçam disso. A Hofferson tinha feito uma boa amizade com a mãe de Soluço, mostrando para ela novas espécies que descobrira mundo afora, esta já encantada trocava conhecimentos com a pirata enquanto via cada dragão com um sorriso maior por vez. Soluço também viu os dragões e ficou brincando com Banguela porque, naquela noite, ele não queria voar. Queria ficar ali aproveitando a paz e a bela visão que era Astrid aos olhos.

Os dois conversaram e riram uma boa parte do tempo quando não estavam com os outros ou resolvendo algo, a garota contou várias histórias fascinantes para ele e para os outros que ouviam com muita atenção, até as maluquices de Bocão eram ouvidas e todos os piratas adoravam. O ferreiro quase chorou de felicidade.

Também ouve comida e bebida para todos de todas as idades, até as crianças estavam brincando com os novos dragões com tamanha felicidade. Ice e Ignis se encaram estranhamente até ele ter de sair para resolver a estratégia. Ninguém ficou sem lutar, sempre tinha alguém lutando toda hora e a hora da despedida foi rápida, porém chata para ambos por terem se dado tão bem.

~~o~~

O sol nascia em Berk, iluminando as colinas e acordando os dragões por toda parte. A luz a acordou com muita preguiça entre os cobertores e travesseiros, ela abriu os olhos e encarou o teto pensando por um tempo, como fazia todas as manhãs. Sempre fora a primeira a acordar por conta disso. O frio indicava que ainda era cedo, o barulho das ondas que a maré estava secando, o cheiro de maresia fazia tão bem e o conforto de sua cama era indescritível. Teria de levantar alguma hora, não poderia ficar adiando mais cinco minutos, não nesta manhã, hoje começaria a revolução pela qual ela havia lutado e sonhado tanto para conseguir é impossível acordar de mau humor sabendo de uma coisa desse tipo, na verdade é impossível ficar na cama.

Astrid levantou-se meio tonta, lavou-se para trocar sua roupa de dormir por roupas de guerra – quem acorda feliz para colocar roupas de guerra? – sua velha calça, botas de um comprimento até as coxas, sua bandana vermelha, as velhas e protetoras luvas, o cinto para as armas e uma blusa de capuz com as mangas arregaçadas e o símbolo pirata bem estampado. O cabelo foi trabalhoso de pentear e onde estaria seu chapéu? Por Thor onde estaria?

A Hofferson o procurou na cabeceira, mas só o que achou foi sua máscara, que teria de usar também, ela encarou a máscara negra que cobria todo o seu rosto exceto pela boca por alguns segundo antes de coloca-la em um bolso da calça. Não sabia se gostava de esconder seu rosto, era ótimo se sentir superior pela vantagem, mas... Era complicado até para ela. Não achou seu chapéu de modo algum e resolveu perguntar a James, já que ele havia feito companhia o quanto pôde para ela e para Wendy, a namorada dele.

Ao fechar a porta de seu quarto, andou até o começo do corredor – sua cabine ficava no final – e subiu para o convés superior onde deu de cara com Ice e Ignis. Eles estavam em certa distancia com os braços cruzados e, pela primeira vez, sem trocar nem duas palavras. Ambos com novas roupas de guerra também. Os três ficaram sérios e confirmaram com as cabeças.

– A Revolução vai começar – Disseram juntos.

Foram acordados e chamados apenas os comissários, imediatos e outros cargos importantes para acompanhar cada Capitão rumo a reunião em Berk, tudo certamente planejado, aquele seria o primeiro dia da construção de um novo começo. Astrid chamou dragões para levar os chamados e os capitães e um só para ela, depois de montados partiram.

Os piratas não gostavam tanto assim de voar, não sentiam o bom do voo como Soluço ensinara para Astrid, ela aprendeu com o melhor, porém evitava manter a cabeça nele, aproveitou o voo e, quando perto da aldeia, avistou os dois chefes acenando aos piratas que fizeram o mesmo após pousarem.

Valka e Stoico deram as boas vindas e agradeceram novamente Astrid perguntando como ia a mão ela respondia que tudo bem e que não fora nada demais da parte dela, também cumprimentaram os outros relembrando frases ditas noite passado, ambos de ótimo humor. A Hofferson se pegou perguntando-se onde estaria Soluço e não gostou nem um pouco de estar tão apegada ao futuro chefe da aldeia, ela encarou o céu enquanto os outros conversavam mantendo distancia. Ela tirou seu medalhão do bolso se lembrado de seus pais, como sentia falta deles em horas como esta, nem se lembrava de como era ter alguém a protegendo mais, uma triste verdade.

– Soluço deve estar chegando, saiu mais cedo para ver se chagava aqui na hora suponho – Disse Valka respondendo os pensamentos de Astrid.

– Ah... Desculpe-me, eu só... – Ele fechou o medalhão no punho erguendo-o baixinho duas vezes antes de guarda-lo - ... Estava preocupada.

Valka ergueu uma sombracelha no pouco tempo que viu a bussola, ela se lembrava dele de algum lugar.

– Aquele não era o...

– OLHA A FRENTE! – Gritou uma voz.

Soluço e Banguela vinham em alta velocidade na direção deles e, quando bem perto, aterrissaram de forma brusca. O dragão ficou feliz ao ver Astrid e foi em direção da mesma e ela o acariciou abaixo do queixo.

– E aí garoto? Tudo bem? – Ela sorriu.

A Hofferson se surpreende ao ver o viking de capacete, a única parte de seu rosto visível eram os belos olhos verdes, o mesmo percebeu o arregalar de olhos dela e o tira, encarando-a por uns míseros segundos, talvez pela roupa de guerra, supôs a Capitã.

– Oi para você também Astrid – Diz ele irônico.

– Ah! Desculpe você fica tão ofendido assim sem saudações?

– Ah! Agora você fala comigo? Bom saber viu? Primeiro o dragão depois viking.

Ela aperta os olhos e torce o nariz fazendo uma carinha bonitinha enquanto nega com a cabeça.

– Engraçadinho.

– Sou até demais! – Responde ele - Ei tenho uma coisinha sua aqui.

Ele vai até seu dragão e tira do bolso da cela o seu chapéu.

– Filho da mãe, achou meu chapéu! Onde estava? – Pergunta ela enquanto o coloca preso ao cinto junto as suas armas.

– Olha, para falar a verdade, foi o Banguela que achou e, do jeito que ele anda sumindo, eu não faço a menor ideia.

– Ok, obrigada então – Agradece Astrid.

– De nada Milady – Responde Soluço.

– Na verdade, eu falava com seu dragão – Ela ri e se dirige ao Grande Salão deixando o viking com cara de bobo.

– Espertinha ela – Diz ele olhando para o dragão – Quanto a você, valeu hein?

O dragão boceja e procura uma sombra para descansar com a expressão de “eu já ajudei demais ante, agora se vire”. O viking sorri e entra no Grande Salão depois dos piratas.

Todos se puseram de pé a frente do mapa de Ignis sobre a mesa circular, os três capitães e os três chefes juntos e o resto da tripulação e guerreiros estavam espalhados à volta. Haviam várias peças esculpidas de madeira acima do mapa tais como dragões, inimigos, navios, vikings e piratas.

A Hofferson estava inclinada com uma mão acima do mapa servindo de apoio e a outra segurava uma adaga, ela lia o mapa, tirando medidas, vendo atalhos e todo o resto. Os olhos azuis circulavam pelo papel amarelado e levemente queimado via as ilhas, continentes e países, entre eles, a tão perdida Berk no meio do nada.

– Traçar para o Norte ou ir por trás? – Pergunta Astrid para Ignis.

– Os dois – Responde.

– Não há como Ignis, precisaríamos de muitas pessoas em ambos os lados e não creio que teremos tanta gente assim – Interrompe Ice.

– Você sempre se esquece de contar com os vikings, colocando-os teremos vantagem o suficiente – Responde ele – Hofferson conte o plano.

– Simples, iremos divididos em duas tropas, os piratas irão à frente porque nossos navios chamam atenção e os vikings passarão despercebidos – Ela usa sua adaga colocando os barcos e navios na orem exata – Nessa hora estão em vigia leve e, se bem sei, não mexeriam com piratas, porém apenas nós, os capitães, teremos de esconder nossa identidade para evitar erros na passagem. Stoico irá falar com o filho de Alvin enquanto Valka e Soluço vigiam do alto junto com quantos dragões vocês achem que poderão lutar entendido?

Valka e Soluço concordaram com uma troca de olhares risonho pensando já em quais dragões usarão.

Astrid respirou fundo tomando fôlego e continuou:

– Stoico você falará com filho de Alvin tentando dar uma trégua isso, nós três iremos com você camuflados e se ele não aceitar nenhum acordo... – Ela cravou a adaga na ilha do Alvin e os exilados – Batalharemos e após nossa provável vitória devida a vantagem, vocês estarão livres e nós partiremos deixando Berk em paz.

Soluço juntou as sobrancelhas ao ouvir “partiremos deixando Berk em paz”. Ela iria embora alguma hora, obviamente, mas por que agora? Parecia tão difícil de lidar saber aquilo.

– Mas e enquanto a Cavery? – Perguntou Valka.

–Ele é problema meu e não vou incluir vocês nessa revolução, é perigoso demais.

– Acha que não podemos lidar com isso? – Insinua Stoico.

– E o que ganhariam com isso? Vikings vão morrer! Vocês tem um lar para cuidar e uma vida para viver, estou fazendo isso pelas pessoas que amo e cuido, vou dar uma vida melhor a todos nós piratas e não vou descansar até isto ser feito. Estamos sendo caçados e torturados, servindo de aviso para que a vida seja apenas uma rotina que nos leve a morte. Os piratas não são mais livres como costumavam ser e eu vou dar um jeito nisso, nem que seja sozinha, para pagar uma divida – Responde Astrid fria como um coração de pedra – Todos entenderam o plano? Ice e eu veremos as posições e partiremos pela madrugada.

Os piratas se dirigiram para a saída, por ultimo os capitães, porém antes que Astrid pusesse um pé para fora:

– Espere Astrid – Pede Stoico com um vozeirão – Se diz que haverá morte no caminho, por que pretende fazer isso? Somos vikings poderíamos ganhar, sim, algo com isso. Até mesmo você tem uma vida.

Astrid manteve a cabeça baixa enquanto segurava a porta e, com as trevas guiando-a, disse:

– A certeza é que, depois que essa guerra acabar, eu não estarei viva para contar como acontece A Revolução.


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Notas finais do capítulo

O capítulo está bom? O que gostaram? Querem me bater por alguma coisa? Amo aqueles comentários do tamanho de um bonde que vocês me mandam, principalmente a Jana e a The Evil Queen e o pessoal perfeit que eu esqueço o nome, mas prometo que vou aprender. Até o próximo cpítulo vikings e piratas!



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