O Testemunho de um Soldado Morto. escrita por Lana Banana


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi gatinhas e gatinhos, antes de começarmos:
— Obrigada por se dar o trabalho de ler, anjo!
Beijos, amados.



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Receio que minha apresentação tenha sido meio brusca, e peço desculpas por isso. Mas é que estou um pouco congestionado e enferrujado, se é que me entendem. Esse negócio de ser uma pessoa morta é realmente um saco. Eu sinto falta das pessoas, de conversar, de me relacionar. A morte é muito entediante para quem é hiper-ativo como eu.

Bom, a história que vou lhes contar não é diferente de qualquer outra história de guerra que você já ouviu. Eu não fui um herói, ou um marco, ou alguém importante. Eu fui simplesmente um zé-ninguém que foi esquecido dois dias depois de morrer. Meu rosto não está estampado nos livros de história, e meu nome é apenas mais um Jim, em um número monstruoso de Jims que existem naquela lista de “abatidos em campo”.

Por isso, caro leitor ou leitora, não se surpreenda se a história não lhe parecer tão original quanto qualquer outra história que você encontraria em um outro livro interessante sobre a história da Segunda Guerra Mundial.

Mas, talvez, devo assumir que minha história realça-se por ser apenas uma história comum. E histórias comuns são mais fáceis de aceitar.

Agora é a parte que eu falo sobre mim, não é?

Deus me ajude.

Bem, meu passado é tão incrivelmente entediante que devo avisá-lo imediatamente, caro leitor, que talvez você queira passar direto para o segundo capítulo onde minha história realmente começa.

Meu nome é Theodor Sebastian Kaufmann, e eu nasci em Dresden, Alemanha, em 22 de maio de 1919. Meu pai foi um soldado na Primeira Guerra Mundial, e virou um herói ao salvar a vida de um jovem soldado que, logo, tornaria-se seu melhor amigo. Esse jovem soldado se chamava Adolf Hitler.

Minha mãe era de origem judaica, porém não chegava a carregar a religião nos ombros, tendo quatro filhos, todos homens, e, em alguns anos, todos mortos.

Minha infância foi ridiculamente feliz, com festas, bailes, brincadeiras de rua, amigos de bairro e estudo de qualidade. Não podia se dizer que nós, como família, éramos uma família rica, contudo meus pais sofriam tudo para que nós sofrêssemos nada.

Éramos em quatro: Peter, Willhem, Otto e eu.

Eu e meus irmãos éramos o que se podia chamar de “inseparáveis”. Nós vivíamos juntos, fazíamos tudo juntos. Principalmente, quando se falava de mim e Peter. Nós tínhamos a mesma idade quando meu pai o achou na rua, sujo, na chuva e morrendo de fome. Meu pai, então, o trouxe para casa, apontando o dedo para o resto de nós dizendo: “Esse menino agora é família. Ele é tão seu irmão, quanto vocês três são irmãos. Nada, perante ele, é diferente. Ele é nossa família e nossa responsabilidade agora, vocês entenderam?”.

Desde então, onde eu estivesse, Peter estaria comigo. E vice-versa.

Nossa adolescência não foi muito diferente do que nossa infância. Uma festa, recheada de crises e amores precoces, como uma vez que meu pai ameaçou Willhem (o mais velho), de expulsá-lo de casa, por engravidar uma jovem de quinze anos que estudava química com ele. A jovem morreu no parto. Assim como a criança. E tudo o que meu pai fez foi dizer à minha mãe “Viu, só Pauline? Deus interfere no que contraria seu comando”, fazendo minha mãe suspirar e dizer “Oh, Rufus!”.

A cada dois dias Adolf Hitler era convidado de honra em nossa casa. Pendurava seu casaco ao lado do de papai, abraçava-o e beijava mamãe no rosto. Cumprimentava-nos desarrumando nossos cabelos, e, quando mais velhos, apertando nossas mãos, sempre comentando sobre o fato de estarmos ficando maiores do que armários. Às vezes, ficava para o jantar, outras, só ficava para um chá da tarde. Conversava com papai sobre coisas da vida. Política, teatro, amor, coisas mundanas. Falava muito sobre como o país andava para trás cada dia mais, o que fazia papai suspirar alto e dizer “Está na hora de agirmos, Adolf, este país está perdido!”. Na época, eu não entendia ao que eles se referiam quando falavam em “agir”, entenda, eu era apenas uma criança.

E então, eu tinha 21 anos.

Livre, boa-pinta, bom de vida e com uma vida inteira pela frente.

E é aí que nossa história começa.


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Notas finais do capítulo

Se você leu o capítulo inteiro (hehe), tenho uma perguntinha pra você:
— Se você é/fosse menino, e nosso país entrasse em guerra AGORA, se alistaria pro exército prontamente ou não?



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